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sábado, 24 de junho de 2017

Pequena história


   Um dia, a Gota d’Água, o Raio de Luz, a Abelha e o Homem Preguiçoso chegaram ao Trono de Deus.

  O Todo-Poderoso recebeu-os, com bondade, e perguntou pelo que faziam.

  A Gota d’Água avançou e disse:

— Senhor, eu estive num terreno quase deserto, auxiliando uma raiz de laranjeira. Vi muitas árvores sofrendo sede e diversos animais que passavam, aflitos, procurando mananciais. Fiz o que pude, mas venho pedir-te outras Gotas d’Água que me ajudem a socorrer quantos necessitam de nós.

  O Pai sorriu, satisfeito, e exclamou:

— Bem-aventurada sejas pelo entendimento de minhas obras. Dar-te-ei os recursos das chuvas e das fontes.

  Logo após, o Raio de Luz adiantou-se e falou:

— Senhor, eu desci… desci… e encontrei o fundo de um abismo. Nesse antro, combati a sombra, quanto me foi possível, mas notei a presença de muitas criaturas suplicando claridade. Venho ao Céu rogar-te outros Raios de Luz que comigo cooperem na libertação de todos aqueles que, no mundo, ainda sofrem a pressão das trevas.

  O Pai, contente, respondeu:

— Bem-aventurado sejas pelo serviço à Criação. Dar-te-ei o concurso do Sol, das lâmpadas, dos livros iluminados e das boas palavras que se encontram na Terra.

  Depois disso, a Abelha explicou-se:

— Senhor, tenho fabricado todo o mel, ao alcance de minhas possibilidades. Mas vejo tantas crianças fracas e doentes que te venho implorar mais flores e mais Abelhas, a fim de aumentar a produção…

  O Pai, muito feliz, abençoou-a e replicou:

— Bem-aventurada sejas pelos benefícios que prestaste. Conceder-te-ei novos jardins e novas companheiras.

  Em seguida, o Homem Preguiçoso foi chamado a falar.

Fez uma cara desagradável e informou:

— Senhor, nada consegui fazer. Por todos os lados, encontrei a inveja e a perseguição, o ódio e a maldade. Tive os braços atados pela ingratidão dos meus semelhantes. Tanta gente má permanecia em meu caminho que, em verdade, nada pude fazer.

  O Pai bondoso, com expressão de descontentamento, exclamou:

— Infeliz de ti, que desprezaste os dons que te dei. Adormeceste na preguiça e nada fizeste.   Os seres pequeninos e humildes alegraram meu Trono com o relatório de seus trabalhos, mas tua boca sabe apenas queixar, como se a inteligência e as mãos que te confiei para nada valessem.   Retira-te! os filhos inúteis e ingratos não devem buscar-me a presença. Regressa ao mundo e não voltes a procurar-me enquanto não aprenderes a servir.

  A Gota d’Água regressou, cristalina e bela.

  O Raio de Luz tornou aos abismos, brilhando cada vez mais.

  A Abelha desceu zumbindo, feliz.

  O Homem Preguiçoso, porém, retirou-se muito triste.
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Neio Lúcio
Chico Xavier 


sexta-feira, 23 de junho de 2017

O juiz reto


Ao tribunal de Eliaquim ben Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan ben Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendigo.

  — Este homem — clamou o comerciante, furioso — impingiu-me um logro de vastas proporções! Vendeu-me um colar de pérolas falsas, por cinco peças de ouro, asseverando que valiam cinco mil. Comprei as joias, crendo haver realizado excelente negócio, descobrindo, afinal; que o preço delas é inferior a dois ovos cozidos. Reclamei diretamente contra o mistificador, mas este vagabundo já me gastou o rico dinheiro. Exijo para ele as penas da justiça! É ladrão reles e condenável!…

  O magistrado, porém, que cultuava a Justiça Suprema, recomendou que o acusado se pronunciasse por sua vez:

— Grande juiz — disse ele, timidamente —, reconheço haver transgredido os regulamentos que nos regem. Entretanto, tenho meus dois filhos estirados na cama e debalde procuro trabalho digno, pois mo recusam sempre, a pretexto de minha idade e de minha pobre apresentação. Realmente, enganei o meu próximo e sou criminoso, mas prometo resgatar meu débito logo que puder.

  O juiz meditou longamente e sentenciou:

— Para Zorobabel, o mendigo, cinco bastonadas entre quatro paredes, a fim de que aprenda a sofrer honestamente, sem assalto à bolsa dos semelhantes, e, para Jonatan, o mercador, vinte bastonadas, na praça pública, de modo a não mais abusar dos humildes.

  O negociante protestou, revoltado:

— Que ouço?! Sou vítima de um ladrão e devo pagar por faltas que não cometi? Iniquidade! iniquidade!…

  O magistrado, todavia, bateu forte com um martelo sobre a mesa, chamando a atenção dos presentes, e esclareceu, em voz alta:

— Jonatan ben Cafar, a justiça verdadeira não reside na Terra para examinar as aparências.  Zorobabel, o vagabundo, chefe de uma família infeliz, furtou-te cinco peças de ouro, no propósito de socorrer os filhos desventurados, porém, tu, por tua vez, tentaste roubar dele, valendo-te do infortúnio que o persegue, apoderando-te de um objeto que acreditaste valer cinco mil peças de ouro ao preço irrisório de cinco. 8 Quem é mais nocivo à sociedade, perante Deus: o mísero esfomeado que rouba um pão, a fim de matar a fome dos filhos, ou o homem já atendido pela Bondade do Eterno, com os dons da fortuna e da habilidade, que absorve para si uma padaria inteira, a fim de abusar, calculadamente, da alheia indigência?  Quem furta por necessidade pode ser um louco, mas quem acumula riquezas, indefinidamente, sem movimentá-las no trabalho construtivo ou na prática do bem, com absoluta despreocupação pelas angústias dos pobres, muita vez passará por inteligente e sagaz, aos olhos daqueles que, no mundo, adormeceram no egoísmo e na ambição desmedida, mas é malfeitor diante do Todo-Poderoso que nos julgará a todos, no momento oportuno.

  E, sob a vigilância de guardas robustos, Zorobabel tomou cinco bastonadas em sala de portas lacradas, para aprender a sofrer sem roubar, e Jonatan apanhou vinte, na via pública, de modo a não mais explorar, sem escrúpulos, a miséria, a simplicidade e a confiança do povo.
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Neio Lúcio
Chico Xavier 




quinta-feira, 22 de junho de 2017

40 pensamentos de CARLOS AUGUSTO

 
1 Alicerces demandam segurança. E, por isso, não se justificam decisões apressadas.

2 O amor é gravitação sem ser cativeiro.

3 Não se renda às sugestões da tristeza e nem às requisições do desalento.

4 Somos jardineiros, colhendo rosas no espinheiral, semeadores compelidos à lama da Terra, a fim de que a nossa lavoura produza para o Bem, e operários da Luz, constrangidos a sofrer o assédio da sombra para que a nossa tarefa se faça proveitosamente cumprida. 

5 Desculpemos o espinheiro da senda e esqueçamos o pedregulho do caminho…
Espinhos espirituais dão rosas de paciência e renúncia e pedras morais trazem consigo o ouro do Conhecimento Superior.

6 Desculpemos sem condições.

7 É preciso servir sem desanimar e compreender sem exigência.

8 Ame, tolere, aguarde, trabalhe, auxilie e perdoe… Seis verbos tão simples na formação labial e tão importantes à nossa felicidade!…

9 O triunfo na Terra pede o esquecimento de qualquer sombra, para que a luz da Divina Providência não nos encontre inabordáveis. 

10 Com Jesus, a saudade é anseio sem ser angústia, sede espiritual sem ser desespero…

11 Não fosse a noite e jamais saberíamos identificar os esplendores do dia.

12 Somos associados de muitas empresas, batalhadores de muitos combates, irmãos de ideal e de alegria, de aflição e de luta em muitas jornadas na Terra.

13 Confiemos no Cristo para que o Cristo confie em nós.

14 Continuemos caminhando sob a inspiração do Divino Mestre. É tudo o que nos será possível fazer de melhor.
De nós mesmos, atentos à insegurança de nossas aquisições, nosso passo seria vacilante entre a luz e a sombra, entre o bem e o mal… Com Cristo, porém, cessam as dúvidas. O sacrifício de nossos desejos aos Desígnios do Senhor é a chave de nossa felicidade real.

15 Somos na Terra confiados ao cadinho purificador do sofrimento e talvez que a estabilidade no mundo fosse apenas estagnação. Zurzem sobre nós azorragues expiatórios e regeneradores, por todos os lados e, por essa razão, ainda mesmo alcançando o desejável equilíbrio material e espiritual no campo da experiência humana, o sofrimento alheio não nos permitiria repouso.

16 No serviço aos nossos semelhantes, vamos descobrindo a estrada necessária à nossa própria elevação.

17 Todos estamos no mundo em processo de renovação.

18 Em torno de nossa embarcação, há muitos náufragos a se debaterem no perigo e no temor, na necessidade e na aflição… Exerçamos a coragem de auxiliá-los.

19 A Providência Divina tudo renova para que se faça o Bem, e com isso as nossas esperanças renascem.

20 Tenhamos serenidade e confiança em Deus na travessia do grande mar, em que simbolizamos a existência na Terra.

21 O amor vence a morte.

22 A evolução caminha na pauta dos séculos, no entanto, podemos seguir adiante, passo a passo, nas linhas sinuosas do aprendizado.

23 Cabe-nos estudar e servir, lutar e enriquecermo-nos com a luz do Conhecimento Superior, tanto quanto se nos faça possível, seja no mundo físico ou na Vida Espiritual.

24 Ainda mesmo, a preço de lágrimas e sacrifícios, avancemos para diante, trabalhando e servindo.

25 O sofrimento é o sinal dos que trabalham pela evolução comum e pelo crescimento espiritual de todos.

26 Atendamos às exigências da jornada evolutiva, recebendo a dor por nossa instrutora divina.

27 Não apagues o sorriso de entendimento nos lábios e conserva, sempre acesa, a chama da esperança no coração.

28 Todos nós, dentro da Lei, somos impelidos a seguir juntos, segundo os compromissos que esposamos. Em conjunto, adquirimos débitos pesados que, em conjunto, devemos ressarcir.

29 Ninguém se renda às sugestões do desalento.

30 É preciso servir sem desanimar e compreender sem exigência.

31 O triunfo na Terra pede esquecimento de toda sombra, para que a luz não nos encontre inabordáveis.

32 Em qualquer dificuldade, asilemos o pensamento na oração. Ante a luz da prece, os problemas se reduzem e a paz triunfa, invariável.

33 A existência no Plano Físico é na essência, um ato de fé em Deus e em nós mesmos se anelamos a vitória total, no rumo do Plano Superior.

34 O presente é apenas um ponto de passagem no Espaço e no Tempo, ao qual estamos chegando, de muito longe, de viagem para o Grande Futuro…

35 A morte é vida em um novo modo de ser.

36 Ferramentas não nos faltam para lavrar a terra com eficiência e beleza. Saibamos suportar as chuvas de suor que nos encharcam no trabalho e tolerar sem reclamação a canícula das provas que tantas vezes procuram ressecar-nos o coração, para que o título de cultivadores fiéis nos fulgure, um dia na fronte.

37 Doar, aprender, trabalhar e servir sempre são verbos a conjugar em nossa caminhada.

38 Não lhes surpreendam os percalços da marcha. Onde se fecha um caminho, abre-se outro.

39 Nos dias de temporal, por dentro do coração, refugiemo-nos no santuário da prece.
A prece é força da vida ao nosso dispor; por ela, anjos e homens se encontram, facilitando-nos a comunhão com Jesus para a execução de nossas tarefas.

40 Não nos arrependeremos de auxiliar, porque os dias se desdobrarão, imperturbáveis, repondo cada pessoa no círculo que lhe cabe e cada situação no lugar que lhe é próprio.
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Carlos Augusto / Chico Xavier

Opúsculos — F. C. Xavier — Carlos Augusto 

IDENTIFICAÇÃO 
Carlos Augusto, também conhecido pelo nome de Gugu, chama-se Carlos Augusto Ferraz Lacerda, é filho do médico Dr. Oswaldo Lacerda, de saudosa memória e de D. Ynayá Ferraz Lacerda, residente na Capital do Rio de janeiro.

Carlos Augusto faleceu no desabamento do cine Rink, em Campinas, Estado de S. Paulo, em 16 de setembro de 1951. — Nota do Médium

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O remédio justo


Perguntas, muitas vezes, pela presença dos Espíritos guardiães, quando tudo indica que forças contrárias às tuas noções de segurança e conforto, comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.

  Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas. Onde os amigos desencarnados que protegem as criaturas?

  Como não puderam prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades?

  Se aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos Espíritos benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações que amam verdadeiramente na Terra.

  Ausculta o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do manicômio para os filhos que se desvairaram no vício, de modo a que não se transfiram da loucura à criminalidade confessa.

  Ouve os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os rebentos do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.

 Escuta as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os suplícios do cárcere para os companheiros queridos, evitando-se-lhes a queda em fossas mais profundas de delinquência.

  Perquire o pensamento dos filhos afetuosos, ao carregarem, esmagados de dor, os pais endividados em doenças infecto-contagiosas, na direção das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.

  Todos eles trocam as frases de carinho e os dedos veludosos pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.

  Quando vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse alguém permaneça no olvido, por parte dos benfeitores espirituais que lhe seguem a marcha.

  O amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.

  Ao invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.

  Isso porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.
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Emmanuel
Chico Xavier 



terça-feira, 20 de junho de 2017

Mansidão e Piedade



Se caminhas sob chuvas de impropérios e maldições, cultiva a mansidão e exercita a piedade.

Se atravessas provas rudes, assoalhadas por aflições contínuas, guarda-te na mansidão e desenvolve a piedade.

Se sofres agressões prolongadas, que se não justificam, permanece com mansidão e desenvolve a piedade.

Se tombas nas ciladas bem urdidas, propostas por adversários encarnados ou não, mantém-te em mansidão e esparze a piedade.

Se te açodam circunstâncias rudes e tudo parece conspirar contra tuas lutas de redenção, não te descures da mansidão nem da piedade.

Aclamado pelo entusiasmo passageiro de amigos ou admiradores, sustenta a mansidão e insiste na piedade.

Guindado a posições de relevo transitório e requestado pelo momento de ilusão, não te afaste da mansidão da piedade.

Carregado de êxitos terrenos e laureado por enganosas situações, envolve-te na mansidão e não te distancies da piedade.

Recomendado pelas pessoas proeminentes ou procurado pelos triunfos humanos, persevera com mansidão e trabalha com piedade.

Mansidão e piedade em qualquer circunstância, sempre.

A mansidão coloca-te interiormente indene à agressividade dos que se comprazem no mal e a piedade envolve-os em vibrações de amor.

A mansidão faz-te compreender que necessitas de crescimento espiritual e, por enquanto, a dor ainda se torna instrumento educativo. A piedade evita que mágoas ou sequelas de aborrecimento tisnem os teus ideais de enobrecimento.

A mansidão acalma; a piedade socorre.

Com mansidão seguirás a trilha da humildade e com a piedade prosseguirás retribuindo com o bem a todo e qualquer mal.

A mansidão identifica o cristão e a piedade fala das suas conquistas interiores.

"Bem-aventurados os mansos e pacificadores - ensinou Jesus - porque eles herdarão a Terra"... feliz do continente da alma imortal.
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Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco 



segunda-feira, 19 de junho de 2017

Tolerância Divina


“E dizia Jesus: — Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” — (Lucas, 23:34)


  Ouvem-se as opiniões mais disparatadas no que concerne ao perdão e à tolerância de Deus.
  Aprendizes levianos, a todo instante, referem-se ao problema, com mais infantilidade que espírito de observação e obediência.
  São raros os que se compenetram da magnitude do assunto.
  O perdão divino jamais será entendido no quadro da preguiça, do egoísmo pessoal ou da inconstância da criatura.
As palavras do Mestre, na cruz, oferecem um roteiro de pensamentos profundos, nesse sentido: “Perdoa-lhes, meu Pai, porque não sabem o que fazem”, representa uma sentença básica da responsabilidade que o assunto envolve em si mesmo.
Num momento, qual o do Calvário, em que a dor se lhe impunha ao Espírito Divino, Jesus roga o perdão de Deus para as criaturas, mas não esquece de assinalar o porquê de Sua solicitação.
Seu motivo profundo era o da ignorância em que os homens se mergulhavam.
  O Mestre compreendia que não se deve invocar a tolerância de Deus sem razão justa, como nunca se abusa de um Pai abnegado e carinhoso.
  Tornava-se preciso explicar que o drama do Gólgota era forma de animalidade de quantos o rodeavam.
  E a expressão do Cristo foi guardada no Evangelho, a fim de que todos os aprendizes venham a compreender que tolerância e perdão de Deus não são forças que se reclamem a esmo.
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 Emmanuel 
Chico Xavier


