sábado, 20 de maio de 2017

Autoconhecimento


Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida é resistir ao arrastamento do mal?
- Um sábio da antiguidade vos disse: Conheça-te a ti mesmo.
(“O Livro dos Espíritos” questão 919)

Sem dúvida, autoconhecer-se é constatar a sua essência espiritual e a sua origem Divina; em outras palavras, autoconhecer-se é tomar consciência do seu Deus, interno, vivendo em perfeita integração consigo mesmo...

Quem procura autoconhecer-se despreza o que é transitório, porquanto verifica que a matéria está sujeita a ininterruptas transformações; quem se esforça pelo autoconhecimento exercita o desapego, não valorizando aquilo que se constitui em elemento gerador de karma negativo.

O espiritismo, revivendo o evangelho, ensina o homem a autoconhecer-se através do próximo; o próximo é o seu laboratório na tarefa de mergulhar mais profundamente na própria intimidade.
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Os que se isolam, fugindo ao contato social, aspirando a uma ascese solitária, não logram o seu intento, por quanto o próximo é o estimulo externo que lhe põe à mostra o interior, lhes possibilitando o aperfeiçoamento das qualidades e o combate sistemático às deficiências.

Quem vive disperso de si mesmo não se descobre, e consequentemente, não reverencia a vida; quem não se ama, com certeza, não amará aquele com os quais foi chamado a viver...
Sócrates, a quem se atribuiu a frase em questão – “Conhece-te a ti mesmo”

Através da chamada maiêutica, induzia a todos a tomarem consciência da verdade que existe no âmago de cada ser; quando questionado, questionava e, das abordagens mais simples, chegava
às verdades mais complexas. E, porque libertava pensamento foi condenado à cicuta.

Jesus afirmava que o reino de Deus se encontrava dentro de cada um e concitava os homens a que
fizessem resplandecer a própria luz; “sede perfeitos como perfeito é o pai celestial”  – exortava-nos a todo instante. E porque ensinou o caminho, foi morto na cruz A introspecção para o autoconhecimento só é válida quando o homem se dispõe, após, a descentrar-se, ou seja, projetar-se para fora no anseio de elevar-se...

Deus, Senhor do conhecimento perfeito, exteriorizou-se na criação – não quis bastar-se a si mesmo, não desejou ficar sozinho...

O autoconhecimento que gera o egoísmo é perturbação; os que sobem a montanha e não descem para contatar os que permanecem no vale, ignorando a própria realidade, não se posiciona na altura
em que se creem.

Os grandes luminares da espiritualidade, com o propósito de mais ascender, tomam a iniciativa de se corporificarem no Planeta – é da lei:
Mais possui quem mais abre mão do que tem; mais é quem mais aspira ao não ser...
Constatando a sua essência espiritual, o homem avança vertiginosamente na escala de valores em que a vida se estrutura, porque não valoriza o desejo – segundo Buda, o móvel de todo sofrimento humano.

Neste sentido, uma vez mais apontaríamos a solidariedade, ou seja, a vivência do amor na pratica da caridade , como sendo para a criatura o melhor exercício de autoconhecimento, porquanto na ação infatigável do Bem, o homem estará sempre em contato consigo mesmo, com o próximo e, consequentemente, com Deus lhe intermediando os atributos e as atitudes.

A reflexão, originária da leitura edificante e da prece, é, sem dúvida, importante, todavia não passa de experiência teórica não sancionada pelo exemplo. Ninguém se autoconhece sem o concurso das próprias mãos mergulhadas na ação transformadora do mundo!
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Irmão José
Carlos A Baccelli

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A Função da Dor




*Deus ama a todos os Seus filhos igualmente, mas, é justamente por amar,
que Ele permite a dor para que a evolução se realize.

A dor traz despertamento interior, levando o ser, em qualquer estágio
evolutivo em que se encontre, a buscar corrigir em si próprio aquilo que
precisa ser melhorado.

Ninguém veio a este mundo para sofrer. Contudo, se passas por momentos
dolorosos, se tens uma existência repleta de dificuldades ou aflições,
naturalmente é por resultado da tua própria imperfeição.

Deus, na Sua Onipotência e Onisciência, jamais condenaria um filho Seu ao
sofrimento, apenas com o intuito de puni-lo. Ninguém, em sã consciência,
castigaria uma criança por ainda não saber agir como um adulto. Cada um a
seu tempo e do modo que puder, conseguirá, aos poucos, renovar-se para
melhor e vencer as próprias fraquezas, inseguranças e outras imperfeições.

A dor é o santo remédio que o Pai, por Sua Misericórdia, a todos nós
oferece para que tenhamos "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir", diante das
situações da vida que nos impulsionem a uma renovação de atitudes e,
consequentemente, a um crescimento interior.

A evolução do espírito se faz por meio de lutas, de esforço constante, de
superação das dificuldades, mas também da aquisição de virtudes, a fim de
que se consiga transformar em bem, o que estaria sendo um mal dentro de nós
mesmos.

