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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ensinar Dialogando


Se a falta de diálogo no lar é desastrosa, não o é menos na escola.

. E o que vemos tanto em colégios estaduais como em particulares é uma absoluta ausência de diálogo. 

A aula é uma simples exposição, fria e monótona. Conceitos gramaticais, datas e personagens históricas, fórmulas de química e matemática desfilam pelo quadro negro. O educando, calado, vai engolindo passivamente todo o conhecimento mastigado, apenas alguns mais desinibidos manifestam-se para perguntar. Apesar de todos os movimentos de renovação pedagógica propostos e buscados atualmente, o modelo da escola permanece assim cristalizado, pela resistência de professores e pais.

Não é à toa que quase todos os alunos detestam a escola. Permanecer 4, 5 ou 6 horas seguidas na mesma posição, na mesma sala, ouvindo uma pessoa falar é de entediar qualquer um. A inteligência do educando fica condicionada a receber passivamente e a devolver somente o recebido. Não é solicitada a pesquisar, indagar por si mesma. Não se desperta nela o desejo de descobrir e aprender.

Um dos maiores filósofos de todos os tempos – Sócrates – ensinava aos seus discípulos por meio do
diálogo. Induzia-os pela conversação a chegarem ao conhecimento, de tal maneira que sentiam Ter achado o caminho por si mesmos, sem que ninguém lhes impusesse nada.

 Recorde-se também de Jesus, ao pregar para a mulher ao pé da fonte de Jacó, ao contar a parábola do bom samaritano ao doutor da lei. O Mestre indagava, dialogava: “Qual destes três te parece o que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?” (Lucas, X:36) O Livro dos Espíritos, a viga-mestra da nova Revelação, é todo em forma de diálogo.

 Pela primeira vez, o ser humano se debruça sobre o Além e, com alto sentido de pesquisa e racionalismo, conversa face a face com a Imortalidade.

O monólogo é autoritário, entediante e pobre. O diálogo enriquece, desperta, produz.
O Professor deve descer do seu pedestal de dono da porta do conhecimento para deixar que o aluno
possua a chave. A escola tem de proporcionar ao educando a faculdade de questionar, pesquisar e chegar ao conhecimento e não meia dúzia de fórmulas e conceitos que, depois de algum tempo, a memória não consegue mais reter.

Ensinar dialogando requer humildade, paciência, criatividade.

 Humildade para se colocar ao lado e não acima do aluno, paciência para ouvi-lo e criatividade para inventar sempre novas e diferentes maneiras de buscar o fio condutor do diálogo. Em uma palavra, é preciso idealismo e amor, o que infelizmente não é muito encontrável em professores frustrados e sem vocação.

Para se dar uma aula de verdade, não bastam uma boa dicção, uma lousa e um giz. É necessário despertar primeiro a curiosidade e o interesse dos alunos para o que se vai aprender. É indispensável fazê-los sentir a utilidade e a fascinação do assunto em pauta. Passear com eles, pelo mundo do saber, com entusiasmo e paixão. E, acima de tudo, fazer com que saibam o quê e por quê estão aprendendo.

Proporcionar-lhes uma visão de conjunto e não fragmentos feitos de fórmulas esparsas e conceitos no espaço.

Jamais poderei me esquecer da minha primeira aula de Química. A professora entrou na classe e colocou no quadro negro os símbolos de quase todos os elementos químicos e recomendou:
 “Decorem isso!” Nunca mais consegui gostar de Química.

O professor possui o poder mágico de acender ou apagar para sempre no aluno, o amor ao estudo. E
esse amor não pode ser imposto por sermões, ameaças e advertências. Mas deve ser estimulado através de uma didática eficaz, temperada de diálogo e paixão.
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Do livro: A Educação da Nova Era.

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