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sábado, 31 de outubro de 2020

Arquivo mental



Com que tipo de informações você alimenta o seu arquivo mental?

Se ainda não havia pensado nisso, vale a pena meditar sobre o assunto, pois é de sua bagagem mental que depende a sua paz íntima.

Quando você abre o jornal, logo cedo, o que você costuma buscar primeiro? As boas notícias, a página policial, os esportes?

Se chega a uma sala de espera e percebe sobre a mesa vários tipos de revistas, qual delas você escolhe?

Ao ligar a TV, que tipo de programação assiste?

Ao navegar pela Internet, quais os assuntos de sua preferência?

Dos acontecimentos diários, das cenas que presencia, das paisagens que vê, o que você costuma observar com mais atenção e guardar no seu arquivo mental?

Talvez isso lhe pareça sem importância, mas, na verdade, de tudo isso dependem as suas atitudes, as suas emoções, a sua vida.

Como você é o que pensa e sente, todas as suas reações dependem das informações que acumula no dia-a-dia.

Se costuma guardar sempre a parte boa, positiva, nobre, quando alguma situação lhe toma de assalto, irá agir com lucidez, tranquilidade e nobreza.

Mas se, ao contrário, procura alimentar sua mente com as desgraças, os fatos negativos, os desequilíbrios e as desarmonias humanas, terá uma reação correspondente ao seu ambiente mental.

Assim, se deseja manter, em qualquer situação, a harmonia íntima, é saudável buscar alimentação condizente com seus propósitos.

Quando abrir o jornal, busque alguma coisa que lhe ofereça leitura agradável, sadia.

Se pode escolher entre várias revistas, opte por aquela que lhe possibilite reflexões nobres, que lhe enriqueça os conhecimentos acerca da vida.

Se tem tempo para navegar pela Internet, não se detenha nas páginas de teor deprimente ou conteúdo duvidoso. Não faça dos seus arquivos mentais uma lixeira.

Busque deter-se nas melhores imagens que compõem a paisagem por onde passa.

Pense que os problemas existem, que as misérias humanas são uma realidade, que os fatos deprimentes poluem a Terra.

Mas considere também que, se você não pode mudar uma situação, não há motivo para carregá-la em seu arquivo mental.

Por essa razão, busque sempre a melhor parte.

Ao levantar-se pela manhã, olhe a sua volta o que tem de melhor.

Observe o amanhecer, as cores que a natureza traz, as paisagens que o dia lhe oferece.

Contemple a lua, mesmo sabendo que sob o luar existe a violência, a injustiça, a dor...

Admire o pôr do sol, ainda que tema os perigos que surgem com a escuridão.

Observe com atenção o inverno, mesmo que a paisagem não lhe pareça agradável, pois é a vida que dorme para ressurgir, ainda mais exuberante, com a primavera.

Detenha-se um pouco para observar o sorriso de uma criança, mesmo que o descaso com a infância seja uma realidade.

Agindo assim, ao final de cada dia você terá uma boa razão para agradecer pelas oportunidades vividas.

* * *

A sua vida íntima é alimentada, basicamente, por tudo aquilo que você mais valoriza.

Assim, se deseja nutrir a esperança, alimente a sua intimidade com os valores nobres. Se quer construir a paz, enalteça-a com alimento correspondente, escolhendo sempre a parte boa de tudo o que o rodeia.
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Redação do Momento Espírita inspirado em palestra proferida por Maurício Silva, na Sociedade Espírita Renovação, Curitiba/PR.
Em 10.03.2011





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Mensagem do ESE:

O homem no mundo

Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.

Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.

Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo dalma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta.

Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa.

 - Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 10.)

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VIOLÊNCIA




Pede-nos você algumas observações sobre violência.


Aqui vai uma. É um pedaço do cotidiano na vida terrestre.


Ele, o esposo, chamava-se Pedro Manoel.


Ela, a companheira, Maria da Conceição.


Ele, o filhinho de quatro janeiros, Lúcio Ismael.


Chegou à noite em que Pedro, com fome de riqueza fácil gritou, furioso, para a mulher.


- Pois, hoje mesmo, vou-me embora. De hoje em diante. Estou cansado de migalhas. Vou e voltarei rico. Tenho o meu revólver para agir. Você terá as jóias que nunca viu e nosso filho ganhará o conforto que merece...Não sei quando, mas voltarei ao nosso barraco...


