Quando a morte vem ceifar em vossas famílias, levando sem distinção jovens antes de velhos, muitas vezes dizeis:
-Deus não é justo, já que sacrifica o que é forte e pleno de futuro para conservar os que viveram longos anos cheios de decepções; já que leva os que são úteis, e deixa os que não servem mais para nada; já que parte o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que fazia toda sua alegria.
(...)
Regozijai-vos, em lugar de vos lamentar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias.
Não há egoísmo em querer que ele aí restasse, para sofrer convosco?
Ah! essa dor se concebe naquele que não tem fé, e que vê na morte uma separação eterna.
Mas vós, espíritas, vós sabeis que a alma vive melhor desembaraçada de seu envoltório corporal.
Mães, sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós.
Sim, estão todos perto.
Seus corpos fluídicos cercam-vos, seus pensamentos protegem-vos, vossa lembrança embriaga-os de alegria;
mas também vossas dores despropositadas os afligem, porque denotam uma falta de fé, e são uma revolta contra a vontade de Deus.
Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações de vosso coração chamando esses entes bem-amados.
E se rogardes a Deus para abençoá-los, sentireis em vós essa poderosa consolação que seca as lágrimas, essas aspirações maravilhosas que vos mostrarão o futuro prometido pelo soberano Senhor.
(Sanson, 1863.)