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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

DIFICULDADES DO PERDÃO




“Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.” – (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. X – Bem-aventurados os que são misericordiosos.)

Faze de tudo para não te deixares magoar, porque a mágoa é uma nódoa muito difícil de ser lavada do coração.

Muito mais fácil, pois, que interpretes o ofensor por um amigo doente que, quando te ofendeu, agiu completamente sem lucidez, e, portanto, mais do que seu perdão, tornou-se digno de sua complacência.

Ao nos recomendar o perdão setenta vezes sete, Jesus sabia o quanto se nos faria extremamente penoso esquecer o mal que nos fosse feito, e que, a fim de que chegássemos a realmente esquecê-lo de todo, necessitaríamos, em uma única falta, de ofertar perdão sobre perdão ao agressor, infinito número de vezes.

Ele, o Cristo, jamais teve que perdoar, porque, em nenhuma oportunidade, se permitiu ser ofendido.

Com base nesses raciocínios, imaginemos, por nossa vez, o quanto nos será demasiado complexo obter o verdadeiro perdão da parte daquele que prejudicamos.

Sendo assim, o melhor, igualmente, é que redobremos vigilância para que, em benefício de nossa paz íntima, não venhamos a carecer do perdão de alguém.

Existem espíritos que choram por séculos, não propriamente no esforço de perdoar, mas no esforço de serem perdoados, com o intuito de que, em se sentindo livres de toda e qualquer culpa, consigam caminhar adiante sem sombra alguma a lhes tisnar o céu da felicidade que almejam.

Neste sentido, nunca será demais repetir que, sem o concurso do bem, o mal não se anulará.

Se, quando na condição de ofendidos, Jesus nos conclama a perdoar setenta vezes sete, quantas vezes, na condição de ofensores, Ele não nos conclamaria a pedir perdão a quem ofendemos?!

Perdoar ou pedir perdão setenta vezes sete será, pois, como trabalhar para se erradicar uma tumoração maligna do organismo, em todas as suas possibilidades de recidiva e de sequela, de modo que o tumor seja curado como se nunca sequer tivesse existido.

Ante tais dificuldades, oremos ao Senhor para que nunca nos encontremos na posição de vítima e, muito menos, de algoz, porque, perante as Leis Equânimes da Vida, nenhuma das duas condições é favorável à nossa paz.

Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Vinde a Mim”) 


MENSAGEM DO ESE:
Necessidade da encarnação


É um castigo a encarnação e somente os Espíritos culpados estão sujeitos a sofrê-la?
A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo. — São Luís. (Paris, 1859.)

NOTA. — Uma comparação vulgar fará se compreenda melhor essa diferença. O escolar não chega aos estudos superiores da Ciência, senão depois de haver percorrido a série das classes que até lá o conduzirão. Essas classes, qualquer que seja o trabalho que exijam, são um meio de o estudante alcançar o fim e não um castigo que se lhe inflige. Se ele é esforçado, abrevia o caminho, no qual, então, menos espinhos encontra. Outro tanto não sucede àquele a quem a negligência e a preguiça obrigam a passar duplamente por certas classes. Não é o trabalho da classe que constitui a punição; esta se acha na obrigação de recomeçar o mesmo trabalho.

Assim acontece com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem, que está apenas no início da vida espiritual, a encarnação é um meio de ele desenvolver a sua inteligência; contudo, para o homem esclarecido, em quem o senso moral se acha largamente desenvolvido e que é obrigado a percorrer de novo as etapas de uma vida corpórea cheia de angústias, quando já poderia ter chegado ao fim, é um castigo, pela necessidade em que se vê de prolongar sua permanência em mundos inferiores e desgraçados. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente pelo seu progresso moral, além de abreviar o tempo da encarnação material, pode também transpor de uma só vez os degraus intermédios que o separam dos mundos superiores.

Não poderiam os Espíritos encarnar uma única vez em determinado globo e preencher em esferas diferentes suas diferentes existências? Semelhante modo de ver só seria admissível se, na Terra, todos os homens estivessem exatamente no mesmo nível intelectual e moral. As diferenças que há entre eles, desde o selvagem ao homem civilizado, mostram quais os degraus que têm de subir. 
A encarnação, aliás, precisa ter um fim útil. Ora, qual seria o das encarnações efêmeras das crianças que morrem em tenra idade? Teriam sofrido sem proveito para si, nem para outrem. Deus, cujas leis todas são soberanamente sábias, nada faz de inútil. Pela reencarnação no mesmo globo, quis ele que os mesmos Espíritos, pondo-se novamente em contacto, tivessem ensejo de reparar seus danos recíprocos. Por meio das suas relações anteriores, quis, além disso, estabelecer sobre base espiritual os laços de família e apoiar numa lei natural os princípios da solidariedade, da fraternidade e da igualdade. – Allan Kardec.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 25 e 26.)

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