Referimo-nos aos esforços íntimos em relação aos hábitos, costumes, necessidades e outros aspectos da vida moral do indivíduo, destinados a mudar os seus sentimentos negativos, vencer vícios e defeitos, dominar paixões inferiores e conquistar virtudes espirituais, isto é, a reforma íntima.
Para isso torna-se necessário:
Higiene do corpo físico - Uso diário de banhos de água, totais ou parciais; de ar, de luz e de sol, cada um agindo, é claro, de acordo com seus próprios recursos e possibilidades, inclusive de tempo; vestimentas apropriadas, de acordo com o tempo, o clima e as estações do ano.
Alimentação - Racional e sóbria, contendo os princípios alimentares básicos que são: proteínas (alimentos que mantêm os músculos); carboidratos e gorduras (alimentos que fornecem energia e calor), sais minerais e vitaminas.
Todos estes elementos são encontrados nos alimentos comuns, sendo, todavia, necessário saber combiná-los e utilizá-los sem faltas ou excessos.
Para isso convém consultar instruções apropriadas, quase sempre encontradas em livros e publicações que tratam do assunto.
Lentamente, e tanto quanto possível (segundo os recursos, profissão e temperamento de cada um) diminuir a carne como alimento base, visto ser desaconselhável do ponto de vista espiritual. Os princípios alimentares que ela contém, sobretudo proteínas, são encontrados com facilidade em outros alimentos de uso comum, como, por exemplo: queijo, feijão, soja, leite, etc.
Por outro lado, para alimentar nosso corpo não há necessidade de sacrificar vidas de animais úteis e pacíficos onde Espíritos, ainda embrionários, realizam sua evolução, quando podemos fazê-lo com inúmeros outros alimentos mais simples.
Neste assunto, que é de controvérsia, cada um deve seguir seus próprios impulsos e inspirações que corresponderão, Justamente, ao grau de compreensão ou de evolução que lhes forem próprios.
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Repouso - Dormir o tempo que for exigido pelo próprio organismo, segundo a idade, a profissão e o temperamento de cada um.
Nunca sacrificar esta necessidade fundamental em benefício de certas distrações ou atividades dispensáveis, porque são sempre lamentáveis as consequências que a falta de sono acarreta para o sistema nervoso, principalmente daqueles para os quais esta necessidade se torna mais acentuada.
O normal do período de repouso para os adultos é de 8 horas, tempo esse que vai diminuindo à medida que aumenta a idade; na velhice essa necessidade fica reduzida para pouco mais de 3 a 5 horas, substituída a diferença por uma apatia natural, certa sonolência.
A insônia nos adultos e nos adolescentes, mas sobretudo nas crianças, sempre denota moléstia orgânica ou perturbação de natureza psíquica que requerem cuidados especiais, porém nunca o uso de tranquilizantes ou hipnóticos que podem provocar dependência, além de produzirem profundas depressões.
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Distrações - Também fazem parte dos recursos necessários à mantença do equilíbrio orgânico, como reflexos vindos do campo da vida psíquica.
São derivativos para as pressões exercidas, nas lutas da vida, pelas inquietações, temores, cansaço, tristeza, desânimo, etc., que tão perniciosas influências exercem sobre o Espírito, com a agravante, ainda, de abrirem portas às influenciações do plano invisível.
Todavia, não são todas as distrações que servem ao espírita interessado no seu problema de renovação moral. Há distrações benéficas como as há extremamente perniciosas; estas são as que despertam ou alimentam os instintos inferiores do personalismo, da brutalidade, da violência, da crueldade, como o boxe, as lutas de arena, as touradas, etc.; as que levam a desgarres da sensualidade, como certos espetáculos, danças e folguedos; tudo isso deve ser eliminado do programa do espírita esclarecido e sensato.
As diversões aconselháveis e úteis são as de aspecto construtivo e elevado, como passeios ao campo. parques e jardins, excursões, visitas a museus e obras de arte, reuniões culturais, concertos musicais, conferências sobre assuntos instrutivos, enfim, tudo quanto dignifique, esclareça e levante o indivíduo para esferas de vida e de sentimentos mais elevados.
Muito importam, também, à mantença do equilíbrio orgânico e à harmonia interna do santuário do Espírito, o combate aos vícios, defeitos morais e paixões, próprias do homem encarnado nestes graus inferiores da escala evolutiva, dos quais o nosso orbe faz parte.
Do mesmo citado livro transcrevemos mais os seguintes períodos referentes a estes pontos de relevantes interesses.
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Os vícios - Para a defesa e purificação do organismo, é necessário combater rigorosamente os vícios, começando pelos mais comuns que são o fumo, o álcool, a gula e os tóxicos (maconha, éter, ópio, morfina, etc.)
Atualmente, estes vícios se alastram de forma alarmante, envolvendo milhões de pessoas, em sua maioria jovens inexperientes que a vida social moderna, com seus costumes licenciosos e cínicos, empurra para caminhos de perdição.
Jovens de ambos os sexos, nas reuniões de sociedades, fazem alarde ou exibição dos vícios que possuem, como se tal coisa os engrandecesse.
Na sua inconsciência, chafurdam na lama e se vangloriam disso.
O fumo, por exemplo, considerado o mais inocente desses vícios, está sendo adotado pela maioria das mulheres, sendo fabuloso o seu consumo no mundo inteiro e seu uso produz terríveis males, mormente no aparelho nervoso vegetativo (simpático e vago), dando margem a perturbações tanto mais intensas e profundas quanto mais sensíveis forem as pessoas. Ultimamente, severas advertências vêm sendo feitas por cientistas de todos os países sobre a influência do fumo na produção do câncer. Segundo estatísticas oficiais, em cada quatro pessoas que fumam, uma possui indícios de câncer.
As consequências do fumo afetam também fortemente o perispírito, produzindo uma espécie de entorpecimento psíquico, que continua até mesmo após o desencarne, prolongando o período de inconsciência que, na maioria dos casos, ocorre depois da chamada morte física, como também afeta a cortina de proteção e isolamento existente entre o corpo físico e o perispírito.
E coisas ainda piores sucedem em relação ao vício do álcool, responsável pela degradação moral de milhões de pessoas, em todas as partes do mundo, obrigando governos esclarecidos (como, por exemplo, o da França, ultimamente) a decretar legislação coercitiva a fabricação e uso imoderado do álcool em seu território.
Julgamos completamente desnecessário qualquer comentário a respeito destes vícios e de suas diferentes sintomatologias, que oscilam entre a euforia e o coma, visto ser assunto por demais conhecido.
Não importa o que digam uns e outros, inclusive pessoas de ciência, defendendo estes vícios, alegando não serem tão perniciosos como parecem: os que os defendem são também viciados em maior ou menor grau e, portanto, suspeitos no caso.
Os espíritas, se realmente desejam evoluir e, já que a evolução não se conquista sem pureza de corpo e de espírito, devem combater e eliminar de si mesmos estes vícios, libertando-se deles definitivamente. Não pode haver pureza de corpo ou de sentimentos em pessoas que se entregam a vícios repugnantes e perniciosos, praticando, assim, um suicídio lento, na mais lamentável negligência moral.
Por outro lado, é preciso não esquecer que o viciado é assediado e dominado por Espíritos inferiores desencarnados, mesmo quando não maléficos mas, da mesma forma, viciados e que, não possuindo mais o corpo físico, atuam sobre eles e, por seu intermédio, se satisfazem, inalando a fumaça dos cigarros ou aspirando, deliciados, os vapores do álcool.
Há milhões de pessoas, no mundo inteiro, que vivem assim escravizadas pelos Espíritos inferiores e utilizadas por estes como instrumentos passivos, submissos e cegos de seus próprios vícios e paixões.
André Luiz, em sua obra Nos Domínios da Mediunidade, descreve uma cena de botequim, mostrando como alguns Espíritos desencarnados, junto de fumantes e bebedores, com triste feição, se demoravam expectantes.
Alguns sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento.
Outros aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.
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Defeitos morais e paixões - A batalha moral contra os defeitos e as paixões deve ser igualmente encetada pelos espíritas sem vacilações e temores, sendo certo que desde os primeiros passos, serão fortemente apoiados pelos benfeitores espirituais, que sempre estão atentos, aguardando que tão salutares e imperiosas resoluções surjam e tomem consistência no Espírito dos seus protegidos, entes amados que eles, os benfeitores, assumiram o compromisso de assistir e proteger durante a encarnação.
Antes de encetar a luta contra os defeitos e as paixões tão comuns ao homem inferior (como sejam, o orgulho, o egoísmo, a sensualidade, a hipocrisia, a avareza, a crueldade, e outros) é necessário que cada um faça um programa individual de ação, examine a influência que cada defeito ou paixão exerce sobre si mesmo e em seguida inicie a repressão com confiança e disposição de lutar sem desfalecimentos, até o fim; assim procedendo, logo aos primeiros passos, verá que o apoio recebido do Alto é muito importante e que a vitória está desde o princípio, em suas próprias mãos.
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Edgard Armond - Passes e Radiações - pág. 21