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domingo, 29 de julho de 2018

QUANDO TODAS AS ESTAÇÕES ESTIVEREM COMPLETAS



Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que eles aprendessem a não julgar a vida, as pessoas e as coisas de modo apressado.

Por isso, mandou cada um viajar para observar uma pereira, que estava plantada em um local distante.

O primeiro filho foi no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o quarto e mais jovem, no outono.

Quando eles retornaram, o pai os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinha visto.

O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.

O segundo disse que ela era coberta de botões verdes e cheia de promessas.

O terceiro discordou dos dois. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um odor tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que era a coisa mais graciosa que havia visto.

Por fim, o último filho não concordou com os irmãos. Ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas.

O pai, então, explicou que todos estavam certos, porque cada um tinha visto apenas uma estação da vida da árvore.

Falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, ou qualquer coisa, por apenas uma estação.

Disse que a essência de uma pessoa, e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas ser medidos no final, quando todas as estações estiverem completas.

Se desistirmos quando for inverno, perderemos a promessa da primavera, a beleza do verão e a expectativa do outono.

Podemos estar vivendo um inverno intenso neste instante. Parece não haver previsão de término. Por vivê-lo por tão longo tempo, quem sabe tenhamos esquecido de como é uma outra estação diferente dessa.

Importante, no entanto, lembrar que se trata de uma estação.

Não julguemos a vida ou a nós mesmos apenas por esse instante mais gelado e difícil. Lembremos que o inverno nos faz mais fortes, mais resistentes. A estação do frio é convite ao recolhimento e à reflexão.

A primavera parece distante ou mesmo improvável, mas ela é lei da natureza. Virá de qualquer forma.

Por isso, não desistamos de nós, não desistamos de prosseguir, olhando apenas a chuva fria e o dia cinza. Estamos vendo apenas parte e não o todo.

Mais tarde, quando todas as estações estiverem completas, perceberemos o quão importantes foram aqueles dias congelantes e o quão foram prazerosos os primeiros instantes da primavera que os seguiu.

Vivemos no mundo das estações e dos ciclos. Os invernos ainda vão e voltam, assim com os dias quentes de verão.

Saibamos viver as estações com maturidade, extraindo de cada uma seu valor, suas lições e suas belezas.

Haverá dia em que iremos encontrar beleza até na mais vigorosa estação invernal, pois enxergaremos além das temperaturas baixas e dos incômodos que ela traz.

Encontraremos a vida a pulsar debaixo da neve, debaixo da dor, debaixo das expiações que nos libertam das amarras da consciência culpada.

Não permitamos, assim, que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julguemos a vida apenas por uma estação difícil.
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Redação do Momento Espírita


MENSAGEM DO ESE:
Não são os que gozam saúde que precisam de médico

Estando Jesus à mesa em casa desse homem (Mateus), vieram aí ter muitos publicanos e gente de má vida, que se puseram à mesa com Jesus e seus discípulos; — o que fez que os fariseus, notando-o, disseram aos discípulos: Como é que o vosso Mestre come com publicanos e pessoas de má vida? — Tendo-os ouvido, disse-lhes Jesus: Não são os que gozam saúde que precisam de médico. 
(S. MATEUS, cap. IX, vv. 10 a 12.)

Jesus se acercava, principalmente, dos pobres e dos deserdados, porque são os que mais necessitam de consolações; dos cegos dóceis e de boa fé, porque pedem se lhes dê a vista, e não dos orgulhosos que julgam possuir toda a luz e de nada precisar. (Veja-se: “Introdução”, artigo: Publicanos, Portageiros.) 

Essas palavras, como tantas outras, encontram no Espiritismo a aplicação que lhes cabe. Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que tão preciosa faculdade devera ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.
Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o número dos mudos do que o dos que falam. Deus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deixa de punir o que delas abusa. 

Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais vivo, do que se os recebesse indiretamente. Deus, em sua bondade, para lhe poupar o trabalho de ir buscá-la longe, nas mãos lhe coloca a luz. Não será ele bem mais culpado, se não a quiser ver? Poderá desculpar-se com a sua ignorância, quando ele mesmo haja escrito com suas mãos, visto com seus próprios olhos, ouvido com seus próprios ouvidos, e pronunciado com a própria boca a sua condenação? Se não aproveitar, será então punido pela perda ou pela perversão da faculdade que lhe fora outorgada e da qual, nesse caso, se aproveitam os maus Espíritos para o obsidiarem e enganarem, sem prejuízo das aflições reais com que Deus castiga os servidores indignos e os corações que o orgulho e o egoísmo endureceram. 

A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral. O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, itens 11 e 12.)

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