terça-feira, 28 de maio de 2019

Aprender e Retificar



Não há experiência sem preço.

Tudo na vida corresponde a certo resultado.

Por isso mesmo, conhecemos no mundo o verbo aprender e o verbo retificar.

A escolha determina o trabalho.

O trabalho mede as qualidades do espírito.

Um homem demandará um diploma universitário que lhe confira direito ao exercício nessa ou naquela profissão liberal.

Com semelhante desígnio, porém, não atinge a meta à custa de expectação e votos ardentes.

O programa a concretizar-se requer estudo, com larga despesa de atividade e atenção.

Anos a fio são gastos naturalmente em disciplina, até que a láurea lhe consagre a tarefa.

É isso verdadeiramente aprender. Mas se o profissional abusa do título conquistado para ferir os outros, é justo assuma compromissos perante a vida que somente no labor da expiação conseguirá redimir.

Temos aqui o reajuste em ação, compelindo a criatura em genuíno retificar.

Diante do sofrimento, é imperioso esquecer a antiga noção do crime e castigo, porquanto a evolução não aparece na calha da gratuidade.

Refazimento é reequilíbrio.

Toda educação pede renúncia e todo aprimoramento pede serviço.

A paz verdadeira nunca foi prêmio à ociosidade.

Todas as grandes realizações clamam por grandes lutas.

Em razão disso, se é certo que ressarciremos com mais trabalho os benefícios da vida de que estejamos abusando, é preciso saibamos escolher, com determinação e firmeza, o caminho do esforço máximo na exaltação do bem, a fim de que sejamos considerados, perante a Lei, na condição de operários fiéis ao salário da Eterna Luz
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 Do Livro: Nascer e Renascer – Psicografia de Francisco C. Xavier – pelo Espírito Emmanuel. 




MENSAGEM DO ESE:

Se fosse um homem de bem, teria morrido


Falando de um homem mau, que escapa de um perigo, costumais dizer: “Se fosse um homem bom, teria morrido.” Pois bem, assim falando, dizeis uma verdade, pois, com efeito, muito amiúde sucede dar Deus a um Espírito de progresso ainda incipiente prova mais longa, do que a um bom que, por prêmio do seu mérito, receberá a graça de ter tão curta quanto possível a sua provação. Por conseguinte, quando vos utilizais daquele axioma, não suspeitais de que proferis uma blasfêmia.


Se morre um homem de bem, cujo vizinho é mau homem, logo observais: “Antes fosse este.” Enunciais uma enormidade, porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa e o que fica talvez não haja principiado a sua. Por que, então, haveríeis de querer que ao mau faltasse tempo para terminá-la e que o outro permanecesse preso à gleba terrestre? Que diríeis se um prisioneiro, que cumpriu a sentença contra ele pronunciada, fosse conservado no cárcere, ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que a esta não tivesse direito? Ficai sabendo que a verdadeira liberdade, para o Espírito, consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo e que, enquanto vos achardes na Terra, estareis em cativeiro.


Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem. Tão limitadas, no entanto, são as vossas faculdades, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos sentidos obtusos. Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada esfera e, à medida que vos elevardes, diminuirá para vós a importância da vida material que, nesse caso, se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito da vossa existência espiritual, única existência verdadeira.
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— Fénelon. (Sens, 1861.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 22.)

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Façamos silêncio




Em meio ao burburinho ensurdecedor onde todos falam e nada se pode escutar, nos afastemos do gládio acalourado das palavras, nos recolhendo ao cantinho honroso de nossa insignificância, e humildemente façamos silêncio! 

Sobre pesadas refregas verbais, onde forças contrárias digladiam entre si, não poupando nem a razão e tão pouco o bom senso, afastemo-nos sem demoras do gládio desnecessário das palavras, e humildemente façamos silêncio! 

Perante os inimigos ferrenhos, que se levantam odiosos no interior do lar, ainda recalcitrantes sobre passados escabrosos, a nos arremessar o punhal fino das palavras, saibamos nos afastar do ricochete ferino das intenções, e humildemente façamos silêncio! 

Perante os inimigos seculares que nos espreitam pelas vias comuns da vida, ansiosos por travar disputas acaloradas no campo das palavras, roubando-nos a paz e dilapidando o nosso equilíbrio, saibamos nos afastar destas provocações maliciosas e mesquinhas, e humildemente façamos silêncio. 

Nas horas do dia em que a ansiedade quiser nos roubar a paz, arrojando-nos por sobre as discussões estéreis e improdutivas em torno do nada ou de coisa nenhuma, saibamos identificar a cilada das palavras, afastando-nos do caos destas discussões tão maléficas ao equilíbrio, e humildemente façamos silêncio. 
E em fazendo silêncio, não deixemos a nossa mente ziguezaguear pelos pedregais do ódio, da raiva e das vinganças torpes. Imediatamente valendo-nos da profilaxia do silêncio, aproveitemos estes instantes para humildemente voltarmos ao Evangelho de Jesus, recordando o Meigo amigo a nos dizer: 

"Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno."*

Alma querida, saibamos trabalhar a humildade do silêncio, administrar o silêncio e valorizar o silêncio interior, lembrando que nas bocas vigilantes, não penetram as moscas do arrependimento. 
 
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Scheilla
*MT 5.37
Médium
J Avellar




MENSAGEM DO ESE: 

Os superiores e os inferiores


A autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que terá de prestar contas aquele que se ache dela investido. Não julgueis que lhe seja ela conferida para lhe proporcionar o vão prazer de mandar; nem, conforme o supõe a maioria dos potentados da Terra, como um direito, uma propriedade. Deus, aliás, lhes prova constantemente que não é nem uma nem outra coisa, pois que deles a retira quando lhe apraz. Se fosse um privilégio inerente às suas personalidades, seria inalienável. A ninguém cabe dizer que uma coisa lhe pertence, quando lhe pode ser tirada sem seu consentimento. Deus confere a autoridade a título de missão, ou de prova, quando o entende, e a retira quando julga conveniente.
Quem quer que seja depositário de autoridade, seja qual for a sua extensão, desde a do senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve olvidar que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que dê aos seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que estes cometam, os vícios a que sejam arrastados em conseqüência dessa diretriz ou dos maus exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos da solicitude que empregar para os conduzir ao bem. Todo homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena; qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem; falseá-la em seu princípio é, pois, falir ao seu desempenho.
Assim como pergunta ao rico: “Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos devera ser um manancial a espalhar a fecundidade ao teu derredor”, também Deus inquirirá daquele que disponha de alguma autoridade: “Que uso fizeste dessa autoridade? Que males evitaste? Que progresso facultaste? Se te dei subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cupidez; fiz-te forte e confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao meu seio.” 
O superior, que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza dos que lhe estejam submetidos, porque sabe que as distinções sociais não prevalecem às vistas de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se eles hoje lhe obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhas mais tarde, e que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade.
Mas, se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e não menos sagrados. Se for espírita, sua consciência ainda mais imperiosamente lhe dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando o seu chefe deixe de dar cumprimento aos que lhe correm, porquanto sabe muito bem não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não justificam as de outrem. Se a sua posição lhe acarreta sofrimentos, reconhecerá que sem dúvida os mereceu, porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que tinha, cabendo-lhe, portanto, experimentar a seu turno o que fizera sofressem os outros. Se se vê forçado a suportar essa posição, por não encontrar outra melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se, como constituindo isso uma prova para a sua humildade, necessária ao seu adiantamento. Sua crença lhe orienta a conduta e o induz a proceder como quereria que seus subordinados procedessem para com ele, caso fosse o chefe. Por isso mesmo, mais escrupuloso se mostra no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que toda negligência no trabalho que lhe está determinado redunda em prejuízo para aquele que o remunera e a quem deve ele o seu tempo e os seus esforços. Numa palavra: solicita-o o sentimento do dever, oriundo da sua fé, e a certeza de que todo afastamento do caminho reto implica uma dívida que, cedo ou tarde, terá de pagar.


