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sábado, 8 de julho de 2017

Mais além


A sombra, em torno à estrada, não te importe,
Segue varando injúrias e ameaças
E estende os dons do amor no bem que faças,
Sem que o frio a vencer te desconforte.

  Sê, ante o mundo, o amparo humilde e forte,
Levanta corações na luz que abraças,
Distribuindo graças sobre graças
Na fé que varre a dor, a treva e a morte.

  Por mais pedras à frente, ajuda e avança
Por facho de bondade e de esperança,
Que o dever de servir jamais te doa…

  Alguém te apoiará, dia por dia,
A envolver-te de paz e de alegria,
Esse alguém é Jesus que te abençoa. 
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Auta de Souza 
Chico Xavier



sexta-feira, 7 de julho de 2017

O tesouro da fraternidade


Não desprezes as pequeninas parcelas de carinho para que atinjas o tesouro da fraternidade.

  Uma palavra confortadora.

  O gesto de compreensão e ternura.

  A frase de incentivo.

  O presente de um livro.

  A lembrança de uma flor.

  Cinco minutos de palestra edificante.

  O sorriso de estímulo.

  A gota de remédio.

  A informação prestada alegremente.

  O pão repartido.

  A visita espontânea.

  Uma carta de entendimento e amizade.

  O abraço de irmão.

  O singelo serviço em viagem.

   Um ligeiro sinal de cooperação.

  Não é com o ouro fácil que descobrirás os mananciais ignorados e profundos da alma.

  Não é com a autoridade do mundo que conquistarás a devoção real de um amigo.

  Não é com a inteligência poderosa que colherás as flores ocultas da confiança.

  Mas sempre que o teu coração se inclinar para um mendigo ou para um príncipe, envolvido na luz sublime da boa vontade, ajudando e servindo em nome do Bem, olvidando a ti mesmo para que outros se elevem e se rejubilem, guarda a certeza de que tocaste o coração do próximo com as santas irradiações das tuas pérolas de bondade e caminharás no mundo, sob a invencível couraça da simpatia para encontrar o divino tesouro da fraternidade em plenos Céus.
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Emmanuel 
Chico Xavier

Mensagem do ESE:
Desigualdade das riquezas
A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. É, alias, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.
Admitido isso, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos. Ainda aí está uma prova da sabedoria e da bondade de Deus. Dando-lhe o livre-arbítrio, quis ele que o homem chegasse, por experiência própria, a distinguir o bem do mal e que a prática do primeiro resultasse de seus esforços e da sua vontade. Não deve o homem ser conduzido fatalmente ao bem, nem ao mal, sem o que não mais fora senão instrumento passivo e irresponsável como os animais. A riqueza é um meio de o experimentar moralmente. Mas, como, ao mesmo tempo, é poderoso meio de ação para o progresso, não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva, pelo que incessantemente a desloca. Cada um tem de possuí-la, para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso sabe fazer dela. Sendo, no entanto, materialmente impossível que todos a possuam ao mesmo tempo, e acontecendo, além disso, que, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, com o que o melhoramento do planeta ficaria comprometido, cada um a possui por sua vez. Assim, um que não na tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora a tem, talvez não na tenha amanhã. Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.
Deploram-se, com razão, o péssimo uso que alguns fazem das suas riquezas, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e pergunta-se: Deus será justo, dando-as a tais criaturas? E exato que, se o homem só tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra; se, entretanto, não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça. Carece, pois, o pobre de motivo assim para acusar a Providência, como para invejar os ricos e estes para se glorificarem do que possuem. Se abusam, não será com decretos ou leis suntuárias que se remediará o mal. As leis podem, de momento, mudar o exterior, mas não logram mudar o coração; daí vem serem elas de duração efêmera e quase sempre seguidas de uma reação mais desenfreada. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho: os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade.
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 8.)


quarta-feira, 5 de julho de 2017

Obstáculo


Quando te sintas sob o frio do desengano, não creias que o esforço que despendeste no Bem haja sido infrutífero.

O desarranjo de certa máquina te ensina a paciência.

O afastamento de um companheiro terá sido o meio de te acordar as energias adormecidas, para que te desenvolvas em ação mais ampla.

O dinheiro que te era devido e ainda não recebeste é um convite da vida a que trabalhes mais e melhor.

A doença controlada ou vencida é uma lição que te auxilia a guardar a própria saúde.

Quando a crise te busque, lembra-te de que o obstáculo está simplesmente instando contigo para que recomeces a própria tarefa, outra vez.
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Emmanuel
Chico Xavier 









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MENSAGEM DO ESE:

Causas anteriores das aflições (III)
Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.
Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.
Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como os passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à idéia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens 9 e 10.)

terça-feira, 4 de julho de 2017

Colheita


Não há efeito sem causa: tudo tem seu motivo.
Não há espinheiro sem plantio anterior: só a semente pode produzir a planta.
Recapitular a lição é mais desagradável a quem sabe menos.
Há efeitos dolorosos de erros que praticaste e que te estão sendo cobrados desde já. E, quanto mais cedo pagamos, melhor.
Todo homem é crucificado quando cravado no corpo físico. De seu comportamento, nessa cruz, dependerá sua ressurreição amanhã.
Cada vez que descemos à matéria, encontramos a dor.
A visita da dor chega com desagrado do visitado: mas, quando sai, deixa luz em seu rastro.
O resultado de qualquer coisa tem que ser idêntico à causa que o moveu.
Se o resultado é a dor, a causa forçosamente foi um erro.
Se foste tu que plantaste, mesmo com outro nome, e se a colheita vem às tuas mãos, recebe-a de boa vontade.
Os laços negativos amarrados por nós só por nós podem ser desfeitos.
Não pode haver comparação entre os milênios da vida de um espírito e os poucos anos de permanência na Terra de um corpo.
A dor causada por nós em outrem, nós a sentiremos, amanhã, em nós mesmos, porque todos somos um.
A responsabilidade que sobre nós pesa reflete o passado. As agruras que sofremos são frutos amargos que plantamos. Quem faz a plantação deve recolher os frutos, doces ou amargos, não apenas como direito, mas como dever.
Então, amigo, vigia!
Por que deixas aberta a porta por onde penetram teus inimigos? Sabes fechar à chave tuas coisas terrenas, que cuidadosamente guardas, e deixas às escâncaras as entradas do mais precioso tesouro que és tu mesmo?
Defende os anéis e perdes os dedos... para que te servirão os anéis?
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Carlos Torres Pastorino
 

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Aceitação e Mudança


"Nesse ponto procuravam outra vez prendê-lo; mas ele se livrou das suas mãos."
 - João, cap. 10 - v.39


É possível que o homem caia seguidamente...

As trevas, que assomam de si, tentarão enredá-lo repetidas vezes.

Periódicas crises de fé testarão a sua capacidade de resistir à incredulidade.

Não se renda, porém, às cadeias do mal!

Segundo a palavra do Evangelista, Jesus não desistia de se livrar das tramas para prendê-lo.

Escapava às mãos simbólicas do poder e da vaidade...

Subtraía-se aos acenos enganosos da luxúria...

O homem necessita saber o que, realmente, quer da Vida, sem ignorar o que a Vida dele requisita.

As propostas para que se corrompa e se desvie de sua meta superior haverão de assediá-lo a cada passo.

Contudo, a sua mais leve concessão ao erro abrirá brechas irreparáveis em sua cidadela íntima.

Porque tropeçou e retrocedeu um degrau, ninguém carece de rolar escadaria abaixo...

Torne a colocar-se de pé e, com mais cuidado, reinicie a subida.

Saúde mental é também saber aceitar-se com as próprias fragilidades, sem, todavia, com elas se conformar.

Se ninguém surge completamente renovado de um dia para outro, ninguém pode deixar de mudar a cada dia, protelando, indefinidamente, o seu próposito de mudança.
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(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - (Carlos A. Baccelli/Inácio Ferreira)


MENSAGEM DO ESE: 

A realeza de Jesus

Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas, também na Terra não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal.
Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de idéias quaisquer, a todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. É nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc. Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte. Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse:
“Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo.”
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II, item 4.)



domingo, 2 de julho de 2017

Nossas obras


Nossas obras são os sinais que endereçamos ao mundo que nos cerca.

  Por elas, criamos, no círculo em que vivemos, pensamentos, palavras e ações que, por força da Lei, reagem sobre nós, deprimindo-nos ou levantando-nos, iluminando-nos o coração ou obscurecendo-nos a mente, segundo o bem ou o mal em que se estruturam.

  Não te esqueças de que a nossa trajetória, entre as criaturas, fala silenciosamente por nosso espírito.

  Não é preciso que a nossa língua se desarticule na exposição desvairada do sofrimento, para recebermos a cooperação dos nossos vizinhos,   porque, se a nossa plantação de simpatia e trabalho está bem tratada, a assistência espontânea do próximo vem, de imediato, ao nosso encontro.

  Por outro lado, não é necessário o nosso mergulho nas alegações brilhantes do desculpismo, para inocentar-nos à frente dos outros,  porque, se as nossas obras não são recomendáveis, a própria vida, na pessoa dos nossos semelhantes, nos relega a transitório abandono, a fim de que, na consequência purgatorial de nossos próprios erros, venhamos curtir a provação amarga que nos restaurará o equilíbrio à maneira de remédio preciosos e salutar.

  Não olvides que os nossos atos são as legítimas expressões do nosso idioma pessoal, no campo do mundo.

  Faze o bem e a luz sorrirá em tua alegria. Faze o mal e a dor chorará com as tuas lágrimas.

  Disse Jesus: — “pelos frutos os conhecereis” (Mt) — e, consoante os princípios que nos regem a luta, as nossas próprias obras falarão por nós, à frente da Humanidade, decretando nossa ascensão ou nossa queda, nossa bem-aventurança ou nossa aflição.
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Emmanuel 
Chico Xavier