“As janelas se abrem para a vida, mas...”
Sinto-me hoje como se estivesse transposto, após densas torturas e solidão, um túnel escuro1 cujo tempo parou numa dor enorme, sem nome para descrever como começou meu sofrimento. Eu sei passo a passo como me destruí, como me esfacelei no desespero maior.
Jovem ainda, tímido e inseguro, admirava as companheiras de turma que lideravam e organizavam festas. Família ajustada relativamente feliz, era apoiado por exemplos e conselhos e muita esperança no meu futuro.
Inteligente, era procurado por colegas para auxiliá-los, mas ao mesmo tempo, procuravam lançar-me a semente da dúvida, se valeria tanto esforço, quando tantos não estudavam, tantos eram ricos em troca de poucos esforços nos negócios. Não percebi como era dilapidado, solapado na alma ingênua e dócil.
Quando minhas companhias e minhas atitudes começaram a assustar meus pais, me revoltei, senti-me pressionado, sem razões que justificassem as atitudes deles. E teve início então, meu roteiro doloroso, minha via-crucis pelas quebradas da vida. Copos quebrados, pontapés em portas, agressões físicas; a mãe adorada e frágil tornou uma incômoda presença, me lancei de cabeça nas drogas que, pois cada vez mais, me pareciam um recurso, e mergulhei na decadência do sonho e do desrespeito.
Quando busquei os amigos, por não suportar mais, até a convivência comigo mesmo; eles se afastavam e riam. Muitas vezes fui deixado só nas portas dos bares noturnos, a dormir com os cães, repartindo a cama da sarjeta. Nenhuma mão, nenhum apoio daqueles que haviam me atirado no abismo da delinqüência e do vício. _Mas como esperar apoio das mãos que empurravam para a queda? Encontrava nos olhos marcados de pranto da minha mãe o carinho e a dor; nas mãos que comprimiam a fronte de meu pai, a angústia. Mas eu sentia-me fraco e não reagia e, num dia frio com minha alma e lodacento com meu caráter, uma overdose arrebatou-me para as trevas da morte.
Foi horrível; era como despencar num labirinto de gargalhadas e gritos zombeteiros que me acolhiam na morte não esperada, não programada, porque eu queria viver, queria libertar-me, ser como tantos jovens que passavam alegres e saudáveis, sem a obsessão daquela ideia fixa e maldita...
Como descrever meu pânico, meu temor, ao visualizar cenas dantescas de jovens que haviam partido como eu e que tais quais duendes enlouquecidos, arrastavam consigo as marcas indeléveis com que haviam ferido o próprio espírito.
Hoje o céu ainda é tenebroso, mas cintilam estrelas pequeninas de esperança. Parti tão jovem, com 25 anos. Poderia estar hoje na Terra, com uma família, passear com filhos, trabalhar, chegar em casa cansado, sonhar, viver, e o que tenho?
_Nada! Remorsos pelo tempo perdido, desespero por ter sido abraçado pela morte que, de forma inexorável, acolhe os imprevidentes e indiligentes.
Socorrido por piedade de Deus, espero nova programação terrena, onde segundo me afirmam, trarei um corpo enfermo e sem beleza das formas que eu não soube valorizar e respeitar. Terei uma família difícil, para aprender a valorizar o ninho de amor e apoio que eu perdi com minha insensatez. Meu testemunho não está sendo fácil, é como desnudar o espírito, mas é necessário para aqueles que caminham na Terra...
As janelas se abrem para a vida, mas nós escolhemos se deixamos entrar o sol ou as sombras do mal. Nas noites vazias de Deus e repletas da multidão de ociosos é que se esconde o vício, o crime, a solidão e a morte. Vivamos com paz na alma, dando graças pela benção da juventude e sabendo que amigos não nos empurrarão jamais para o vício e o desrespeito, mas para o aprimoramento dos nossos deveres, para o cumprimento dos nossos compromissos com a família, com a sociedade e com nós mesmos.
Que Deus nos guarde a todos!
Espírito de Marcos, Kako
Mensagem extraída do Livro “Unidos pela Saudade” recebido por psicofonia pela médium Shyrlene Soares Campos, do Núcleo Servos de Maria de Nazaré, que é uma Instituição Filantrópica reconhecida como Utilidade Pública: *Municipal (Lei no. 4362 de 11/07/86), *Estadual (no.12.877 de 17/06/98) e *Federal (no. 485 de 15/06/2000). Av. Dr. Arnaldo Godoy de Souza 2275 – Caixa Postal 320 – Fone (0xx34)3238-4551 CEP: 38412-970 Uberlândia – M.G.
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