sábado, 5 de maio de 2018

SEMENTEIRA E COLHEITA


Certo homem, enredado no vício da embriaguez, era frequentemente visitado por generoso amigo espiritual que lhe amparava a existência.

- Arrepende-te e recorre à Bondade Divina! – rogava o benfeitor  quando o alcoólatra se desprendia parcialmente do campo físico, nas asas do sono. – Vale-te do tempo e não adies a própria renovação! Um corpo terrestre é ferramenta preciosa com que a alma deve servir na oficina do progresso. Não menosprezes as próprias forças!...

O infeliz acordava, impressionado. Rememorava as palavras ouvidas, tentava mentalizar a formosura do enviado sublime e, intimamente, formulava o propósito de regenerar-se.

Todavia, sobrevindo a noite, sucumbia de novo à tentação.

Embebedando-se, arrojava-se a longo período de inconsciência, tornando ao relaxamento e à preguiça.

Borracho, empenhava-se tão-somente em afogar as melhores oportunidades da vida em copinho sobre copinho.

Entretanto, logo surgia alguma faixa de consciência naquela cabeça conturbada, o mensageiro requisitava-o, solícito, recomendando:

- Atende! Não fujas à responsabilidade. A passagem pela Terra é valioso recurso para a ascensão de espírito... O tempo é um crédito de que daremos conta! Apela para a compaixão do senhor! Modifica-te! modifica-te!...

O mísero despertava na carne, lembrava a confortadora entrevista e dispunha-se ao reajustamento preciso: no entanto, depois de algumas horas, engodado pelos próprios desejos, caía novamente na zona escura.

Ébrio, demorava-se meses e meses na volúpia do auto-esquecimento.

Contudo, sempre aparecia um instante de lucidez em que o companheiro vigilante interferia.

Novo socorro do Céu, novas promessas de transformação e nova queda espetacular.

Anos e anos foram desfiados no milagroso novelo do tempo, quando o infortunado, de corpo gasto, se reconheceu enfermo e abatido.

A moléstia instalara-se, desapiedada, na fortaleza orgânica, inclinando-lhe os passo para o desfiladeiro da morte.

Incapaz de soerguer-se, o doente orou, modificado.

Queria viver no mundo e, para isso, faria tudo por recuperar-se.

Em breves segundos de afastamento do estragado veículo, encontrou o divino mensageiro e, ajoelhando-se, comunicou:

- Anjo abnegado, transformei-me! sou outro homem... Estou arrependido! Reconheço meus erros e tudo farei para redimir-me... Recorro à piedade de nosso Pai Todo-Compassivo, de vez que pretendo alcançar o futuro na feição do servidor desperto para as elevadas obrigações que a vida nos conferiu...

O protetor abraçou-o, comovidamente, e, enxugando-lhe as lágrimas, rejubilou-se, exclamando:

- Bem-aventurado sejas! Doravante, estarás liberto da perniciosa influência que até agora te obscureceu a visão. Abençoado porvir sorrirá ao teu destino. Rendamos graças a Deus!

O doente retomou o corpo, de coração aliviado, com a luz da esperança a clarear-lhe a alma.

Mas os padecimentos orgânicos recrudesciam.

A assistência médica, aliada aos melhores recursos de enfermagem, revelava insuficiência para subtrair-lhe o mal-estar.

Findos vários dias de angustiosa dor, entregou-se à prece com sentida compunção e, amparado pelo benfeitor invisível, achou-se fora da carne, em ligeiro momento de alívio.

- Anjo amigo – implorou -, acaso o Todo-Bondoso não se compadece de mim? estou renovado!... alterei meus rumos! porque tamanhas provas?

O guardião afagou-o, benevolente, e esclareceu:

- Acalma-te! o sincero reconhecimento de nossas faltas é força de limitação do mal em nós e fora de nós, qual medida que circunscreve o raio de um incêndio, para extinguí-lo pouco a pouco, mas não opera reviravoltas na Lei. O amor infinito de Deus nos descerra fulgurantes caminhos à própria elevação; todavia, a justiça d’Ele determina venhamos a receber, invariavelmente, segundo as nossas obras. Vale-te do perdão divino que, por resposta do Senhor às tuas rogativas, é agora em tua alma anseio de reajuste e com renovador, mas não olvides o dever de destruir os espinhos que ajuntaste. O arrependimento não cura as afecções do fígado, assim como o remorso edificante do homicida não remedeia a chaga aberta pelo golpe da lâmina insensata!... Aproveita a enfermidade que te purifica o sentimento e usa a tolerância do Céu como novo compromisso de trabalho em favor de ti mesmo!...

O doente desejou continuar ouvindo a palavra balsamizante do amigo celeste... A carne enfermiça, porém, exigiu-lhe a volta.

Contudo, recompondo-se mentalmente no corpo fatigado, embora gemesse sob a flagelação regeneradora, chorava e ria, feliz.
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pelo Espírito Irmão X - Do livro: Estante da Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier.




MENSAGEM DO ESE:
Haverá casos em que convenha se desvende o mal de outrem?

É muito delicada esta questão e, para resolvê-la, necessário se torna apelar para a caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só a ela prejudicam, nenhuma utilidade haverá nunca em divulgá-la. Se, porém, podem acarretar prejuízo a terceiros, deve-se atender de preferência ao interesse do maior número. Segundo as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode constituir um dever, pois mais vale caia um homem, do que virem muitos a ser suas vítimas. Em tal caso, deve-se pesar a soma das vantagens e dos inconvenientes. — São Luís. (Paris, 1860.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 21.)


sexta-feira, 4 de maio de 2018

Deus Te Escutará Deus


Ora cotidianamente, haurindo energias no Sublime Reservatório da Natureza. 

Sempre que te sentires fraquejar, renova-te pela prece. 

Onde estiveres, através da palavra articulada ou não, suplica a Intercessão do Alto. 

Nenhuma oração sincera ecoa sem resposta. 

Um dos benefícios imediatos da prece é o de asserenar-te o espírito, para que saibas agir com acerto. 

Para quem ora com a alma nos lábios, coisa alguma é impossível. 

Todo aquele que pede com humildade o que deseja, no mínimo, sempre obtém a compreensão daquilo que não pode ter. 

Depois da caridade, a prece é a única força capaz de transcender o habitual e operar prodígios. 

Ora com persistência, devota-te aos teus semelhantes e espera pela Graça Divina, que te alcançará. 

Os Pressupostos do Senhor jamais te deixarão clamar em vão. 

A prece é um íntimo colóquio da criatura com o Criador. 

Ora, e Deus te escutará. 
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Irmão José
Carlos Baccelli




MENSAGEM DO ESE:
Fora da Igreja não há salvação. Fora da verdade não há salvação


Enquanto a máxima — Fora da caridade não há salvação — assenta num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma — Fora da Igreja, não há salvação — se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, porém numa fé especial, em dogmas particulares; é exclusivo e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos diferentes cultos que reciprocamente se consideram malditos na eternidade, embora sejam parentes e amigos esses sectários. Desprezando a grande lei de igualdade perante o túmulo, ele os afasta uns dos outros, até no campo do repouso. A máxima — Fora da caridade não há salvação consagra o princípio da igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e, qualquer que seja a maneira por que adorem o Criador, eles se estendem as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma — Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e se perseguem reciprocamente, vivem como inimigos; o pai não pede pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que mutuamente se consideram condenados sem remissão. É, pois, um dogma essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.

Fora da verdade não há salvação equivaleria ao Fora da Igreja não há salvação e seria igualmente exclusivo, porquanto nenhuma seita existe que não pretenda ter o privilégio da verdade. Que homem se pode vangloriar de a possuir integral, quando o âmbito dos conhecimentos incessantemente se alarga e todos os dias se retificam as idéias? A verdade absoluta é patrimônio unicamente de Espíritos da categoria mais elevada e a Humanidade terrena não poderia pretender possuí-la, porque não lhe é dado saber tudo. Ela somente pode aspirara uma verdade relativa e proporcionada ao seu adiantamento. Se Deus houvera feito da posse da verdade absoluta condição expressa da felicidade futura, teria proferido uma sentença de proscrição geral, ao passo que a caridade, mesmo na sua mais ampla acepção, podem todos praticá-la. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo a salvação para todos, independente de qualquer crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação; e, como não pretende ensinar ainda toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, pois que esta máxima separaria em lugar de unir e perpetuaria os antagonismos.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV, itens 8 e 9.)

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Um outro caminho

 

Não há outro caminho.

Quando teu sono for interrompido por preocupações e pesadelos e não conseguires retomar a tranquilidade, fica um pouco desperto e entrega o que estiveres sentindo ao ser tranquilo e iluminado que habita teu ser.

Encontra-o e deixa que ele possa dissipar teu mal estar, dando-te em troca a segurança e a amorosidade que lhe são próprios.

Quando tua mente insistir em pensamentos ou lembranças que te trazem desconforto, quando não conseguires aquietar teu ser e sentir que tudo apresenta-se confuso, deixa que o teu coração resgate para ti a necessidade profunda de estar bem.

E, nada mais será preciso.

Ficarás bem porque assim desejas e aquilo que desejas verdadeiramente, não te poderá ser negado.

Quando a fruta estiver verde, permite que a paciência trabalhe em ti e espera o fruto amadurecer.

Quando adoeceres, não te esqueças da saúde, do amor e vê que a doença simboliza apenas a tua decisão em não quereres a paz.

Conhece a ti mesmo, descobre tua luz, tua força.

Não há outro caminho para que te sintas completo, íntegro em tua realidade.

Permite que a tua cura seja realizada, permite que o amor esteja presente.

Não há segredos, não há mágicas.

A única coisa que existe é a tua vontade e esta é capaz de dar realidade ao que desejares.

Sê consciente em tuas escolhas, pois elas refletem o que habita em ti.
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Estação da Paz

MENSAGEM DO ESE:
Retribuir o mal com o bem


Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. — Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?” (S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)


— “Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.”(S. MATEUS, cap. V, v. 20.)


“Se somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que os amam? — Se o bem somente o fizerdes aos que vo-lo fazem, que mérito se vos reconhecerá, dado que o mesmo faz a gente de má vida? — Se só emprestardes àqueles de quem possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá, quando as pessoas de má vida se entreajudam dessa maneira, para auferir a mesma vantagem? Pelo que vos toca, amai os vossos inimigos, fazei bem a todos e auxiliai sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e até para os maus. — Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso Deus.” (S. LUCAS, cap. VI, vv. 32 a 36.)


Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.


A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos.


Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.


Amar os inimigos é, para o incrédulo, um contra-senso. Aquele para quem a vida presente é tudo, vê no seu inimigo um ser nocivo, que lhe perturba o repouso e do qual unicamente a morte, pensa ele, o pode livrar. Daí, o desejo de vingar-se. Nenhum interesse tem em perdoar, senão para satisfazer o seu orgulho perante o mundo. Em certos casos, perdoar-lhe parece mesmo uma fraqueza indigna de si. Se não se vingar, nem por isso deixará de conservar rancor e secreto desejo de mal para o outro.


Para o crente e, sobretudo, para o espírita, muito diversa é a maneira de ver, porque suas vistas se lançam sobre o passado e sobre o futuro, entre os quais a vida atual não passa de um simples ponto. Sabe ele que, pela mesma destinação da Terra, deve esperar topar aí com homens maus e perversos; que as maldades com que se defronta fazem parte das provas que lhe cumpre suportar e o elevado ponto de vista em que se coloca lhe torna menos amargas as vicissitudes, quer advenham dos homens, quer das coisas. Se não se queixa das provas, tampouco deve queixar-se dos que lhe servem de instrumento.
Se, em vez de se queixar, agradece a Deus o experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe dá ensejo de demonstrar a sua paciência e a sua resignação. Esta idéia o dispõe naturalmente ao perdão. Sente, além disso, que quanto mais generoso for, tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora do alcance dos dardos do seu inimigo.
O homem que no mundo ocupa elevada posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem considera seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa do que a desse último.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 1 a 4.)

quarta-feira, 2 de maio de 2018

NÃO CONGESTIONE SUA VIDA


Não fique tão estressado por causa do trânsito.

Sua irritação ao volante não fará com que melhore o fluxo de veículos, tampouco deixará os outros motoristas mais simpáticos a você.

Por conta de bagatelas, muitos expiam no cárcere ou num leito de dor a paciência que não souberam cultivar na direção de um simples veículo.

A tolerância ao volante pouparia muitas vidas.

Se você passa um bom pedaço do seu dia no interior de um veículo qualquer, o melhor a fazer é não estragar esses momentos com o seu azedume ou impaciência, pois do contrário as horas se farão mais demoradas e os caminhos mais longos.

Parado no trânsito caótico, leia uma rápida mensagem de otimismo, reflexione sobre uma história edificante, escute uma música agradável, repare na paisagem tentando descobrir algo de positivo no furacão das ocorrências.

Assim agindo, você chegará mais sereno aonde a vida o requisita, apto a realizar suas tarefas com o equilíbrio desejado e sem deixar nenhuma bomba para explodir no caminho dos outros.

Nem sempre os que morrem em acidentes de trânsito são vítimas do destino. É possível afirmar que muitos foram vítimas da própria imprudência.

Se você se irar por causa dos problemas no trânsito, não se esqueça de que seus pensamentos se unirão aos demais pensamentos irados que se acham ligados à situação, provocando um forte congestionamento de energias negativas em seu campo mental, a desencadear, por exemplo fortes dores de cabeça, alterações da pressão arterial, outros problemas mais sérios. Será que vale a pena estragar a saúde por causa de uma simples fechada?

Ao avistar caída alguma vítima de acidente, e nada lhe sendo possível fazer, feche os olhos da curiosidade dirija seu olhar a Deus pedindo que o melhor se faça naquele instante.

Não se esqueça de que toda descarga de raiva ou irritação afetará as avenidas do seu coração, provocando caos no trânsito da sua vida.
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JOSÉ CARLOS DE LUCCA



 










 
MENSAGEM DO ESE:
Da prece pelos mortos e pelos Espíritos sofredores

Os Espíritos sofredores reclamam preces e estas lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem neles pense, menos abandonados se sentem, menos infelizes. Entretanto, a prece tem sobre eles ação mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e, possivelmente, desvia-lhes do mal o pensamento. É nesse sentido que lhes pode não só aliviar, como abreviar os sofrimentos. (Veja-se: O Céu e o Inferno, 2ª Parte — “Exemplos”.)
Pessoas há que não admitem a prece pelos mortos, porque, segundo acreditam, a alma só tem duas alternativas: ser salva ou ser condenada às penas eternas, resultando, pois, em ambos os casos, inútil a prece. Sem discutir o valor dessa crença, admitamos, por instantes, a realidade das penas eternas e irremissíveis e que as nossas preces sejam impotentes para lhes pôr termo. Perguntamos se, nessa hipótese, será lógico, será caridoso, será cristão recusar a prece pelos réprobos? Tais preces, por mais impotentes que fossem para os liberar, não lhes seriam uma demonstração de piedade capaz de abrandar-lhes os sofrimentos? Na Terra, quando um homem é condenado a galés perpétuas, quando mesmo não haja a mínima esperança de obter-se para ele perdão, será defeso a uma pessoa caridosa ir carregar-lhe os grilhões, para aliviá-lo do peso destes? Em sendo alguém atacado de mal incurável, dever-se-á, por não haver para o doente esperança nenhuma de cura, abandoná-lo, sem lhe proporcionar qualquer alivio? Lembrai-vos de que, entre os réprobos, pode achar-se uma pessoa que vos foi cara, um amigo, talvez um pai, uma mãe, ou um filho, e dizei se, não havendo, segundo credes, possibilidade de ser perdoado esse ente, lhe recusaríeis um copo d’água para mitigar-lhe a sede? um bálsamo que lhe seque as chagas? Não faríeis por ele o que faríeis por um galé? Não lhe daríeis uma prova de amor, uma consolação? Não, isso cristão não seria. Uma crença que petrifica o coração é incompatível com a crença em um Deus que põe na primeira categoria dos deveres o amor ao próximo.
A não eternidade das penas não implica a negação de uma penalidade temporária, dado não ser possível que Deus, em sua justiça, confunda o bem e o mal. Ora, negar, neste caso, a eficácia da prece, fora negar a eficácia da consolação, dos encorajamentos, dos bons conselhos; fora negar a força que haurimos da assistência moral dos que nos querem bem.
Outros se fundam numa razão mais especiosa: a imutabilidade dos decretos divinos. Deus, dizem esses, não pode mudar as suas decisões a pedido das criaturas; a não ser assim, careceria de estabilidade o mundo. O homem, pois, nada tem de pedir a Deus, só lhe cabendo submeter-se e adorá-lo.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, itens 18 a 20.)



segunda-feira, 30 de abril de 2018

No Teu Interior


A rigor, sombra ou luz são estados de tua própria alma. 

Alegria ou tristeza emergem do teu interior. 

Toda criatura encerra consigo um poder transformador. 

O teu sorriso é luz que acendes na face, iluminando a Vida. 

Alivia o teu coração do peso de toda mágoa. 

Experimenta sentir contigo a leveza do perdão. 

Não vibres negativamente contra os teus semelhantes. 

Nem te regozijes com o fracasso de teus desafetos. 

O coração mais endurecido não resiste a um gesto de ternura. 

Aproxima-te dos que se distanciam de ti, sem colaborares para que a distância se faça ainda maior. 

Se da parte dos outros pode haver descaso, da tua pode existir indiferença. 

Muitos têm inimigos, porque fazem questão de tê-los.
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Irmão José
Carlos Baccelli 


MENSAGEM DO ESE:
O suicídio e a loucura (II)


A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias materialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio; ocasionam a covardia moral. Quando homens de ciência, apoiados na autoridade do seu saber, se esforçam por provar aos que os ouvem ou lêem que estes nada têm a esperar depois da morte, não estão de fato levando-os a deduzir que, se são desgraçados, coisa melhor não lhes resta senão se matarem? Que lhes poderiam dizer para desviá-los dessa conseqüência? Que compensação lhes podem oferecer? Que esperança lhes podem dar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se deve concluir que, se o nada é o único remédio heróico, a única perspectiva, mais vale buscá-lo imediatamente e não mais tarde, para sofrer por menos tempo.
A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que inocula a idéia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que se constituem apóstolos de semelhantes doutrinas assumem tremenda responsabilidade. Com o Espiritismo, tornada impossível a dúvida, muda o aspecto da vida. O crente sabe que a existência se prolonga indefinidamente para lá do túmulo, mas em condições muito diversas; donde a paciência e a resignação que o afastam muito naturalmente de pensar no suicídio; donde, em suma, a coragem moral.

