Suspeita é a "crença desfavorável, acompanhada de desconfiança" ,
referente a alguma coisa ou a alguém. Mau juízo decorrente de ideia vaga,
sem apoio legítimo, que, no entanto, se transforma em urze calamitosa,
espraiando-se no campo mental e culminando por asfixiar os
nobres ideais em que se devem sustentar as aspirações humanas.
De maleável contextura, a suspeita, semelhante ao miasma sutil, se adensa e se avoluma, logrando vencer quem a cultiva.
Normalmente, reflete o estado espiritual daquele que a agasalha.
A consciência reta não lhe dá guarida, enquanto o sentimento atormentado padece-lhe a constrição, o estigma.
Necessário cercear-lhe o avanço, porquanto, de fácil aceitação corrói as melhores estruturas, conseguindo exteriorizar- se em maledicência
vinagrosa, que numa frase decepa uma existência digna e, num sorriso de
mofa, ceifa as mais elevadas expressões de jovialidade e de progresso.
A
suspeita é a genitora do ciúme, que dela se nutre, passando de simples ideia leviana a obsessão tormentosa, geradora de alucinação e impulsionadora de crimes.
Ninguém está imune à suspeita do próximo.
Cada um vê uma paisagem conforme a cor das lentes que tem sobre os olhos.
Assim, muitos fatos parecem o que melhor convém aos espectadores ou às suas personagens.
Não sintonizes os teus com os seus pensamentos enfermos dos levianos e maliciosos.
Insiste na perseverança das realizações a que te vinculas, sem permitir-te diminuir a intensidade que lhe conferes.
Muitas vezes o que parece ser, verdadeiramente tem outra significação, que não pode ser apreendida de relance.
Mesmo em acurada observação, fatos e coisas se expressam mais de acordo com o observador do que com a sua própria estrutura.
Abre,
assim, o espírito à tranquilidade e não estaciones nos degraus da mágoa
que a suspeita dos outros coloca à tua frente, nem te facultes a
leviandade de suspeitar de ninguém.
Quem erra, faz-se escravo do gravame que comete.
O culpado, embora se disfarce, conhece a face do engano ou do crime perpetrado.
Ninguém se evade da província da consciência culpada, antes de conseguir o ônus da autorecuperação.
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Joanna de Ângelis