“Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento!” – (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XI – Amar o próximo como a si mesmo.)
O Cristo veio à Terra para exortar o homem a dar um passo além de sua própria humanidade.
Nas páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, escreveu o espírito Lázaro: “A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais”.
Este, sem dúvida, é o maior desafio para que o espírito consiga se realizar em plenitude, derrotando, em si mesmo, as forças antagônicas do egocentrismo.
Neste sentido, observamos que o encerrar do espírito em um corpo, através da encarnação, não importando que este corpo seja mais ou menos material, conspira contra a “fusão dos seres”, que, evidentemente, sem que percam consciência de sua individualidade, por mais nada se sintam separados uns dos outros.
Para Deus, que nos ama, todos somos iguais, e não filhos que Ele possa ter gerado com código genético diferente.
Por isso, à medida que o espírito avança na senda do aperfeiçoamento espiritual, ele vai perdendo os sinais indicadores externos de sua personalidade, ultrapassando todos os limites humanos em que cada pessoa é capaz de se reconhecer e ser identificada.
O seu corpo vai se tornando tão diáfano que, de repente, desaparece, e, então, o espírito passa a existir em sua mais pura essência, e, a exemplo de Jesus, tornando-se “Um” com o Pai.
Não há diferença alguma entre as águas de um rio que se derrama nas águas de outro rio, aumentando-lhe o volume, para, irmanados, formarem o oceano.
O ar que se respira em qualquer parte do Planeta, a rigor, sempre possui as mesmas características básicas, não se distinguindo pela sua cor nem pela sua densidade.
Enquanto não nos sentirmos parte de um todo, não compreenderemos que não nos preocuparmos com o todo significa não nos preocuparmos com a parte.
A recomendação do Cristo que, infelizmente, muitos vêm invertendo, não é a de amar a si mesmo para amar o próximo, mas sim a de amar o próximo para amar a si mesmo.
Pensando desta maneira equivocada, a grande maioria imagina que, ao se amar de maneira concreta, pode continuar amando o próximo de maneira abstrata.
E por enquanto, sobre a Terra, há muito mais gente precisando de mão compassiva que de olhar piedoso.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Vinde a Mim”)
MENSAGEM DO ESE:
A nova era
Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.
Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua pureza, não na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.
A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo.
Notável do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o império de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma representação semimaterial, qual a que apresentava então a religião hebraica. Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a idéia de Deus lhes falava ao espírito.
Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de
renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.
São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as idéias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que percorreram as idéias de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas idéias precisam, para atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. — Um Espírito israelita. (Mulhouse, 1861.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 9.)