Notando que o esposo se preparava para sair, a companheira falou, humilde:


- O que é isto, Pedro? Você vai onde?


Ele trovejou:


- Vou para o mundo, vu roubar.


E nada o deteve. O homem se retirou, à guisa de porta.


Maria da Conceição, no escuro da noite, enlaçou-se ao pequenino e começou a rezar...


Quase quatro meses passados sobre a partida brusca de Pedro e vamos reencontrá-lo nas primeiras horas da madrugada, espionando os fundos de uma casa grande, cercada de extenso e belo jardim.


Escondendo-se na folhagem com a esperteza de um gato e pisando muito de leve, conseguiu abrir a porta que o oferecia acesso ao quintal estreito e, de revólver na mão, ensaiando os primeiros passos nas sombras que o luar prateava.


Penetrando no ambiente que pressupunha enriquecido de valores imensos, eis que a senhora encarregada de zelar pela casa, percebeu-lhe a presença e, agarrando-se ao filhinho, passou a pedir socorro, em voz alta.


O assaltante, irritado, varou a porta semi-cerrada do aposento e desfechou dois tiros sobre a mulher que lhe frustrara os planos, fugindo em seguida.



Somente pelos jornais da manhã seguinte, Pedro Manoel veio, a saber, que exterminara a vida da esposa e do filhinho, para os quais, diariamente, se lhe voltava o coração.


Correu à procura de parentes, tentando obter noticias, cientificando-se, por fim, de que Maria da Conceição, pressionada por grandes necessidades, resolvera empregar-se nas funções domestica, na casa digna em que trabalhara quando solteira.


Desesperado o infeliz desequilibrou-se e, com a arma da véspera, entregou-se ao suicídio.


Aqui esta, meu amigo, o que lhe posso contar.


Violência é isso ai.


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Espírito Augusto Cezar 
Chico Xavier

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Vantagens ocultas




 Todos precisamos de reconforto nos dias de aflição.

 Isso é justo. Importa, entretanto, observar que a Divina Providência não nos envia dificuldades sem motivo. Entendendo-se que o Senhor não nos relega às próprias fraquezas e nem permite venhamos a carregar cruzes incompatíveis com as forças que nos caracterizam, fujamos de buscar a consolação por flor estéril.

 Aproveitemos a bonança que surge em nós habitualmente após a tormenta íntima, para fixarmos o valor que a experiência nos oferece.

 Não nos propomos a louvar situações embaraçosas e nem a elogiar os fabricantes de problemas, mas é preciso reconhecer as vantagens ocultas decorrentes das provações que nos visitam.

 Quem conseguiria configurar o abismo a que seríamos arrastados pelos caprichos, aos quais muitas vezes nos entregamos, confiantemente, se a desilusão não viesse despertar-nos?

 Quem poderia medir os espinheirais de discórdia em que chafurdaríamos o espírito, na equipe de trabalho a que pertencemos, se lutas e lágrimas sofridas em comum não nos ensinassem o benefício do entendimento e da união?

Ingratidão, em muitas circunstâncias, é o nome da bênção com que a Infinita Bondade de Deus nos afasta de ambientes determinados, a fim de que a cegueira não nos induza ao desequilíbrio.

 Obstáculo, no dicionário da realidade, em muitas ocasiões expressa apoio invisível para que não descambemos na direção das trevas.

 Nossas provas — nossas bênçãos.

 Reflete nos males maiores que nos alcançariam fatalmente amanhã, se não fosse o socorro providencial dos males menores de hoje, e reconhecerás que todo contratempo aceito com paciência e serenidade é sempre toque do amor de Deus, alertando-nos o coração e guiando-nos o caminho.
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Emmanuel
Chico Xavier

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MENSAGEM DO ESE:

O orgulho e a humildade (II)

