sábado, 11 de dezembro de 2021

CRUELDADE


A autocrueldade é, sem dúvida, a mais dissimulada de todas as opressões.

De todas as violências que padecemos, as que fazemos contra nós mesmos são as que mais nos fazem sofrer. Nessa crueldade, não se derrama sangue, somente se constroem cercas e cercas, que passam a nos sufocar e a nos afligir por dentro. Montaigne, célebre filósofo francês do século XVI, escreveu: "A covardia é mãe da crueldade". Realmente, é assim que se inicia nossa auto-agressão. Em razão de nossa fragilidade interior e de nossos sentimentos de inferioridade, aparece o temor, que nos impede de expressar nossas mais íntimas convicções, dificultando-nos falar,  pensar e agir com espontaneidade ou descontração.

A autocrueldade é, sem dúvida, a mais dissimulada de todas as opressões. Além de vir adornada de fictícias virtudes, recebe também os aplausos e as considerações de muitas pessoas, mas, mesmo assim, continua delimitando e esmagando brutalmente.

Essa atmosfera virtuosa que envolve os que buscam ser sempre admirados e aceitos deve-se ao papel que representam incessantemente de satisfazer e de contentar a todos, em quaisquer circunstâncias. Buscam contínuos elogios, colecionando reverências e sorrisos forçados, mas pagam por isso um preço muito alto: vivem distantes de si mesmos.

A causa básica do "autotormento" consiste em algo muito simples: viver a própria vida nos termos estabelecidos pela aprovação alheia. A timidez pode ser considerada uma autocrueldade. O acanhado vigia-se e, ao mesmo tempo, vigia os outros, vivendo numa autoprisão. Em razão de ser aceito por todos, ele não defende sua vontade, mas sim a vontade das pessoas. Pensa que há algo de errado com ele, não desenvolve a autoconfiança e, continuamente, se esconde por inibição. 

Pensar e agir, defendendo nosso íntimo e nossos direitos inatos e, definindo nossas perspectivas pessoais, sem subtrair os direitos dos outros, é a imunização contra a autocrueldade. Para vivermos bem com nós mesmos, é preciso estabelecermos padrões de auto respeito, aprendendo a dizer "não sei", "não compreendo", "não concordo" e "não me importo".

 As criaturas que procuram bajulação e exaltação martirizam-se para não cometer erros, pois a censura, a depreciação e a desestima é o que mais as atemorizam. Esquecem-se de que os erros são significativas formas de aprendizagem das coisas. É muito compreensível faltarmos à lógica numa tomada de decisão, ou mudamos de idéia no meio do caminho; no entanto, quando errarmos, será preciso que assumamos a responsabilidade pelo o ensinamento da lição vividade pelos nossos desencontros e desacertos e apreendamos vivenciada. Quem busca consenso, crédito e popularidade não julga seus comportamentos por si mesmo, mas procura, ansiosamente, as palmas dos outros, oferecendo inúmeras razões para que suas atitudes sejam totalmente consideradas.

 Vivendo e seguindo seus próprios passos, poderá inicialmente encontrar dificuldades momentâneas, mas, com o tempo, será recompensado com um enorme bem-estar e uma integral segurança de alma.

Estar alheio ou sair de si mesmo, na ânsia de ser amado por todos aqueles que considera modelos importantes, será uma meta alienada e inatingível. O único modo de alcançar a felicidade é viver, particularmente, a própria vida.

A fixação que temos de olhar o que os outros acham ou acreditam, sem possuirmos a real consciência do que queremos, podemos, sentimos, pensamos e almejamos, é o que promove a destruição em nossa vida interior, ou seja, o esfacelamento da própria unidade como seres humanos e, por consequência, nossa unidade com a vida que está em tudo e em todos.

Consulta Kardec os Obreiros do Bem: "A obrigação de respeitar os direitos alheios tira ao homem o de pertencer-se a si mesmo?" E eles responderam: "De modo algum, porquanto este é um direito que lhe vem da Natureza." (3) 

"Pertencer-se a si mesmo", conforme nos asseveram os Espíritos, é exercer a liberdade de não precisar conciliar as opiniões dos homens e de livrar-se das amarras social, da escravidão do convencionalismo religioso, das vulgaridades da tirania, do  consumismo, da constrição de ser dependente, enfim, do medo do que dirão os outros. A solução para a autocrueldade será a nossa tomada de consciência de que temos a liberdade por "direito que vem da Natureza". Contudo, de quase nada nos servirá a liberdade exterior, se não cultivarmos uma autonomia interior, porque quem está internamente entre grilhões e amarras jamais poderá pensar e agir livremente.
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AS DORES DA ALMA
(HAMMED / FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO) 
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MENSAGEM DO ESE:

Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo

Jesus, tendo vindo às cercanias de Cesaréia de Filipe, interrogou assim seus discípulos: “Que dizem os homens, com relação ao Filho do Homem? Quem dizem que eu sou?” — Eles lhe responderam: “Dizem uns que és João Batista; outros, que Elias; outros, que Jeremias, ou algum dos profetas.” — Perguntou-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” — Simão Pedro, tomando a palavra, respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” — Replicou-lhe Jesus: “Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne nem o sangue que isso te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.” (S. Mateus, cap. XVI, vv. 13 a 17; S. Marcos, cap. VIII, vv. 27 a 30.)

Nesse ínterim, Herodes, o Tetrarca, ouvira falar de tudo o que fazia Jesus e seu espírito se achava em suspenso — porque uns diziam que João Batista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que uns dos antigos profetas ressuscitara. — Disse então Herodes: “Mandei cortar a cabeça a João Batista; quem é então esse de quem ouço dizer tão grandes coisas?” E ardia por vê-lo. (S. Marcos, cap. VI, vv. 14 a 16; S. Lucas, cap. IX, vv. 7 a 9.)

(Após a transfiguração.) Seus discípulos então o interrogam desta forma: “Por que dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias?” — Jesus lhes respondeu: “É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas: — mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem.” — Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara. (S. Mateus, cap. XVII, vv. 10 a 13; — S. Marcos, cap. IX, vv. 11 a 13.)
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos.

A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 1 a 4.)

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Martim Gouveia, moço ainda, afeiçoara-se a pilhar residências incautas, subtraindo o que pudesse, sem nunca ter caído nas mãos das autoridades.

Naquela noite namorara atentamente uma casa fechada qual se ninguém residisse ali.

Pé-ante-pé galgou o muro do quintal e forçou a porta dos fundos.

Abriu-a com habilidade, penetrando na moradia.

Passou pela cozinha e ganhou o interior.

Procurou um dos quartos onde esperava encontrar valores maiores e empurrou de leve a porta.

Nisso, contudo, ouviu respiração estertorosa.

Julgando ser alguém que dormia ressonando, avançou mais ainda.

Admirado, vê então um vulto que se esparrama num leito.

O intruso leva a mão ao punhal. Mas ouve a voz fraca e entrecortada de um homem deitado que o vislumbra no lusco-fusco.

O desconhecido alonga os braços e fala sob forte emoção.

- Oh! Graças a Deus! Você escutou os meus gemidos, meu filho? Foram os Espíritos! Você é um enviado dos Mensageiros Divinos!...

Martim Gouveia, surpreso, abandona a ideia da arma.

Adianta-se para o velhinho que pode agora distinguir sob a luz mortiça do luar através da vidraça.

O ancião repete maravilhado:

- Oh! Graças a Deus! Meu filho, preciso muito de você... Sou paralítico e sem ninguém... Não tenho forças para gritar... Há muito tempo não recebo visitas. Você me ouviu!...

Depois de pequena pausa continuou...

- Busque um remédio... Sinto muita falta de ar... Leia algo que me conforte... Para não morrer sozinho... Você é um enviado dos Espíritos...

E porque o enfermo lhe estendesse um livro, Martim Gouveia, condoído, acendeu a luz e dispôs-se a ler, emocionado...

Era um exemplar de O Evangelho segundo o Espiritismo, ensebado de suor e de lágrimas.

O hóspede imprevisto leu e releu, até alta madrugada e, desde aquele instante, desistiu de assaltos e de furtos, cuidando do velhinho, administrando-lhe remédios, prestando-lhe assistência e lendo com ele os Livros Espíritas da sua predileção.

Após cinco meses, o doente desencarnou em clima de paz, deixando-lhe como herança a casa e os bens e sua alma renovada pelo exemplo de fé nos Bons Espíritos.
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Hilário Silva
Do livro Ideal Espírita, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier 
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DÍVIDA E TEMPO


Chico [Xavier] visitou durante muitos anos um jovem que tinha o corpo totalmente deformado e que morava num barraco à beira de uma mata.

