quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Compaixão



Ter compaixão é possuir um entendimento maior das fragilidades humanas.
É quando nos tornamos mais realistas, menos exigentes e mais flexíveis com as dificuldades alheias.

Compaixão - manifestação de um coração aberto.
"Há mais felicidade em dar que em receber."1
De bem-aventurado vem a palavra beato - do latim beatus, que significa "feliz".

Beatificar alguém é declará-lo na plenitude da felicidade;
por isso é que chamamos comumente de venturosas as pessoas felizes.
Cristo usava com frequência essa forma literária em seus discursos:
"Bem-aventurados são aqueles que...".

Essas bem-aventuranças eram e são a fórmula que o Mestre Jesus recomendava para conquistar a verdadeira felicidade ou para alcançar uma vida plena.

Ter compaixão é possuir um entendimento maior das fragilidades humanas.
É quando nos tornamos mais realistas, menos exigentes e mais flexíveis com as dificuldades alheias.

Se quisermos a paz do mundo, sejamos pessoas felizes.
O bem-aventurado é um agente da paz, pois as criaturas maduras possuem uma compassiva "noção de vida".

Por isso, afirmam os Espíritos Benevolentes:
"(...) aquele que vê claramente as coisas tem uma ideia mais justa do que o cego.
Os Espíritos vêem o que não vedes; eles julgam, pois, de outro modo que vós, mas, ainda uma vez, isto depende da sua elevação."2

Ao abrirmos o coração para alguém, vivenciamos uma forma de empada — sentimos o que ele sentiria caso estivéssemos vivenciando a sua situação.

Isso é uma questão de ressonância.
Só podemos apoiar e cooperar se nossos estados interiores forem sensibilizados;
apenas podemos compartilhar a alegria ou a tristeza de alguém se elas também nos tocarem.

Se não nos permitimos sentir medo, amor, tristeza ou alegria, não podemos reagir a esses sentimentos diante das pessoas e podemos até duvidar de que elas os estejam experimentando.

Compaixão está associado a empatia.
Perde o bom senso quem não estabelece limites nos bens que vai dar ou receber.
Alguns de nós fazemos favores ou concedemos benefícios aos outros sem critério ou fundamentação alguma.

No entanto, empatia não é medir ou julgar alguém por nós.
Não é nos colocarmos no lugar da criatura e ficarmos ilusoriamente imaginando seu sofrimento.
Empatia é o contacto directo do nosso coração com o coração de outro ser humano.

A ajuda verdadeiramente sapiencial é aquela que permite que as pessoas à nossa volta aprendam a se desenvolver, solucionando suas dificuldades por si mesmas.

O ser compassivo não invade a vida alheia.
Os indivíduos só mudam quando estão prontos para mudar.
Algumas religiões podem distorcer nossa concepção de mundo, utilizando a culpa ou o fanatismo como forma de nos controlar ou de nos forçar a doar coisas.

A viseira do emocionalismo pode nos levar à frustração e ao desapontamento.
Podemos ser coagidos a conceder benefícios ou participar de doações materiais, usando uma forma distorcida de compaixão.

Muitos de nós nos doamos porque esperamos receber em troca atenção e respeito de outras pessoas.
Isso não é ajuda real nem mesmo está unido ao amor; mais se assemelha a uma forma de barganha, seguida de eternas cobranças.

Para que possamos cooperar efectivamente com alguém, é preciso abrirmos mão de nossa arrogância salvacionista, a de acreditar que a redenção das almas que amamos depende, única e exclusivamente, de nosso desempenho e de nossa dedicação.

Cada pessoa é uma obra-prima de Deus e, quando subestimamos a força divina que há no outro, nossos relacionamentos ficam anémicos e áridos.

A compaixão salvaguarda a liberdade de sentir, pensar e agir.
Os bem-aventurados aos quais se referia Jesus são felizes porque reconheceram que não devem viver de forma ególatra;
devem viver, sim, uma existência de auxílio a si mesmos e ao bem comum.

Compaixão é o desenvolvimento do sentimento de fraternidade que move o ser fraterno a ter uma noção ética com vistas à integração e à solidariedade entre as pessoas.

Os Espíritos têm do presente uma ideia mais precisa e mais justa que nós?

"Do mesmo modo que aquele que vê claramente as coisas tem uma ideia mais justa do que o cego.
Os Espíritos vêem o que não vedes; eles julgam, pois, de outro modo que vós, mas, ainda uma vez, isto depende da sua elevação."
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1 Actos, 20:35
2 Questão 241
OS PRAZERES DA ALMA - HAMMED / FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO






MENSAGEM DO ESE:

Bem-aventurados os aflitos. Justiça das aflições


Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. — Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. — Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, vv. 5, 6 e 10.)


Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. — Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. — Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 20 e 21.)


Mas, ai de vós, ricos que tendes no mundo a vossa consolação. — Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 24 e 25.)


Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso; mais ainda: seriam um engodo. 

Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. 
Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens 1 a 3.)

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