Ó rico! Enquanto dormes sob dourados tetos, ao abrigo do frio, ignoras que jazem sobre a palha milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu? Não é teu igual o infeliz que passa fome? Ao ouvires isso, bem o sei, revolta-se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, nunca. “Pois quê! dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, igual a este miserável coberto de andrajos! Vã utopia de pseudofilósofos! Se fôssemos iguais, por que o teria Deus colocado tão baixo e a mim tão alto?” É exato que as vossas vestes não se assemelham; mas, despi-vos ambos: que diferença haverá entre vós? A nobreza do sangue, dirás; a química, porém, ainda nenhuma diferença descobriu entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não tenhas sido miserável e desgraçado como ele? Que também não hajas pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje desprezas? São eternas as riquezas? Não desaparecem quando se extingue o corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Ah! lança sobre ti um pouco de humildade! Põe os olhos, afinal, na realidade das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará, como a nenhum homem; que os teus títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterras no teu orgulho, oh! quanto então te lamento, pois bem digno de compaixão serás.

Orgulhosos! Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossas frontes altaneiras, que Deus pode fazer se abaixem, justo no momento em que mais as elevardes. Na balança divina, são iguais todos os homens; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos. Em nada os modificam os vossos títulos e os vossos nomes. Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que gozeis da ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é que tem seus títulos de nobreza. 

– Lacordaire
(Constantina, 1863.)
Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, item 11.)

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LEMBRAREMOS



Às vezes, queixas-te da vida, ante os contratempos naturais do cotidiano.


Entretanto, se te lembrares da extensa fila dos companheiros algemados às grandes tribulações da retaguarda, decerto não inclinarias tanto à lamentação estéril e, sim, te engajarias na turma dos irmãos que se consagram à tarefa de aliviar os sofrimentos alheios.


Sai de ti mesmo e conseguiras vê-los com facilidade.


É o homem que perdeu ambas as pernas num acidente do trabalho e passa na rua com o favor de alguém que lhe dirige a cadeira de rodas;


É o jovem paralítico que sobreviveu à própria condição pelo devotamento da mulher que se lhe fez mãe, em nome de Deus;


É o cego que exemplifica serenidade e coragem, seguindo para o trabalho com o apoio da bengala branca que lhe evidencia a presença;


É a irmã em penúria, cercada de crianças andrajosas que vai ao encontro do pão da beneficência, a fim de regressar, logo após, à furna em que reside, sob antiga ponte abandonada;


É o hanseniano esquecido; é o amigo em desespero, prestes a cair nas malhas do suicídio; é o doente imobilizado e sem recursos, na periferia da cidade, à espera de alguém que lhe estenda um copo d’água; é o irmão portador de constrangimentos e inibições, incapaz de mais ampla comunicação com os semelhantes; é a mulher apunhalada de dor que tateia a lousa, tentando inutilmente ouvir algum sinal do filho, cuja voz foi abafada pelo frio da morte...


Pensa nos caminheiros do infortúnio que te partilham a marcha.


Se te lembrares deles, certamente silenciarás toda queixa, porquanto, à frente das vantagens que usufruis, saberás unicamente render graças a Deus.
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Espírito Augusto Cezar 
Chico Xavier

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Autoaprimoramento



 Tanto quanto sustentamos confidências menos felizes com os outros, alimentamos aquelas do mesmo gênero de nós para nós mesmos.

 Como vencer os nossos conflitos interiores?  De que modo eliminar as tendências menos construtivas que ainda nos caracterizam a individualidade? — indagamo-nos.

 De que modo esparzir a luz se muitas vezes ainda nos afinamos com a sombra?

 E perdemos tempo longo na introspecção sem proveito, da qual nos afastamos insatisfeitos ou tristes.

 Ponderemos, entretanto, que se os doentes estivessem proibidos de trabalhar, segundo as possibilidades que lhes são próprias, e se os benefícios da escola fossem vedados aos ignorantes, não restaria à civilização outra alternativa que não a de se extinguir, deixando-se invadir pelos atributos da selva.

Felicitemo-nos pelo fato de já conhecer as nossas fraquezas e defini-las. 8 Isso constitui um passo muito importante no progresso espiritual, porque, com isso, já não mais ignoramos onde e como atuar em auxílio da própria cura e burilamento.

 Que somos Espíritos endividados perante as Leis Divinas, em nos reportando a nós outros, os companheiros em evolução na Terra, não padece dúvida.

 Urge, porém, saber como facear construtivamente as necessidades e problemas do mundo íntimo.

 Reconhecemo-nos falhos, em nos referindo aos valores da alma, ante a Vida Superior, mas abstenhamo-nos de chorar inutilmente no beco da autopiedade.

 Ao invés disso, trabalhemos na edificação do bem de todos.

 Cultura é a soma de lições infinitamente repetidas no tempo.

 Virtude é o resultado de experiências incomensuravelmente recapituladas na vida.


 Jesus, o Mestre dos mestres, apresenta uma chave simples para que se lhe identifiquem os legítimos seguidores: “conhecê-los-eis pelos frutos”. 

 Observemos o que estamos realizando com o tesouro das horas e de que espécie são as nossas ações, a benefício dos semelhantes.  E, procurando aceitar-nos como somos, sem subterfúgios ou escapatórias, evitemos estragar-nos com queixas e autocondenação, diligenciando buscar, isto sim, agir, servir e melhorar-nos sempre.

 Em tudo o que sentirmos, pensarmos, falarmos ou fizermos, doemos aos outros o melhor de nós, reconhecendo que, se as árvores são valorizadas pelos próprios frutos, cada árvore recebe e receberá invariavelmente atenção e auxílio do pomicultor, conforme os frutos que venha a produzir.
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Emmanuel
Chico Xavier 
Obra: Rumo Certo
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MENSAGEM DO ESE:

Instruções dos Espíritos

8 – Quem poderia, melhor do que eu, compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: Meu reino não é deste mundo? O orgulho me perdeu sobre a Terra. Quem, pois, compreenderia o nada dos reinos do mundo, se eu não o compreendesse? O que foi que eu levei comigo, da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E como para tornar a lição mais terrível, ela não me acompanhou sequer até o túmulo! Rainha eu fui entre os homens, e rainha pensei chegar no Reino dos Céus. Mas que desilusão! E que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, tive de ver acima de mim, mas muito acima, homens que eu considerava pequeninos e os desprezava, por não terem nas veias um sangue nobre! Oh, só então compreendi a fatuidade dos homens e das grandezas que tão avidamente buscamos sobre a Terra!


Para preparar um lugar nesse reino são necessárias à abnegação, a humildade, a caridade, a benevolência para com todos. Não se pergunta o que fostes, que posição ocupastes, mas o bem que fizestes, as lágrimas que enxugastes.


Oh, Jesus! Disseste que teu reino não era deste mundo, porque é necessário sofrer para chegar ao Céu, e os degraus do trono não levam até lá. São os caminhos mais penosos da vida os que conduzem a ele. Procurai, pois o caminho através de espinhos e abrolhos e não por entre as flores!


Os homens correm atrás dos bens terrenos, como se os pudessem guardar para sempre. Mas aqui não há ilusões, e logo eles se apercebem de que conquistaram apenas sombras, desprezando os únicos bens sólidos e duráveis , os únicos que lhes podem abrir as portas dessa morada.


Tende piedade dos que não ganharam o Reino dos Céus. Ajudai-os com as vossas preces, porque a prece aproxima o homem do Altíssimo, é o traço de união entre o Céu e a Terra. Não o esqueçais! 
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UMA REALEZA TERRENA
UMA RAINHA DE FRANÇA
Havre, 1863
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

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CARÊNCIAS FICTÍCIAS



Que bom seria se o homem, esquecido de si mesmo, não experimentasse outra necessidade que não fosse a de tão-somente fazer o bem aos semelhantes.


Todavia, alimentando carências fictícias, ele se lhes torna tão dependente, que a simples impossibilidade de não atendê-las, quando se sente por elas reclamado, o fazem sofrer enormemente.


E o mais grave é que, em muitas ocasiões, sob o fascínio que o prazer se lhe exerce, o homem não hesita em agir de maneira inconsequente, inclusive resvalando na criminalidade, assumindo pesados compromissos de natureza cármica dos quais não se liberará tão cedo.


Quantos são os que não vacilam em desfazer o ninho doméstico, entretecido a custo, cedendo a momentâneas tentações que, uma vez saciadas, lhe haverão de mergulhar a alma em profundo desencanto?!