O estado de alienado mental era completo.

A mãe deste jovem era também muito doente e o Chico a ajudava a banhá-lo, alimentá-lo e a fazer a limpeza do pequeno cômodo em que morava.

O quadro era tão estarrecedor que, numa de suas visitas, em que um grupo de pessoas o acompanhava, um médico perguntou ao Chico:

— Nem mesmo neste caso a eutanásia seria perdoável?

— Não creio, doutor – respondeu-lhe o Chico. – Este nosso irmão, em sua última encarnação, tinha muito poder. Perseguiu, prejudicou e com torturas desumanas tirou a vida de muitas pessoas. Algumas o perdoaram, outras não e o perseguiram durante toda a sua vida. Aguardaram o seu desencarne e, assim que ele deixou o corpo, eles o agarraram e o torturaram de todas as maneiras durante muitos anos. Este corpo disforme e mutilado representa uma bênção para ele. Foi o único jeito que a Providência Divina encontrou para escondê-lo de seus inimigos. Quanto mais tempo aguentar, melhor será. Com o passar dos anos, muitos de seus inimigos o terão perdoado. Outros terão reencarnado. Aplicar a eutanásia seria devolvê-lo às mãos de seus inimigos para que continuassem a torturá-lo.

— E como resgatará ele seus crimes? – inquiriu o médico.

— O Irmão X [Humberto de Campos] costuma dizer que Deus usa o tempo e não a violência.
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Livro: Chico, de Francisco
Adelino da Silveira
CEU – Cultura Espírita União
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

A tentação do repouso



Num campo de lavoura, grande quantidade de vermes desejava destruir um velho arado de madeira, muito trabalhador, que lhes
perturbava os planos e, em razão disso, certa ocasião se reuniram ao redor dele e começaram a dizer:

– "Por que não cuidas de ti? Estás doente e cansado…
– Afinal, todos nós precisamos de algum repouso…
– Liberta-te do jugo terrível do lavrador!
– Pobre máquina! A quantos martírios te submetes!…"

O arado escutou… escutou… e acabou acreditando.

Ele, que era tão corajoso, que nem sentia o mais leve incômodo nas mais duras obrigações, começou a queixar-se do frio da chuva, do calor do Sol, da aspereza das pedras e da umidade do chão.

Tanto clamou e chorou, implorando descanso, que o antigo companheiro
concedeu-lhe alguns dias de folga, a um canto do milharal.

Quando os vermes o viram parado, aproximaram-se em massa, atacando-o sem
compaixão.

Em poucos dias, apodreceram-no, crivando-o de manchas, de feridas e de
buracos.

O arado gemia e suspirava pelo socorro do lavrador, sonhando com o regresso às tarefas alegres e iluminadas do campo …
Mas, era tarde.

Quando o prestimoso amigo voltou para utilizá-lo, era simplesmente um traste inútil.

A história do arado é um aviso para nós todos.

A tentação do repouso é das mais perigosas, porque, depois da ignorância, a preguiça é a fonte escura de todos os males.

Jamais olvidemos que o trabalho é o dom divino que Deus nos confiou para a defesa de nossa alegria e para a conservação de nossa própria saúde.
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Meimei 
Chico Xavier
Obra: Pai nosso
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MENSAGEM DO ESE:

A fé: mãe da esperança e da caridade

Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.

A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?

Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar que será do edifício que sobre ela construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.

A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não na tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma, ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida.

Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do um que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé.

— José, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item

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Prevenções


No capítulo dos sofrimentos voluntários, se somássemos os problemas, conflitos, obstáculos e tribulações decorrentes da prevenção que alimentamos habitualmente contra aquilo que os nossos irmãos estejam pensando ou poderiam pensar, decerto que chegaríamos a conclusões espantosas acerca de aflição desnecessária e tempo perdido.

Oponhamos o bem ao mal e deixemos aos outros a faculdade de serem eles mesmos.

Esse amigo ter-nos-á omitido o nome para determinada manifestação de alegria…

Outro companheiro nos haverá negado a saudação que lhe endereçamos com frase amistosa…

Pessoa querida passou indiferentemente por nós com o semblante carregado de preocupação ou azedume…

Certo colega terá erguido demasiadamente a voz, ferindo-nos a sensibilidade, por bagatelas…

E caímos nos excessos de imaginação, fantasiando ofensas que não existem.

Aprendamos a considerar que, tanto quanto nos acontece, os outros também podem sofrer lapsos da memória, contrariedades imanifestas, inquietações e doenças.

E lembremo-nos: toda vez que descambamos para semelhantes desequilíbrios, somos igualmente capazes de esquecer ou ferir, sem participação de nossa vontade.

Evitemos a prevenção no cotidiano, a fim de que a nossa vida encontre o máximo de rendimento no bem.

Confiança em Deus.

Consciência tranquila.

Dever cumprido.

Trabalho à frente.

E, fazendo todo o bem que se nos faça possível, por todos os modos justos, em todas as ocasiões, com todos os recursos ao nosso alcance e para com todas as criaturas, nunca nos previnamos contra quem quer que seja, porque os pensamentos dos outros pertencem a eles e não a nós.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Rumo certo
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Cada Ave em Seu Ninho


O mal reside na furna da ignorância.

O ódio respira nas trincheiras da discórdia. 

A inveja mora no deserto da insatisfação.

A tristeza improdutiva desabrocha no abismo do desânimo.

A perturbação cresce no precipício do dever não cumprido.

O desequilíbrio desenvolve-se no despenhadeiro da intemperança.

A crueldade nasce no pedregulho da dureza espiritual. 

A maledicência brota no espinheiral da irreflexão. 

A alegria reside no coração que ama e serve.

A tranquilidade não se aparta da boa consciência.

A fé reconforta-se no templo da confiança.

A solidariedade viceja no santuário da simpatia.

A saúde vive na submissão à Lei Divina.

O aprimoramento não se separa do serviço constante. 

O dom de auxiliar mora na casa simples e acolhedora da humildade.

Cada ave em seu ninho, cada coisa em seu lugar. Há muitas moradas para nossa alma sobre a própria Terra.

Cada criatura vive onde lhe apraz e com quem lhe agrada.

Procuremos a estrada do verdadeiro bem que nos conduzirá à felicidade perfeita, de vez que, segundo o ensinamento do Evangelho, cada espírito tem o seu tesouro de luz ou o seu fardo de sombra, onde houver colocado o próprio coração.
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Emmanuel 
Chico Xavier 
Obra: Construção do amor
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MENSAGEM DO ESE:

Caridade para com os criminosos

A verdadeira caridade constitui um dos mais sublimes ensinamentos que Deus deu ao mundo. Completa fraternidade deve existir entre os verdadeiros seguidores da sua doutrina. Deveis amar os desgraçados, os criminosos, como criaturas, que são, de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, se se arrependerem, como também a vós, pelas faltas que cometeis contra sua Lei. Considerai que sois mais repreensíveis, mais culpados do que aqueles a quem negardes perdão e comiseração, pois, as mais das vezes, eles não conhecem Deus como o conheceis, e muito menos lhes será pedido do que a vós.

Não julgueis, oh! não julgueis absolutamente, meus caros amigos, porquanto o juízo que proferirdes ainda mais severamente vos será aplicado e precisais de indulgência para os pecados em que sem cessar incorreis. Ignorais que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza e que o mundo nem sequer como faltas leves considera?

A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dais, nem, mesmo, nas palavras de consolação que lhe aditeis. Não, não é apenas isso o que Deus exige de vós. A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o vosso próximo. Podeis ainda exercitar essa virtude sublime com relação a seres para os quais nenhuma utilidade terão as vossas esmolas, mas que algumas palavras de consolo, de encorajamento, de amor, conduzirão ao Senhor supremo.

Estão próximos os tempos, repito-o, em que nesse planeta reinará a grande fraternidade, em que os homens obedecerão à lei do Cristo, lei que será freio e esperança e conduzirá as almas às moradas ditosas. Amai-vos, pois, como filhos do mesmo Pai; não estabeleçais diferenças entre os outros infelizes, porquanto quer Deus que todos sejam iguais; a ninguém desprezeis. Permite Deus que entre vós se achem grandes criminosos, para que vos sirvam de ensinamentos. Em breve, quando os homens se encontrarem submetidos às verdadeiras leis de Deus, já não haverá necessidade desses ensinos: todos os Espíritos impuros e revoltados serão relegados para mundos inferiores, de acordo com as suas inclinações.

