segunda-feira, 19 de abril de 2021

RETOMANDO AS OBRIGAÇÕES DIÁRIAS...


(...)

Abençoemos a dificuldade que nos impõe a renovação dos pensamentos e agradeçamos a dor que nos desperta na direção dos cimos da vida e, confiantes, retomemos o curso das obrigações que nos competem, na certeza (...) de que sem o sofrimento a nossa alma não ultrapassaria a condição da pedra.

Quando o termômetro das nossas necessidades acusa graus de elevação, nossos sentimentos como que se fortalecem no roteiro para o Céu. As mágoas do mundo abrandam-nos a natureza e os golpes da marcha, muitas vezes, abrindo chagas em nossos corações, nos modificam o íntimo para a Luz Suprema.
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Livro: Bastão de Arrimo
Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito William, organizado por Geraldo Lemos Neto
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MENSAGEM DO ESE:

Progressão dos mundos

O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento.
Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa idéia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam! Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus. 

– Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, item 19.)

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Notícias de Jonas


Jonas o profeta, descansava, enfim, na deleitosa paisagem.

Levantara cabana tosca, a oeste de Nínive, e ali, diante do céu e da natureza, preferia o silêncio ao burburinho dos homens.

Sentia-se triste, desenganado, e ruminava impropérios contra o próprio Senhor.

Contemplando o casario distante, na aragem do crepúsculo, recordava o início do ministério em que se presumia fracassado.

Vivia calmo - pensava, vivia calmo e sem atrito. Adorava as oliveiras do velho sítio, tangia, feliz, seu rebanho de cabras. O anonimato garantia-lhe o sossego do prato sem problemas.

O Senhor, porém, surgira-lhe à visão e tudo se alterara. A palavra dele irrompia-lhe nos ouvidos, em qualquer lugar e a qualquer hora. Se fosse apenas o prazer de ouvi-lo... Mas o Senhor queixava-se de Nínive e incumbia-o de severa advertência. Cabia-lhe a obrigação de avisar os ninivitas de que lhes destruiria a cidade, como se ateia fogo num campo invadido de pragas. Que Jonas falasse, gritasse, anunciasse, predissesse. A medida poderia afastar os moradores que desejassem purificar o coração e melhorar a vida. Entretanto, ele, Jonas, não ignorava que o Senhor sempre fora profundamente compassivo. Conquanto lhe respeitasse as determinações, temia interferir em assunto assim tão grave. E se houvesse contra-ordem? E se alguma deliberação nova poupasse os condenados? Melhor a indicação de outra pessoa. Alguém de caráter maleável, sem brio suficiente para sofrer com a probabilidade do retrocesso. Receando desmoralizar-se, fugiu, resoluto. Desceu para Jope e tomou embarcação para Társia, mas, em viagem, sobreviera a tempestade e temera. No auge da tormenta, declarou aos tripulantes que, decerto, estaria na presença dele a causa do temporal que parecia inamainável. Desobedecera à voz do Alto. Fizera-se passível de austera punição. Amedrontados, os remadores atiraram-no às ondas. Debatendo-se no abismo, arrependera-se da deserção e prometeu cumprir o mandato com rigor. Veneraria a benignidade do Trono Eterno e transmitiria a mensagem fielmente. O Senhor escutou-lhe a petição e despachou recursos que o salvassem. Vira-se arrebatado ao torvelinho voraginoso e conduzido à praia com segurança. Renovado e confiante, efetuara três dias de marcha laboriosa e, alcançando Nínive, entregou-se aos sombrios vaticínios. Mais quarenta dias e a cidade seria aniquilada. O povo ninivita acreditou nele e, a partir dos maiorais, penitenciou-se em pranto de sincera compunção, suplicando socorro à Bondade Celestial. Preces coletivas e piedosas realizações foram feitas. O Senhor enternecera-se e, tomado de compaixão, absolvera a cidade, conferindo-lhe aos habitantes novos recursos de trabalho e corrigenda.

Justamente por isso, achava-se, ali, sozinho e desapontado.

Ferido no amor próprio, demandara o retiro agreste para forrar-se ao sarcasmo da via pública.

Tanto chorou, naquele ocaso cinzento, confessando a si mesmo invencível desânimo, que o Senhor se dispôs a visita-lo e, ao vê-lo moralmente surdo e cego de indignação e amargura, brindou-lhe a choça com uma semente de aboboreira.

A breve espaço, Jonas descobriu a plantinha nascente e embeveceu-se. Consagrou-se a ela com paternal carinho. A trepadeira cresceu, viçosa, e abraçou-lhe o casebre. Assemelhava-se a bela coroa verde a defende-lo contra o sol, fazendo-o esquecer todas as mágoas.

No entanto, quando o profeta se revelava mais devotado ao seu passatempo, surge o imprevisto. Grande rato dilapidou as raízes do lindo ornato e as ramas secaram-se, de chofre.

Jonas, irado, afundou-se no desespero.

Amava a planta, dedicara-se inteiramente a ela. Porque a destruição, porque a ruína?

Arremessando os punhos na própria cabeça, esbravejava contra a canícula e, afagando folhas mortas, perguntava, em lágrimas: “porquê? porquê”?

Foi então que o Senhor lhe apareceu, plenamente materializado, e falou, conciso:

_ Ah! Jonas, consideras-me covarde, por exercitar a misericórdia, e apaixonas-te, desta forma, por uma aboboreira, da qual desconheces a formação, em cujo desenvolvimento não trabalhaste, que nasceu numa noite e que, num dia, pereceu? Choras amargamente por um simples vegetal, tentando recupera-lo e não me permites qualquer compaixão por Nínive, onde estão mais de cento e vinte mil homens, ainda fracos e ignorantes, e que, por enquanto, não sabem discernir a mão direita da mão esquerda?

Assim termina a saborosa narração do Velho Testamento. E, ao relê-la, pensamos em muitos religiosos da Terra que se fazem censores dos irmãos em dificuldades para assimilar os talentos da fé, a exigirem que o Senhor lhes destrua a existência, mas profundamente agarrados às suas comodidades e às suas abóboras.
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pelo Espírito Irmão X - Do livro: Contos Desta e Doutra Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier






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