sábado, 9 de dezembro de 2017

Vida


A Vida é uma aventura extraordinária e bela.

Viver é o supremo dom do Criador a todas as criaturas.

Cada Ser é uma criação originalíssima de Deus.

Cada dia está repleto de lições maravilhosas.

Vivamo-lo com o interesse do aprendiz atento às lições do Mestre.

Bem-aventurado aquele que vive aspirando o perfume da Vida no jardim de suas experiências cotidianas.

A vida do homem sobre a Terra é, de fato, um livro que ele está escrevendo com os caracteres indeléveis de suas atitudes.

Ninguém tem o direito de tirar de ninguém o direito de viver, mesmo dos animais, nossos irmãos menores.

A Vida é como se fosse um Eterno Dia banhado de Sol!

Entoemos a Excelsa Canção do Amor na alegria de viver cada momento.

Por vezes, na Sublime Sinfonia da Vida, o único acorde dissonante é o próprio homem.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Lições da Vida”) 


MENSAGEM DO ESE:
Desprendimento dos bens terrenos


Venho, meus irmãos, meus amigos, trazer-vos o meu óbolo, a fim de vos ajudar a avançar, desassombradamente, pela senda do aperfeiçoamento em que entrastes. Nós nos devemos uns aos outros; somente pela união sincera e fraternal entre os Espíritos e os encarnados será possível a regeneração.

O amor aos bens terrenos constitui um dos mais fortes óbices ao vosso adiantamento moral e espiritual. Pelo apego à posse de tais bens, destruís as vossas faculdades de amar, com as aplicardes todas às coisas materiais. Sede sinceros: proporciona a riqueza uma felicidade sem mescla? Quando tendes cheios os cofres, não há sempre um vazio no vosso coração? No fundo dessa cesta de flores não há sempre oculto um réptil? Compreendo a satisfação, bem justa, aliás, que experimenta o homem que, por meio de trabalho honrado e assíduo, ganhou uma fortuna; mas, dessa satisfação, muito natural e que Deus aprova, a um apego que absorve todos os outros sentimentos e paralisa os impulsos do coração vai grande distância, tão grande quanto a que separa da prodigalidade exagerada a sórdida avareza, dois vícios entre os quais colocou Deus a caridade, santa e salutar virtude que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem baixeza.

Quer a fortuna vos tenha vindo da vossa família, quer a tenhais ganho com o vosso trabalho, há uma coisa que não deveis esquecer nunca: é que tudo promana de Deus, tudo retorna a Deus. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso pobre corpo: a morte vos despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários, não vos iludais. Deus vo-los emprestou, tendes de lhos restituir; e ele empresta sob a condição de que o supérfluo, pelo menos, caiba aos que carecem do necessário.

Um dos vossos amigos vos empresta certa quantia. Por pouco honesto que sejais, fazeis questão de lha restituirdes escrupulosamente e lhe ficais agradecido. Pois bem: essa a posição de todo homem rico. Deus é o amigo celestial, que lhe emprestou a riqueza, não querendo para si mais do que o amor e o reconhecimento do rico. Exige deste, porém, que a seu turno dê aos pobres, que são, tanto quanto ele, seus filhos.

Ardente e desvairada cobiça despertam nos vossos corações os bens que Deus vos confiou. Já pensastes, quando vos deixais apegar imoderadamente a uma riqueza perecível e passageira como vós mesmos, que um dia tereis de prestar contas ao Senhor daquilo que vos veio dEle? Olvidais que, pela riqueza, vos revestistes do caráter sagrado de ministros da caridade na Terra, para serdes da aludida riqueza dispensadores inteligentes? Portanto, quando somente em vosso proveito usais do que se vos confiou, que sois, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário dos vossos deveres? A morte, inflexível, inexorável, rasga o véu sob que vos ocultáveis e vos força a prestar contas ao Amigo que vos favorecera e que nesse momento enverga diante de vós a toga de juiz. – Lacordaire. (Constantina, 1863.)

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 (Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 14.)

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Visão




Busquemos ver as coisas além das aparências.

Analisemos os acontecimentos em profundidade.

Por detrás das atitudes de uma pessoa está o móvel de suas ações.

O rótulo nem sempre revela o conteúdo.

Embora ocultas, as raízes da árvore é que lhe garantem a vitalidade.

De todos os sentidos humanos, o sentido da visão é o mais suscetível de enganos.

Os grandes gênios são, antes de tudo, grandes clarividentes.

Escreveu um grande poeta que “o essencial é invisível para os olhos”.

Tomando por base nós mesmos, saberemos o que leva uma pessoa a agir dessa ou daquela maneira.

Tentemos enxergar os homens com os olhos com que Cristo os enxergava.

Sobretudo, não nos esqueçamos da sábia advertência evangélica: “A candeia do corpo são os olhos. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz”.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Lições da Vida”)
 
MENSAGEM DO ESE:
A parentela corporal e a parentela espiritual


Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13.) 

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: “Eis aqui meus verdadeiros irmãos.” Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 8.)

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

QUEM DEVE, PAGA



Ninguém está seguro de nada, enquanto se encontra na Terra.

A roda das ocorrências não para.

Quem hoje está no alto, amanhã terá mudado de lugar e vice-versa.

E não só por isso.

Quem aprende a abrir a mão em solidariedade, termina por abrir o coração em amor.

Dá o primeiro passo, o mais difícil. Repete-o, treina os sentimentos e te adaptarás à arte e ciência de ajudar.

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Há quem diga que os infelizes de hoje estão expiando os erros de ontem, na injunção de carmas dolorosos. Ajudá-los, seria impedir que os resgatassem.

É correto que a dor de agora procede de equívocos anteriores, porém, a indiferença dos enregelados, por sua vez, lhes está criando situações penosas para mais tarde.

Quem deve, paga, é da Lei. Mas quem ama dispõe dos tesouros que, quanto mais se repartem, mais se multiplicam. É semelhante à chama que acende outros pavios e sempre faz arder, repartindo sem nunca diminuir de intensidade.

Faze, pois, a tua opção de ajudar, e o mais a Deus pertence.
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Livro: Momentos de Meditação

Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis LEAL – Livraria Espírita Alvorada Editora
MENSAGEM DO ESE:
O mandamento maior. Fazermos aos outros o que queiramos que os outros nos façam. Parábola dos credores e dos devedores


Os fariseus, tendo sabido que ele tapara a boca dos saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, para o tentar, propôs-lhe esta questão: — “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” — Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. — Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.)

Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas. (Idem, cap. VII, v. 12.) 

Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. (S. LUCAS, cap. VI, v. 31.)
O reino dos céus é comparável a um rei que quis tomar contas aos seus servidores. — Tendo começado a fazê-lo, apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. — Mas, como não tinha meios de os pagar, mandou seu senhor que o vendessem a ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que lhe pertencesse, para pagamento da dívida. — O servidor, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Senhor, tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo.” — Então, o senhor, tocado de compaixão, deixou-o ir e lhe perdoou a dívida. — Esse servidor, porém, ao sair, encontrando um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, o segurou pela goela e, quase a estrangulá-lo, dizia: “Paga o que me deves.” — O companheiro, lançando-se aos pés, o conjurava, dizendo: “Tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo.” — Mas o outro não quis escutá-lo; foi-se e o mandou prender, par tê-lo preso até pagar o que lhe devia.

Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, foram, extremamente aflitos, e informaram o senhor de tudo o que acontecera. — Então, o senhor, tendo mandado vir à sua presença aquele servidor, lhe disse: “Mau servo, eu te havia perdoado tudo o que me devias, porque mo pediste. — Não estavas desde então no dever de também ter piedade do teu companheiro, como eu tivera de ti?” E o senhor, tomado de cólera, o entregou aos verdugos, para que o tivessem, até que ele pagasse tudo o que devia.

É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará, se não perdoardes, do fundo do coração, as faltas que vossos irmãos houverem cometido contra cada um de vós. (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 23 a 35.)

“Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, itens 1 a 4.)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

GENTE PRECISA DE GENTE


A senhora chegou ao consultório sozinha. Com suas sete décadas de vida, era totalmente independente.

No entanto, embora o aparente vigor físico, as faces se mostravam emurchecidas, como flor que perdera o viço das manhãs.

Iniciada a consulta, após a descrição dos pequenos males que a incomodavam, o médico decidiu ir mais fundo.

Por que um olhar tão apagado, como se os dias não tivessem mais brilho?

Por isso, de forma sutil, foi inquirindo a paciente, a fim de que lhe dissesse como transcorriam os seus dias, como era sua vida.

Ela era viúva, disse. O marido se fora há alguns anos. Ela morava só. Tivera cinco filhos.

Todos haviam cursado os bancos universitários e exerciam profissões com carreiras exitosas.

Quatro deles eram casados, tinham filhos. A mais jovem, no entanto, não se consorciara.

Preocupara-se em atender aos seus sonhos acadêmicos e, perseguindo-os, deixara de lado o matrimônio. Morava em um pequeno apartamento e tinha, para lhe fazer companhia, um cachorro.

Entendia-se muito bem com ele, que a aguardava, toda noite, à porta, vigilante.

Era o momento em que ela descontraía, servia-lhe a refeição e conversava com ele, como se falasse a uma criança.

Aquilo até parecia estranho, dizia a senhora. Mas, então, marejando-lhe os olhos, confidenciou:

Vou lhe dizer uma coisa, doutor. Tenho netos de todos os filhos casados. Costumo visitá-los nos finais de semana, nos feriados, nos momentos em que sei que estão em casa.

Eu chego, vou logo anunciando: “Vovó chegou! Oi, criançada.”

Nenhum deles vem ao meu encontro. Se estão em frente à TV, não param de assistir ao que seja para me cumprimentar.

Se estão de olho no celular, continuam a digitar, a passar mensagens, a ler o que alguém distante lhes mandou.

É como se eu não existisse. E é sempre assim. Dói na alma, doutor. Nenhum sorriso, nenhum abraço, mesmo que eu me demore em suas casas.

Não largam do celular, não se afastam da TV.

Agora, eu lhe digo o seguinte: quando vou à casa da minha filha, basta que eu ponha os pés para dentro do apartamento, o cão corre ao meu encontro.

Ele salta, pula de alegria, me envolve as pernas com as suas patas como se fosse um abraço.

Sento-me à mesa para o café, o chá, uma conversa com minha menina. O cão deita aos meus pés e fica ali.

De vez em quando, ele roça suas patas em mim, como a dizer: “Oi, estou aqui.”

Pois é, doutor, até parece que o cão é o meu único neto. Dá para acreditar numa coisas dessas?

Todos desejamos ser amados. Todos precisamos de carinho, de atenção.

Quando a dor nos dilacerar a alma, quando nos sentirmos sós, quando desejarmos ardentemente que alguém nos abrace, não importarão os milhões de amigos que tenhamos em nosso Facebook, os que nos seguem no Twitter.

Ou as centenas de mensagens, fotos e vídeos que nos cheguem diariamente pelo Whatsapp.

Nada disso substitui um olhar de amor, uma carícia de ternura, um abraço envolvente.

Por isso, sirvamo-nos do que a tecnologia nos propicia mas não esqueçamos de que somos gente. E gente precisa de gente perto de si, de calor humano, de afago.

Pensemos nisso.
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 Por Redação do Momento Espírita, com base em fato. 




MENSAGEM DO ESE:
A Fé Religiosa – Condição da Fé Inabalável


6 – No seu aspecto religioso, a fé é a crença nos dogmas particulares que constituem as diferentes religiões, e todas elas têm os seus artigos de fé. Nesse sentido, a fé pode ser racionada ou cega. A fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro, e a cada passo se choca com a evidência da razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Quando a fé se firma no erro, cedo ou tarde desmorona. Aquela que tem a verdade por base é a única que tem o futuro assegurado, porque nada deve temer do progresso do conhecimento, já que o verdadeiro na obscuridade também o é a plena luz. Cada religião pretende estar na posse exclusiva da verdade, mas preconizar a fé cega sobre uma questão de crença é confessar a impotência para demonstrar que se está com a razão.

