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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Caminho dos rebeldes



Não há dúvidas de que a rebeldia só piora as coisas. Entre as definições da palavra está a teimosia. E é preciso não confundir as coisas: rebeldia é muito diferente de reação ativa ou construtiva. Teimosia é muito diferente de persistência ou perseverança.

O caminho dos rebeldes é áspero e prolongado. Viver e aprender com as experiências proporcionadas pela vida não é castigo. Antes é dádiva da própria vida que leva ao amadurecimento. Os que se rebelam, inconformados ou revoltados, apenas adiam os aprendizados e perdem a oportunidade de crescimento. E aí os caminhos se tornam mais ásperos, muito mais difíceis e, obviamente, muito mais longos e difíceis.

Do lado oposto, a resignação ativa, exatamente aquela que aceita a adversidade e busca raciocinar para encontrar caminhos de superação, amadurece, aprende e supera os obstáculos em caminhos que os rebeldes não conseguem enxergar.

A rebeldia da adolescência, contrapondo-se à experiência dos pais, ou o capricho cruel dos adultos diante de circunstâncias que bem poderiam ser vencidas com pequena dose de tolerância, indica bem o nível de maturidade do ser que vive a situação.

A sabedoria dos serenos, dos que já atingiram a harmonia interior, demonstra os degraus que se podem galgar quando nos munimos de boa vontade, aceitação e a determinação de vencer tais tendências que todos carregamos.

O mais interessante de todo esse processo é que muitas vezes, para não dizer em todas, a rebeldia surge mais para confrontarmos vontades diferentes das nossas do que simplesmente seguirmos o que desejamos. Enfrentados em pontos de vista que consideramos corretos e imutáveis, partimos para a rebeldia como forma de agressão. Com isso, sofremos e fazemos sofrer, adiando momentos que bem poderiam ser de harmonia e serenidade.

É muito mais longo e áspero o caminho humano quando optamos pela rebeldia ou pela não aceitação. Aceitar as adversidades, estudá-las para encontrar caminhos de superação – seja pelo diálogo ou por outro meio – é muito mais sábio que rebelar-se. Aliás, rebelar-se por rebelar-se não leva a lugar nenhum. Bom é quando nossa inconformação é pelo melhor, para mudar uma injustiça, quando lutamos por causas justas e dignas. Rebelar-se por capricho é infantil, demonstra imaturidade e só complica as circunstâncias.

No capítulo das separações conjugais, das sociedades desfeitas, nas amizades que se rompem, nos grupos que se separam, muitas vezes a causa principal está simplesmente na rebeldia do capricho que “não dá o braço a torcer”, nem cede um instante para que a paz e o entendimento se estabeleçam.

Qual a causa? Ah, a causa. Ela está no egoísmo que ainda nos caracteriza. Nossa luta maior, no entanto, não é com os outros. Não estamos numa concorrência. Nossa maior luta é conosco mesmo. É a luta de domínio dessas perniciosas tendências, é a luta pelo aprimoramento moral que nos fará muito mais felizes e serenos, sem rebeldia destrutiva...

Nossa pergunta diária, nossa vigilância de cada instante, deveria ser: o que posso melhorar em mim mesmo hoje? Qual ponto negativo devo combater agora? Quais pontos positivos posso reforçar? Estou ou sou rebelde, fazendo sofrer os outros, ou já consigo vencer minhas tendências egoísticas para que a paz se estabeleça ao meu redor?

São perguntas para respostas de foro íntimo. Cada um sabe de si...

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Orson Peter Carrara











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