Deveis, àqueles de quem falo, o socorro das vossas preces: é a verdadeira caridade. Não vos cabe dizer de um criminoso: “É um miserável; deve-se expurgar da sua presença a Terra; muito branda é, para um ser de tal espécie, a morte que lhe infligem.” Não, não é assim que vos compete falar. Observai o vosso modelo: Jesus. Que diria ele, se visse junto de si um desses desgraçados? Lamentá-lo-ia; considerá-lo-ia um doente bem digno de piedade; estender-lhe-ia a mão. Em realidade, não podeis fazer o mesmo; mas, pelo menos, podeis orar por ele, assistir-lhe o Espírito durante o tempo que ainda haja de passar na Terra. Pode ele ser tocado de arrependimento, se orardes com fé. É tanto vosso próximo, como o melhor dos homens; sua alma, transviada e revoltada, foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar; ajudai-o, pois, a sair do lameiro e orai por ele.

Isabel de França. (Havre, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, item 14.)

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Esquece e prossegue


Terás caído.

Decerto já te reergueste.

Mesmo assim, sofres com as censuras que, provavelmente, ainda te cerquem.

Não te incomodes, porém.

Desculpa e segue adiante.

Aqueles que te menosprezam claramente ignoram que talvez em futuro próximo encontrarão as mesmas dificuldades e tentações que te fizeram cair.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Livro de respostas
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Vasos de barro


Não te furtes a transmitir os dons do Evangelho.

Se caíste, levanta-te e estende as mãos,
construindo o melhor.

Se estiveste em erro até ontem, reconsidera o gesto impensado e ajuda aos semelhantes.

Se doente, permanece na confiança, encorajando e esclarecendo a quem te ouve a palavra.

Se cansado, recompõe as próprias forças na fé e prossegue amparando sempre.

Caluniado, perdoa e esquece o golpe, procurando servir.

Menosprezado, não firas a ninguém e esforça-te por ser útil.

Perseguido, esquece o mal e faze o bem que possas.

Insultado, olvida toda ofensa e auxilia sem mágoa.

Em meio de todas as fraquezas e vicissitudes que nos rodeiam a alma, estejamos convictos, com o Apóstolo Paulo, de que possuímos o conhecimento da verdade
e a flama do amor, como quem transporta um tesouro em vasos de barro para que a excelência da virtude resplandeça por
luz de Deus e não nossa.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Palavras de vida eterna.
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Ubuntu


Um antropólogo mostrou um jogo às crianças de uma tribo africana...

Ele colocou um cesto cheio de frutas deliciosas junto de uma árvore e depois desafiou os meninos. O que chegasse primeiro ficava com tudo.

Mas ao dar o sinal de partida, constatou, estupefacto, que as crianças caminharam juntas, de mãos dadas, até à arvore, onde partilharam os frutos. 

Por quê? - perguntou.

E um dos meninos respondeu espantado:

"Ubuntu... como é que um de nós poderia ficar feliz quando os outros ficariam desolados?"

Estas, sim, são pessoas civilizadas. Estas, sim, são tribos culturalmente muito avançadas. Este e outros segredos, são tesouros que perdemos, vendemos, alienamos, na nossa civilização predadora, feroz, competitiva, inumana e letal.

Ubuntu na sua língua significa "eu sou porque nós somos".
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 Caso saiba a autoria, nos informe.
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MENSAGEM DO ESE:

Pelas suas obras é que se reconhece o cristão

“Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.”
Escutai essa palavra do Mestre, todos vós que repelis a Doutrina Espírita como obra do demônio. Abri os ouvidos, que é chegado o momento de ouvir.

Será bastante trazer a libré do Senhor, para ser-se fiel servidor seu? Bastará dizer: “Sou cristão”, para que alguém seja um seguidor do Cristo? 

Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. “Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos bons.” — “Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao fogo.” São do Mestre essas palavras. Discípulos do Cristo, compreendei-as bem! Que frutos deve dar a árvore do Cristianismo, árvore possante, cujos ramos frondosos cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abrigam todos os que se hão de grupar em torno dela? Os da árvore da vida são frutos de vida, de esperança e de fé. O Cristianismo, qual o fizeram há muitos séculos, continua a pregar essas virtudes divinas; esforça-se por espalhar seus frutos, mas quão poucos os colhem! A árvore é boa sempre, porém maus são os jardineiros. Entenderam de moldá-la pelas suas idéias; de talhá-la de acordo com as suas necessidades; cortaram-na, diminuíram-na, mutilaram-na; tornados estéreis, seus ramos não dão maus frutos, porque nenhuns mais produzem. O viajor sedento, que se detém sob seus galhos à procura do fruto da esperança, capaz de lhe restabelecer a força e a coragem, somente vê uma ramaria árida, prenunciando tempestade. Em vão pede ele o fruto de vida à árvore da vida; caem-lhe secas as folhas; tanto as remexeu a mão do homem, que as crestou.