— François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot. (Paris, 1863.)


(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 9.) 


domingo, 26 de maio de 2019

PARA RENOVAR-NOS.....



Não espere viver sem problemas, de vez que problemas são ingredientes de evolução, necessários ao caminho de todos.

Ante os próprios erros, não descambe para o desculpismo e sim enfrente as consequências deles, a fim de retificar-se, como quem aproveite pedras para construção mais sólida.

Não perca tempo e serenidade perante as prováveis decepções da estrada, porquanto aqueles que supõem decepcioná-lo estão decepcionando a si mesmos.

Reflita sempre antes de agir, a fim de que seus atos sejam conscientizados. Não exija perfeição nos outros e nem mesmo em você, mas procure melhorar-se quanto possível.

Simplifique seus hábitos. Experimente humildade e silêncio, toda vez que a violência ou a irritação apareçam em sua área.

Comunique seus obstáculos apenas aos corações amigos que se mostrem capazes de auxiliar em seu benefício com discrição e bondade.

Diante dos próprios conflitos, não tente beber ou dopar-se, buscando fugir da própria mente, porque de toda ausência indébita você voltará aos estragos ou necessidades que haja criado no mundo íntimo, a fim de saná-los.,

Lembre-se de que você é um espírito eterno e, se você dispõe da paz na consciência, estará sempre inatingível a qualquer injúria ou perturbação. 
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André Luiz
do livro "Coragem"
Francisco Cândido Xavier





MENSAGEM DO ESE:

Desigualdade das riquezas

A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. É, alias, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.
Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Ainda aí está uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Dando-lhe o livre-arbítrio, quis ele que o homem chegasse, por experiência própria, a distinguir o bem do mal e que a prática do primeiro resultasse de seus esforços e da sua vontade. Não deve o homem ser conduzido fatalmente ao bem, nem ao mal, sem o que não mais fora senão instrumento passivo e irresponsável como os animais. A riqueza é um meio de o experimentar moralmente. Mas, como, ao mesmo tempo, é poderoso meio de ação para o progresso, não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva, pelo que incessantemente a desloca. Cada um tem de possuí-la, para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso sabe fazer dela. Sendo, no entanto, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, e acontecendo, além disso, que, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, com o que o melhoramento do planeta ficaria comprometido, cada um a possui por sua vez. Assim, um que não na tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã. Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.
Deploram-se, com razão, o péssimo uso que alguns fazem das suas riquezas, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e pergunta-se: Deus será justo, dando-as a tais criaturas? E exato que, se o homem só tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra; se, entretanto, não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça. Carece, pois, o pobre de motivo assim para acusar a Providência, como para invejar os ricos e estes para se glorificarem do que possuem. Se abusam, não será com decretos ou leis suntuárias que se remediará o mal. As leis podem, de momento, mudar o exterior, mas não logram mudar o coração; daí vem serem elas de duração efêmera e quase sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho: os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 8.)



sábado, 25 de maio de 2019

NÃO DESISTAS DE TI



Se recaíste no erro, não desistas de Ti.

Procura ser mais forte.

Ninguém se renova intimamente, sem sedimentar convicções.

Resiste com mais empenho ao assédio da tentação.

Pensa, cotidianamente, na transitoriedade das coisas às quais ainda te prendes.

Todo prazer é fugaz.

Por um minuto de ilusória ventura, não vale a pena conviver com o remorso por tempo indefinido.

Ore com mais empenho, pedindo maior suplemento de forças ao Alto.

Recomeça, exaustivamente, no propósito de acertar.

Mesmo quando se trate de descondicionar-te do mal a que te habituaste, a Lei Divina não comete violência
.
A taça transbordante de vinho se transubstanciará em fel aos teus lábios.

Ninguém se opõe aos alvitres da consciência sem que, inevitavelmente, se frustre. 
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Dias Melhores - Irmão José








MENSAGEM DO ESE:

Deixar aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos

Disse a outro: Segue-me; e o outro respondeu: Senhor, consente que, primeiro, eu vá enterrar meu pai. — Jesus lhe retrucou: Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus. (S. LUCAS, cap. IX, vv. 59 e 60.)

Que podem significar estas palavras: “Deixa aos mortos o cuidado de enterrar seus mortos”? As considerações precedentes mostram, em primeiro lugar, que, nas circunstâncias em que foram proferidas, não podiam conter censura àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar seu pai. Tem, no entanto, um sentido profundo, que só o conhecimento mais completo da vida espiritual podia tornar perceptível.

A vida espiritual é, com efeito, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito, sendo-lhe transitória e passageira a existência terrestre, espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da outra. O corpo não passa de simples vestimenta grosseira que temporariamente cobre o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, do qual se sente ele feliz em libertar-se. O respeito que aos mortos se consagra não é a matéria que o inspira; é, pela lembrança, o Espírito ausente quem o infunde. Ele é análogo àquele que se vota aos objetos que lhe pertenceram, que ele tocou e que as pessoas que lhe são afeiçoadas guardam como relíquias. Era isso o que aquele homem não podia por si mesmo compreender. Jesus lho ensina, dizendo: Não te preocupes com o corpo, pensa antes no Espírito; vai ensinar o reino de Deus; vai dizer aos homens que a pátria deles não é a Terra, mas o céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIII, itens 7 e 8.)



sexta-feira, 24 de maio de 2019

ENTENDIMENTO


“Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento.” – Paulo. (Romanos, 12:2.)

Quando nos reportamos ao problema da transformação espiritual, a comunidade dos discípulos do Evangelho concorda conosco, quanto a semelhante necessidade, mas nem todos demonstram perfeita compreensão do assunto.

No fundo, todos anelam a modificação, no entanto, a maioria não aspira senão à mudança de classificação convencional.

Os menos favorecidos pelo dinheiro buscam escalar o domínio das possibilidades materiais, os detentores de tarefas humildes pleiteiam as grandes posições e, num crescendo desconcertante, quase todos pretendem a transformação indébita das oportunidades a que se ajustam, mergulhando na desordem inquietante.

A renovação indispensável não é a de plano exterior flutuante. Transformar-se-á o cristão devotado, não pelos sinais externos, e sim pelo entendimento, dotando a própria mente de nova luz, em novas concepções.

Assim como qualquer trabalho terrestre pede a sincera aplicação dos aprendizes que a ele se dedicam, o serviço de aprimoramento mental exige constância de esforço no bem e no conhecimento.

Ainda aqui, é forçoso reconhecer que a disciplina entrará com fatores decisivos.

Não te cristalizes, pois, em falsas noções que já te prejudicaram o dia de ontem.

Repara a estrutura dos teus raciocínios de agora, ante as circunstâncias que te rodeiam.

Pergunta a ti próprio quanto ganhaste no Evangelho para analisar retamente esse ou aquele acontecimento de teu caminho. Faze isto e a Bondade do Senhor te auxiliará na esclarecedora resposta a ti mesmo.
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EMMANUEL
(do livro “Pão Nosso” – psic. Chico Xavier)



MENSAGEM DO ESE:

Parábola do festim de bodas

Falando ainda por parábolas, disse-lhes Jesus: O reino dos céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas de seu filho, — despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido convidados; estes, porém, recusaram ir. — O rei despachou outros servos com ordem de dizer da sua parte aos convidados: Preparei o meu jantar; mandei matar os meus bois e todos os meus cevados; tudo está pronto; vinde às bodas. Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua casa de campo, outro para o seu negócio. — Os outros pegaram dos servos e os mataram, depois de lhes haverem feito muitos ultrajes. — Sabendo disso, o rei se tomou de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes queimou a cidade.

Então, disse a seus servos: O festim das bodas está inteiramente preparado; mas, os que para ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes. — Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se puseram à mesa.

Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, — disse-lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? O homem guardou silêncio. — Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes; — porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 1 a 14.)

O incrédulo sorri a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, por não compreender que se possa opor tanta dificuldade para assistir a um festim e, ainda menos, que convidados levem a resistência a ponto de massacrarem os enviados do dono da casa. “As parábolas”, diz ele, o incrédulo, “são, sem dúvida, imagens; mas, ainda assim, mister se torna que não ultrapassem os limites do verossímil”.

Outro tanto pode ser dito de todas as alegorias, das mais engenhosas fábulas, se não lhes forem tirados os respectivos envoltórios, para ser achado o sentido oculto. Jesus compunha as suas com os hábitos mais vulgares da vida e as adaptava aos costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha por objeto fazer penetrar nas massas populares a idéia da vida espiritual, parecendo muitas ininteligíveis, quanto ao sentido, apenas por não se colocarem neste ponto de vista os que as interpretam.

Na de que tratamos, Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo e alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes.

Era crença comum aos judeus de então que a nação deles tinha de alcançar supremacia sobre todas as outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão que a sua posteridade cobriria toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem atentarem ao fundo, eles acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.

Antes da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras e politeístas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a idéia da unidade de Deus, essa idéia permaneceu no estado de sistema pessoal, em parte nenhuma foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados que ocultavam seus conhecimentos sob um véu de mistério, impenetrável para as massas populares. Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o monoteísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual “tão numerosa quanto as estrelas do firmamento”. Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil: a prática do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura. Dos primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram. Perderam assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera.

Fora, contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela incredulidade dos outros.

São, pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos convidados que recusam comparecer ao festim das bodas. Depois, acrescenta: “Vendo isso, o Senhor mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e maus.” Queria dizer desse modo que a palavra ia ser pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam admitidos ao festim, em lugar dos primeiros convidados.

Mas não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.

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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, itens 1 e 2.)









quinta-feira, 23 de maio de 2019

RISCOS E DESAFIOS


A reencarnação é teste severo para aprendizagem superior, assinalada por incontáveis riscos e desafios constantes, que a podem pôr a perder de um para outro instante. 

O véu carnal, que obscurece o discernimento da realidade maior, impede, muitas vezes, se a pessoa não é afeiçoada à reflexão, que se adote o comportamento correto diante das inúmeras pressões que confundem a razão e o sentimento, gerando muitas dificuldades. 

Eis por que o hábito da meditação, da análise cuidadosa antes de determinadas decisões, senão de quase todas, tornam-se indispensáveis.

 Pensar duas vezes antes de agir, como assevera o refrão popular, é atitude de equilíbrio.
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Livro: Trilhas da Libertação
Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda
FEB – Federação Espírita Brasileira 





MENSAGEM DO ESE:

Motivos de resignação (I)

Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.

Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranqüilidade no porvir.

O homem que sofre assemelha-se a um devedor de avultada soma, a quem o credor diz: “Se me pagares hoje mesmo a centésima parte do teu débito, quitar-te-ei do restante e ficarás livre; se o não fizeres, atormentar-te-ei, até que pagues a última parcela.” Não se sentiria feliz o devedor por suportar toda espécie de privações para se libertar, pagando apenas a centésima parte do que deve? Em vez de se queixar do seu credor, não lhe ficará agradecido? 

Tal o sentido das palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.” São ditosos, porque se quitam e porque, depois de se haverem quitado, estarão livres. Se, porém, o homem, ao quitar-se de um lado, endivida-se de outro, jamais poderá alcançar a sua libertação. Ora, cada nova falta aumenta a dívida, porquanto nenhuma há, qualquer que ela seja, que não acarrete forçosa e inevitavelmente uma punição. Se não for hoje, será amanhã; se não for na vida atual, será noutra. Entre essas faltas, cumpre se coloque na primeira fiada a carência de submissão à vontade de Deus. Logo, se murmurarmos nas aflições, se não as aceitarmos com resignação e como algo que devemos ter merecido, se acusarmos a Deus de ser injusto, nova dívida contraímos, que nos faz perder o fruto que devíamos colher do sofrimento. É por isso que teremos de recomeçar, absolutamente como se, a um credor que nos atormente, pagássemos uma cota e a tomássemos de novo por empréstimo.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 12.)



quarta-feira, 22 de maio de 2019

Instante dourado




Quando a situação se te revele difícil e as forças te pareçam exaustas...

Quando a enfermidade se te instale nas energias, semelhante a uma sombra que não consegues extinguir...

Quando o desânimo te procure, sugerindo-te a desistência dos encargos que abraçaste...

Quando as dificuldades se multipliquem criando-te embaraços e lutas...

Quando as complicações surjam tamanhas que o abandono dos próprios encargos, se te afigure como sendo o caminho a seguir...

Então, haverás atingido o instante dourado para o testemunho de tua própria fé, porque servindo e agindo, em meio a cansaço e tribulação, podes guardar a certeza de que, pelas ocorrências do trabalho, Deus chegará em teu auxílio com o socorro imprevisto e com a inesperada luz.
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Autor: Meimei
Médium: Francisco Cândido Xavier




MENSAGEM DO ESE: 

Preces Pagas

3 – Estando porém ouvindo-o todo o povo, disse Jesus a seus discípulos: Guardai-vos dos escribas, que querem andar com roupas talares, e gostam de ser saudados nas praças, e das primeiras cadeiras nas sinagogas, e dos primeiros assentos nos banquetes; que devoram as casas das viúvas, fingindo largas orações. Estes tais receberão maior condenação. (Lucas, XX: 45-47, e semelhantes em Marcos, XIII: 38-40; Mateus, XXIII: 14).


4 – Disse ainda Jesus: Não façais que as vossas preces sejam pagas; não façais como os escribas, que “a pretexto de longas preces, devoram as casas das viúvas”, o que quer dizer: apossam-se de suas fortunas. A prece é um ato de caridade, um impulso do coração; fazer pagar aquelas que dirigimos a Deus pelos outros, é nos transformamos em intermediários assalariados. A prece se transforma, então, numa fórmula que é cobrada segundo o seu tamanho. Ora, das duas, uma: Deus mede ou não mede as suas graças pelo número das palavras; e se forem necessárias muitas, como dizer apenas algumas, ou quase nada, por aquele que não pode pagar? Isso é uma falta de caridade. E se uma palavra é suficiente, as demais são inúteis. Então, como cobrá-las? É uma prevaricação.


Deus não vende os seus benefícios, mas concede-os. Como, pois, aquele que tem sequer é o seu distribuidor, e que não pode garantir a sua obtenção, cobra um pedido que talvez nem seja atendido? Deus não pode subordinar um ato de clemência, de bondade ou de justiça, que se solicita de sua misericórdia, a um determinado pagamento; mesmo porque, se o fizesse, o pagamento não sendo efetuado, ou sendo insuficiente, a justiça, a bondade e a clemência de Deus ficariam em suspenso. A razão, o bom senso, a lógica, dizem-nos que Deus, a perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas o direito de estabelecer preços para a sua justiça. Pois a justiça de Deus é como o Sol, que se distribui para todos, para o pobre como para o rico. Se considerarmos imoral traficar com as graças de um soberano terreno, seria lícito vender as do Soberano do Universo?


As preces pagas têm ainda outro inconveniente; é que aquele que as compra se julga, no mais das vezes, dispensado de orar por si mesmo, pois se considera livre dessa obrigação, desde que deu o seu dinheiro. Sabemos que os Espíritos são tocados pelo fervor do pensamento dos que se interessam por eles. Mas qual pode ser o fervor daquele que paga um terceiro para orar por ele? E qual o fervor desse terceiro, quando delega o mandato a outro, e este a outro, e assim por diante? Não é isso reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda corrente?
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O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO