quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

É dando que se recebe




A visão filosófica de Francisco de Assis é profundamente importante, permitindo-nos a compreensão maior do modo como ele viveu pelos caminhos do mundo.

O missionário incomparável lançou mão de instrumentos de vida muito especiais, como as coisas simples de seu tempo.

A percepção íntima de que, em última análise, ninguém é possuidor de coisa alguma no mundo das formas físicas, levou-o a continuadas renúncias e a uma viagem fundamental para dentro de si.

No íntimo de seu ser, encontrava a orientação segura de Jesus a propor que procurasse conquistar a si mesmo, pois aí estaria a riqueza verdadeira, a que não pode ser usurpada por nenhum gatuno, que nenhuma traça pode corroer e que não é consumida pela oxidação.

Entendia isso e percebia como são fugazes os haveres materiais. Como são perecíveis. Como são temporais. Tudo é extremamente vulnerável à ação indomável do tempo.

O pobrezinho de Assis nos clareia os caminhos, mostrando que devemos buscar sempre, em primeiro lugar, valores que pulsem no meio dessa atemporalidade.

O que pertence à alma é aquilo que essa alma pode conduzir consigo, onde quer que vá, onde quer que esteja.

Os únicos valores passíveis de impregnar a alma, tornando-se sua parte constitutiva, como brilho, cor, realidade, decorrem da frequência intensa, desenvolvida através do comportamento individual.

Na conclusão filosófica do jovem de Assis, é dando que se recebe, não registramos nenhuma referência a qualquer coisa material, mas às doações da alma.

É assim que, pelas leis da sintonia, da reciprocidade, ou de causa e efeito, concluiu que o que parte de nós é, de fato, o que a nós retorna.

A sementeira é sempre livre, mas a colheita é obrigatória.

Na figura apresentada por Jesus, o que se oferece ao solo, o solo devolve, ampliado, renovado, sejam aromas de flores, sejam espinhos.
* * *
Semeemos simpatia, e a teremos de volta. Espalhemos farpas e as veremos de retorno.

Distribuamos esperança e nós veremos esperançados. Semeemos agonia, e poderemos contar com a ação do desespero, logo mais.

Ofertemos nosso tempo precioso para atender ao próximo, e veremos que as preocupações do nosso próprio coração também estarão sendo atendidas.

Doemos nosso sorriso ao mundo e o mundo, dentro de nós, sorrirá satisfeito.

Perdoemos aquele familiar que falhou conosco mais uma vez, e perceberemos que, quando nós errarmos, encontraremos mais facilmente o auto perdão.

Semeemos a paz, o otimismo, em meio ao negativismo viciante dos dias atuais, e colheremos tranquilidade em meio ao caos, silêncio em meio à balbúrdia ensurdecedora.

É dando que se recebe. É dando-nos, doando-nos que receberemos a recompensa da consciência pacificada, cumpridora de todos os deveres para com Deus, o próximo e a nós mesmos.

Amemos e nós estaremos amando. Perdoemos e estaremos nos perdoando. Doemos e já estaremos recebendo.

Experimentemos a doce exortação de Francisco de Assis e nos sintamos em paz, desde agora.
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Redação do Momento Espírita, com base no cap.20
do livro A carta magna da paz, pelo Espírito Camilo,
psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.-
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Pesquisa e formatação : MILTER- 01-12-2019




MENSAGEM DO ESE:

Eficácia da prece

Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e concedido vos será o que pedirdes. (S. MARCOS, cap. XI, v. 24.)

Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expor-lhas. E acrescentam os que assim pensam que, achando-se tudo no Universo encadeado por leis eternas, não podem as nossas súplicas mudar os decretos de Deus.

Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe caberia curvar a cabeça ao jugo dos acontecimentos, sem cogitar de evitá-los; não devera ter procurado desviar o raio. Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo. Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, conseqüências subordinadas ao que ele faz ou não. Há, pois, devidos à sua iniciativa, sucessos que forçosamente escapam à fatalidade e que não quebram a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo. Possível é, portanto, que Deus aceda a certos pedidos, sem perturbar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.

Desta máxima: “Concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece”, fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para nosso bem. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, itens 5 a 7.)



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