Abri, pois, os ouvidos e os corações, meus bem-amados! Cultivai essa árvore da vida, cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a plantou vos concita a tratá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância seus frutos divinos. Conservai-a tal como o Cristo vo-la entregou: não a mutileis; ela quer estender a sua sombra imensa sobre o Universo: não lhe corteis os galhos. Seus frutos benfazejos caem abundantes para alimentar o viajor faminto que deseja chegar ao termo da jornada; não amontoeis esses frutos, para os armazenar e deixar apodrecer, a fim de que a ninguém sirvam. “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.” É que há açambarcadores do pão da vida, como os há do pão material. Não sejais do número deles; a árvore que dá bons frutos tem que os dar para todos. Ide, pois, procurar os que estão famintos; levai-os para debaixo da fronde da árvore e partilhai com eles do abrigo que ela oferece. — “Não se colhem uvas nos espinheiros.” Meus irmãos, afastai-vos dos que vos chamam para vos apresentar as sarças do caminho, segui os que vos conduzem à sombra da árvore da vida.

O divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão: “Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; entrarão somente os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.”

Que o Senhor de bênçãos vos abençoe; que o Deus de luz vos ilumine; que a árvore da vida vos ofereça abundantemente seus frutos! Crede e orai.

— Simeão. (Bordéus, 1863.)
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO 

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Algo para nós


Não digas que a grandeza de Deus te dispensa do bem a realizar.

Deus é a Luz do Universo, mas podes acender uma vela e clarear o caminho para muita gente dentro da noite.

Deus é o Amor, entretanto, onde a necessidade apareça, guardas o privilégio de oferecer a migalha de socorro que comece a restaurar o equilíbrio da vida.

Lembremo-nos de que Deus pode fazer tudo, mas reservou-nos algo para realizar, por nós mesmos, de modo a sermos dignos de Seu nome.
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Emmanuel
Chico Xavier 
Obra: Canteiro de idéias
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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Reforma íntima


É bem possível que tenhamos ouvido, mais de uma vez, as palavras reforma íntima.

Quase sempre, o termo nos desperta a ideia de que tudo em nós está errado e necessita ser reformulado.

Ou de que somos portadores somente de coisas negativas, ruins, que devem ser modificadas.

Reforma quer dizer retificação, mudança. Mas, também, melhoria, aprimoramento, dar melhor forma a alguma coisa.

Quando dizemos que faremos uma reforma em nossa casa, não significa que ela está ruim. Pode simplesmente querer dizer que desejamos melhorá-la, ampliá-la, torná-la mais confortável.

Assim, a reforma pode compreender uma repintura externa, porque a atual está começando a descascar ou se encontra desbotada, pelo longo tempo de exposição às intempéries.

Ou até mesmo porque desejamos alterar a cor, por outra, que conceda melhor aparência ao imóvel.

Durante uma inspeção para reforma, poderemos descobrir que precisamos substituir o assoalho de um cômodo, uma parede, um pedaço do teto.

Quem sabe, substituir algumas telhas quebradas, calhas.

Com certeza, haveremos de encontrar na casa, que nos dispomos a reformar, um cômodo quase ideal, que, ao menos por ora, não demanda nenhum retoque.

É um lugar aconchegante, com boa iluminação, móveis bem dispostos, pintura excelente. Enfim, ali tudo está bem e não necessitará ser tocado, como dissemos, não agora.

Assim também é quando falamos em reforma íntima. Analisando as nossas disposições individuais, a nossa forma de ser, de pensar e agir, vamos descobrir que temos defeitos, sim. Entretanto, também virtudes.

Os defeitos são aqueles que devemos nos esmerar para nos libertarmos. Naturalmente, a pouco e pouco.

Exatamente como a reforma de qualquer casa, quer seja por condições financeiras, quer seja por condições técnicas, não se faz de um dia para o outro.

Tempo, esforço, atenção é o que é exigido para irmos nos liberando de defeitos pequenos e grandes.

É o ciúme que teima em aparecer, a impaciência que nos faz explodir por quase nada, o egoísmo falando mais alto.

Como toda reforma tem a ver com uma certa desarrumação, sujeira de caliça, madeira e pó, quando iniciamos a reforma íntima, por vezes, vamos nos sentir como se tudo estivesse muito mal.

Parecer-nos-á que só temos defeitos e não os iremos superar nunca.

Paciência conosco! A natureza não dá saltos e vícios de muitos anos necessitarão de tempo para serem eliminados.

Um dia, com a reforma completada, tudo estará arrumado, bem disposto, no lugar correto.

E, é claro, nossa alma enfeitada com as flores viçosas, os vasos delicados das virtudes conquistadas.

Jesus, o Mestre, no intuito de nos incentivar à própria melhoria, lecionou que quem estivesse no telhado, não descesse para o interior da casa; que quem estivesse no campo, não retornasse para a cidade.

O convite é no sentido de que, vencidas as etapas, as pequenas deficiências, abolidos alguns erros, não nos permitamos cometê-los outra vez.

Não nos permitamos retornar a cometer o mesmo equívoco, nem mesmo com a desculpa Só hoje, Só agora.

Pensemos a respeito e iniciemos nossa reforma íntima. 
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Momento Espírita
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MENSAGEM DO ESE:

A caridade material e a caridade moral

“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles.” Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava.

Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso.

Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!...

Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!

Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se.

A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de ou trem é caridade moral.

Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxilio.

Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai.

– Irmã Rosália. (Paris, 1860.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 9.)
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Problema nosso



Enquanto cultivarmos melindres e ressentimentos;

enquanto não pudermos aceitar os próprios adversários na condição de filhos de Deus e irmãos nossos, tão dignos de amparo quanto nós mesmos;

enquanto sonegarmos serviço fraterno aos que ainda não nos estimem;

e enquanto nos irritarmos inutilmente, a felicidade para nós é impossível.
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Emmanuel
Chico Xavier
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A ARTE DA CONVIVÊNCIA CONJUGAL


É comum se pensar que os casamentos mais sólidos são aqueles que sobrevivem a grandes traumas. Digamos, uma infidelidade conjugal ou uma falência.

Contudo, a verdade é que a duração do matrimônio está na razão direta da arte da convivência conjugal.

Conviver todos os dias, aguentando as pequenas coisas um do outro, por exemplo. Suportar que ele aperte o tubo de pasta de dentes bem no meio, enquanto ela insiste que deva ser bem no finzinho, por uma questão de estética e de economia.

Ou ainda, ele não auxiliar nas tarefas domésticas. Ela ser sensível demais.

Ele ser muito mole com as crianças, permitir tudo. Ela desejar manter a linha dura, investindo na disciplina e na educação dos filhos.

Conviver com as diferenças exige boa vontade diária. Um casal, que convive há catorze anos, confessou que tem diferenças enormes quanto a esporte.

Ela adora ver futebol em casa. Ele adora aventuras. Com uma filha de dez anos, aprenderam a conviver, apoiando um o prazer do outro.

Assim, quando o marido decidiu dar a volta ao mundo velejando, ela o acompanhou pela imaginação, sem sair de casa. Mas não criou obstáculos para ele, nem fez papel de vítima.

Saber aceitar comentários feitos em momentos de pequenas rusgas também contribui para a manutenção da estabilidade conjugal.

Certo marido presenteou a esposa com dez roseiras, que ela teve de plantar sozinha. Durante uma discussão, ela acabou por dizer a ele que odiava aquelas rosas que ele havia comprado. Afinal, elas só serviam para dar trabalho.

Ele não se perturbou. No Natal daquele mesmo ano ele lhe deu mais uma roseira. Ela achou graça, comentando com as amigas:

Quando a gente pensa que eles entenderam o que se falou, descobre-se que nem ouviram.

E continuam a viver juntos, colhendo rosas no seu jardim.

Mas, possivelmente, o mais importante seja recordar os bons momentos. Olhar para o passado, reavivar as chamas dos sentimentos positivos tem a capacidade de reacender o amor.

Um americano conta que ele e a esposa adoram recordar a forma como se conheceram. Ela foi a um restaurante onde ele estava cantando. Ela gostou muito da canção e aplaudiu entusiasmada.