Não permutes, assim, dentro da grande luta que vens travando para mantê-lo, o teu minuto de paz consciencial pela hora de leviana tranquilidade em que a euforia mentirosa da carne arrasa com todos os teus sonhos de verdadeira felicidade.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli - do livro "Amai-vos uns aos outros")

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Tentação e virtude



Quando a criatura retém enorme fortuna, podendo claramente desmandar-se [na prodigalidade ou] na avareza, aplicando-se tão só ao gozo pessoal, e procura utilizá-la no progresso e no bem-estar dos semelhantes…

Quando a pessoa dispõe de autoridade [com recursos] para manejar, [a própria] em seu exclusivo proveito, a influência de que desfruta, mas, ao invés disso, busca empregá-la no auxílio aos outros…

Quando um homem ofendido se vê com meios suficientes para vingar-se, pela forma que julgue mais razoável, e perdoa de coração a ofensa recebida, reconhecendo-se igualmente passível de errar…

Quando alguém já fez por outrem todos os benefícios que se lhe faziam possíveis, recolhendo invariavelmente a incompreensão por resposta, e prossegue amparando esse alguém, na medida de seus recursos, sem exigência e sem queixa…




Em verdade, semelhantes companheiros terão vencido as maiores tentações que lhes assediavam a vida.

Todos nós — Espíritos ainda em evolução e resgate [nas trilhas do Universo] — somos experimentados nos temas do caminho terrestre, em cuja vivência temos caído de outras vezes…

Isso acontece, porque, em muitas circunstâncias, as nossas provações [na escola terrestre assumem na escola humana a forma de testes indispensáveis.

Há quem renasça ostentando atrações físicas para superar a inclinação para o desregramento; portando um cérebro privilegiado para vencer a vaidade da inteligência; retendo múltiplas titulações acadêmicas para subjugar a propensão para o abuso; [ou] exercendo encargos difíceis, em causas nobres da Humanidade, para extinguir o impulso de traição ou deslealdade.

Cada um de nós, onde esteja, é examinado pela Vida Superior, nas tendências inferiores nas quais já faliu em existências passadas, e apenas conseguiremos a vitória sobre nós mesmos, quando repetirmos as operações do bem sobre o mal que nos procure, tantas vezes quantas sejam necessárias, mesmo além do débito pago ou da mancha extinta.

Fácil, por isso, reconhecer que sem o toque da tentação a virtude realmente não aparece, e assim será sempre, de vez que toda inocência será levada, hoje, amanhã ou depois, ao cadinho da luta, a fim de que não permaneça na condição de flor improdutiva no vaso lindo, mas inútil, da ingenuidade.
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Emmanuel
Chico Xavier
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MENSAGEM DO ESE:


A Realeza de Jesus


4 – O reino de Jesus não é deste mundo. Isso todos compreendem. Mas sobre a Terra ele não terá também uma realeza? O título de rei nem sempre exige o exercício do poder temporal. Ele é dado, por consenso unânime, aos que, por seu gênio, se colocam em primeiro lugar em alguma atividade, dominando o seu século e influindo sobre o progresso da humanidade. É nesse sentido que se diz: o rei ou o príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores, etc. Essa realeza, que nasce do mérito pessoal, consagrada pela posterioridade, não tem muitas vezes maior preponderância que a dos reis coroados? Ela é imperecível, enquanto a outra depende das circunstâncias; ela é sempre abençoada pelas gerações futuras, enquanto a outra é, às vezes, amaldiçoada. A realeza terrena acaba com a vida, mas a realeza moral continua a imperar, sobretudo, depois da morte. Sob esse aspecto, Jesus não é um rei mais poderoso que muitos potentados? Foi com razão, portanto, que ele disse a Pilatos: Eu sou rei, mas o meu reino não é deste mundo.
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O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Amigos e Familiares




No torvelinho das preocupações em torno dos familiares queridos, pausemos, de algum modo, para enxergá-los, não com os olhos da afeição possessiva, e sim na posição de criaturas de Deus, como são, tanto quanto nós.

 Queríamos talvez que eles cressem pelos nossos padrões; no entanto, possuem caminhos outros pelos quais chegarão às mesmas fontes da fé em que se nos apoia a existência.

 Desejávamos pensassem pelas ideias que nos orientam a estrada, mas trazem consigo vocações e tendências, ideal e visão muito diversos daqueles que nos caracterizam a marcha.

 Aspirávamos a tê-los no mesmo trabalho que mais se nos adapta à maneira de ser; todavia, nem sempre se destinam a fazer aquilo que nos compete realizar.

 Anelávamos situá-los nos figurinos de felicidade que nos parecem mais justos e aconselháveis; entretanto, permanecem guiados pelo Governo da Vida para outros tipos de felicidade que ainda não chegamos a conhecer.

 Às vezes, não nos conformamos ao vê-los sofridos ou inquietos, porém, é forçoso considerar que, como nos ocorre, estarão carregando débitos e compromissos que, nem nós e nem eles, resgataremos sem dificuldade ou sem dor.

 Por tudo isso, aprendamos a observar nos entes amados criaturas independentes de nós, orientadas, frequentemente, noutros rumos e matriculadas em outras classes, na escola da experiência.

 E, acima de tudo, reconhecendo quão importante se faz a liberdade para o desempenho das obrigações que nos foram assinaladas, saibamos respeitar neles a liberdade que igualmente desfrutamos, perante as Leis do Universo, a fim de crescerem e se aperfeiçoarem na condição de livres filhos de Deus.
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Emmanuel
Chico Xavier













 

MENSAGEM DO ESE:

Benefícios pagos com a ingratidão

Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?

Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus. Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento. Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu. Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago. Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.

E sabeis, porventura, se o benefício momentaneamente esquecido não produzirá mais tarde bons frutos? Tende a certeza de que, ao contrário, é uma semente que com o tempo germinará. Infelizmente, nunca vedes senão o presente; trabalhais para vós e não pelos outros. Os benefícios acabam por abrandar os mais empedernidos corações; podem ser olvidados neste mundo, mas, quando se desembaraçar do seu envoltório carnal, o Espírito que os recebeu se lembrará deles e essa lembrança será o seu castigo. Deplorará a sua ingratidão; desejará reparar a falta, pagar a dívida noutra existência, não raro buscando uma vida de dedicação ao seu benfeitor. Assim, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu adiantamento moral e vireis a reconhecer a exatidão desta máxima: um benefício jamais se perde. Além disso, também por vós mesmos tereis trabalhado, porquanto granjeareis o mérito de haver feito o bem desinteressadamente e sem que as decepções vos desanimassem.
Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele. 

— Guia protetor. (Sens, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 19.)

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Mensagens do Além


“Mensagens do Além? Para quem são?”

Esta é a pergunta que você nos faz com a tranquilidade dos que ignoram o sofrimento humano.

E respondemos que semelhantes comunicados transitam hoje em todos os distritos do mundo, com endereço exato e no momento certo.

Não sei se você conhece as mães atormentadas pela saudade dos filhos que a morte lhes arrebatou ao carinho, notadamente quando apenas começavam a viver;

se já viu os pais amorosos tateando as cruzes que marcam as derradeiras lembranças dos rebentos queridos que viajaram para o Mais Além, através das fronteiras de cinza; 

pensou-se, algum dia, no pranto das viúvas, relegadas à solidão, ante a partida compulsória dos companheiros transferidos para outros domínios da existência; 

se alguma vez refletiu na dor dos homens que apertaram as mãos desfalecentes de esposas inesquecíveis que eles, em vão, quiseram arrancar ao poder do silêncio que lhes cerrou os olhos para o mundo;

se, em algum tempo, meditou, angústia dos jovens que inutilmente procuram algum traço dos entes que amavam, muitas vezes alimentando o desespero que lhes abre caminho para o suicídio;

ou se já terá visto, em algum lugar, os portadores de enfermidades consideradas irreversíveis, que atravessam os dias, entre a inquietação; 

e o desalento...

Se você tomou conhecimento de todos esses heróis das lágrimas, defrontados quase sempre, por sofrimentos e humilhações, então você já consegue saber para quem são as mensagens de quantos residem no Mais Além, e, decerto, nada mais precisará perguntar.
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Augusto Cezar 
Chico Xavier

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Conquista Íntima



Todos os estados enfermiços da alma se assemelham, no fundo, aos estados enfermiços do corpo, solicitando remédio adequado que lhes patrocine a cura.

E a impaciência que tantas vezes gera rixas inúteis é um deles, pedindo o específico da calma que a desterre do mundo íntimo.

Como, porém, obter a serenidade, quando somos impulsivos por vocação ou por hábito?

