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sábado, 19 de abril de 2014

Deus está falando com você





Um homem sussurrou:

Deus fale comigo.

E um rouxinol começou a cantar mas o homem não ouviu.

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Então o homem repetiu:

Deus fale comigo!

E um trovão ecoou nos céus mas o homem foi incapaz de ouvir.

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O Homem olhou em volta e disse:

Deus deixe-me vê-lo!
 

E uma estrela brilhou no céu mas o homem não a notou.

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O homem começou a gritar:

Deus mostre-me um milagre!

E uma criança nasceu mas o homem não sentiu o pulsar da vida.

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Então o homem começou a chorar e a se desesperar:

Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo...

E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro.
O homem espantou a borboleta com a mão e, desiludido, continuou o seu caminho triste, sozinho e com medo.

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Até quando teremos que sofrer para compreendermos que Deus está sempre onde está a vida?

Até quando manteremos nossos olhos e nossos corações fechados para o milagre da vida que se apresenta diante de nós em todos os momentos?

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(Prece Indígena - Tradução e adaptação do Livro By San Etioy)
 




sexta-feira, 18 de abril de 2014

ALCOÓLATRA




Reunião da noite de 12 de janeiro de 1956.

Emocionadamente, o nosso grupo recebeu a visita de Joaquim Dias, pobre espírito sofredor que nos trouxe o doloroso relato ,de sua experiência, da qual recolhemos amplo material para estudo e meditação.



Alcoólatra!

Que outra palavra existirá na Terra, encerrando consigo tantas potencialidades para o crime?

O alcoólatra não é somente o destruidor de si mesmo. É o perigoso instrumento das trevas, ponte viva para as forças arrasadoras da lama abismal.

O incêndio que provoca desolação aparece numa chispa.

O alcoolismo que carreia a miséria nasce num copinho.

De chispa em chispa, transforma-se  o incêndio em chamas devoradoras.

De copinho a copinho, o vício alcança a delinquência.

Hoje, farrapo de alma que foi homem, reconheço que, ontem, a minha tragédia começou assim...

Um aperitivo inocente...

Uma hora de recreio. . .

Uma noite festiva...

Era eu um homem feliz e trabalhador, vivendo em companhia de meus pais, de minha esposa e um filhinho.

Uma ocasião, porém, surgiu em que tive a infelicidade de sorver alguns goles do veneno terrível; disfarçado em bebida elegante, tentando afugentar pequeninos problemas da vida e, desde então, converti-me em zona pestilencial para os abutres da crueldade.

Velhos inimigos desencarnados de nossa equipe familiar fizeram de mim seu intérprete.

A breve tempo, abandonei o trabalho, fugi à higiene e apodreci meu caráter, trocando o lar venturoso pela taverna infeliz. .

Bebendo por mim e por todas as entidades viciosas que nos hostilizavam a casa, falsifiquei documentos, matando meu pai com medicação indevida, depois de arrojá-lo à extrema ruína. .

Mais tarde, tornando-me bestial e inconsciente, espanquei minha mãe, impondo-lhe a enfermidade que a transportou para a sepultura. .

Depois de algum tempo, constrangi minha esposa ao meretrício, para extorquir-lhe dinheiro, assassinando-a numa noite de horror e fazendo crer que a infeliz se envenenara usando as próprias mãos e, de meu filho, fiz um jovem salteador e beberrão, muito cedo eliminado pela polícia. . .

Réprobo social, colhia tão-somente as aversões que eu plantava.

Muitas vezes, em relâmpagos de lucidez, admoestava-me a consciência:

- Ainda é tempo! Recomeça! Recomeça!

Entretanto, fizera-me um homem vencido e cercado pelas sombras daqueles que, quanto eu, se haviam consagrado no corpo físico à criminalidade e à viciação, e essas sombras rodeavam-me apressadas, gritando-me, irresistíveis:

- Bebe e esquece! Bebe, Joaquim!

E eu me embriagava, sequioso de olvidar a mim mesmo, até que o delírio agudo me sitiou num catre de amargura e indigência.

A febre, a enfermidade e a loucura consumiram-me a carne, mas não percebi a visitação da morte, porque fui atraído, de roldão, para a turba de delinquentes a que antes me afeiçoara.

Sofri-lhes a pressão, assimilei-lhes os desvarios e, com eles, procurei novamente embebedar-me.

A taverna era o meu mundo, com a demência irresponsável por meu modo de ser...

Ai de mim, contudo! Chegou o instante em que não mais pude engodar minha sede!...

A insatisfação arrasava-me por dentro, sem que meus lábios conseguissem tocar, de leve, numa gota do liquido tentador.

Deplorando a inexplicável inibição que me agravava os padecimentos, afastei-me dos companheiros para ocultar a desdita de que me via objeto.

Caminhei sem destino, angustiado e semi-louco, até que me vi prostrado num leito espinhoso de terra seca. . .

Sede implacável dominava-me totalmente. . .

Clamei por socorro em vão, invejando os vermes do subsolo.

Palavra alguma conseguiria relatar a aflição com que implorei do Céu uma gota d’água que sustasse a alucinação de minhas células gustativas...

Meu suplício ultrapassava toda humana expressão. ..

Não passava de uma fogueira circunscrita a mim mesmo.

Começaram, então, para mim, as miragens expiatórias.

Via-me em noite fresca e tranquila, procurando o orvalho que caía do céu para dessedentar-me, enfim, mas, buscando as bagas do celeste elixir, elas não eram, aos meus olhos, senão lágrimas de minha mãe, cuja voz me atingia, pranteando em desconsolo:

- Não me batas, meu filho! Não me batas, meu filho! . . .

Devolvido à flagelação, via-me sob a chuva renovadora, mas, tentando sorver-lhe o jorro, nele reconhecia o pranto de meu pai, cujas palavras derradeiras me impunham desalento e vergonha:

- Filho meu, por que me arruinaste assim?' Arrojava-me ao chão, mergulhando meu ser na corrente poluída que o temporal engrossava sempre, na esperança de aliviar a sede terrível, mas, na própria lama do enxurro, encontrava somente as lágrimas de minha esposa, de mistura com, recriminações dolorosas, fustigando-me a consciência:

- _Por que me atiraste ao lodo? e por que me mataste, bandido?

- De novo regressava ao deserto que me acolhia, para logo após me entregar à visão de fontes cristalinas...

-Enlouquecido de sede, colava a boca ao manancial, que se convertia em taça de fel candente, da qual transbordavam as lágrimas de meu filho, a bradar-me, em desespero:

- Meu pai, meu pai, que fizeste de mim?

Em toda parte, não surpreendia senão lágrimas... Arrastei-me pelos medonhos caminhos de minha peregrinação dolorosa, como um Espírito amaldiçoado que o vício metamorfoseara em peçonhento réptil...

Suspirava por água que me aliviasse o tormento, mas só encontrava pranto...

Pranto de meu pai, de minha mãe, de minha esposa e de meu filho a perseguir-me implacável...

Alma acicatada por remorsos intraduzíveis, amarguei provações espantosas, até que mãos fraternas me trouxeram à bênção da oração...

Piedosos enfermeiros da Vida Espiritual e mensageiros da Bondade Divina, pelos talentos da prece, aplacaram-me a sede, ofertando-me água pura...

Atenuou-se-me o estranho martírio, embora a consciência me acuse...

Ainda assim, amparado por aqueles que vos inspiram, ofereço-vos o triste exemplo de meu caso particular par escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na hora de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o desequilíbrio e para a morte. . .

E, em vos falando, com o meu sofrimento transformado em palavras, rogo-vos a esmola dos pensamentos amigos para que eu regresse a mim mesmo, na escabrosa jornada da própria restauração.

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Joaquim Dias

Do livro Vozes do Grande Além. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

O AMOR DE CHICO XAVIER POR JESUS





Depoimento de Chico Xavier

"(...) Deus nos permita a satisfação de continuar sempre trabalhando na Grande Causa d'Ele, Nosso Senhor e Mestre.

Desde criança, a figura do Cristo me impressiona.

Ao perder minha mãe, aos cinco janeiros de idade, conforme os próprios ensinamentos dela, acreditei n'Ele, na certeza de que Ele me sustentaria.

Conduzido a uma casa estranha, na qual conheceria muitas dificuldades para continuar vivendo, lembrava-me d'Ele, na convicção de que Ele era um amigo poderoso e compassivo que me enviaria recursos de resistência e ao ver minha mãe desencarnada pela primeira vez, com o cérebro infantil sem qualquer conhecimento dos conflitos religiosos que dividem a Humanidade, pedi a ela me abençoasse segundo o nosso hábito em família e lembro-me perfeitamente de que perguntei a ela:

 - Mamãe, foi Jesus que mandou a senhora nos buscar?

Ela sorriu e respondeu:

 - Foi sim, mas Jesus deseja que vocês, os meus filhos espalhados, ainda fiquem me esperando...

Aceitei o que ela dizia, embora chorasse, porque a referência a Jesus me tranquilizava.

Quando meu pai se casou pela segunda vez e a minha segunda mãe mandou me buscar para junto dela, notando-lhe a bondade natural, indaguei

:- Foi Jesus quem enviou a senhora para nos reunir?

Ela me disse:

- Chico, isso não sei...

Mas minha fé era tamanha que respondi:

- Foi Ele sim...

Minha mãe, quando me aparece, sempre me fala que Ele mandaria alguém nos buscar para a nossa casa.

 E Jesus sempre esteve e está em minhas lembranças como um Protetor Poderoso e Bom, não desaparecido, não longe mas sempre perto, não indiferente aos nossos obstáculos humanos, e sim cada vez mais atuante e mais vivo."

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Fonte: Traços Biográficos de Chico Xavier




quinta-feira, 17 de abril de 2014

Amor


Quem verdadeiramente ama nunca se preocupa em ser amado.

O amor não faz exigência de nenhuma espécie, não impõe condições, não traça normas, não cobra retorno.

Aquele que reclama de sacrifício e renúncia desconhece o que é amor.

O amor é devotamento extremo, entrega absoluta, abnegação completa, doação desinteressada.

Por enquanto, amamos muito mais a nós mesmos do que amamos a Deus e ao próximo. Isto é egoísmo.

A distância que existe entre nós e o próximo, em essência, é a mesma que existe entre nós e Deus.

Aprendamos a ceder de nós mesmos renunciando aos nossos interesses pessoais.

Exercitemos o desprendimento.

Busquemos dar alegria, invés de nos colocarmos na expectativa de recebê-la.

Não esperemos que os outros girem na órbita de nossos caprichos, à feição de satélites em torno do Sol.

Não nos esqueçamos de que o amor não é uma algema que escraviza, mas sim um laço consentido parte a parte.
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Irmão José 




quarta-feira, 16 de abril de 2014

Não Desista de Ti



Se recaíste no erro, não desistas de Ti.

Procura ser mais forte.

Ninguém se renova intimamente sem sedimentar convicções.

Resiste com mais empenho ao assédio da tentação.

Pensa, cotidianamente, na transitoriedade das coisas às quais ainda te prendes.

Todo prazer é fugaz.

Por um minuto de ilusória ventura, não vale a pena conviver com o remorso por tempo indefinido.

Ore com mais empenho, pedindo maior suplemento de forças ao Alto.

Recomeça, exaustivamente, no propósito de acertar.

Mesmo quando se trate de descondicionar-te do mal a que te habituaste, a Lei Divina não comete violência.

A taça transbordante de vinho se transubstanciará em fel aos teus lábios.

Ninguém se opõe aos alvitres da consciência, sem que inevitavelmente se frustre.

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Irmão José 
 




 

terça-feira, 15 de abril de 2014

Na adversidade




Não pense em tristeza, insucesso, dor, a fim de não atraí-los.

O pensamento atrai o bem e o mal porque é objetivo entrar no concreto, materializar-se, ser ação real.

Imagine estar com alegria, saúde, paz e elas aparecerão como quem chega com boas notícias.

Na adversidade, resista esperançoso até que passe.

Mantenha, na boca, boas palavras, na mente, bons pensamentos e, no coração, bons sentimentos.

A providência divina faz o resto.

Quem não reage, se afunda, cai no poço mas, quem se decide, levanta e realiza.

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Lourival Lopes
 






 

domingo, 13 de abril de 2014

Dia a Dia



 “Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.”

– Lucas, cap. 9 – v. 23

 O Cristo é incisivo, quando nos adverte que, para segui-Lo, a batalha é constante.

 Dia a dia, o cristão deve ombrear a cruz do testemunho que é chamado a carregar.

Ele não nos promete uma vereda de flores...
 Sem subterfúgios, falou-nos das dificuldades, sobretudo no que tange à negação de nós mesmos.

De fato, não é fácil renunciar ao que nos satisfaz os sentidos e nos atende as necessidades fictícias.

Não nos desalentamos, porém, diante das derrotas e fracassos que, no embate travado em nosso mundo interior, venhamos a sofrer.

 Não nos fortaleceremos de uma hora para outra, mas, sim, a cada minuto de cada hora que nos devotarmos à aquisição de novos hábitos.

 Evoluir é promover a reeducação do espírito.

 Façamos, a cada manhã, o propósito de sermos melhores do que somos, mas não fiquemos apenas na palavra, como quem permanece na expectativa de servir sem tomar a iniciativa de procurar algo de útil a fazer.

 Precisamos criar ensejo a que o bem se manifeste em nossas vidas.

 A vontade de quem não descruza os braços é semelhante a quem, precisando alcançar determinado objetivo, se recusa a movimentar as pernas e caminhar.

 Seja, no entanto, qual for a nossa decisão, saibamos, de uma vez por todas, que quem verdadeiramente não se dispuser a seguir o Cristo não sairá do lugar.

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Inácio Ferreira
Carlos A. Baccelli