7 – Vulgarmente se diz que a fé não se prescreve, o que leva muitas pessoas a alegarem que não são culpadas de não terem fé. Não há dúvida que a fé não pode ser prescrita, ou o que é ainda mais justo: não pode ser imposta. Não, a fé não se prescreve, mas se adquire, e não há ninguém que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituais fundamentais, e não desta ou daquela crença particular. Não é a fé que deve procurar essas pessoas, mas elas que devem procurá-la, e se o fizeram com sinceridade a encontrarão. Podeis estar certos de que aqueles que dizem: “Não queríamos nada melhor do que crer, mas não o podemos fazer”, apenas o dizem com os lábios; e não com o coração, pois ao mesmo tempo em que o dizem, fecham os ouvidos. As provas, entretanto, abundam ao seu redor. Por que, pois, se recusam a ver? Nuns, é a indiferença; noutros, o medo de serem forçados a mudar de hábitos; e na maior parte, o orgulho que se recusa a reconhecer um poder superior, porque teria de inclinar-se diante dele.

Para algumas pessoas, a fé parece de alguma forma inata: basta uma faísca para desenvolvê-la. Essa facilidade para assimilar as verdades espíritas é sinal evidente de progresso anterior. Para outras, ao contrário, é com dificuldade que elas são assimiladas, sinal também evidente de uma natureza em atraso. As primeiras já creram e compreenderam, e trazem, ao renascer, a intuição do que sabiam. Sua educação já foi realizada. As segundas ainda têm tudo para aprender: sua educação está por fazer. Mas ela se fará, e se não puder terminar nesta existência, terminará numa outra.

A resistência do incrédulo, convenha, quase sempre se deve menos a ele do que à maneira pela qual lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário sobretudo compreender. A fé cega não é mais deste século  . É precisamente o dogma da fé cega que hoje em dia produz o maior número de incrédulos. Porque ela quer impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: a que se constitui do raciocínio e do livre-arbítrio. É contra essa fé, sobretudo, que se levanta o incrédulo, o que mostra a verdade de que a fé não se impõe. Não admitindo provas, ela deixa no espírito um vazio, de que nasce a dúvida. A fé raciocinada, que se apóia nos fatos e na lógica, não deixa nenhuma obscuridade: crê-se, porque se tem à certeza, e só se está certo quando se compreendeu. Eis porque ela não se dobra: porque só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade.

É a esse resultado que o Espiritismo conduz, triunfando assim da incredulidade, todas as vezes em que não encontrar a oposição sistemática e interessada.
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O Evangelho Segundo o Espiritismo

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Aprendendo a nos amar



Em verdade, o exercício da aprendizagem do amor inicia-se pelo amor a si mesmo e, consequentemente, pelo amor ao próximo, chegando ao final à plenitude do amor a Deus.

Esses elos de amor se prendem uns aos outros pelo sentimento de afeto desenvolvido e conquistado nas múltiplas experiências acumuladas no decorrer do tempo em que nossas almas estagiaram e aprenderam a conviver e melhorar.

Muitos de nós nos comportamos como se o amor não fosse um sentimento a ser aprendido e compreendido. Agimos como se ele estivesse inerte em nosso mundo íntimo, e passamos a viver na espera de alguém ou de alguma coisa que possa despertá-lo do dia para a noite.

Vale considerar que, quanto mais soubermos amar, mais teremos para dar; quanto maior o discernimento no amor, maior será a nossa habilidade para amar; quanto mais compartilhá-lo com os outros, mais ampliaremos nossa visão e compreensão a respeito dele.

Iniciamos a conquista do amor pleno pelos primeiros degraus da escada da evolução. No começo, nossas qualidades e valores íntimos se encontravam em estado embrionário e, ao longo das encarnações sucessivas, estruturaram-se entre as experiências do sentimento e as do raciocínio. Quando congelamos a concepção sobre o amor, passamos a enxergá-lo de forma romântica e simplista.

O amor a Deus e aos outros como a si mesmo é noção que se vai desenvolvendo pelas bênçãos do tempo. As belezas do Universo nos são reveladas à proporção que amamos; só assim nos tornamos capazes de percebê-las cada vez mais e em todos os lugares.

Disse Jesus que toda a lei e os profetas se acham contidos nestes dois mandamentos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.(Mateus, 22:37a 40.)

Apenas damos ou recebemos aquilo que temos. Quem ainda não aprendeu a amar a si próprio não pode amar aos outros. Não peçamos amor antes de dá-lo a nós mesmos, pois o amor que tenho é o que dou e o que recebo.

À medida que aprendemos a nos amar, adquirimos uma lucidez que nos proporciona identificar nos conflitos um alerta de que estamos indo na direção contrária à nossa maneira de sentir e de pensar. Quanto mais aprendemos a nos amar, mais nos desvinculamos de coisas que não nos são saudáveis, a saber: pessoas, obrigações, crenças e tudo que possa nos invadir a individualidade e nos prostrar ou rebaixar. Muitos chamarão essa atitude de egoísmo, no entanto deveremos reconhecê-la como o ato de amar a si mesmo.

Quando nos colocarmos a serviço do amor verdadeiro, a auto-estima nascerá em nossa vida como valiosa aliada nas dificuldades existenciais.
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Livro Um Modo de Entender Uma Nova Forma de Viver, cap. 2, Espírito Hammed – psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto.
MENSAGEM DO ESE:
Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra


Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por dente. — Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra; — e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhes entregueis o manto; — e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. — Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado. (S. MATEUS, cap. V, vv. 38 a 42.)
Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar “ponto de honra” produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei mosaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: Retribui o mal com o bem. E disse ainda: “Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente.
Dever-se-á, entretanto, tomar ao pé da letra aquele preceito? Tampouco quanto o outro que manda se arranque o olho, quando for causa de escândalo. Levado o ensino às suas últimas conseqüências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio as agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal; que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho; que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma; que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. É, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho. Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar; quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 7 e 8.)
 

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

RUMO AO PORTO SEGURO



O homem necessita emergir dos condicionamentos negativos a que se entrega, buscando a realização pessoal e o desenvolvimento da sociedade da qual é membro relevante.

Para este fim, torna-se-lhe indispensável o conhecimento da própria personalidade, o controle dos impulsos e resíduos dos hábitos antigos, a busca do Eu eterno e uma programação saudável para a reconstrução da sua identidade.

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O conhecimento da própria personalidade é um desafio admirável e estimulante, que não deve ser adiado.

Não basta um exame complacente das debilidades, nem tampouco uma análise severa dos deveres, transferindo-se para estados patológicos de fuga pela depressão ou mediante a rebeldia.

Faz-se necessária uma busca das causas do comportamento consciente e dos fatores que o induzem aos estados infelizes.

Isto será feito através de uma penetração no inconsciente, para ali encontrar os fantasmas persistentes das frustrações e medos, dos problemas infantís não solucionados, e até mesmo de algumas matrizes de outras reencarnações que interferem no comportamento atual. Todos esses mecanismos retidos no inconsciente são responsáveis pelo exaurimento das suas forças, pela paralisação dos esforços em favor do equilíbrio e por ideias obsessivas, perturbadoras.

Serão identificadas, ao mesmo tempo, as imensas possibilidades adormecidas, os tesouros da criatividade e da coragem, as vocações e capacidades que permanecem esmagadas por medos injustificáveis e conflitos facilmente superáveis.

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O controle dos impulsos e resíduos dos hábitos antigos é de grande importância, porquanto estabelece novas metas a serem conquistadas e conduz à superação de todo o lixo acumulado na personalidade, a exsudar miasmas.

O que o indivíduo desconhece, funciona como força dominadora, embora se possa controlar tudo quanto consegue levar à desidentificação.

O conhecimento de uma fraqueza moral, às vezes, leva-o a admitir que está vencido, o que é um erro básico, ou que não dispõe de forças para a batalha. Há sempre energias desconhecidas, em potencial, que podem e devem ser movimentadas.