Não te atormentes, pois, filho querido, se a vida, hoje, para ti se faz tão
difícil! Seca as tuas lágrimas, apazigua o teu coração, reveste-te de
paciência e de coragem. Buscando dentro de ti mesmo uma vontade imensa de
crescer, encontrarás a humildade suficiente para tudo aceitar e suportar
sem revolta, confiante de que tudo são nuvens passageiras. Reconhecerás,
com certeza, que a dor que possas estar atravessando, são ensinamentos
preciosos que te proporcionarão uma vida futura melhor.

Algo, certamente, ainda precisas aprender. Analisa a ti mesmo e perceberás
o que em ti precisa ser modificado. E, acima de tudo, reconhecerás que a
função da dor, é a de ensinar-nos a amar.

*"Mas se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus
nesta parte."*

*(I Pedro, 4:16)*
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*(Do livro **"Na Educação da Alma"** - Espírito Irmã Maria do Rosário /
Médium Lúcia Cominatto).*



quinta-feira, 18 de maio de 2017

Filhos


Se o direito é campo de elevação, aberto a todos os espíritos, o dever é zona de serviço peculiar a todos os seres da Criação.
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Não somente os pais humanos estão cercados de obrigações, mas igualmente os filhos, que necessitam vigiar a si mesmos, com singular atenção.
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Quase sempre a mocidade sofre de estranhável esquecimento.
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Estima criar rumos caprichosos, desdenhando sagradas experiências de quem a precedeu, no desdobramento das realizações terrestres, para voltar, mais tarde, em desânimo, ao ponto de partida, quando o sofrimento ou a madureza dos anos lhe restauram a compreensão.
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Os filhos estão marcados por divinos deveres, junto daqueles aos quais foram confiados pelo Supremo Senhor, na senda humana.
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É indispensável prestar obediência aos progenitores, dentro do espírito do Cristo, porque semelhante atitude é justa.
Se muitas vezes os pais se furtam à claridade do progresso espiritual, escolhendo o estacionamento em zonas inferiores, nem mesmo nas circunstâncias dessa ordem seria razoável relegá-los ao próprio infortúnio.
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Claro está que os filhos não devem descer ao sorvedouro da insensatez ou do crime por atender-lhes aos venenosos caprichos, mas encontrarão sempre o recurso adequado para retribuírem aos benfeitores os inestimáveis dons que lhes devem.
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Não nos esqueçamos de que o filho descuidado, ocioso ou perverso é o pai inconsciente de amanhã e o homem inferior que não fruirá a felicidade doméstica. 
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Emmanuel
Chico Xavier


quarta-feira, 17 de maio de 2017

A Escolha do representante


Thomas Forster, o médium principal da instituição espírita em Washington, era um veterano exigente.

Desejava enviar um representante do grupo a certo movimento de estudos doutrinários a realizar-se em Chicago, mas não queria fazê-lo sem minuciosa seleção.

– Quero um elemento puro, absolutamente puro, um cristão perfeito, se pudermos classificá-lo assim – dizia, agitando o dedo em riste, lembrando batuta em mãos de maestro nervoso.
– Mas você – falava Boland, o companheiro mais íntimo – não pode pedir o impossível. Os espíritas são homens e mulheres fazendo força na própria melhoria moral. Procuraremos um companheiro de hábitos simples, mas sem a preocupação de santidade.
Forster ria amarelo, mas não dava braços a torcer.
– Pode ser exigência minha, mas não mandaremos companheiro algum dos que eu conheça.

E num rasgo de rigorismo:

– Nem mesmo eu me considero apto. Lido com muitos negócios materiais e quero que a nossa casa se represente em Chicago por um espírita-cristão completo. Humilde, alfabetizado, amante dos sofredores e absolutamente arredado de todas as ilusões da Terra…
– Muito difícil – observava Boland, sorrindo -, onde encontrar essa ave rara, se estamos longe do Céu?

Forster lembrou que, durante quatro domingos consecutivos, enquanto pregava o Evangelho vira na última fila um homem de aspecto simpático, que não conhecia. Trajava-se com simplicidade, sem ser relaxado, mostrava olhar sereno, tipo evidentemente ponderado e esquivo a qualquer conversação ociosa.

Após ligeiro comentário, concluiu:

– Parece-me o homem ideal; se for um espírita de convicção, pelos modos que demonstra, será o representante adequado…

Combinaram, assim, ouvi-lo na próxima sessão domingueira.
No dia aprazado, lá estava o assistente desconhecido.
Enquanto Forster falava, Boland aproximou-se dele e pediu-lhe alguns minutos de atenção para depois.
E, finda a preleção, os dois amigos abeiraram-se dele.
À primeira indagação que lhe foi atirada, respondeu, calmo:

– Sim, estou fazendo o que posso para ser espírita.

