Eis algumas das respostas de Deus, nos fundamentos da vida, através da Misericórdia Perfeita:
- o bem ao mal;
- amor ao ódio;
- luz às trevas;
- equilíbrio à perturbação;
- socorro à necessidade;
- trabalho à inércia;
- alegria à tristeza;
- esquecimento às ofensas;
- coragem ao desânimo;
- fé à descrença;
- paz à discórdia;
- renovação ao desgaste;
- esperança ao desalento;
- recomeço ao fracasso;
- consolo ao sofrimento;
- justiça à crueldade;
- reparação aos erros;
- conhecimento à ignorância;
- bênção à maldição;
- amparo ao desvalimento;
- verdade à ilusão;
- silêncio aos agravos;
- companhia à solidão;
- remédio à enfermidade;
- e sempre mais vida aos processos da morte.
Efetivamente podemos afirmar que Deus está sempre ao nosso lado, mas, pelas respostas de Deus, nos campos da vida, ser-nos-á possível medir sempre as dimensões de nossa permanência pessoal ao lado de Deus.
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Emmanuel
Chico Xavier
MENSAGEM DO ESE:
Retribuir o mal com o bem
Aprendestes que
foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu,
porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos
odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos
do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e
para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. — Porque, se só
amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem
assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o
que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os
pagãos?” (S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)
— “Digo-vos que, se a
vossa justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus,
não entrareis no reino dos céus.”(S. MATEUS, cap. V, v. 20.)
“Se
somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez
que as pessoas de má vida também amam os que os amam? — Se o bem somente
o fizerdes aos que vo-lo fazem, que mérito se vos reconhecerá, dado que
o mesmo faz a gente de má vida? — Se só emprestardes àqueles de quem
possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá, quando as
pessoas de má vida se entreajudam dessa maneira, para auferir a mesma
vantagem? Pelo que vos toca, amai os vossos inimigos, fazei bem a todos e
auxiliai sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a vossa
recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e
até para os maus. — Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de
misericórdia é o vosso Deus.” (S. LUCAS, cap. VI, vv. 32 a 36.)
Se o
amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a
mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude
representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o
orgulho.
Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da
palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada
um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão
ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar
confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter
para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa
atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver
essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas
mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo,
prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
A diversidade na
maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo
de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O
pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona
penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio.
Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um
amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que
não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este
preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por
entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo,
como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem
humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes
diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças,
conforme aos casos.
Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma
afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos
faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de
um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem
desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem
condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a
reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar
júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em
se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos,
de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o
mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede
preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.
Amar os
inimigos é, para o incrédulo, um contra-senso. Aquele para quem a vida
presente é tudo, vê no seu inimigo um ser nocivo, que lhe perturba o
repouso e do qual unicamente a morte, pensa ele, o pode livrar. Daí, o
desejo de vingar-se. Nenhum interesse tem em perdoar, senão para
satisfazer o seu orgulho perante o mundo. Em certos casos, perdoar-lhe
parece mesmo uma fraqueza indigna de si. Se não se vingar, nem por isso
deixará de conservar rancor e secreto desejo de mal para o outro.
Para
o crente e, sobretudo, para o espírita, muito diversa é a maneira de
ver, porque suas vistas se lançam sobre o passado e sobre o futuro,
entre os quais a vida atual não passa de um simples ponto. Sabe ele que,
pela mesma destinação da Terra, deve esperar topar aí com homens maus e
perversos; que as maldades com que se defronta fazem parte das provas
que lhe cumpre suportar e o elevado ponto de vista em que se coloca lhe
torna menos amargas as vicissitudes, quer advenham dos homens, quer das
coisas. Se não se queixa das provas, tampouco deve queixar-se dos que
lhe servem de instrumento.
Se, em vez de se queixar, agradece a Deus o
experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe dá ensejo de
demonstrar a sua paciência e a sua resignação. Esta idéia o dispõe
naturalmente ao perdão. Sente, além disso, que quanto mais generoso for,
tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora do
alcance dos dardos do seu inimigo.
O homem que no mundo ocupa elevada
posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem considera
seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da
humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o aviltariam
e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, preciso é que
tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa do que a desse último.
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 1 a 4.)