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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Vício



O vício pode ser um “erro de cálculo” na procura de paz e serenidade, porque todos queremos ser felizes e ninguém, conscientemente, busca de propósito viver com desprazer, aflição e infelicidade.

Precisamos revisar nossas concepções sobre os vícios.

Não podemos entendê-los como uma problemática que abrange, exclusivamente, delinquentes e vadios.

Em verdade, viciados são todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na dependência de pessoas ou substâncias.

Hábitos preferidos se formam através do tempo e se sedimentam com repetidas manobras mentais.

O que funcionou muito bem em situações importantes de nossa vida, mantendo nossa ansiedade controlada e sob domínio, provavelmente será reproduzido em outras ocasiões.

Por exemplo:se na fase infantil descobrimos que, “quando chorávamos, logo em seguida mamávamos”, essa atitude mental poderá ser perpetuada através de um hábito inconsciente que julgamos irresistível.

A estratégia psíquica passa a ser: “quando tenho um problema, preciso comer algo para resolvê-lo”.

O que a princípio foi uma descoberta compensadora e benéfica, mais tarde pode ser um mecanismo desnecessário, tornando-se um impulso neurótico e desagradável em nosso dia-a-dia.

Existem diversos casos de obesidade que surgiram no clima de lares onde a mãe era super exigente, perfeccionista e dominadora, forçando constantemente a criança a se alimentar, não levando em conta as suas necessidades naturais.

Pela insistência materna, ela desenvolve o hábito de comer exageradamente, prejudicando o desenvolvimento do senso interior, que lhe dá a medida de quando começar e de quando parar de comer.

A bulimia, cria para seus dependentes uma barreira que os separa da realidade e funciona como uma falsa proteção e segurança, pois eles constroem seu mundo de explicações falsas por não perceberem os fatos verdadeiros. 

Por outro lado, alguns podem argumentar sobre a ação dos distúrbios glandulares ou genéticos, mas, mesmo assim, a causa fundamental dos problemas se encontra no psiquismo humano que, em realidade, é quem comanda todo o cosmo orgânico.

Geralmente a obesidade nasce da falta de coragem para enfrentar novas experiências; é a compensação que a “criança carente”, existente no adulto, encontra para sentir-se protegida. 

Paralelamente, encontramos também na dependência da comida, um vício alicerçado no “medo de viver”.

O temor das provas e dos perigos naturais da vida, pode nos levar a uma suposta fuga.

No caso das drogas, os indivíduos com dependência química são criaturas de caráter oscilante, que não desenvolveram a autonomia; vivem envolvidos em uma aura energética de indecisão e imobilização, por consequência da própria reação emocional em desajuste.

Protelam as coisas para um dia que, talvez, nunca chegará.

Fixam-se ao consumo cada vez maior de narcóticos, enquanto desenvolvem atitudes emocionais que os levam à subjugação a pessoas e situações.

Os dependentes negam seu medo e se escondem à beira do caminho.

Não são inúteis deliberadamente,mas se utilizam, sem perceber, do desânimo que sentem, para fugirem à decisão de “arregaçar as mangas” e enfrentar a parte que lhes cabe realizar na vida.

Adiam sistematicamente seus compromissos, vivem de uma maneira no presente e dizem que vão viver de outra no futuro.

Os vícios ou hábitos destrutivos são, em síntese, métodos defensivos que as pessoas assumem, como uma forma inadequada de promover segurança e proteção.

Assim considerando e a fim de nos aprofundar no assunto, para saber lidar melhor com as chamadas viciações humanas, devemos perguntar a nós mesmos:

- Como organizamos nossa personalidade?
- Como eram as crenças dos adultos com os quais convivemos na infância?
- Que tipo de atos permitimos ou proibimos entrar nesse processo?
- Quais as linhas de conduta que nos foram fechadas, ou quais os modelos de vida que priorizamos em nossa organização mental?

Somente aí, avaliando demoradamente os antecedentes de nossa vida, é que estaremos promovendo uma auto-análise proveitosa, para identificarmos nossos padrões de pensamentos deficitários, diferenciando aqueles que nos são úteis, daqueles que não nos servem mais.

Dessa forma, libertamo-nos das compulsões desgastantes e dos hábitos infelizes.
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 Hammed 
  Francisco do Espírito Santo Neto
 






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