sábado, 13 de fevereiro de 2016

PRIVILÉGIO



Muitos companheiros perdem tempo e oportunidade de elevação espiritual declarando-se inabilitados para boas obras.

Fogem da oração, recusam preleções de natureza religiosa, evitam templos da fé ou afirmam-se demasiado imperfeitos para cogitar de assuntos e tarefas em ligação com o nome de Deus.

Entretanto, anotemos o contrassenso.

Nós, os espíritos encarnados e desencarnados, em evolução na Terra, não estamos procurando aprender a servir ao próximo porque tenhamos bastante maturidade para isso, mas justamente porque sem aprender a ciência da fraternidade, não alcançaremos a verdadeira condição humana por dentro da própria alma.

Não nos achamos na lavoura da beneficência porque já sejamos generosos, mas, unicamente para adquirir a prática da benemerência espontânea que ainda não possuímos.

Quem dissesse que nos situamos em serviço do Evangelho do Cristo por estarmos senhoreando a virtude, enganar-se-ia decerto, porque se lavrarmos nessa leira divina, é justamente para sulcar o próprio coração e cultivar em nós as sementes benditas do amor aos semelhantes.

Se alguém acreditar que retemos méritos para tratar com os ensinamentos do Senhor, não estaria admitindo a verdade porque os companheiros sinceros na construção do Bem não ignoram que as nossas atividades nesse particular entram em choque incessante com as nossas imperfeições e deficiências, para que estejamos incorporando, pouco a pouco, as qualidades cristãs à nossa própria vida.

Não estamos falando na grandeza e na misericórdia do Senhor porque já sejamos Bons e sim porque Deus é infinitamente Bom para conosco, permitindo-nos agir para conquistar finalmente a felicidade de sermos Bons e humildes na causa universal do Bem Eterno.

Expostas as nossas realidades autênticas, não digas que carregas imperfeições e defeitos, fraquezas e deficiências para deixar de servir, porque para melhorar-nos e educar-nos é que Deus nos concedeu o privilégio de trabalhar. 
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Emmanuel 
Chico Xavier    
Obra: Momentos de ouro 





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Ter Paciência


É comum ouvir-se dizer que alguém perdeu a paciência.

Sendo a paciência uma virtude, parece estranha a ideia de que possa ser perdida.

Virtudes são conquistas do espírito, que as incorpora em seu modo de ser.

Não se trata de algo exterior, que o homem encontra e vê desaparecer sucessivas vezes.

Quem desenvolve uma virtude passa a ser melhor em determinado aspecto de sua vida imortal.

É possível perder-se apenas o que se possui, mas não o que se é.

Se uma característica nobre foi assimilada por alguém, ela não pode ser perdida.

A criatura genuinamente honesta jamais extravia a própria honestidade.

A pessoa bondosa não é privada repentinamente de sua bondade.

Assim, quando alguém afirma que perdeu a paciência é porque nunca chegou a ser verdadeiramente paciente.

Isso não significa que as virtudes surjam de um momento para o outro.

Elas devem ser paulatinamente elaboradas no íntimo do ser.

No longo processo de aquisição da nobreza interior, trava-se uma autêntica batalha entre os vícios e as virtudes.

É comum que certas quedas ocorram, pois se trata de um processo de transição.

Mas a verdade é que, enquanto a criatura titubeia entre atos nobres e mesquinhos, ela ainda está lutando contra si mesma.

Virtudes não são propriedade de um determinado espírito, pois compõem a sua própria essência.

Tanto é assim que habitualmente se fala que alguém é bondoso, e não que possui bondade.

Enquanto estamos com dificuldade para tolerar certas pessoas ou situações, ainda não somos pacientes.

No máximo, estamos lutando para incorporar essa virtude.

Afinal, é fácil conviver pacificamente com quem pensa igual a nós, ou suportar pequenos inconvenientes.

O teste para nossa fibra moral é suportar com serenidade grandes contrariedades ou provocações.

A verdadeira paciência é sempre exteriorização da alma que já realizou muito amor em si mesma.

Plena de amor, ela distribui os tesouros de seu afeto aos que a rodeiam, mediante a exemplificação.

A alma paciente já consegue considerar todas as criaturas como irmãs, em quaisquer circunstâncias.

Se necessário, ela esclarece a ignorância, mas sempre de modo fraterno.

Paciência é a tolerância esclarecida que revela a iluminação do ser que a manifesta.

Trata-se de uma conquista sublime, somente alcançada a custo de disciplina e esforço.

Para ser paciente é preciso domar os próprios impulsos inferiores.

Quem pretende ser tolerante deve cessar de ver problemas nos elementos externos, sejam pessoas ou circunstâncias.

Precisa compreender que todo o mal que atinge a criatura em evolução vem dela própria, de seu interior carente de renovação.

Quem percebe as suas sequelas morais, sem disfarces ou desculpas, naturalmente tende a olhar o próximo com tolerância.

Mas não basta apenas perceber os próprios problemas.

É necessário corrigi-los, com a adoção de novos padrões de comportamento.

A disciplina antecede a espontaneidade.

Transformar vícios em virtudes pressupõe disciplina e determinação.

Assim, para ser paciente é preciso esforço em tolerar as dificuldades e os defeitos alheios.

Mas também é indispensável trabalho concentrado para vencer os próprios vícios.

Pense nisso.
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Momento Espírita

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Quando as dificuldades atingem o apogeu, induzindo os companheiros mais valorosos a desertarem da luta pelo estabelecimento das boas obras, e prossegues sob o peso da responsabilidade que elas acarretam, na convicção de que não nos cabe descrer da vitória final...

Quando os problemas se multiplicam na estrada, pela invigilância dos próprios amigos, e te manténs, sem revolta, nas realizações edificantes a que te consagras...

Quando a injúria te espanca o nome, procurando desmantelar-te o trabalho, e continuas fiel às obrigações que abraçaste, sem atrasar o serviço com justificações ociosas...

Quando tentações e perturbações te ameaçam as horas, tumultuando-te os passos, e caminhas à frente, sem reclamações e sem queixas...

Quando te é lícito largar aos ombros de outrem a carga de atribuições sacrificiais que te assinala a existência, e não te afastas do serviço a fazer, entendendo que nenhum esforço é demais em favor do próximo...

Quando podes censurar e não censuras, exigir e não exiges...

Então, terás levantado a fortaleza da paciência no reino da própria alma.

Nem sempre passividade significa resignação construtiva.

Raramente pode alguém demonstrar conformidade, quando se encontre sob os constrangimentos da provação.

Paciência, em verdade, é perseverar na edificação do bem, a despeito das arremetidas do mal, e prosseguir corajosamente cooperando com ela e junto dela, quando nos seja mais fácil desistir.

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Gratidão



O homem, por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e apertou o narizinho contra o vidro da vitrine.

Os olhos da cor do céu brilharam quando ela viu determinado objeto.

Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis. É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito?

O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou: Quanto dinheiro você tem?

Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse: Isto dá, não dá?

Eram apenas algumas moedas, que ela exibia orgulhosa.

Sabe, eu quero dar este colar azul para a minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe, ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É seu aniversário e tenho certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos olhos dela.

O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.

Tome, leve com cuidado.

Ela saiu feliz, saltitando rua abaixo.

Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e longos e maravilhosos olhos azuis, adentrou a loja.

Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e perguntou:

Este colar foi comprado aqui?

Sim, senhora.

E quanto custou?

Ah!, falou o homem, o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.

A moça continuou: Mas minha irmã tinha somente algumas moedas. O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!

O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e devolveu à jovem dizendo: Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo o que tinha.

O silêncio encheu a pequena loja, e duas lágrimas rolaram pelas faces jovens, enquanto suas mãos tomavam o embrulho e ela retornava ao lar, emocionada.

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Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições. Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura.

E gratidão é sempre manifestação dos Espíritos que têm riqueza de emoções e altruísmo.

Sê sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém.

A gratidão é dever que não aquece apenas quem a recebe, mas também reconforta quem a oferece.
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Redação do Momento Espírita com base no texto O colar de
turquesas azuis, do livro Remotos cânticos de Belém, de Wallace
Leal Rodrigues, ed. O Clarim.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep.
Em 14.07.2011. 
 

 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Segredo dos casamentos duradouros



Qual será o segredo dos casamentos duradouros?
Casais que convivem há anos falam de paciência, renúncia, compreensão.
Em verdade, cada um tem sua fórmula especial.
Recentemente lemos as anotações de um escritor que achamos muito interessantes.
Ele afirma que um bom casamento deve ser criado.

No casamento, as pequenas coisas são as grandes coisas.
É jamais ser muito velho para dar-se as mãos, diz ele.
É lembrar de dizer "te amo", pelo menos uma vez ao dia.
É nunca ir dormir zangado.

É ter valores e objetivos comuns.
É estar unidos ao enfrentar o mundo.
É formar um círculo de amor que una toda a família.

É proferir elogios e ter capacidade para perdoar e esquecer.
É proporcionar uma atmosfera onde cada qual possa crescer na busca recíproca do bem e do belo.
É não só casar-se com a pessoa certa, mas ser o companheiro perfeito.

E para ser o companheiro perfeito é preciso ter bom humor e otimismo.
Ser natural e saber agir com tato.
É saber escutar com atenção, sem interromper a cada instante.

É mostrar admiração e confiança, interessando-se pelos problemas e atividades do outro.
Perguntar o que o atormenta, o que o deixa feliz, por que está aborrecido.
É ser discreto, sabendo o momento de deixar o companheiro a sós para que coloque em ordem seus pensamentos.

É distribuir carinho e compreensão, combinando amor e poesia, sem esquecer galanteios e cortesia.
É ter sabedoria para repetir os momentos do namoro.
Aqueles momentos mágicos em que a orquestra do mundo parecia tocar somente para os dois.

É ser o apoio diante dos demais.
É ter cuidado no linguajar, é ser firme, leal.

É ter atenção além do trivial e conseguir descobrir quando um se tiver esmerado na apresentação para o outro.
Um novo corte de cabelo, uma vestimenta diferente, detalhes pequenos mas importantes.

É saber dar atenção para a família do outro pois,
ao se unir o casal, as duas famílias formam uma unidade.

É cultivar o desejo constante de superação.
É responder dignamente e de forma justa por todos os atos.
É ser grato por tudo o que um significa na vida do outro.

O amor real, por manter as suas raízes no equilíbrio,
vai se firmando dia a dia, através da convivência estreita.

O amor, nascido de uma vivência progressiva e madura,
não tende a acabar, mas amplia-se,
uma vez que os envolvidos passam a conhecer vícios e virtudes,
manias e costumes de um e de outro.

O equilíbrio do amor promove a prática da justiça e da bondade,
da cooperação e do senso de dever, da afetividade e advertência amadurecida.
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Equipe de Redação do Momento Espírita,
 com base no livro: Um presente especial.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Um bom sentimento no meu coração



Dois meninos caminhavam ao longo de uma estrada, que se estendia através de um campo.

À beira do caminho viram um casaco velho e um par de sapatos surrados.

Ao longe vislumbraram o dono que trabalhava naquele campo.

O rapaz mais novo sugeriu que eles escondessem os sapatos, se escondessem eles mesmos, e ficassem ali observando a expressão de surpresa do dono, quando retornasse.

O menino mais velho achou que isso não seria tão bom.

Ele disse que, pelo aspecto da roupa e dos sapatos, o dono deveria ser um homem muito pobre.

Então, depois de falarem sobre o assunto, por sua sugestão, concluíram que tentariam outra experiência: ao invés de esconder os sapatos, iriam colocar uma moeda de prata em cada um, e observar o que o dono faria quando descobrisse o dinheiro.

E foi o que fizeram.

Logo, o homem regressou do local onde trabalhava, colocou seu casaco, calçou um pé em um sapato, sentiu algo duro, levou-o para fora e encontrou um dólar de prata.

Maravilha e surpresa brilharam em seu rosto.

Ele olhou para a moeda uma vez e outra vez, virou-se e não conseguiu ver ninguém ali por perto.

Em seguida, calçou o outro sapato.

Para seu grande espanto, encontrou outra moeda de prata.

Ele começou a chorar, ali, sentado sobre o campo.

Em seguida ajoelhou-se, e ofereceu em voz alta uma oração de agradecimento, na qual falou de sua esposa que estava doente e sem esperança, e sobre seus filhos, indefesos, sem comida.

Fervorosamente, agradeceu a Deus por essa graça, vinda de mãos desconhecidas, e evocou as bênçãos dos céus sobre aqueles que lhe deram a ajuda de que precisava.

Os meninos permaneceram escondidos até ele ir embora. Haviam presenciado toda a cena.

Eles tinham sido tocados por sua oração, e sentiram um calor dentro de seus corações.

Enquanto saíam a pé pela estrada, disse um ao outro: Então, realmente, você não tem um bom sentimento no coração?

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Haverá dia em que todos nós, sem exceção, entenderemos porque há apenas um caminho, o caminho do Bem.

Haverá dia em que apenas esse tipo de felicidade interior irá nos saciar, em que não mais buscaremos preencher os vazios da alma de outras formas.

Haverá dia em que compreenderemos Jesus e Sua mensagem maior, resumida no amor, simplesmente no amor: a Deus, ao próximo e a nós mesmos.

Enquanto esse dia não chega cabe-nos realizar as pequenas conquistas, dar os primeiros passos, viver as primeiras felicidades autênticas possíveis na Terra.

Percebamos em nosso coração o sentimento que predomina quando podemos ser úteis a alguém, quando, de alguma forma, significamos algo na vida de outra pessoa.

Analisemos esse sentimento, tentemos compreender de onde ele vem, tentemos compreender de onde vem a alegria de ouvir um Você é muito importante para mim.

O amor já está na Terra há muito tempo. Não é segredo para ninguém. Não é propriedade dos sábios, dos doutos. Ele está aí, esperando por mim, esperando por você, esperando por nós.
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Redação do Momento Espírita