Justo lembrar que assim como nos acomodamos, obedientes, para ouvir o professor trazido a ensinar-nos, é forçoso igualmente assentar a emotividade, na carteira do raciocínio, a fim de educá-la, educando-nos; e, aplicando os princípios de fraternidade e de amor que abraçamos, convidaremos os nossos próprios sentidos à necessária renovação.

Feito isso, perceberemos que todo instante de turvação ou desequilíbrio é instrumento de teste para avaliação de nosso próprio aproveitamento.

Aprenderemos, por fim, que diante da crítica estamos convocados à demonstração de benevolência; diante da censura, é preciso exercer a bondade; à frente do pessimismo, somos induzidos a cultivar a esperança; ante a condenação, somos indicados à bênção; e que, renteando com quaisquer aparências do mal, é imperioso pensar no bem, dispondo-nos a servi-lo.

Entregando-nos com sinceridade a semelhantes exercícios de compreensão e tolerância, estaremos em aula profícua, para a aquisição de valores eternos no terreno do espírito.

É assim que, em matéria de paciência, se a paciência nos foge, urge reconhecer que, perante as circunstâncias mais constrangedoras da vida, estamos, todos nós, no justo momento de conquistá-la.
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Emmanuel
Chico Xavier






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MENSAGEM DO ESE:

Beneficência exclusiva


É acertada a beneficência, quando praticada exclusivamente entre pessoas da mesma opinião, da mesma crença, ou do mesmo partido?


Não, porquanto precisamente o espírito de seita e de partido é que precisa ser abolido, visto que são irmãos todos os homens. O verdadeiro cristão vê somente irmãos em seus semelhantes e não procura saber, antes de socorrer o necessitado, qual a sua crença, ou a sua opinião, seja sobre o que for. Obedeceria o cristão, porventura, ao preceito de Jesus-Cristo, segundo o qual devemos amar os nossos inimigos, se repelisse o desgraçado, por professar uma crença diferente da sua? Socorra-o, portanto, sem lhe pedir contas à consciência, pois, se for um inimigo da religião, esse será o meio de conseguir que ele a ame; repelindo-o, faria que a odiasse. 
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— S. Luís. (Paris, 1860.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 20.)


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Efetivamente





Vigiar não é desconfiar. É acender a própria luz, ajudando os que se encontram nas sombras.


Defender não é gritar. É prestar mais intenso serviço às causas e às pessoas.




Ajudar não é impor. É amparar, substancialmente, sem pruridos de personalismo, para que o beneficiado cresça, se ilumine e seja feliz por si mesma.


Ensinar não é ferir. É orientar o próximo, amorosamente, para o reino da compreensão e da paz.


Renovar não é destruir. É respeitar os fundamentos, restaurando as obras para o bem geral.


Esclarecer não é discutir. É auxiliar, através do espírito de serviço e da boa-vontade, o entendimento daquele que ignora.


Amar não é desejar. É compreender sempre, dar de si mesmo, renunciar aos próprios caprichos e sacrificar-se para que a luz divina do verdadeiro amor resplandeça.
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Autor: André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

domingo, 25 de outubro de 2020

Petição e Resposta




 Entre o pedido terrestre e o Suprimento Divino, é imperioso funcione a alavanca da vontade humana, com decisão e firmeza, para que se efetive o auxílio solicitado.

 Buscando as concessões do Céu, desistamos de lhes opor a barreira dos nossos caprichos próprios.


 Suplicamos no mundo: Senhor, dá-nos a paz.

Se persistimos, no entanto, a remoer conflito e ressentimento, cozinhando mágoas e esquentando desarmonia, decerto que a tranquilidade só encontrará caminho para morar conosco, quando tivermos esquecido as farpas da dissensão.


 Imploramos: Senhor, dá-nos saúde.

Se continuamos, porém, acalentando sintomas e solenizando quadros mentais enfermiços, é indiscutível que o remédio só terá eficácia, em nosso auxílio, quando estivermos decididos a liquidar com as ideias de lamentação e doença.


Pedimos: Senhor, dá-nos prosperidade.

Mas se teimamos em dilapidar o tempo, reclamando contra o destino e hospedando chorosas rebeldias, é forçoso reconhecer que só adquiriremos progresso e reconforto, quando largarmos queixa e azedume, concentrando esforço em melhoria e trabalho.


 Rogamos: Senhor, dá-nos compreensão.

Se prosseguirmos, entretanto, censurando e criticando os outros, a descortinar faltas alheias, sem cogitar das próprias deficiências, é óbvio que só atingiremos a luz e a segurança do entendimento, quando nos voltarmos sinceramente para dentro de nós mesmos, verificando que somos tão humanos e tão falíveis quanto aqueles irmãos dos quais nos julgávamos muito acima.


 Confiemos em Deus e supliquemos o amparo de Deus, mas, se quisermos receber a Bênção Divina, procuremos esvaziar o coração de tudo aquilo que discorde das nossas petições, a fim de oferecer à Bênção Divina clima de aceitação, base e lugar.
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Emmanuel
Chico Xavier

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MENSAGEM DO ESE:

Preces pelos doentes

As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germens malsãos, às vezes hereditários. Nos mundos mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões. (Cap. III, n° 9.) Temos, assim, de nos resignar às conseqüências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, mau grado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males.

Se Deus não houvesse querido que os sofrimentos corporais se dissipassem ou abrandassem em certos casos, não houvera posto ao nosso alcance meios de cura. A esse respeito, a sua solicitude, em conformidade com o instinto de conservação, indica que é dever nosso procurar esses meios e aplicá-los.

A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece. (Ver, no Cap. XXVI, a notícia sobre a mediunidade curadora.)

Prece. (Para ser dita pelo doente.) — Senhor, pois que és todo justiça, a enfermidade que te aprouve mandar-me necessariamente eu a merecia, visto que nunca impões sofrimento algum sem causa. Confio-me, para minha cura, à tua infinita misericórdia. Se for do teu agrado restituir-me a saúde, bendito seja o teu santo nome. Se, ao contrário, me cumpre sofrer mais, bendito seja ele do mesmo modo. Submeto-me, sem queixas, aos teus sábios desígnios, porquanto o que fazes só pode ter por fim o bem das tuas criaturas.
Dá, ó meu Deus, que esta enfermidade seja para mim um aviso salutar e me leve a refletir sobre a minha conduta. Aceito-a como uma expiação do passado e como uma prova para a minha fé e a minha submissão à tua santa vontade.

Prece. (Pelo doente.) — Meu Deus, são impenetráveis os teus desígnios e na tua sabedoria entendeste de afligir a N... pela enfermidade. Lança, eu te suplico, um olhar de compaixão sobre os seus sofrimentos e digna-te de pôr-lhes termo.
Bons Espíritos, ministros do Onipotente, secundai, eu vos peço, o meu desejo de aliviá-lo; encaminhai o meu pensamento, a fim de que vá derramar um bálsamo salutar em seu corpo e a consolação em sua alma.
Inspirai-lhe a paciência e a submissão à vontade de Deus; dai-lhe a força de suportar suas dores com resignação cristã, a fim de que não perca o fruto desta prova.

Prece. (Para ser dita pelo médium curador.) — Meu Deus, se te dignas servir-te de mim, indigno como sou, poderei curar esta enfermidade, se assim o quiseres, porque em ti deposito fé. Mas, sem ti, nada posso. Permite que os bons Espíritos me cumulem de seus fluidos benéficos, a fim de que eu os transmita a esse doente, e livra-me de toda idéia de orgulho e de egoísmo que lhes pudesse alterar a pureza.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, itens 77 a 80.)

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ÉS ÚNICO



Em meio a milhões e milhões de criaturas, não existe nenhuma que seja absolutamente igual a ti.


De certa forma, és único na Criação Universal.


Tudo foi criado em função de tua existência.


Deus se devota a ti com especial ternura.


Se não existisses ou deixasses de existir, algo ficaria faltando dentro do contexto natural da Vida.


O teu destino é grandioso e incomparável.


Aos olhos do Pai, sempre haverá alguma característica que te distinguirá de teus irmãos.


Onde te situares, serás tomado como ponto de referência do Amor e da Luz.


Por mais insignificante e sem importância te sintas, nada e ninguém te supera em importância e significado.


O menor de teus gestos tem extrema repercussão nas Leis que regem os princípios da Criação Divina.


És causa determinante... e não efeito.


Acima de ti, apenas a Causa Primeira, que, sem ti, careceria de fundamento.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli)