CARTA DE ANO BOM
E outro que se inicia,
Há sempre nova esperança,
Promessas de Novo Dia...
Considera, meu amigo,
Nesse pequeno intervalo,
Todo o tempo que perdeste
Sem saber aproveitá-lo.
*
Se o ano que se passou
Foi de amargura sombria,
Nosso Pai nunca está pobre
Do pão de luz da alegria.
*
Pensa que o céu não esquece
A mais ínfima criatura,
E espera resignado
O teu quinhão de ventura.
*
Considera, sobretudo
Que precisas, doravante,
Encher de luz todo o tempo
Da bênção de cada instante.
*
Sê na oficina do mundo
O mais perfeito aprendiz,
Pois somente no trabalho
Teu ano será feliz.
*
Não esperes recompensas
Dos bens da vida terrestre,
Mas, volve toda a esperança
À paz do Divino Mestre.
*
Nas lutas, nunca te esqueça
Deste conceito profundo:
O reino da luz de Cristo
Não reside neste mundo.
*
Não olhes faltas alheias,
Não julgues o teu irmão,
Vive apenas no trabalho
De tua renovação.
*
Quem se esforça de verdade
Sabe a prática do bem,
Conhece os próprios deveres
Sem censurar a ninguém.
*
Ano Novo!... Pede ao Céu
Que te proteja o trabalho,
Que te conceda na fé
O mais sublime agasalho.
O mais sublime agasalho.
*
Ano Bom!... Deus te abençoe
No esforço que te conduz
Das sombras tristes da Terra
Para as bênçãos de Jesus.
Para as bênçãos de Jesus.
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ANO NOVO
Casimiro Cunha
Chico Xavier
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ANO NOVO
Quando o desvelado orientador chegou ao Planeta, encaminhando o aprendiz à experiência nova, o lar estava em festa, na celebração do Ano Novo.
Musicas alegre embalavam a casa, flores festivas enfeitavam a mesa lauta. Riam-se os jovens e as crianças, enquanto os velhos bebiam vinhos de júbilo.
O devotado amigo abraçou o tutelado e falou:
- Nova existência, meu filho, é qual Ano Novo. Enche-se o coração das esperanças mais belas. Troca-se o passado pelo presente. Rejubila-se a alma na oportunidade bendita. Promessas divinas florescem no coração.
O tempo é o tesouro infinito que o Criador concede às criaturas. Não esqueças, todavia, que a concessão de um tesouro é titulo de confiança e toda confiança traduz responsabilidade. Tanto prejudica a obra de Deus o avarento que restringe a circulação dos valores, como o perdulário que os dissipa, olvidando obrigações sagradas.
O tempo, desse modo, é benfeitor carinhoso e credor imparcial simultaneamente. Na terra a maioria dos homens não chegou ainda a compreendê-lo.
Os ignorantes perdem-no.
Os loucos matam-no.
Os maus envenenam-no.
Os indiferentes zombam dele.
Os vaidosos confundem-no.
Os velhacos enganam-no.
Os criminosos perturbam-no.
Riem-se dele os pândegos.
Os mentirosos ridicularizam-no.
Os tolos esquecem-no.
Os ociosos combatem-no.
Os tiranos abusam dele.
Os irônicos menosprezam-no.
Os arbitrários dominam-no.
Os revoltados acusam-no.
Aproveitam-no os trabalhadores fiéis.
O tempo, contudo, meu filho, pertence ao Senhor e ninguém pode subverter a ordem de Deus.
É por isso que, ao fim da existência, cada um recebe conforme usou o divino patrimônio.
Vale-te, pois, da oportunidade nova, sem olvidares o dever, convicto de que ninguém falará ou agirá no mundo, em vão.
O homem precipita-se. O tempo espera. O primeiro experimenta. O segundo determina.
Se atingires a alegria de recomeçar, alcançarás, igualmente, o dia de acertar.
Lembra-te de que o tempo ensinará aos ignorantes.
Anulará os loucos.
Envenenará os maus.
Zombará dos indiferentes.
Confundirá os vaidosos.
Esclarecerá os velhacos.
Perturbará os criminosos.
Surpreenderá os pândegos.
Ridiculizará os mentirosos.
Corrigirá os tolos.
Combaterá os ociosos.
Ferirá os tiranos.
Menosprezará os irônicos.
Prenderá os arbitrários.
Acusará os revoltados.
Compensará os trabalhadores fieis.
Calou-se o venerável ancião.
Havia risos à mesa doméstica expectativa no candidato à reencarnação, sorrisos paternais no velhinho experiente.
O sábio abraçou novamente o discípulo e despediu-se rematando:
- Não te esqueças de que o tempo é generoso nas concessões e justo nas contas. Vai, porém, meu filho, e não temas.
Nesse instante, à maneira do homem, cheio de esperanças, que penetra o Ano Novo, o aprendiz reingressou na onda do nascimento.
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Irmão X
Chico Xavier