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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A FACE OCULTA




Tema – Necessidade da compaixão em qualquer julgamento

Viste o malfeitor que a opinião pública apedrejava e anotaste os comentários ferinos de muita gente... Ele terá sido mostrado nas colunas da imprensa por celerado invulgar de que o mundo abomina a presença; entretanto, alguém lhe estudou a face esquecida de sofredor e observou que ninguém, até hoje, lhe ofertou na existência o mínimo ensejo de ser amado, a fim de acordar para o serviço do bem.

Soubeste que certa mulher caiu em desequilíbrio, diante de círculos sociais que fizeram pesar sobre ela a própria condenação... Alguém, todavia, lhe enxergou a face oculta e leu nela, inscrita a fogo de aflição, a história das lutas terríveis que a acusada sustentou com a necessidade, sem que ninguém lhe estendesse mãos amigas, nas longas noites de tentação.

Percebeste a diferença do companheiro que se afastou do trabalho de burilamento moral em que persistes, censurado por muitos irmãos inadvertidamente aliados a todos os críticos que o situam entre os tipos mais baixos de covardia...
 Alguém, contudo, analisou-lhe a face ignorada, mil vezes batida pelas pancadas da ingratidão, e verificou que ninguém apareceu nos dias de angústia para lenir-lhe o coração, ilhado no
desespero.

Tiveste notícia do viciado, socorrido pela polícia, e escutastes os conceitos irônicos daqueles que o abandonaram à própria sorte... No entanto, alguém lhe examinou a face desconhecida de criatura a quem se negou a bênção do trabalho ou do afeto e reconheceu que ninguém o ajudou a libertar-se da revolta e da obsessão.

Quando estiveres identificando as chagas do próximo, recorda que alguém está marcando as causas que as produziram.

Esse alguém é o Senhor que vê o que não vemos.

Onde o mal se destaque, faze o bem que puderes.

Onde o ódio se agite, menciona o amor.

Em toda parte, e acima de tudo, pensemos sempre na infinita misericórdia de Deus, que reserva apenas um Sol para garantir a face clara da Terra, durante as horas de luz, em louvor do dia, mas acende milhares de sóis, em forma de estrelas, para  guardar a face obscura do Planeta, durante as horas de sombra, em auxílio da noite, para que ela jamais se renda, ao poder das trevas.
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Emmanuel 
Chico Xavier 


MENSAGEM DO ESE:
Perdão das ofensas (II)


Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz: “Nunca perdoarei”, pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? 
Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem atirou o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra injuriosa, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; razão de mais para serdes indulgentes e para não vos tornardes merecedores da invectiva que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as conseqüências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que de nenhuma censura vos reconheceis merecedores: mostrai-vos dementes e com isso só fareis que o vosso mérito cresça.
Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. 
Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: “Eu lhe perdoo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdôo” e acrescentam. “mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida.” Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de vãs palavras e de simulacros. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. *******************
— Paulo, apóstolo. (Lião, 1861.)

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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 15.)

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