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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Pai



  É natural que consideres teu problema qual espinho terrível.

  É justo reconheças tua prova por agonia do coração.

  Ergues súplice olhar, no silêncio da prece, e relacionas mecanicamente aqueles que te feriram.

  É como se conversasses intimamente com Deus, apresentando-lhe vasto balanço de amarguras e queixas…

  E o Supremo Senhor cuidará realmente de ti, alentando-te o passo… Entretanto, é preciso não esquecer que ele cuidará igualmente dos outros.


  Lança mais profundo olhar naqueles que te ofenderam, conforme acreditas, e compara as tuas vantagens com as deles.

  Quase sempre, embora se entremostrem adornados de ouro e renome, nas galerias da evidência e da autoridade, são almas credoras de compaixão e de auxílio…   Traíram-te a confiança, contudo, tombaram nas malhas de pavorosos enganos;   humilharam-te impunemente, mas adquiriram remorsos para imenso trecho da vida;   dilaceraram-te os ideais, entretanto, caíram no descrédito de si próprios;   abandonaram-te com inexprimível ingratidão, todavia, desceram à animalidade e à loucura…

  Não é possível que a Luz do Universo apenas te ampare, desprezando-os a eles que se encontram à margem de sofrimento maior.

  Unge-te, assim, de paciência e compreensão para ajudar na Obra Divina, ajudando a ti mesmo.

  Em qualquer apreciação, ao redor de alguém, recorda que o teu Criador é também o Criador dos que estão sendo julgados.

  É por isso que Jesus, em nos ensinando a orar, revelou Deus como sendo o amor de todo amor, afirmando, simples: “Pai nosso, que estás nos céus…”  
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EMMANUEL
CHICO XAVIER 



MENSAGEM DO ESE:
Aquele que se eleva será rebaixado (II)

Então, a mãe dos filhos de Zebedeu se aproximou dele com seus dois filhos e o adorou, dando a entender que lhe queria pedir alguma coisa. — Disse-lhe ele: “Que queres?” “Manda, disse ela, que estes meus dois filhos tenham assento no teu reino, um à sua direita e o outro à sua esquerda.” — Mas, Jesus respondeu, “Não sabes o que pedes; podeis vós ambos beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos.” — Jesus lhes replicou: “É certo que bebereis o cálice que eu beber; mas, pelo que respeita a vos sentardes à minha direita ou à minha esquerda, não me cabe a mim vo-lo conceder; isso será para aqueles a quem meu Pai o tem preparado.” — Ouvindo isso, os dez outros apóstolos se encheram de indignação contra os dois irmãos. — Jesus, chamando-os para perto de si, lhes disse: “Sabeis que os príncipes das nações as dominam e que os grandes os tratam com império. — Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; — e, aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; — do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos.”

 (S. MATEUS, capítulo XX, vv. 20 a 28.)

Estas máximas decorrem do princípio de humildade que Jesus não cessa de apresentar como condição essencial da felicidade prometida aos eleitos do Senhor e que ele formulou assim: “Bem-aventurados os pobres de espírito, pois que o reino dos céus lhes pertence.” Ele toma uma criança como tipo da simplicidade de coração e diz: “Será o maior no reino dos céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança, isto é, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade.

A mesma idéia fundamental se nos depara nesta outra máxima: Seja vosso servidor aquele que quiser tornar-se o maior, e nesta outra: Aquele que se humilhar será exalçado e aquele que se elevar será rebaixado.

Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria, mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que na Terra eram os maiores e os mais poderosos. E que os primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que faz a verdadeira grandeza no céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao passo que os outros tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza terrena e que se não leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza do nascimento. Nada mais possuindo senão isso, chegam ao outro mundo privados de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as próprias roupas. Conservaram apenas o orgulho que mais humilhante lhes torna a nova posição, porquanto vêem colocados acima de si e resplandecentes de glória os que eles na Terra espezinharam.

O Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo princípio nas encarnações sucessivas, mediante as quais os que, numa existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem, em existência seguinte, às mais ínfimas condições, desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição. Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu, se o merecerdes.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, itens 4 e 6.)

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