Nem sempre contamos com o dinheiro necessário ao socorro fraterno na luta material.
Nem sempre dispomos de valores culturais suficientes para o acesso à solução dos mais altos enigmas da vida.
Nem sempre possuímos recursos sociais avançados de modo a estender influências e cooperar, de imediato, em realizações de vulto.
Nem sempre conseguimos entesourar bastante saúde física para mobilizar o corpo terrestre, no rumo dos serviços que desejaríamos executar sem detença.
Mas ninguém vive deserdado da riqueza das horas para consagrar-se ao bem.
O tempo, no fundo, é o talento celeste que o Supremo Senhor derramou, a mancheias, em todas as direções e em favor de todas as criaturas.
Se dispões de uma hora, não lhe percas o sublime valor substancial.
Com ela, é possível a obtenção de novos ensinamentos, o cultivo da fraternidade, a bênção do consolo ao irmão que padece nos braços constringentes da enfermidade, a conversação sadia que ajuda ao próximo necessitado, a escrituração de uma carta amiga e edificante, a plantação de algumas árvores preciosas que, mais tarde, oferecer-te-ão asilo seguro…
Não desperdices o sagrado talento dos minutos, comprando com ele as amarguras da crueldade, os remorsos do crime, as aflições da maledicência ou as espinhosas sementes da leviandade…
Muita gente exige do mundo valiosos cabedais de felicidade, aguardando castelos de abastança e de alegria, mas não se anima a gastar uma simples hora na construção dos alicerces indispensáveis à paz da própria existência.
Não te demores na furna envenenada do tempo perdido…
Não esperes pelo dinheiro ou pelo título acadêmico, pelo poder pessoal ou pelas disposições físicas favoráveis para empreender a bendita romagem de elevação.
O Céu para nós começa na Terra.
Iniciemo-nos na escalada Divina.
Uma frase de compreensão, um sorriso afetuoso, uma prece ou um pensamento de auxílio podem ser os primeiros passos na direção do Paraíso que intentamos atingir.
Não nos esqueçamos do dia que passa, porque neste minuto mesmo brilha o nosso sublime momento de começar a gloriosa ascensão.
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Emmanuel
Chico Xavier
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MENSAGEM DO ESE:
Benefícios pagos com a ingratidão
Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?
Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus. Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento. Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu. Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago. Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.
E sabeis, porventura, se o benefício momentaneamente esquecido não produzirá mais tarde bons frutos? Tende a certeza de que, ao contrário, é uma semente que com o tempo germinará. Infelizmente, nunca vedes senão o presente; trabalhais para vós e não pelos outros. Os benefícios acabam por abrandar os mais empedernidos corações; podem ser olvidados neste mundo, mas, quando se desembaraçar do seu envoltório carnal, o Espírito que os recebeu se lembrará deles e essa lembrança será o seu castigo. Deplorará a sua ingratidão; desejará reparar a falta, pagar a dívida noutra existência, não raro buscando uma vida de dedicação ao seu benfeitor. Assim, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu adiantamento moral e vireis a reconhecer a exatidão desta máxima: um benefício jamais se perde. Além disso, também por vós mesmos tereis trabalhado, porquanto granjeareis o mérito de haver feito o bem desinteressadamente e sem que as decepções vos desanimassem.
Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele.
— Guia protetor. (Sens, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 19.)
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Só
Muito dificilmente, hás de encontrar alguém que te comungue os mesmos ideais de vida e te partilhe idênticas aspirações de ordem espiritual.
Quase sempre, este ou aquele no qual venhas a vislumbrar alguma possibilidade de mais ampla adesão aos teus propósitos de servir acaba por demonstrar interesses que não coincidem exatamente com os teus.
Outro no qual depositavas a tua esperança de companheirismo na jornada, após acenar-te de maneira promissora, termina se afastando, por não suportar-te o intenso ritmo de trabalho.
Mais outro, em determinado lance decisivo da tarefa empreendida em comum, sentir-se-á atraído para diferente situação, incapaz de a ela renunciar para continuar ombreando contigo.
Não te esqueças de que o Cristo, embora contando com a presença de doze companheiros no Apostolado do Evangelho nascente, de nenhum deles, esperou contar com apoio incondicional, visto que, nas horas mais difíceis do testemunho, Ele sempre esteve sozinho.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli - do livro "Amai-vos uns aos outros")
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