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 (Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 16.)




domingo, 29 de abril de 2018

NÃO ACREDITES MESMO



          Não acredites, mas não acredites mesmo, que já estejas na condição espiritual que, um dia, atingirás.

Jamais admitas que nada mais tenhas que aprender e melhorar.

Repudia todo e qualquer pensamento que te subtraia a realidade a teu próprio respeito, no que tange a mazelas e limitações que ainda te caracterizam.

Luta contra a ideia de tua superioridade em relação ao próximo.

A única situação de privilégio que deves admitir contigo é a de servir.

           Quando te sentires em delírio de grandeza, sobe ao prédio mais alto de tua cidade e olha, atentamente, para baixo... Sem dificuldade, constatarás que o homem, com todo o seu orgulho e presunção, não passa de pequenino grão de areia, perdido entre bilhões de outros, que se movimentam ao sabor das vagas do Oceano da Divina Misericórdia.
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Irmão José
Carlos Baccelli



MENSAGEM DO ESE:
Ressurreição e reencarnação (II)

Estas palavras: Se um homem não renasce do água e do Espírito foram interpretadas no sentido da regeneração pela água do batismo. O texto primitivo, porém, rezava simplesmente: não renasce da água e do Espírito, ao passo que nalgumas traduções as palavras — do Espírito — foram substituídas pelas seguintes: do Santo Espírito, o que já não corresponde ao mesmo pensamento. Esse ponto capital ressalta dos primeiros comentários a que os Evangelhos deram lugar, como se comprovará um dia, sem equívoco possível.
Para se apanhar o verdadeiro sentido dessas palavras, cumpre também se atente na significação do termo água que ali não fora empregado na acepção que lhe é própria.
Muito imperfeitos eram os conhecimentos dos antigos sobre as ciências físicas. Eles acreditavam que a Terra saíra das águas e, por isso, consideravam a água como elemento gerador absoluto. Assim é que na Gênese se lê: “O Espírito de Deus era levado sobre as águas; flutuava sobre as águas; — Que o firmamento seja feito no meio das águas; — Que as águas que estão debaixo do céu se reúnam em um só lugar e que apareça o elemento árido; — Que as águas produzam animais vivos que nadem na água e pássaros que voem sobre a terra e sob o firmamento.”
Segundo essa crença, a água se tornara o símbolo da natureza material, como o Espírito era o da natureza inteligente. Estas palavras: “Se o homem não renasce da água e do Espírito, ou em água e em Espírito”, significam pois: “Se o homem não renasce com seu corpo e sua alma.” É nesse sentido que a princípio as compreenderam.
Tal interpretação se justifica, aliás, por estas outras palavras: O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito. Jesus estabelece aí uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. O que é nascido da carne é carne indica claramente que só o corpo procede do corpo e que o Espírito independe deste.
O Espírito sopra onde quer; ouves-lhe a voz, mas não sabes nem donde ele vem, nem para onde vai: pode-se entender que se trata do Espírito de Deus, que dá vida a quem ele quer, ou da alma do homem. Nesta última acepção — “não sabes donde ele vem, nem para onde vai” — significa que ninguém sabe o que foi, nem o que será o Espírito. Se o Espírito, ou alma, fosse criado ao mesmo tempo que o corpo, saber-se-ia donde ele veio, pois que se lhe conheceria o começo. Como quer que seja, essa passagem consagra o princípio da preexistência da alma e, por conseguinte, o da pluralidade das existências.

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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 7 a 9.)




sábado, 28 de abril de 2018

Soma e bênçãos


Não raro, queixas-te dos contratempos que te cercam; entretanto, não te animarias a isso, caso te dispusesses a relacionar as vantagens que te rodeiam.

Alguns dias de moléstia grave terão surgido, compelindo-te a cuidados especiais; todavia, se somas os dias de saúde relativa que desfrutaste até agora, observarás para logo quão pequena é a faixa dos constrangimentos físicos que te visitam, muitas vezes, à maneira de avisos preciosos, a te preservarem contra males maiores.

Não conseguiste ainda concretizar ideais determinados que te enfeitam as esperanças; mas se anotas os desejos que te pudeste realizar, entenderás sem delonga que a Divina Providência está pronta a te amparar na materialização dos teus sonhos de natureza superior, desde que te decidas ao estudo e ao trabalho nas oportunidades de serviço que se nos descerram a todos.

Sofreste reveses, quedas, prejuízos, desilusões...Antes e depois deles, porém, guardas contigo o tesouro das horas com o emprego criterioso do qual ser-nos-á possível a recuperação ou o refazimento em qualquer circunstância difícil.

Amigos abandonaram-te a área de ação; contudo, não disporás do mínimo ensejo para lastimar-lhes o transitório afastamento, se souberes valorizas os irmãos e cooperadores que Deus te envia ou mantém na co-participação de tuas tarefas e experiências.

Em quaisquer embaraços ou crises do caminho, somas as bênçãos que já possuis e reconhecerá que todo o motivo para desalento é nuvem pequenina a desfazer-se no céu imenso de tuas possibilidades.

Suceda o que suceder nas trilhas da vida, em matéria de amargura ou aflição, ergue a fronte e caminha adiante, trabalha e aprende, abençoa e serve, porquanto, diante de Deus e à frente dos companheiros que se nos conservam fiéis, apalavra desânimo é quase sempre o outro nome da ingratidão.
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  Emmanuel  
 Paz e Renovação 
Francisco Cândido Xavier 

MENSAGEM DO ESE:
Os inimigos desencarnados 

Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.
Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: Amai os vossos inimigos. Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.
Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso; as deve receber com resignação e como conseqüência da natureza inferior do globo terrestre. Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.
Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. É assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 5 e 6.)

sexta-feira, 27 de abril de 2018

QUESTÃO DE INTERPRETAÇÃO


Se erraste, reconsidera e tome a iniciativa da reparação.

Se caíste, convence-te de que não caíste para ficar no chão.

Se choras, não acredites que tenhas lágrimas a fim de chorares para sempre.

Se fracassaste, é sinal de que a luta está apenas começando.

Se te sentes ofendido, é que ainda não aprendeste a perdoar o suficiente.

Se sofreste algum prejuízo econômico, resume as tuas necessidades.

Se és vítima de injustiça, jamais olvides quanto isso deve doer nos outros.

Se caluniaste, lavraste sentença condenatória contra ti.

Se cedeste à tentação, atenta em quanto és frágil.

Se foste traído, por certo não amaste o bastante.

Se experimentas ingratidão, é porque não auxiliaste com o desprendimento devido.

Se apenas coisas ruins te acontecem, pode ser, de tua parte, uma questão de interpretação."
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 Irmão José 
Carlos Baccelli 


 


MENSAGEM DO ESE:
Advento do Espírito de Verdade (IV)


Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A abnegação e o devotamento são uma prece continua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõe. O sentimento do dever cumprido vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. — O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 8.)



quarta-feira, 25 de abril de 2018

Sintonia e Vibração



Imaginemos alguém que, com um perfume muito forte, permanece determinado tempo em ambiente fechado. A fragrância do seu perfume irá se espalhar pelo ambiente, que ficará impregnado, durante algum tempo, com o odor característico. Da mesma forma, o resultado do que pensamos e sentimos, fica indelevelmente plasmado naqueles ambientes que mais costumamos frequentar.
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Assim, os nossos lares, os ambientes de trabalho, os locais onde se realizam cultos religiosos e de outros tipos, ficam com suas atmosferas marcadas pelas formas-sentimento e formas-pensamento que comumente ali são expressadas. Quem penetrar em um desses ambientes, inconscientemente ou não, se sentirá inclinado a sintonizar-se psiquicamente com as vibrações ali caracterizadas, sejam agradáveis ou desagradáveis.
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Por outro lado, se alguém com um perfume muito forte nos abraça, inevitavelmente herdaremos o odor que dessa pessoa é emanado, seja ele prazeiroso ou não. Da mesma forma que o perfume alheio nos invade a atmosfera pessoal, as vibrações espirituais de quem nos abraça também nos invadem a organização íntima, nem que essa troca energética se processe - e também se conclua - em poucos segundos, tempo necessário para que as defesas energéticas da aura administrem a invasão energética.
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Em resumo, estamos sempre marcando, com a "nossa fragrância espiritual", as pessoas e os ambientes com os quais convivemos e, ao mesmo tempo, recebendo a suas influências. Quando e se, as nossas defesas espirituais estiverem em boa forma, assimilaremos apenas o que nos for positivo e rechaçaremos o que não for.
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Esse processo é inconsciente, como também o é o da defesa orgânica que os anticorpos promovem em nosso corpo, sempre que necessário. É tudo tão rápido que o cérebro físico-transitório não dá conta, apesar de ser ele que administra todo o processo, como também o faz, a nossa mente espiritual, quando o caso se relaciona com as vibrações de terceiros que nos invadem o espírito.
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É importante perceber que, uma simples troca de olhares, um aperto de mão, um abraço, uma relação sexual, por exemplo, são situações em que a troca energética acontece, independentemente de querermos ou não. Quando a nossa resultante de defesa vibratória é positiva - normalmente assim o é nas pessoas que tem bom ânimo, não se deixam entristecer pelos fatos, são disciplinados no campo da oração e/ou meditação etc. - pouco nos invade a energia alheia, se isto for nos servir de transtorno ao nosso equilíbrio energético.
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Ao contrário, se estivermos em baixa condição de defesa energética, tal qual um prato de alimento estragado que inapelavelmente irá causar "estragos" no nosso organismo, a energia deletéria alheia nos desarmonizará durante pouco ou muito tempo, conforme for a nossa capacidade psiquica-espiritual em restabelecer o equilíbrio que nos caracteriza, seja ele de que nível for.
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As crianças pequenas que sequer andam, normalmente tem energia passiva, e sofrem um bocado quando ficam "passando de braço em braço", recebendo verdadeiras descargas energéticas que normalmente lhes causam desequilíbrios de toda ordem. Se os pais terrenos disso soubessem, outras seriam as suas posturas em relação a permitirem que seus filhos andem de "braço em braço".
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Portanto, estamos a todo momento, trocando energia com as pessoas e com os ambientes que nos rodeiam. O equilíbrio - leia-se, saúde espiritual - de cada um, é o único antídoto a impedir que as vibrações negativas, alheias à nossa organização espiritual, penetrem no nosso íntimo.
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Saber conviver sem sintonizar com a energia de terceiros é postura que somente os mestres de si mesmos conseguem plasmar na difícil coexistência com os demais. Ao contrário, se a toda hora temos a sensibilidade pessoal invadida por problemas e influências de outras pessoas e/ou situações, ficamos sempre à mercê dos "outros nos deixarem" ficar em paz.
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Assim, a nossa paz íntima dependerá dos outros, jamais de nós próprios; o nosso controle será sempre refém do descontrole alheio; a nossa fragrância espiritual estará sempre mesclada com a dos outros; enfim, dificilmente conseguiremos ser donos de nossa própria vida.
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Se pretendemos ser os arquitetos e atores da nossa própria caminhada evolutiva é mister que cuidemos do nosso equilíbrio espiritual, escolhendo quando e como sintonizar com as vibrações alheias, seja em uma conversa, em um convívio mais íntimo, numa palestra, enfim, numa simples leitura, como é o caso que ora ocorre, pois, até o que lemos pode nos ser motivo de enriquecimento ou de desarmonia interior, já que é vibração que nos penetra a alma.
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Lembremo-nos de que: a soberania espiritual passa necessariamente pelo controle das emoções; a saúde do nosso corpo dependerá da qualidade do que nos alimentamos; o equilíbrio do nosso espírito depende e, em muito, do que nos permitimos sintonizar, através dos sentidos.
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Afinal, se a massa e energia são aspectos de um mesmo padrão existencial, sintonia e vibração formam o elo entre toda a massa e energia que existe, independente das formas transitórias que venham a assumir.
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Melhoremos a nossa vibração pessoal e eduquemos os nossos padrões de sintonia. Isto feito, estaremos despertando no nosso íntimo, a grande herança que recebemos do Pai Celestial.
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Jan Val Ellam
Livro: "Queda e Ascensão Espiritual"






MENSAGEM DO ESE:
A melancolia


Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes.
Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. São inatas no espírito de todos os homens as aspirações por uma vida melhor; mas, não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação, para vos ajudar a romper os liames que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante o vosso degredo na Terra, tendes de desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou.
Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos encargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos. Duram pouco e vos conduzirão à companhia dos amigos por quem chorais e que, jubilosos por ver-vos de novo entre eles, vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. — François de Genève. (Bordéus.)



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 25.)

terça-feira, 24 de abril de 2018

Educação e vivências




Há pessoas que defendem a ideia de nivelar as condições de higiene de todos os seres em todos os quadrantes da Terra.

Todavia, vale considerar que, nem todos estão em condições de limpar e conservar limpa a sua casa, seja ela física ou a mental.

O que queremos dizer é que nenhuma modificação de vulto poderemos esperar nos cenários da vida física, antes que surjam profundas alterações no mundo moral dos homens, e isso é uma questão de educação.

Se colocarmos alguém deseducado para viver num palácio, logo este será convertido num pardieiro.
Levemos alguém sem educação para conviver num jardim e este será, em breve tempo, transformado num campo arruinado.

Entreguemos a alguém deseducado a guarda de crianças inexperientes e é possível que, dentro em pouco, deparemos com delinquentes diversos, pelos exemplos degradantes com os quais convivem.
Coloquemos detritos nas mãos de uma pessoa deseducada e veremos como serão espalhados, provocando enfermidades e outras moléstias.

Por outro lado, se algum indivíduo assinalado por feliz educação for constrangido a habitar um casebre, com certeza o transformará em ambiente limpo e agradável, ainda que pobre.

Perceberemos, desde logo, que naquela choupana humilde habita alguém higiênico. Veremos as latas velhas convertidas em vasos de flores, a roupa limpa estendida no varal singelo, a claridade do sol a inundar os cômodos pequenos e bem arejados.

A pessoa educada que possua um pequeno terreno árido e sem vida, em pouco tempo o converterá em pomar excelente.

E se colocarmos dejetos em mãos bem educadas, estes logo serão transformados em adubo útil a fomentar colheitas abundantes.

Por fim concluiremos que se o indivíduo é educado, haverá harmonia ao seu redor e a recíproca é verdadeira.

De nada vale buscarmos higienizar nosso Planeta sem antes higienizar as mentes dos seus habitantes com a verdadeira educação, que é o conjunto dos hábitos adquiridos.

Desse modo, não nos esqueçamos jamais de que a melhoria da casa guarda relação direta com a melhoria moral do seu habitante.

Pense nisso!

Para que conheçamos a intimidade das criaturas, basta que observemos seus reflexos exteriores.
Se a pessoa está em paz, espalha uma aura de paz ao se redor.
Se está com a mente atribulada, reflete nos gestos as inquietações da intimidade.
Se ainda não conquistou os verdadeiros valores morais, anda a braços com a indignidade, apesar dos esforços empreendidos para que seja uma pessoa de bem.
Assim, "cada criatura traz na fronte, mas principalmente nos atos, o cunho da sua grandeza ou da sua inferioridade."

Pensemos nisso!
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Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro "Educação e Vivências" 



MENSAGEM DO ESE:
Proveito dos sofrimentos para outrem


– Os que aceitam resignados os sofrimentos, por submissão à vontade de Deus e tendo em vista a felicidade futura, não trabalham somente em seu próprio benefício? Poderão tornar seus sofrimentos proveitosos a outrem? 

Podem esses sofrimentos ser de proveito para outrem, material e moralmente: materialmente se, pelo trabalho, pelas privações e pelos sacrifícios que tais criaturas se imponham, contribuem para o bem-estar material de seus semelhantes; moralmente, pelo exemplo que elas oferecem de sua submissão à vontade de Deus. Esse exemplo do poder da fé espírita pode induzir os desgraçados à resignação e salvá-los do desespero e de suas conseqüências funestas para o futuro. — São Luís. (Paris, 1860.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 31.)


segunda-feira, 23 de abril de 2018

DÊ ESPAÇO PARA O NOVO


Desenvolva a habilidade de não se identificar com os acontecimentos infelizes que lhe ocorrem.

É provável que sua vida não caminhe para a frente porque você se encontra preso às lembranças amargas do passado.

Você não é um doente, apenas está momentaneamente enfermo. Você não é um desempregado, apenas ainda não encontrou o trabalho que logo chegará.

Você não é um tolo, apenas ainda não desenvolveu toda a sua inteligência. Solte toda a negatividade para sua vida se iluminar de todo o bem que você for capaz de sustentar.

Se você está cheio de coisas velhas, jamais haverá espaço para as novas. Desprenda-se do passado para que você possa viver a plenitude do dia de hoje, em que se encontram as melhores oportunidades para ser feliz. Se o passado não passa, sua vida tem grandes chances de se tornar um mausoléu de mágoas, culpas, ódios e de doenças também.

Velhice é o nome que muitas vezes se dá à nossa incapacidade de regeneração diante dos episódios menos felizes. A regeneração celular também depende da regeneração dos pensamentos carcomidos pelo tempo. Juventude, antes de tudo, é um estado de espírito. A mente presa a episódios infelizes dificulta a cura de muitas doenças.

Saúde é um estado de harmonia íntima que dificilmente se mantém quando nos convertemos em um depósito de lixo emocional.

Se você não teve o sucesso profissional esperado, não vista a túnica do fracassado, pois do contrário jamais conseguirá novas oportunidades de trabalho. Você não é um derrotado, apenas ainda não encontrou o melhor caminho para desenvolver as habilidades profissionais.

E não se esqueça de que diversos empresários prósperos de hoje estiveram falidos não há muito tempo. Eles simplesmente não se sentiram pessoalmente falidos.

Se você se encontra enfermo, procure não se identificar com a doença. Sua condição natural é a saúde, a doença é uma situação excepcional, não veio para ficar, a não ser que você queira permanecer acamado pelo restante da vida.

Se você sofreu uma desilusão amorosa, não se identifique com a situação para não se sentir rejeitado. Só porque alguém não desejou ficar ao seu lado você vai se enclausurar no porão da solidão? Quando alguém não quer a nossa companhia amorosa não quer dizer que não somos pessoas interessantes, mas apenas que desejam caminhar ao lado de pessoas diferentes, tanto quanto outros, futuramente, escolherão a nossa companhia em detrimento das pessoas com quem conviviam, desde que nós tenhamos largado a roupa do mal-amados.

Na vida, tudo depende de como olhamos os fatos.

Pare de olhar a vida com tanto sofrimento, tudo é apenas experiência. Aprenda logo o que precisa aprender com o que lhe sucedeu, e não olhe mais para trás para que sua vida caminhe para a frente.
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JOSÉ CARLOS DE LUCCA



MENSAGEM DO ESE:
A nova era (III)


Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razão disso, encontramo-la na vida desse grande filósofo cristão. Pertence ele à vigorosa falange do Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais sólidos esteios. Como vários outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor, à impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando, entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava alhures, que não nos prazeres enervantes e fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de Damasco, também lhe foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” exclamou: “Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!” E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho. Podem ler-se, nas notáveis confissões que esse eminente espírito deixou, as características e, ao mesmo tempo, proféticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa Mônica: Estou convencido de que minha mãe me virá visitar e dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante previsão da doutrina porvindoura! Essa a razão por que hoje, vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele outrora pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os que o chamam.
— Erasto, discípulo de S. Paulo. (Paris, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 11.)



domingo, 22 de abril de 2018

A DÁDIVA DIFÍCIL

Não avançarás ao longo do caminho, sem doar algo de ti mesmo. 

Aqui, é o companheiro que te roga assistência fraterna. 

Além, é o desconhecido que te pede arrimo e esperança. 

Agora, é o amparo aos desvalidos. 

Depois, é o socorro aos enfermos. 

À maneira da embarcação que distribui os valores de que se enriquece, espalharás, seja onde fores, os bens que o Senhor te confia. 

O pão, a moeda e o agasalho são recursos da Terra em tuas mãos. 

Fácil será sempre mobilizá-los e estendê-los. 

Atenta, contudo, para a dádiva difícil que sai do coração. 

O próprio sacrifício, em favor dos outros, é plantação de felicidade no ambiente em que respiramos. 

Aprende a calar para que teu irmão fale mais alto.

Esquece as ofensas alheias, compreendendo que poderiam ter sido perpetradas por ti próprio. 

Apaga-te para que a luz do próximo seja vista. 

Dá em ti mesmo em humildade, paciência, brandura, abnegação e amor...  

Jesus, transmitindo as bênçãos do Céu de que se fazia portador, era o Médico Providencial dos
sofredores na região em que se mantinha, mas aceitando o supremo sacrifício de si mesmo, na cruz,
converteu-se em Divino Benfeitor da Humanidade inteira. 

Não olvides que a renunciação aos próprios caprichos, na exaltação do bem de todos, será sempre
no mundo a tua dádiva maior.  
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Emmanuel
Livro: Mais Perto
 Psicografia:
  Francisco Cândido Xavier 
 

 MENSAGEM DO ESE:
Sacrifício da própria vida


– Aquele que se acha desgostoso da vida mas que não quer extingui-la por suas próprias mãos, será culpado se procurar a morte num campo de batalha, com o propósito de tornar útil sua morte?

Que o homem se mate ele próprio, ou faça que outrem o mate, seu propósito é sempre cortar o fio da existência: há, por conseguinte, suicídio intencional, se não de fato. É ilusória a idEia de que sua morte servirá para alguma coisa; isso não passa de pretexto para colorir o ato e escusá-lo aos seus próprios olhos. Se ele desejasse seriamente servir ao seu país, cuidaria de viver para defendê-lo; não procuraria morrer, pois que, morto, de nada mais lhe serviria. O verdadeiro devotamento consiste em não temer a morte, quando se trate de ser útil, em afrontar o perigo, em fazer, de antemão e sem pesar, o sacrifício da vida, se for necessário. Mas, buscar a morte com premeditada intenção, expondo-se a um perigo, ainda que para prestar serviço, anula o mérito da ação. 
— São Luís. (Paris, 1860)

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 29.)

sábado, 21 de abril de 2018

TIRADENTES NO PLANO ESPIRITUAL





TIRADENTES NO PLANO ESPIRITUAL

TIRADENTES
Mensagem recebida em 21 de abril de 1937


Dos infelizes protagonistas da Inconfidência Mineira, no dia 21 de abril de todos os anos, aqueles que podem excursionar pela Terra volvem às ruínas de Ouro Preto, a fim' de se reunirem entre as velhas paredes da casa humilde do sítio da Cachoeira, trazendo a sua homenagem de amor à personalidade do Tiradentes.

Nessas assembleias espirituais, que os encarnados poderiam considerar como reuniões de sombras, os preitos de amor são mais expressivos e mais sinceros, livres de todos os enganos da História e das hipocrisias convencionais.

Ainda agora, compareci a essa festividade de corações, integrando a caravana de alguns brasileiros desencarnados, que para lá se dirigiu associando-se às comemorações do proto mártir da emancipação do País.

Nunca tive muito contato com as coisas de Minas Gerais, mas a antiga Vila Rica, atualmente elevada à condição de Monumento Nacional, pelas suas relíquias prestigiosas, sempre me impressionou pela sua beleza sugestiva e legendária. Nas suas ruas tortuosas, percebe-se a mesma fisionomia do Brasil dos Vice-Reis. Uma coroa de lendas suaves paira sobre. as suas ladeiras e sobre os seus edifícios seculares, embriagando o espírito do forasteiro com melodias longínquas e perfumes distantes. Na terra empedrada, ainda existem sinais de passos dos antigos conquistadores do ouro dos seus rios e das suas minas e, nas suas igrejas, ainda se ouvem soluços de escravos, misturados com gritos de sonhos mortos, do seu valoroso heroísmo. A velha Vila Rica, com a névoa fria dos seus horizontes, parece viver agora com as suas saudades de cada dia e com as suas recordações de cada noite.

Sem me alongar nos lances descritivos, acerca dos seus tesouros do passado, objeto da observação de jornalistas e escritores de todos os tempos, devo dizer que, na noite de hoje, a casa antiga dos Inconfidentes tem estado cheia das sombras dos mortos. Aí fui encontrar, não segundo o corpo, mas segundo o espírito, as personalidades de Domingos Vidal Barbosa, Freire de Andrada, Mariano Leal, José Joaquim da Maia, Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga, Dorotéia de Seixas, Beatriz Francisca Brandão, Toledo Pisa, Luís de Vasconcelos e muitos outros nomes, que participaram dos acontecimentos relativos à malograda conspiração. Mas, de todas as figuras veneráveis ao alcance dos meus olhos, a que me sugeria as grandes afirmações da pátria era, sem dúvida, a do antigo alferes Joaquim José da Silva Xavier, pela sua nobre e serena beleza. Do seu olhar claro e doce, irradiava-se toda uma onda de estranhas revelações, e não foi sem timidez que me acerquei da sua personalidade, provocando a sua palavra.

Falando-lhe a respeito do movimento de emancipação política, do qual havia sido o herói extraordinário, declinei minha qualidade de seu ex-compatriota, filho do Maranhão, que também combatera, no passado, contra o domínio dos estrangeiros.

- "Meu amigo - declarou com bondade -, antes de tudo, devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra.
Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da pátria.. Hoje, posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática; mas, estávamos embriagados pelas ideias generosas que nos chegavam da Europa, através da educação universitária. E, sobretudo, o exemplo dos Estados Americanos do Norte, que afirmaram os princípios imortais do direito do homem, muito antes do verbo inflamado de Mirabeau, era uma luz incendiando a nossa imaginação.

O Congresso de Filadélfia, que reconheceu todas as doutrinas democráticas, em 1776, afigurou-se-nos uma garantia da concretização dos nossos sonhos. Por intermédio de José Joaquim da Maia procuramos sondar o pensamento de Jefferson, em Paris, a nosso respeito; mas, infelizmente, não percebíamos que a luta, como ainda hoje se verifica no mundo, era de princípios. O fenômeno que se operava no terreno político e social era o desprezo do absolutismo e da tradição, para que o racionalismo dirigisse a Vida dos homens. Fomos os títeres de alguns portugueses liberais, que, na colônia, desejavam adaptar-se ao novo período histórico do Planeta, aproveitando-se dos nossos primeiros surtos de nacionalismo. Não possuíamos um índice forte de brasilidade que nos assegurasse a vitória, e a verdade só me foi intuitivamente revelada quando as autoridades do Rio mandaram prender-me na rua dos Latoeiros."

- E nada tendes a dizer sobre a defecção de alguns dos vossos companheiros? - perguntei.
- "Hoje, de modo algum desejaria avivar minhas amargas lembranças. . . Aliás, não foi apenas Silvério quem nos denunciou perante o Visconde de Barbacena; muitos outros fizeram o mesmo, chegando um deles a se disfarçar como um fantasma, dentro das noites de Vila Rica, avisando quanto à resolução do governo da província, antes que ela fosse tomada publicamente, com o fim de salvaguardar as posições sociais de amigos do Visconde, que haviam simpatizado com a nossa causa. Graças a Deus, todavia, até hoje, sinto-me ditoso por ter subido sozinho os vinte degraus do patíbulo." - E sobre esses fatos dolorosos, não tendes alguma impressão nova a nos transmitir?
E os lábios do Herói da Inconfidência, como se receassem dizer toda a verdade, murmuraram estas frases soltas:
- "Sim. . . a Sala do Oratório e o vozerio dos companheiros desesperados com a sentença de morte... a Praça da Lampadosa, minha veneração pelo Crucifixo do Redentor e o remorso do carrasco. . . a procissão da Irmandade da Misericórdia, os cavaleiros, até o derradeiro impulso da corda fatal, arrastando-me para o abismo da Morte..."
E concluiu:
- "Não tenho coisa alguma a acrescentar às descrições históricas, senão minha profunda repugnância pela hipocrisia das convenções sociais de todos os tempos."
- É verdade - acrescentei -, reza a História que, no instante da vossa morte, um religioso, falou. sobre o tema do Eclesiastes - "Não atraiçoes o teu rei, nem mesmo por pensamentos." E terminando a minha observação com uma pergunta, arrisquei:
- Quanto ao Brasil atual, qual a vossa opinião a respeito?
- "Apenas a de que ainda não foi atingido o alvo dos nossos sonhos. A nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. A ausência de um interesse comum, em "favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios." Antes que se fizesse silêncio entre nós, tornei ainda:
- Com relação aos ossos dos inconfidentes, vindos agora da África para o antigo teatro da luta, hoje transformado em Panteão Nacional, são de fato autênticos esqueletos dos apóstolos da liberdade? .
- "Nesse particular - respondeu Tiradentes com uma ponta de ironia -; não devo manifestar os meus pensamentos. Os ossos encontrados tanto podem ser de Gonzaga, como podem pertencer, igualmente, ao mais miserável dos negros de Angola. O orgulho humano e as vaidades patrióticas têm também os seus limites... Aliás, o que se faz necessário é a compreensão dos sentimentos que nos moveram a personalidade, impelindo-nos para o sacrifício e para a morte. ..”

Mas, não pôde terminar. Arrebatado numa' aluvião de abraços amigos e carinhosos, retirou-se o grande patriota que o Brasil hoje festeja, glorificando o seu heroísmo e a sua doce humildade.

Aos meus ouvidos emocionados ecoavam as notas derradeiras da música evocativa e dos fragmentos de orações que rodeavam o monumento do Herói, afigurando-se-me que Vila Rica ressurgira, com os seus coches dourados e os seus fidalgos, num dos dias gloriosos do Triunfo Eucarístico; mas, aos poucos, suas luzes se amorteceram no silêncio da noite, e a velha cidade dos conspiradores entrou a dormir, no tapete glorioso de suas recordações, o sono tranquilo dos seus sonhos mortos.
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Fonte: Extraído do livro Crônicas do além túmulo
Francisco C. Xavier/ Humberto de Campos




MENSAGEM DO ESE:
A afabilidade e a doçura

A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempre há que fiar nas aparências. A educação e a freqüentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidades. Quantos há cuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores! O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o veneno; que são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás.

A essa classe também pertencem esses homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento que, fora de casa, se impõem a si mesmos. Não se atrevendo a usar de autoridade para com os estranhos, que os chamariam à ordem, acham que pelo menos devem fazer-se temidos daqueles que lhes não podem resistir. Envaidecem-se de poderem dizer: “Aqui mando e sou obedecido”, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar: “E sou detestado.”
Não basta que dos lábios manem leite e mel. Se o coração de modo algum lhes está associado, só há hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura não são fingidas nunca se desmente: é o mesmo, tanto em sociedade, como na intimidade. Esse, ao demais, sabe que se, pelas aparências, se consegue enganar os homens, a Deus ninguém engana. — Lázaro. (Paris, 1861.)
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 (Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IX, item 6.)