Antes de examinar a nossa condição de espíritos devedores, na esfera da consanguinidade,
vejamos o lar enobrecido em sua função de oficina do amor.
vejamos o lar enobrecido em sua função de oficina do amor.
Para isso, é importante figurar o teu próprio sonho de felicidade para além da experiência
terrestre.
Se houvesses de partir agora, ao chamado da desencarnação, decerto rogarias para teu imediato
proveito o céu do retorno aos entes amados.
Quem não terá, enquanto na Terra, residindo para lá das fronteiras da morte, um coração
materno, um pai amigo, um irmão ou um companheiro? Quem de nós não sentirá saudades de alguém, até que nos reunamos todos no doce país da União Sem Adeus? E muitos de nós,
quando nos desenfaixamos do corpo denso, somos carinhosamente acolhidos pela dedicação dos
que nos precederam, apesar dos desequilíbrios que demonstremos, para a devida restauração em
bases de amor.
Assim também, os seres queridos do Plano Espiritual, quando necessitam do regresso ao plano
físico, ansiando a conquista de paz e reajustamento, escolhem o nosso clima doméstico para as
temporadas de serviço regenerativo ou reequilibrante de que sejam carecedores, atendendo
sempre aos imperativos do amor que nos associam.
Se guardas no lar alguém que te enternece pela enfermidade ou provação que apresente, não
julgues teus cuidados à conta de culpa e resgate, mas, sim, desenvolve-os por tributo de
reconhecimento e carinho, em favor daquele coração faminto de harmonia consigo mesmo que te
procurou a companhia, em nome do afeto milenário que a ele te junge desde outras eras.
Lembra-te de que o débito da ternura e da gratidão jamais termina.
Teu lar é um ponto bendito do Universo em que te é possível exercer todas as formas de
abnegação a benefício dos outros e de ti mesmo, perante Deus. Pensa nisso e o amor te iluminar.
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Emmanuel
Chico Xavier
MENSAGEM DO ESE:
Os infortúnios ocultos
Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres. Mas, a par desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um grabato sem se queixarem. Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.
Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida? Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida, pois que à entrada a saúdam respeitosamente. Aonde vai ela? Sobe até a mansarda, onde jaz uma mãe de família cercada de crianças. À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos. É que ela vai acalmar ali todas as dores. Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e consoladoras palavras, que fazem que os seus protegidos, que não são profissionais da mendicância, aceitem o benefício, sem corar. O pai está no hospital e, enquanto lá permanece, a mãe não consegue com o seu trabalho prover às necessidades da família. Graças à boa senhora, aquelas pobres crianças não mais sentirão frio, nem fome; irão à escola agasalhadas e, para as menorzinhas, o leite não secará no seio que as amamenta. Se entre elas alguma adoece, não lhe repugnarão a ela, à boa dama, os cuidados materiais de que essa necessite. Dali vai ao hospital levar ao pai algum reconforto e tranqüilizá-lo sobre a sorte da família.
No canto da rua, uma carruagem a espera, verdadeiro armazém de tudo o que destina aos seus protegidos, que todos lhe recebem sucessivamente a visita. Não lhes pergunta qual a crença que professam, nem quais suas opiniões, pois considera como seus irmãos e filhos de Deus todos os homens. Terminado o seu giro, diz de si para consigo: Comecei bem o meu dia. Qual o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, é um nome que nada indica; mas é o anjo da consolação. À noite, um concerto de benções se eleva em seu favor ao Pai celestial: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.
Por que tão singelo traje? Para não insultar a miséria com o seu luxo. Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve praticar a beneficência. A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe diz: “Que podes dar, minha filha, quando nada tens de teu? Se eu te passar às mãos alguma coisa para que dês a outrem, qual será teu mérito? Nesse caso, em realidade, serei eu quem faz a caridade; que merecimento terias nisso? Não é justo. Quando visitamos os doentes, tu me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. Não te parece bastante isso? Nada mais simples. Aprende a fazer obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma coisa que vem de ti.” É assim que aquela mãe verdadeiramente cristã prepara a filha para a prática das virtudes que o Cristo ensinou. É espírita ela? Que importa!
Em casa, é a mulher do mundo, porque a sua posição o exige. Ignoram, porém, o que faz, porque ela não deseja outra aprovação, além da de Deus e da sua consciência. Certo dia, no entanto, imprevista circunstância leva-lhe a casa uma de suas protegidas, que andava a vender trabalhos executados por suas mãos. Esta última, ao vê-la, reconheceu nela a sua benfeitora. “Silêncio! ordena-lhe a senhora. Não o digas a ninguém.” Falava assim Jesus.
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 4.)
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