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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sombra própria


Um dia, num contato com um psicólogo de renome nacional, disse a ele que minha meta era alcançar serenidade. Que eu estou perseguindo “ser sereno” diante das mais contraditórias situações. E perguntei a ele: qual a melhor receita?

A resposta é o título deste artigo: 
Admita tua sombra! 
Quis saber mais: como assim?

E o complemento à resposta inicial: Admita teu lado “mais negro”, teus equívocos, teus fracassos, tua “maldade interior” em muitos casos, tuas fraquezas, dúvidas e questionamentos.

 Enfim, admita aquilo que você realmente é. 

Agindo assim e compreendendo as próprias limitações, você compreenderá mais os equívocos alheios, as dificuldades e fraquezas alheias.

 Com isto você não exigirá nada de ninguém, nem tentará mudar as pessoas à sua maneira de pensar, nem tampouco terá como criticá-las ou censurá-las, pois as limitações alheias são igualmente as tuas.

 E, com isto, você não se cobrará tanto, nem cobrará os outros; igualmente perceberá que não detém direitos sobre a vida alheia e em conseqüência, diminuirá as próprias neuroses e motivos que tragam o stress tão comum aos nossos dias. 

Assim você conquistará a serenidade e perceberá que ela é realmente uma grande conquista, quando passamos a compreender a nós mesmos, aos outros e ao próprio mecanismo da vida.

Sábia resposta! 

E trouxe um exemplo interessante de convívio com o público. 

Uma moça o questionou publicamente porque só atraía pessoas mal intencionadas para o próprio convívio. 

Toda e qualquer pessoa que dela se aproximava tentava explorá-la, tinha má conduta, fazia-a sofrer e concluiu: 

Só atraio gente que não presta! Por que isso?

E a resposta dura, categórica:

 É porque você não presta!

 – Como? engoliu seco a moça. 

É porque você não presta, repetiu o psicólogo.

 E explicou diante do impacto causado pela resposta:

 Melhore a própria conduta moral, o comportamento, e você verá que o quadro se altera. 
Você atrairá pessoas que sintonizam com seu novo modo de ser.

É duro, mas é realidade. Trata-se de mera questão de sintonia, de atração mesmo. Assim em tudo na vida.

A causa de nossos fracassos e quedas, de equívocos e situações adversas, é nossa mesma.

 Está coerente com nosso estágio de amadurecimento moral e intelectual. 

Mas isto não é motivo de preocupação ou desânimo. 

É muito mais um estímulo para que procuremos melhorar a cada dia para construir a própria felicidade.

 A começar com a admissão da sombra que ainda carregamos interiormente.
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Orson Peter Carrara



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