domingo, 18 de junho de 2017

A LIÇÃO DA NATUREZA



Toda vez que nossos olhos contemplam o espetáculo do nascer e do pôr do sol, não podemos nos furtar a reconhecer a grandiosidade do Criador.

Cada vez que mergulhamos a mente no estudo da biologia, descobrindo a perfeição da maquinaria humana, seu intrincado de artérias, veias, vasos, neurônios, tudo tão harmonicamente a trabalhar, rendemo-nos ao extraordinário ser que assim se esmerou na sua elaboração.

Sempre que ouvimos a balada dos ventos nas tardes frias, o ulular cantante na pradaria, o farfalhar das folhas de outono, recordamo-nos de que o Grande Idealizador se chama Deus.

E quando as águas descem dos morros cantando segredos que recolhem por onde passam e se arrojam das alturas formando cascatas, alimentando lagos, engrossando rios, lembramo-nos de que o Maestro Excelso paira acima dos homens.

Quando a tempestade ruge, a tormenta grita, e a natureza parece enlouquecida, pensamos que Deus está um pouco desatento, em leve cochilo.

Deus não se repete, não se cansa de criar e, a cada momento em que o homem aprofunda suas lentes para o interior da terra, o seio dos mares, vai se dando conta de que o Pai desceu a detalhes muito pequenos para que nós, Seus filhos, nos sentíssemos felizes, neste planeta.

Mas como todo Pai, ele também providenciou para que aprendêssemos uns com os outros, a fim de crescermos com maior rapidez.

E a natureza é uma mestra exemplar. Sua lição de serviço desinteressado, paciência, perseverança, se faz presente todos os dias.

As flores oferecem perfume e colorido, as árvores proporcionam sombra, calor e vida. Serviço desinteressado.

A semente adormece no seio da terra e ao se espreguiçar, na época devida, estende brotos, que se tornarão alimento. Paciência e perseverança.

Para quem tem olhos de ver, até os pássaros ensinam. Conta John Leax que, nos dias de inverno, ele colocava no comedouro, em seu jardim, sementes, no intuito de que os pássaros ali viessem se alimentar.

Um dia, ele observou que um cardeal de penas desbotadas, pelo gelo e pelo frio, pousou e se curvou sobre o comedouro. Mas não bicou nenhuma semente.

Através de seu binóculo, John pôde observar que o pássaro tinha seu bico machucado, quebrado bem na raiz.

Logo mais, dois outros cardeais pousaram ao seu lado. Um de cor viva e outro cinza.

Sem pressa alguma, como se possuíssem a paciência infindável de Deus, eles trituraram sementes de girassol e, encostando bico no bico, alimentaram a ave faminta.

Nos dias seguintes, e durante o inverno inteiro, todas as manhãs e todas as tardes, o trio chegou no comedouro, repetindo o processo.

Era como um encontro marcado e um compromisso assumido. Uma lição de disciplina e de desprendimento.

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Exercita-te no amor à natureza, que esplende em sol, ar, água, árvore, frutos, animais e homens.

Deixa-te enternecer pelos convites silenciosos que o Pai Criador te faz e dulcifica-te interiormente.

O amor dilui a sombra dos sentimentos negativos, imprimindo o selo da mansidão em todos os atos.

Ama, portanto, tudo e todos.

Aprende com a natureza.
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Redação do Momento Espírita, com base no cap. O comedouro,
de John Leax, do livro Histórias para o coração 2, de Alice Gray,
ed. United Press e com pensamentos finais do cap. CLXXXI,
do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL