Não te proclames inútil
Porque te falte vintém.
O amor espontâneo e puro
É a fonte de todo o bem.
Se o desejo de ajudar
É a força com que te afinas,
Resguarda-te na humildade,
Olha as coisas pequeninas.
Toda delonga no auxílio
É como luz que se atrasa;
Na exaltação do melhor,
Começa da própria casa.
À queixa dos entes caros,
Traze a bênção da esperança:
Suporta com paciência
O choro de uma criança.
Se um parente vive errado,
Dá-lhe à vida, estranha e louca,
A prece no sentimento
E a caridade na boca.
Lava o prato que te serve,
Compõe a roupa da mesa,
Toma a vassoura e protege
A formação da limpeza.
Na indiferença da rua,
Por mais pressa em teu caminho,
Estende o braço ao enfermo
Que segue triste e sozinho.
Atravessando a calçada,
Coopera em favor do asseio
E desloca todo entrave
Que perturbe o passo alheio.
Estira a semente amiga
No extenso lençol do chão,
Envolvendo a própria estrada
Em vida, perfume e pão.
Articula, onde estiveres,
Verbo doce e cristalino.
Duas frases de bondade
Elevam qualquer destino.
Não olvides que Jesus,
O Mestre da Redenção,
Trouxe a luz do Céu à Terra
No ouro do coração.
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Casimiro Cunha
Chico Xavier
MENSAGEM DO ESE:
A lei de amor
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra — amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.
Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. — Lázaro. (Paris, 1862.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 8.)
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