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sábado, 1 de março de 2014

Se Soubesses



Se soubesses quão venenoso é o conteúdo de fel a tisnar o cálice da aversão, decerto compreenderias que todo golpe de crueldade não é senão desafio à tua capacidade de entendimento.
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Se soubesses a trama de sombra que freme, perturbadora em torno da palavra infeliz que proferes, na crítica à luta alheia, preferirias amargar no silêncio as feridas de tua mágoa, esperando que o tempo lhes ofereça a necessária medicação.
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Se soubesses a quantidade dos crimes, oriundos da revolta e da queixa, escolherias padecer toda sorte de sofrimento antes que reclamar consideração e justiça em teu próprio favor.
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Se soubesses a multidão de males que a vingança provoca, esquecerias sem custo os braseiros de cor que a calúnia te arremessa à existência.
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Lembra-te de que o ódio é o grande fornecedor das prisões e de que a cólera é responsável pela maior parte das moléstias que infelicitam a vida e guarda o coração na grande serenidade, se te propões conservar em ti mesmo o tesouro da paz e a bênção da segurança.
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Ainda mesmo que alguém te ameace com o gládio da morte, desculpa e segue adiante, porque as vítimas ajustadas aos marcos do Bem Eterno elevam-se de nível, enquanto que os ofensores, ainda mesmo os aparentemente mais dignos, descem aos princípios do tempo para o acerto reparador.
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De qualquer modo, se a aflição te procura, cala e perdoa sempre, porque se o Mestre nos exortou ao amor pelos inimigos, também nos advertiu que a mão erguida à delinquência da espada, agora, hoje ou amanhã, na espada fenecerá.

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Emmanuel
Chico Xavier 






quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Emoções Perturbadoras


O homem que se candidata a uma existência feliz, tem a obrigação de vigiar as suas emoções perturbadoras, a fim de evitar-se desarmonias perfeitamente dispensáveis, na economia do seu processo de evolução.

As emoções perturbadoras decorrem do excesso de autoestima, do apego aos bens materiais e às pessoas, e do orgulho, entre outros fatores negativos.

O excesso de consideração que o indivíduo se concede, leva-o à irritação, ao ciúme, à agressividade, toda vez que os acontecimentos se dão diferentes do que ele espera e supõe merecer.

O apego responde-lhe pela instabilidade emocional, trabalhando-lhe a ganância, a soberba e a ilusão da posse, que concede a falsa impressão de situar-se acima do seu próximo.

O orgulho intoxica-o, levando-o à pressuposição de credenciado pela vida a ocupar uma situação privilegiada e ser alguém especial, merecedor de homenagens e honrarias, em detrimento dos demais.

Qualquer ocorrência que se apresente contraditória a esses engodos gerados pelo ego insano, e as emoções perturbadoras se lhe instalam, proporcionando desequilíbrios de largo porte, exceto se ele se resolve por digerir a situação e mudar de paisagem mental.

Superar tais emoções que têm raízes no seu passado espiritual, eis o grande desafio.

Assim, cumpre que ele envide todos os esforços para o auto-descobrimento e a aplicação das energias em combater a inferioridade que predomina em a sua natureza.
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Não há nada, a que o homem não se acostume com o tempo, afirma um velho brocardo popular.

A liberação das emoções perturbadoras é resultado dos hábitos insalubres de entregar-se-lhe sem resistência.

Tão comum se faz ao indivíduo a liberação dos instintos perniciosos geradores deles, que este se não dá conta do desequilíbrio em que vive.

Adaptando-se ao autocontrole, eliminará, a pouco e pouco, a explosão dessas emoções perturbadoras.

Mediante o pequeno código de conduta, torna-se fácil a assimilação de outros hábitos que são saudáveis e felicitam:

- considera a própria fragilidade que te não faz diferente das demais pessoas;

- observa o esforço do teu próximo e valoriza-o;

- treina a paciência ante as ocorrências desagradáveis;

- reflexiona quanto à transitoriedade da posse;

- medita sobre a necessidade de ser solitário;

- propõe-te a adaptação ao dever, por mais desagradável se te apresente;

- aprende a repartir, mesmo quando a escassez caracterizar as tuas horas. . .

Um treinamento íntimo criará novos condicionamentos que te ajudarão na formação de uma conduta ditosa e tranquila.
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Foram as emoções perturbadoras que levaram Pedro, temeroso, a negar o Amigo, e Judas, o ambicioso, a vendê-lo aos inimigos da Verdade.

O controle delas, sob a luz da humildade e da fé, proporcionou à humanidade o estoicismo de Estevão, a dedicação até o sacrifício de Paulo – que as venceram – e toda a saga de amor e grandeza do homem abnegado de todos os tempos.
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Joanna de Ângelis





terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Se Nunca


 
Se nunca sofreste
lutando por alguma causa justa;

se nunca erraste,
atravessando a dor do desengano;

se nunca viste a incompreensão, em torno de ti,
aprendendo a entender os incompreendidos;

se nunca choraste
reconhecendo quanto doem, as lágrimas alheias...

Decerto ainda dormes,
no berçário de amor da Natureza.

E ninguém consegue, por enquanto,
predizer a hora em que despertarás
para iniciar a viagem
na direção da Luz imperecível.
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 Emmanuel.
Chico Xavier









segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Preço da Melhora



Tudo tem um preço, no comércio e no convívio com a própria vida.

Se queremos subir, certamente haverá de aparecer o esforço.

O conhecimento da verdade requer trabalho, operação em todos os sentidos.

No campo íntimo, o exercício é mais difícil no que tange à felicidade, e se o que se faz por dentro reflete o que vai por fora, é necessário que tenhamos boa vontade nessa caridade, de aproveitamento.

Se queres avançar na grandeza divina, se estás preparado, passa a esforçar-te no campo da mente e da alegria, e que essa alegria cresça, dando segurança para quem se esforçar.

Compreendemos que Deus deu início à vida gerando esforços e criando-a, e essa vida carrega consigo a força de co-criar a sua própria felicidade.

Não deixes para amanhã o que podes começar hoje mesmo.

Esforça-te todos os dias, conquistando o bem-estar na paz, no entendimento, no amor, no perdão e assim, sucessivamente, porque quem já tem paz no coração conquistou-a pelo preço do trabalho na luz de Deus, refletida no Cristo. Jesus veio nos ensinar os meios, senão todos os métodos, de compreender a nós mesmos e entender as leis naturais do Criador.
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 Bezerra de Menezes

João Nunes Maia






domingo, 23 de fevereiro de 2014

Compreensão



As frequentes guerras que ocorrem em certas partes do mundo costumam causar estupefação.
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Será que os habitantes desses países não percebem o quanto seu comportamento é desarrazoado?
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Para viver em paz, não compensaria um esforço com vistas ao entendimento?
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Por que não ceder em algumas coisas, em nome de uma vida mais digna?
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Tais reflexões frequentemente povoam nosso pensamento.
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Assumindo a postura de virtuosa indignação com os desatinos desses irmãos de longe, não percebemos que cometemos o mesmo equívoco que eles, em nosso dia-a-dia.
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Felizmente, não jogamos bombas nos vizinhos e nem metralhamos os parentes.
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Mas muito pouco nos esforçamos para compreender os valores e as dificuldades do próximo.
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A falta de compreensão é a origem de toda discórdia, grande ou pequena.
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Se nos colocássemos no lugar do outro, antes de condená-lo, certamente seríamos menos rigorosos em nosso julgamento.
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Há em nossa sociedade o lamentável hábito da maledicência.
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Quando alguém comete um equívoco, não tardam os comentários maldosos sobre sua pessoa.
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Isso ocorre com quem demonstra desequilíbrios na área da sexualidade, não possui bom desempenho profissional ou enfrenta dificuldades financeiras, dentre inúmeras outras situações.
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A falha de alguém parece ser a senha que autoriza a sociedade a comentar sua vida, denegrindo-o.
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As virtudes e os esforços do faltoso são desconsiderados, realçando-se os seus pretensos defeitos.
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O espantoso é que esse hábito nefasto grassa em uma sociedade cuja maioria absoluta afirma-se cristã.
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Ocorre que ser cristão não significa apenas afirmar-se como tal, mas se revela no esforço para seguir as lições e os exemplos do Cristo.
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E Jesus, quando confrontado com a multidão que desejava apedrejar a pecadora, foi muito claro.
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Ante a surpresa geral, o Amigo Divino sentenciou:

“Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra”.
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Malgrado a clareza da lição, quase dois milênios mais tarde, a apressada condenação do semelhante ainda é uma constante.
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Entretanto, para fazer juízo sobre determinada situação, é necessário conhecer todos os seus aspectos.
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Em relação a alguém que nos parece leviano, o que sabemos de sua vida?
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Temos conhecimento da educação e dos exemplos que recebeu em casa, durante a infância?
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Cogitamos sobre as inúmeras tentações a que resistiu, antes de sucumbir?
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Conhecemos a solidão que lhe caracteriza os dias?
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Temos noção das dificuldades com que diariamente convive?

Podemos vislumbrar a enormidade de seu desconforto ou de seu remorso?
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Tais reflexões bem evidenciam o quanto somos rasos e apressados em julgar o semelhante, que talvez possua uma fibra moral bem maior do que a nossa.
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Na verdade, para julgar alguém seria necessário ter vivido a sua tragédia, partilhado a sua dor, em toda a extensão.
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Somente assim saberíamos o real motivo de suas ações.
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Na falta desse conhecimento, é medida salutar abstermo-nos de comentar a vida alheia.
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Façamos um esforço para compreender quem nos parece em falta.
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Reflitamos sobre a condição humana de nossos semelhantes, falhos como nós mesmos, colocando-nos na posição de irmãos, não de juízes.
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Afinal, como afirmou Jesus, apenas aquele que está sem pecado pode atirar a primeira pedra.
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Portanto, antes de atirar pedras em alguém, faça uma analise da sua própria conduta.
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E, por fim, lembre-se: Jesus não tinha pecados, e ainda assim não atirou pedras na mulher equivocada.
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Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita