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sábado, 8 de dezembro de 2018

SOBRE A CRÍTICA



Após a longa reunião da noite, junto de outros confrades, Chico abordou a questão da crítica, respondendo a um dos circunstantes:

— A crítica dos amigos - diz Emmanuel - é a pitada de fermento na massa para que o bolo cresça.

Depois do efeito da frase, aduziu:

— Sempre que criticado, eu vou orar para verificar se é verdade ou não. E quase sempre chego à conclusão de que é verdade: 95% das vezes, eles têm razão, e os 5%...

Concluímos que estes 5% seriam as infundadas.

Depois de significativa pausa, continuou:

— Quando moço, nem sempre eu sabia aceitá-la. Magoava-me, sentia-me aborrecido. Vejamos alguns exemplos: no princípio, entusiasmado com a psicografia, recebia quase todos os espíritos que se aproximavam e queriam se servir de minha faculdade.

Há trinta anos, Nilo Peçanha escreveu, por meu intermédio, uma página sobre o momento político em que vivia o País.

Datilografei-a e enviei-a com carinho à Federação Espírita Brasileira. De volta, pelo correio, recebi uma carta do Presidente da instituição, na época, Dr. Guillon Ribeiro, que também dirigia a revista O Reformador, aconselhando-me a não dispor minha faculdade para assuntos desse gênero; na página nada havia de construtivo. Fiquei aborrecido, mas aceitei a crítica do amigo.

Vendo que o ouvíamos atentamente, prosseguiu:

— Mais tarde, recebi Guerra Junqueiro - as poesias estão no “Parnaso”. Entidade culta, barbas longas, olhos penetrantes; foi para mim motivo de muita alegria.

Deteve-se por uns momentos e encarou-nos novamente:

— Mas vejam vocês: certo dia apareceu em Pedro Leopoldo um senhor muito simpático e respeitável. Ele me trancou num quarto e foi enérgico comigo, expondo sua própria opinião:

— Chico, venho pedir-te para que não mais recebas mensagens desse gênero, seja em prosa ou em versos. O Espiritismo não veio para atacar ninguém, a polêmica nada constrói.

Depois de uma pausa o médium continuou:

— Desapontado, orei. Emmanuel manifestou-se confirmando as palavras do visitante:

— Aquele senhor está com a razão.

Chico tomou outro gole de café e falou:

— Guerra Junqueiro procurou-me novamente para escrever. Então falei franco ao espírito: Atacar os padres não, meu amigo, se você quiser escrever sobre outros assuntos, estou às ordens, mas atacá-los, não.
Ao que ele me respondeu:

— Pois, então, Chico, eu não escrevo. Por enquanto, não mudo de opinião. Não sei escrever sem atacar o clero.

O médium concluiu:

— Vejam vocês como as críticas me serviram. Aquele senhor simpático, que me alertou, nunca mais o vi.
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Do Livro "Inesquecível Chico" - Romeu Grini e Gerson Sestini
Capítulo " SOBRE A CRÍTICA "



MENSAGEM DO ESE:
Simplicidade e pureza de coração

Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus. (S. Mateus, cap. V, v. 8.)
Apresentaram-lhe então algumas crianças, a fim de que ele as tocasse, e, como seus discípulos afastassem com palavras ásperas os que lhas apresentavam, Jesus, vendo isso, zangou-se e lhes disse:
“Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reino dos céus é para os que se lhes assemelham. — Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará.” — E, depois de as abraçar, abençoou-as, impondo-lhes as mãos. (S. MARCOS, cap. X, vv. 13 a 16.)
A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda idéia de egoísmo e de orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo que a tomou como o da humildade.
Poderia parecer menos justa essa comparação, considerando-se que o Espírito da criança pode ser muito antigo e que traz, renascendo para a vida corporal, as imperfeições de que se não tenha despojado em suas precedentes existências. Só um Espírito que houvesse chegado à perfeição nos poderia oferecer o tipo da verdadeira pureza. É exata a comparação, porém, do ponto de vista da vida presente, porquanto a criancinha, não havendo podido ainda manifestar nenhuma tendência perversa, nos apresenta a imagem da inocência e da candura. Daí o não dizer Jesus, de modo absoluto, que o reino dos céus é para elas, mas para os que se lhes assemelhem.
Pois que o Espírito da criança já viveu, por que não se mostra, desde o nascimento, tal qual é? Tudo é sábio nas obras de Deus. A criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. Para uma mãe, seu filho é sempre um anjo e assim era preciso que fosse, para lhe cativar a solicitude. Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as idéias de um adulto e, ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado.
Aliás, faz-se necessário que a atividade do princípio inteligente seja proporcionada à fraqueza do corpo, que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito, como se verifica nos indivíduos grandemente precoces. Essa a razão por que, ao aproximar-se-lhe a encarnação, o Espírito entra em perturbação e perde pouco a pouco a consciência de si mesmo, ficando, por certo tempo, numa espécie de sono, durante o qual todas as suas faculdades permanecem em estado latente. É necessário esse estado de transição para que o Espírito tenha um novo ponto de partida e para que esqueça, em sua nova existência, tudo aquilo que a possa entravar. Sobre ele, no entanto, reage o passado. Renasce para a vida maior, mais forte, moral e intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida.
A partir do nascimento, suas idéias tomam gradualmente impulso, à medida que os órgãos se desenvolvem, pelo que se pode dizer que, no curso dos primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, por se acharem ainda adormecidas as idéias que lhe formam o fundo do caráter. Durante o tempo em que seus instintos se conservam amodorrados, ele é mais maleável e, por isso mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa que incumbe aos pais.
O Espírito, pois, enverga temporariamente a túnica da inocência e, assim, Jesus está com a verdade, quando, sem embargo da anterioridade da alma, toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VIII, itens 1 a 4.)



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