Forster continuou perguntando e ele prosseguiu respondendo:

– O irmão tem vida mundana ativa?
– Quem sou eu, meu amigo? Ando em luta contínua…
– Mas dedica-se aos sofredores?
– Tenho a vida entre os que choram.
– Escolheu, assim, o caminho da caridade cristã?
– Como não, meu amigo? Ouvir aflições e estar com os necessitados de conforto é meu simples dever…
– E ajuda a todos, em sua noção de serviço social?
– Devo servir a todos… ricos e pobres, justos e injustos, moços e velhos. Não posso fazer distinção.
Encantado, o velho Thomas inquiriu, ainda:
– E o irmão procede assim espontaneamente?

O desconhecido sorriu e acentuou:

– Ah! Até certo ponto… Se eu pudesse cultivaria minhas festas e me afastaria, pelo menos um pouco, de tantos sofrimentos e tantas lágrimas!…

Foi então que Forster veio a saber que o homem trabalhava no antigo Fort Lincoln e desempenhava as funções de coveiro.
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Hilário Silva 
Waldo Vieira   

terça-feira, 16 de maio de 2017

Procuremos o Bem

 
Procura o Bem, acima de tudo, para que te não falte luz ao caminho.

  Todo mal é sombra e toda sombra obscurece.

  A roseira espinhosa produz essências raras.

  A pedra contundente garante a base firme.

  Os detritos do solo são adubos que se fazem ingredientes do pão.

  O remédio amargo, muitas vezes, é o grande fator da cura.

  Caminha buscando o melhor para que o melhor te favoreça.

  Por enquanto não existem na Terra santos e heróis sem defeitos, como não existem pecadores e réus sem virtudes.

  Basta que invoques a bondade dos outros, usando a bondade que te é própria, para que a bondade se faça sentir onde estiveres.

  Não te detenhas na censura ou na dissensão.

  O vinagre da crítica conserva os pomos envenenados da discórdia e o atrito inútil é perda irreparável do tempo.

  Vale-te do companheiro de ideal e trabalho, no nível de compreensão em que te possa ajudar.

  Não exijas flores do pedregulho, nem reclames uvas do espinheiro, mas ajuda-os, quanto possas, com os recursos que a vida te oferta para que os teus dias não se façam poeira e desilusão.

  Segue auxiliando e auxilia amando sempre.

  O amor é a chave milagrosa que, talhada no ouro da humildade e da renúncia, pode abrir, em teu benefício, todas as portas, pela conjugação do verbo servir.

 E, servindo com Jesus, compreender-lhe-ás os excelsos objetivos.

  “Eu não vim destruir a lei” — disse-nos o Senhor. (Mt)

  E, ouvindo-lhe a advertência, não precisaremos arrasar ou ferir, mas cooperar, incessantemente, para que a vida possa reconstruir a si mesma, em perene ressurreição.
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Emmanuel 
Chico Xavier 




segunda-feira, 15 de maio de 2017

Cuide do que é seu!




Picolino andava triste. Sua cantina, que servia as melhores cenouras da cidade, não andava nada bem.

E aquele coelho, que sempre fora tão esperto, agora reclamava:

- Não consigo entender. A minha cantina vivia lotada, e agora... nada!

Preocupado, Picolino foi procurar um conselheiro.

Seu Sabichão, pato danado de inteligente, depois de ouvir Picolino com atenção, pegou um pedaço de papel, escreveu algumas palavras, dobrou-o bem dobradinho, colocou-o em um saquinho e entregou-o a Picolino, dizendo-lhe:

- Percorra a sua cantina três vezes ao dia, durante um mês, segurando esse saquinho.

Cheio de esperança, Picolino traçou uma rotina: de manhã iria à horta, de tarde visitaria a cozinha e de noite iria ao salão. E assim fez.

Na horta, encontrou a plantação descuidada, enquanto o coelho contratado para cuidar dela tirava uma soneca. Picolino acordou o dorminhoco e pediu-lhe que cuidasse das cenouras.

Na cozinha, viu que a cozinheira desperdiçava alimentos. Com jeitinho, pediu-lhe que arrumasse tudo e, depois, ensinou-lhe a melhor forma de preparar os pratos da cantina.

No salão, viu os fregueses sendo mal atendidos e reclamando da demora... Atencioso, Picolino foi atendê-los pessoalmente para ensinar aos garçons como é que se fazia.

Todo santo dia fazia essa rotina com o saquinho na mão. Depois de um mês, que sucesso! A cantina parecia outra.

Feliz, Picolino foi encontrar-se com Seu Sabichão e perguntou-lhe se podia ficar com o saquinho, pois sua cantina estava indo tão bem que ele tinha medo de separar-se do amuleto.

Seu Sabichão, divertido, abriu o saquinho, pegou o papel e entregou-o a Picolino, dizendo-lhe:

- Se você não se esquecer do que está escrito nesse papel, esse amuleto será sempre seu.

Curioso, Picolino abriu o papel e leu: "Se quiser que as coisas melhorem, acompanhe-as constantemente."

Meio sem jeito, Picolino dobrou o papel, colocou-o no bolso, agradeceu a Seu Sabichão e nunca mais deixou de acompanhar pessoalmente os trabalhos na sua cantina.
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Parábolas do Mundo Inteiro
Para Jovens e Crianças
Dr. Lair Ribeiro - Editora Leitura