sábado, 13 de outubro de 2018

MOCIDADE



“Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” — Paulo. (2ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 2, versículo 22.)

Quase sempre os que se dirigem à mocidade lhe atribuem tamanhos poderes que os jovens terminam em franca desorientação, enganados e distraídos.

Costuma-se esperar deles a salvaguarda de tudo.

Concordamos com as suas vastas possibilidades, mas não podemos esquecer que essa fase da existência terrestre é a que apresenta maior número de necessidades no capítulo da direção.

O moço poderá e fará muito se o espírito envelhecido na experiência não o desamparar no trabalho.

Nada de novo conseguirá erigir, caso não se valha dos esforços que lhe precederam as atividades. Em tudo, dependerá de seus antecessores.

A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para viagem importante. A infância foi a preparação, a velhice será a chegada ao porto. Todas as fases requisitam as lições dos marinheiros experientes, aprendendo-se a organizar e a terminar a viagem com o êxito desejável.

É indispensável amparar convenientemente a mentalidade juvenil e que ninguém lhe ofereça perspectivas de domínio ilusório.

Nem sempre os desejos dos mais moços constituem o índice da segurança no futuro.

A mocidade poderá fazer muito, mas que siga, em tudo, “a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”. 
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EMMANUEL 
CHICO XAVIER



MENSAGEM DO ESE:
Os trabalhadores da última hora

O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha. — Tendo convencionado com os trabalhadores que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha. Saiu de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer coisa alguma, — disse-lhes: Ide também vós outros para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável. Eles foram. — Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo. — Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar? — É, disseram eles, que ninguém nos assalariou. Ele então lhes disse: Ide vós também para a minha vinha.
Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros. — Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. — Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. — Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, — dizendo: Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor.
Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. — Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom? 
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos. (S. MATEUS, cap. XX, vv. 1 a 16. Ver também: “Parábola do festim das bodas”, cap. XVIII, nº 1.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 1.)



quinta-feira, 11 de outubro de 2018

DISCIPLINA-TE


Disciplina-te em tudo quanto faças.

Harmoniza-te interiormente, planejando as tuas ações para teu melhor proveito.

Evita improvisações contraproducentes.

Agenda as tuas atividades cotidianas, no combate sem trégua à ociosidade do espírito.

Não te concedas tempo vazio.

Sem disciplinar-se no que faz, o homem não logra êxito em qualquer empreendimento.

O atleta que não se condiciona, física e psicologicamente, não consegue superar-se.

A ordem que impera no Universo não é obra do acaso.

Espírito sem meta é espírito sem caminho.

Multiplica a dádiva dos minutos à tua disposição, sem que te permitas injustificável alegação de cansaço.

Quem se habilita ao bem nunca se exaure de praticá-lo; ao contrário, nele sempre mais se fortalece e se inspira para maior entrega e devotamento." 
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  Irmão José




MENSAGEM DO ESE:
Ação da prece. Transmissão do pensamento

A prece é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. Podemos orar por nós mesmos ou por outrem, pelos vivos ou pelos mortos. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades; as que se dirigem aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando alguém ora a outros seres que não a Deus, fá-lo recorrendo a intermediários, a intercessores, porquanto nada sucede sem a vontade de Deus.
O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do pensamento, quer no caso em que o ser a quem oramos acuda ao nosso apelo, quer no em que apenas lhe chegue o nosso pensamento. Para apreendermos o que ocorre em tal circunstância, precisamos conceber mergulhados no fluido universal, que ocupa o espaço, todos os seres, encarnados e desencarnados, tal qual nos achamos, neste mundo, dentro da atmosfera. Esse fluido recebe da vontade uma impulsão; ele é o veículo do pensamento, como o ar o é do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, ao passo que as do fluido universal se estendem ao infinito. Dirigido, pois, o pensamento para um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece entre um e outro, transmitindo de um ao outro o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem; é assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, que relações se estabelecem a distância entre encarnados.
Essa explicação vai, sobretudo, com vistas aos que não compreendem a utilidade da prece puramente mística. Não tem por fim materializar a prece, mas tornar-lhe inteligíveis os efeitos, mostrando que pode exercer ação direta e efetiva. Nem por isso deixa essa ação de estar subordinada à vontade de Deus, juiz supremo em todas as coisas, único apto a torná-la eficaz.
Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas. Um homem, por exemplo, vê arruinada a sua saúde, em conseqüência de excessos a que se entregou, e arrasta, até o termo de seus dias, uma vida de sofrimento: terá ele o direito de queixar-se, se não obtiver a cura que deseja? Não, pois que houvera podido encontrar na prece a força de resistir às tentações.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVII, itens 9 a 11.)


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

RAÍZES DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL



À SOMBRA DO ABACATEIRO


O Dr. Carlos A. Baccelli, querido irmão de ideal e prestimoso amigo, sempre presente ao Culto da Assistência que o Chico realizava à sombra de um abacateiro, atento e fiel a tudo o que o Chico diz, ia anotando as frases que ele pronunciava e depois escrevia os seus maravilhosos artigos “Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro”. Às vezes fico pensando quanta coisa importante se teria perdido não fossem as abençoadas anotações do Baccelli.


Num certo dia, o Chico pede para falar alguns minutos, parece que percebendo o anseio de cada um. Vai dizendo:


— Eu gostaria de oferecer-lhes, pessoalmente, mais tempo. Às vezes, a gente comete a falta da ingratidão sem desejar. Tenho procurado cumprir com os meus deveres para com os Espíritos Amigos e para com os espíritas amigos. Fala do seu estado de saúde, do tempo reduzido que lhe resta no corpo:


— Eu me contento com a alegria de vê-los a todos; gostaria de me sentar com cada um para conversar sobre as nossas tarefas...


E pede perdão por estar doente!...


O Evangelho Segundo o Espiritismo, aberto ao acaso, havia trazido para estudo e meditação, o capítulo V: “Bem-Aventurados os Aflitos”, o ítem 18: “Bem e Mal Sofrer”.


Emmanuel, presente ao culto, pede ao Chico que fale um pouco sobre o tema do Evangelho.


Chico, então, começa a falar. Sua voz suave e mansa vai penetrando os ouvidos dos presentes.


— À medida que a Providência Divina determina melhoras para nós, na Terra, inventamos aflições... Para cultivar o solo temos o auxílio do trator, antes só possuíamos carros-de-bois... Hoje, temos veículos motorizados encurtando as distâncias, mas não nos contentamos com os 80 kms por hora; antes andava-se a pé... Hoje, a geladeira conserva quase tudo; antes plantavam-se canteiros...


Fala do conforto em que o homem vive e do seu comodismo espiritual:


— É que precisamos de contentar-nos com o que temos; estamos ricos, sem saber aproveitar a nossa felicidade... Antes, as pessoas idosas desencarnavam conosco; hoje as mandamos para os abrigos... Tínhamos um pouco de prosa durante o dia, a oração à noite... Agora inventamos dificuldades e depois vem o complexo de culpa e vamos para os psiquiatras... Se estamos numa fila e uma senhora doente nos pede o lugar, precisamos cedê-lo. Recordemo-nos da prece padrão para todos os tempos que é o Pai Nosso, quando Jesus diz: “O pão nosso de cada dia...” Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem trinta e cinco pares de sapato; onde é que irão arrumar setenta pés? Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que excesso de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de tanto beber, do que por falta de comida... A inflação existe, porque queremos o que é demais.


E conclui:


— Esta é a opinião dos Espíritos. Perdoem-me se falei mal, mas se eu falei mal, falei foi de mim.


Conta o Baccelli que quando o Chico acabou de falar, podia-se ouvir uma mosca voar, tão forte a impressão que deixara em todos os presentes.


“Chico está coberto de razão; falou a pura verdade, verdade que nem sempre queremos ouvir...


Sim, quando o Espírito silencia, Deus fala nele...


Estávamos, agora, em silêncio e o Verbo Divino que vibrara pelos lábios do Chico ecoava dentro de nós...”
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Livro: Chico, de Francisco
Adelino da Silveira
CEU – Cultura Espírita União 



MENSAGEM DO ESE:
A indulgência

Espíritas, queremos falar-vos hoje da indulgência, sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário, oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente, e, se a malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa plausível, séria, não das que, com aparência de atenuar a falta, mais a evidenciam com pérfida intenção.
A indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes, não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados. Quando criticais, que conseqüência se há de tirar das vossas palavras? A de que não tereis feito o que reprovais, visto que estais a censurar; que valeis mais do que o culpado. Ó homens! quando será que julgareis os vossos próprios corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre vós mesmos? 
Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros. Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas que censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o móvel de todos os atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema! tereis, quiçá, cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta e irrita. — José, Espírito protetor. (Bordéus, 1863.)



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 16.)


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Resistindo à mudanças




“E não vos conformeis com este mundo mas transformai-vos renovando a vossa mente, afim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.” (Romanos, capítulo 12º, versículo 2)

 Por que se resiste a mudanças? 

Qual o princípio que asfixia os germes de renovação que nascem em quase todos os instantes na alma dos discípulos do Evangelho?

 Obviamente que não é uma condição natural da vida transformações constantes e súbitas. 

As ciências que estudam as funções do corpo físico definem homeostase como a tendência à estabilidade do meio interno do organismo. 

Portanto, a resistência à mudança é um instinto perfeitamente natural e, por isso, compreensível. 

Não podemos esquecer que os costumes são instrumentos importantes e determinantes na evolução, porém só quando inspirados do fluxo da Vida Superior.

 Existe o lado útil das convenções, mas é preciso identificá-lo. 

É hábito comum da sociedade aderir muito mais ao rigor do convencionalismo do que se ligar às novidades elaboradas pelas revoluções sociais e morais. 

Os seres humanos têm medo inato do desconhecido. 

Os grandes gênios da civilização ofereceram à criatura humana contribuições importantíssimas em todas as áreas do pensamento. 

Investigaram as leis naturais e cooperaram efetivamente com o avanço da humanidade.

 Abandonaram o “sábado” da passagem evangélica (1), que representa a tradição rigorosa, e adotaram a independência interior para perceber “o que é bom, agradável e perfeito”, conforme assevera Paulo aos romanos.

 Quando o apóstolo dos gentios escreveu essa exortação, desejava dizer que a “vontade de Deus” regula o aperfeiçoamento da humanidade, mas é preciso que suas criaturas fiquem receptivas à marcha do progresso inspirada por Ele. 

É contra-senso valer-nos do nome do Cristo para ficarmos estagnados no interior do “edifício carcomido do passado, que não está mais em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações” (2). 

A resistência a mudança e a renovação que impera na família cristã em seus diversos setores (nas assembléias protestantes, nos templos católicos ou nas casas espíritas) tem raízes: 

Na falta de amadurecimento - esquecendo que “a natureza não dá saltos”, atribuímos tudo o que não conseguimos compreender à influenciação de espíritos maléficos, e procuramos o inimigo na vida exterior, quando devíamos reconhecer nossa imaturidade; 

Na privação de instrução generalizada - requer-se da equipe espírita, e de cada um de nós pessoalmente, um conhecimento mais global; não apenas de um setor, o espiritual por exemplo; é preciso integrarmos os conhecimentos e sua devida correspondência com todas as áreas da cultura vigente; 

No egoísmo - as mudanças podem ser boas para os outros, ou mesmo para todo o grupo de ação, mas, se não forem particularmente boas para nós, 99 refutamos a elas;

 Na ausência de autoconfiança - inovações exigem capacidade e novas habilidades a ser adquiridas; porém se não temos auto-estima suficiente para enfrentar desafios, nós as condenamos; 

Em preconceitos - é difícil nos libertarmos das correntes de preconceitos que muitos de nós reverenciamos.

 É necessário esperar e compreender o aperfeiçoamento natural e espaçado da marcha humana. o Senhor da Vida concede-nos no presente mudança e renovação, para que possamos libertar-nos da ignorância do passado e adquirir conhecimentos para o futuro, rumo à ascensão espiritual. 
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Batuíra 
 (1) Marcos, capítulo 2º, versículo 27. (2) O Livro dos Espíritos, questão 783. Edição Ide  





MENSAGEM DO ESE:
O egoísmo (II)


Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos. 

Começai vós por dar o exemplo; sede caridosos para com todos indistintamente; esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias separa, no seu reino, o joio do trigo. 

O egoísmo é a negação da caridade. Ora, sem a caridade não haverá descanso para a sociedade humana. Digo mais: não haverá segurança. Com o egoísmo e o orgulho, que andam de mãos dadas, a vida será sempre uma carreira em que vencerá o mais esperto, uma luta de interesses, em que se calcarão aos pés as mais santas afeições, em que nem sequer os sagrados laços da família merecerão respeito. Pascal. (Sens, 1862.)

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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 12.) 


segunda-feira, 8 de outubro de 2018

CUIDADO DE SI


“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo Isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.”
 — Paulo. (1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 4, versículo 16.)

Em toda parte há pelotões do exército dos pessimistas, de braços cruzados, em desalento.

Não compreendem o trabalho e a confiança, a serenidade e a fé viva, e costumam adotar frases de grande efeito, condenando situações e criaturas.

Às vezes, esses soldados negativos são pessoas que assumiram a responsabilidade de orientar.

Todavia, embora a importância de suas atribuições, permanecem enganados.

As dificuldades terrestres efetivamente são enormes e os seus obstáculos reclamam grande esforço das almas nobres em trânsito no planeta, mas é imprescindível não perder cada discípulo o cuidado consigo próprio. É indispensável vigiar o campo interno, valorizar as disciplinas e aceitá-las, bem como examinar as necessidades do coração. Esse procedimento conduz o espírito a horizontes mais vastos, efetuando imensa amplitude de compreensão, dentro da qual abrigamos, no íntimo, santo respeito por todos os círculos evolutivos, dilatando, assim, o patrimônio da esperança construtiva e do otimismo renovador.

Ter cuidado consigo mesmo é trabalhar na salvação própria e na redenção alheia. Esse o caminho lógico para a aquisição de valores eternos.

Circunscrever-se o aprendiz aos excessos teóricos, furtando-se às edificações do serviço, é descansar nas margens do trabalho, situando-se, pouco a pouco, no terreno ingrato da crítica satânica sobre o que não foi objeto de sua atenção e de sua experiência.

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EMMANUEL
CHICO XAVIER 



MENSAGEM DO ESE:
Dever-se-á pôr termo às provas do próximo?

– Deve alguém pôr termo às provas do seu próximo quando o possa, ou deve, para respeitar os desígnios de Deus, deixar que sigam seu curso?  

Já vos temos dito e repetido muitíssimas vezes que estais nessa Terra de expiação para concluirdes as vossas provas e que tudo que vos sucede é conseqüência das vossas existências anteriores, são os juros da dívida que tendes de pagar. Esse pensamento, porém, provoca em certas pessoas reflexões que devem ser combatidas, devido aos funestos efeitos que poderiam determinar. 

Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, cumpre que as provas sigam seu curso. Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas que, ao contrário, devem contribuir para que elas sejam mais proveitosas, tornando-as mais vivas. Grande erro. É certo que as vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus; dar-se-á, porém, conheçais esse curso? Sabeis até onde têm elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento de tal ou tal dos vossos irmãos: “Não irás mais longe?” Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício para agravar os sofrimentos do culpado, mas como o bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as chagas que a sua justiça abrira? Não digais, pois, quando virdes atingido um dos vossos irmãos: “É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso.” Dizei antes: “Vejamos que meios o Pai misericordioso me pôs ao alcance para suavizar o sofrimento do meu irmão. Vejamos se as minhas consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento; se não me deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e substituí-lo pela paz.” 

Ajudai-vos, pois, sempre, mutuamente, nas vossas respectivas provações e nunca vos considereis instrumentos de tortura. Contra essa idéia deve revoltar-se todo homem de coração, principalmente todo espírita, porquanto este, melhor do que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus. Deve o espírita estar compenetrado de que a sua vida toda tem de ser um ato de amor e de devotamento; que faça ele o que fizer para se opor às decisões do Senhor, estas se cumprirão. Pode, portanto, sem receio, empregar todos os esforços por atenuar o amargor da expiação, certo, porém, de que só a Deus cabe detê-la ou prolongá-la, conforme julgar conveniente.

Não haveria imenso orgulho, da parte do homem, em se considerar no direito de, por assim dizer, revirar a arma dentro da ferida? De aumentar a dose do veneno nas vísceras daquele que está sofrendo, sob o pretexto de que tal é a sua expiação? Oh! considerai-vos sempre como instrumento para fazê-la cessar. Resumindo: todos estais na Terra para expiar; mas, todos, sem exceção, deveis esforçar-vos por abrandar a expiação dos vossos semelhantes, de acordo com a lei de amor e caridade. — Bernardino, Espírito protetor. (Bordéus, 1863.)
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 27.)




domingo, 7 de outubro de 2018

Bases para a reforma social


Vivemos a era do desenvolvimento científico e dos avanços tecnológicos.

No entanto, embora a satisfação e o conforto que os avanços proporcionam para a vida material, não conseguem preencher o vazio da alma.

O homem aspira qualquer coisa de superior, sonha com melhores instituições, deseja a vida, a felicidade, a igualdade, a justiça para todos.

Mas, como atingir tudo isso com os vícios da sociedade e, sobretudo, com o egoísmo imperando?

O homem sente a necessidade do bem para ser feliz e compreende que só o bem pode lhe dar a felicidade pela qual aspira.

Mas, como ocorrerá isso?

Ora, se o reino do bem é incompatível com o egoísmo, é preciso que o egoísmo seja destruído.

Mas, o que pode destruí-lo? A predominância do sentimento do amor, que leva os homens a se tratarem como irmãos e não como inimigos.

A caridade é a base, a pedra angular de todo edifício social. Sem ela o homem construirá sobre a areia.

Assim sendo, se faz urgente que os esforços e, sobretudo os exemplos de todos os homens de bem, a difundam.

Mas como exemplificar o bem num meio corrompido pela maldade, a violência, a corrupção?

Está nos desígnios de Deus que, por seus próprios excessos, as más paixões se destruam. O excesso de um mal é sempre o sinal de que chega ao seu fim.

No entanto, sem a caridade o homem constrói sobre a areia. Um exemplo torna isso compreensível.

Alguns homens bem intencionados, tocados pelos sofrimentos de uma parte de seus semelhantes, supuseram encontrar o remédio para o mal em certas doutrinas de reforma social.

Vida comunitária, por ser a menos custosa; comunidade de bens para que todos tenham a sua parte; nada de riquezas, mas, também, nada de miséria.

Tudo isso é muito sedutor para aquele que, não tendo nada, vê, antecipadamente, a bolsa do rico passar ao fundo comunitário sem cogitar que a totalidade das riquezas, postas em comum, criaria uma miséria geral ao invés de uma miséria parcial.

Que a igualdade, estabelecida hoje, seria rompida amanhã pela mobilidade da população e a diferença entre aptidões.

Que a igualdade permanente de bens supõe a igualdade de capacidades e de trabalho. Mas a questão não é examinar o lado positivo e o negativo desses sistemas.

O fato é que os autores, fundadores ou promotores de todos esses sistemas, sem exceção, não visaram senão a organização da vida material de uma maneira proveitosa a todos.

A finalidade é louvável, indiscutivelmente. Resta saber se, nesse edifício, não falta a base que, só ela, poderia consolidá-lo, admitindo-se que fosse praticável.

A vida comunitária é a abnegação mais completa da personalidade.

Ora, o móvel da abnegação e do devotamento é a caridade, isto é, o amor ao próximo.

Um sistema que, por sua natureza, requer para sua estabilidade virtudes morais no mais supremo grau, haveria que ter seu ponto de partida no elemento espiritual.

Pois muito bem, ele não o leva absolutamente em conta, já que o lado material é a sua finalidade exclusiva.

Isso quer dizer que são enfeitadas com o nome da fraternidade, mas a fraternidade, assim como a caridade, não se impõe nem se decreta, é algo que existe no coração e não será um sistema que a fará nascer.

Ao mesmo tempo em que isto ocorre, o defeito antagônico à fraternidade arruinará o sistema e o fará cair na anarquia, já que cada pessoa quererá tirar para si a melhor parte.

A experiência aí está, diante de nossos olhos, para provar que eles não extinguem nem as ambições nem a cobiça.

Os homens podem fundar colônias sob o regime da fraternidade tentando fugir ao egoísmo que os esmaga, mas o egoísmo seguirá com eles como vermes roedores.

E lá, onde se acham, haverá exploradores e explorados, se lhes falta a caridade.

Por todas essas razões é que nunca haverá reforma social que se sustente em sistemas que não levem em conta o elemento espiritual.

É incontestável que antes de fazer a coisa para os homens, é preciso formar os homens para a coisa, como se formam obreiros, antes de lhes confiar um trabalho.

Pensemos nisso!
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Redação do Momento Espírita, com base em discurso pronunciado por Allan Kardec,
nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux, do livro Viagem espírita em 1862,
ed. O clarim, 2. ed., pp.80-84.
Em 14.03.2008.




MENSAGEM DO ESE: 
Destinação da Terra. Causas das misérias humanas

Muitos se admiram de que na Terra haja tanta maldade e tantas paixões grosseiras, tantas misérias e enfermidades de toda natureza, e daí concluem que a espécie humana bem triste coisa é. Provém esse juízo do acanhado ponto de vista em que se colocam os que o emitem e que lhes dá uma falsa idéia do conjunto. Deve-se considerar que na Terra não está a Humanidade toda, mas apenas uma pequena fração da Humanidade. Com efeito, a espécie humana abrange todos os seres dotados de razão que povoam os inúmeros orbes do Universo. Ora, que é a população da Terra, em face da população total desses mundos? Muito menos que a de uma aldeia, em confronto com a de um grande império. A situação material e moral da Humanidade terrena nada tem que espante, desde que se leve em conta a destinação da Terra e a natureza dos que a habitam.

Faria dos habitantes de uma grande cidade falsíssima idéia quem os julgasse pela população dos seus quarteirões mais íntimos e sórdidos. Num hospital, ninguém vê senão doentes e estropiados; numa penitenciária, vêem-se reunidas todas as torpezas, todos os vícios; nas regiões insalubres, os habitantes, em sua maioria são pálidos, franzinos e enfermiços. Pois bem: figure-se a Terra como um subúrbio, um hospital, uma penitenciaria, um sítio malsão, e ela é simultaneamente tudo isso, e compreender-se-á por que as aflições sobrelevam aos gozos, porquanto não se mandam para o hospital os que se acham com saúde, nem para as casas de correção os que nenhum mal praticaram; nem os hospitais e as casas de correção se podem ter por lugares de deleite.

Ora, assim como, numa cidade, a população não se encontra toda nos hospitais ou nas prisões, também na Terra não está a Humanidade inteira. E, do mesmo modo que do hospital saem os que se curaram e da prisão os que cumpriram suas penas, o homem deixa a Terra, quando está curado de suas enfermidades morais.

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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, itens 6 e 7.)