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domingo, 21 de janeiro de 2018

AS FILHAS REJEITADORAS



Um episódio desses, que se fixou em minha memória, é o das sete filhas que rejeitavam a própria mãe e dela se afastaram.

Vou reproduzir tal como lembro desse caso. Foi o fato de uma mãe sofrida, confessando-se não-espírita, contando em minúcias o seu drama familiar:

— Chico [Xavier], sou mãe de sete filhas. Criei-as, elas casaram e foram morar em cidades distantes. Meu marido morreu cedo e agora, há anos, vivo sozinha. Elas não me procuram, não telefonam e eu me sinto muito só. O senhor não poderia fazer alguma coisa para que elas gostassem mais de mim ou, pelo menos, me procurassem?

O médium respondeu:

— Ah, minha filha, a vida tem dessas coisas... Às vezes os filhos não correspondem...

Mas a senhora queria ouvir uma resposta diferente e logo foi dizendo, com impaciência:

— Olha, Chico, você deve saber por que minhas filhas agem desse jeito! Eu queria que você, como médium, me contasse sem rodeios porque minhas filhas são assim desligadas de mim, são ingratas...

Chico Xavier sorriu e, depois de um instante, lhe disse:

— Irmã, já que você está querendo tanto ouvir algo mais, saiba que numa encarnação não muito remota, em Paris, você foi proxeneta, ou seja, alguém que intermediava moças jovens vindas do interior da França e as levava para se prostituírem junto à nobreza daquela época. Enganava e seduzia, dizendo que na alegre capital francesa elas obteriam bons empregos, iludindo as desprevenidas moças. A maioria delas se rendeu às falsas promessas da prostituição e se afundaram na orgia, enquanto você auferia os lucros da intermediação. Essas sete moças aliciadas, por misericordioso resgate da Lei da Reencarnação, voltaram ao teatro da vida como suas filhas, espiritualmente atraídas pelas mágoas que você produziu nelas.

E ante o olhar sofrido e indagador da mãe queixosa, o médium arrematou:

— Agora será bom que você mude seu posicionamento de mágoa, visite-as com pensamento harmonizador, reze muito. Ainda há tempo de melhorar antigas mágoas.

Deus, na sua misericórdia, sempre concede novas chances para o grande perdão no coração das almas.

A pensativa mulher baixou a cabeça, compreendendo a razão da dívida cármica e, a partir daí, não mais queixou-se.
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Livro: A Viagem Com Chico Xavier
Fernando Ós
Lar Irmã Esther



MENSAGEM DO ESE:
O óbolo da viúva


Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio, a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. — Nisso, veio também uma pobre que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. — Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; — por isso que todos os outros deram do que lhes abunda, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento. (SÃO MARCOS, cap. XII, vv. 41 a 44. — S. LUCAS, cap. XXI, vv. 1 a 4.)

Multa gente deplora não poder fazer todo o bem que desejara, por falta de recursos suficientes, e, se desejam possuir riquezas, é, dizem, para lhes dar boa aplicação. É sem dúvida louvável a intenção e pode até nalguns ser sincera. Dar-se-á, contudo, seja completamente desinteressada em todos? Não haverá quem, desejando fazer bem aos outros, muito estimaria poder começar por fazê-lo a si próprio, por proporcionar a si mesmo alguns gozos mais, por usufruir de um pouco do supérfluo que lhe falta, pronto a dar aos pobres o resto? Esta segunda intenção, que esses tais porventura dissimulam aos seus próprios olhos, mas que se lhes depararia no fundo dos seus corações, se eles os perscrutassem, anula o mérito do intento, visto que, com a verdadeira caridade, o homem pensa nos outros antes de pensar em si. O ponto sublimado da caridade, nesse caso, estaria em procurar ele no seu trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de seus talentos, os recursos de que carece para realizar seus generosos propósitos. Haveria nisso o sacrifício que mais agrada ao Senhor. Infelizmente, a maioria vive a sonhar com os meios de mais facilmente se enriquecer de súbito e sem esforço, correndo atrás de quimeras, quais a descoberta de tesouros, de uma favorável ensancha aleatória, do recebimento de inesperadas heranças, etc. Que dizer dos que esperam encontrar nos Espíritos auxiliares que os secundem na consecução de tais objetivos? Certamente não conhecem, nem compreendem a sagrada finalidade do Espiritismo e, ainda menos, a missão dos Espíritos a quem Deus permite se comuniquem com os homens. Daí vem o serem punidos pelas decepções. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, nº 294 e nº 295.) 

Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer idéia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que o óbolo do pobre, do que dá privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma. Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas, se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa. Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, itens 5 e 6.)



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