Todo impulso pode ser canalizado de forma positiva e os resíduos ancestrais devem ser diluídos mediante as novas ações estabelecidas.

Indispensável, pois, desintegrar as imagens residuais perniciosas e conduzir bem as energias liberadas.

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O verdadeiro Eu é imortal e evolve através das reencarnações, atuando pelo amor e pelo conhecimento para o desabrochar do Deus interno, que nele jaz aguardando oportunidade.

Para esse cometimento, os valores espirituais e religiosos desempenham papel importante, por facultarem métodos de introspecção e ação capazes de vencer o ego e abrir espaços para as identificações ideais.

Este esforço, ao invés de isolar os indivíduos, aproxima-os uns dos outros, desenvolvendo a solidariedade e o interesse de iluminação que deve a todos atingir.

Aquele que empreende este desiderato, a ele se afeiçoa de tal forma, que passa a viver em sua função, sem abandonar, naturalmente, os demais deveres que executa com alegria, maneira feliz de exteriorizar a sua identidade superior, iluminada.

Por fim, elabora um programa de comportamento para a sua plena identificação, sua realização psicológica, sua libertação.

As dores não mais o mortificam nem desanimam. Antes, motivam-no a crescer conforme afirmou Heine: "O meu grande sofrimento eu converto em pequenas canções"; ou Milton, cego, escrevendo com jubilo o seu incomparável Paraíso Perdido; ou Mesmer, expulso de Viena, prosseguindo com as suas experiências em torno do fluidismo e do magnetismo.

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Certamente, não atingirás de uma vez esta meta.

O esforço desenvolvido e o exercício continuado te auxiliarão a prosseguir, graças às pequenas vitórias que irás registrando e ao bem-estar de que te sentirás inundado.

Urge que rompas as amarras com a comodidade ou a depressão, com a revolta ou a má vontade; que te resolvas crescer e ser feliz.

Jesus viveu em toda plenitude o amor e ensinou como se poderá seguí-LO através das lições que nos legou.

Assim, não te detenhas no passado, porquanto, hoje é dia novo, e amanhã é o porto feliz que deves conquistar a partir de agora.
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Livro: Momentos de Iluminação
Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis
LEAL – Livraria Espírita Alvorada Editora

MENSAGEM DO ESE:
Advento do Espírito de Verdade (III)

Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes. — O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 7.)












domingo, 3 de dezembro de 2017

MENTIRA



Ninguém mente aos outros sem que esteja mentindo a si mesmo.

A mentira é dos vícios mais difíceis de serem extirpados da alma.

Edificar algo sobre a mentira é como construir-se uma casa sobre a areia movediça…

Quando a verdade não possa ser dita, esperemos o momento propício para dizê-la de modo a não ferir ninguém.

Para reparar o que disse em falso testemunho, o espírito derramará muitas lágrimas.

Reconquistar a confiança dos outros é tarefa mais difícil do que foi conquistá-la.

Que a nossa vida seja transparente de tal modo que não necessitemos recorrer à mentira para ocultar-nos.

A mentira, mesmo insignificante, é um vício que desonra e compromete as demais qualidades da alma.

A pretexto de somente dizermos a verdade, não nos transformemos, no entanto, em verdugos da vida alheia.

Segundo as Escrituras, a verdade dita a seu tempo é maçã de ouro servida em cesto de prata.

Disse-nos o Cristo: “Seja o vosso falar sim, sim; não, não”, porém não se esqueceu de esclarecer-nos também de que a boca fala do que está cheio o coração…
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Lições da Vida”)
 

 MENSAGEM DO ESE:
A indulgência
Espíritas, queremos falar-vos hoje da indulgência, sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.

A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente, e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida intenção.

A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados. 
Quando criticais, que conseqüência se há de tirar das vossas palavras? A de que não tereis feito o que reprovais, visto que estais a censurar; que valeis mais do que o culpado. Ó homens! quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos?
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema! tereis, quiçá, cometido faltas mais graves.

Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita. — José, Espírito protetor. (Bordéus, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 16.)