Ele a notou e perguntou: Você é casada?

Não, respondeu. Você cantaria no meu casamento?

A resposta dele foi rápida e sorridente: Eu vou cantar no nosso casamento.

Sete meses depois estavam casados. Estão casados até hoje, passados anos. Continuam felizes.

Entre muitos casais, na Terra, o tédio aparece depois que arrefece a paixão e o cotidiano toma conta dos atos.

O tédio azeda a vida em comum. A rotina a destrói.

Tão logo surja na relação conjugal a indiferença, a secura ou o relaxamento, é hora de reagir, antes que o casamento acabe por tolices.

Casamento, ou seja, a união permanente de dois seres, pode ser entendida como uma ligação afetiva que lembra o cérebro e o coração. Para que a vida prossiga, é necessário que haja sintonia entre ambos.
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por Redação do Momento Espírita, com base no artigo Novas regras para um casamento feliz, de Seleções Reader’s Digest, de janeiro de 2000 e no cap. 13 do livro Vida e sexo, pelo Espírito Emmanuel, ed. FEB.
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Poema de uma Alma


Numa região alcatifada de luminosas neblinas, o Anjo da Redenção recebia as almas que regressavam da Terra, mostrando-lhes nos firmamentos constelados os sóis que enchiam de melodia e luminosidade o abismo do Universo.

Um dos egressos do mundo terreno aproximou-se-lhe, exclamando em soluços:

— Anjo Salvador, venho da Terra como um náufrago desvalido!… Ouro e honrarias não me deram a paz ambicionada! Estou só com a minha consciência dilacerada; que fazer, ó mensageiro da redenção, para alcançar aqueles páramos radiosos de ventura que nos aponta a tua mão resplandecente?…

 — Filho — replicou-lhe com bondade — a solidão em que te achas foi criada pelo teu egoísmo… aquelas mansões de alegria, onde entrevês a felicidade intraduzível, são conquistadas com o que se faz em bem dos outros.

 Escuta-me! A Terra ainda é a região dos resgates penosos; milhões de seres lá sofrem e choram, lutam e desfalecem. Volta a esse mundo e prende-te às suas leis. Come do seu pão e sofre-lhe as iniquidades! Labora na grande oficina da abnegação e do sacrifício.

Lá encontrarás ciladas tentadoras, mas estarás em temporário olvido para que se valorize o teu esforço.

 Não te esqueças de amar aos teus semelhantes com o esquecimento dos teus próprios interesses, e quando alcançares o absoluto desprendimento da matéria, terás o poder de criar as tuas próprias asas!… Conhecerás então as belezas universais e conhecerás as flores sublimes dos páramos siderais quando se sabe plantar as sementes da renúncia no solo ingrato da Terra!…

 A Alma então animada, resoluta, atirou-se ao círculo das reencarnações benfazejas.

 Inúmeras vezes fracassou no caminho fácil das tentações. O Demônio da Sexualidade, a Ambição do Ouro, o Egoísmo da Posse, a Inquietação da Fama prenderam-na por muitos séculos de dor e de tormento.

 Ia somente aos palácios da Morte para se banhar no pranto dos arrependimentos salvadores, retornando à luta com o firme propósito da vitória; até que um dia escolheu um ambiente de lágrimas dolorosas para os seus combates. Sua infância foi uma longa tortura e toda a sua vida um rosário de aflições e de angústias; viu o escárnio em lábios que estremecia, feriu-se nos espinhos da ingratidão e chorou na confiança traída.

 Tudo, porém, suportou com serenidade espartana e com paciência evangélica. Sorriu aos trabalhos e dificuldades da sua existência, sacrificando-se penosamente!…

 Todavia, uma hora chegou em que as privações lhe trouxeram o alvará da liberdade.

Adormeceu tranquilamente nos braços misericordiosos da Morte e livre da reencarnação e da miséria despertou no santuário esplendoroso da Redenção onde um Anjo divino lhe descerrou as portas da Imensidade, então a Alma liberta, entre lágrimas de reconhecimento e de júbilo, alou-se ao Infinito, em cujos jardins deslumbrantes foi colher a flor da sempiterna ventura.
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Marta 
Chico Xavier
(Recebida em Pedro Leopoldo a 6 de dezembro de 1934)
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MENSAGEM DO ESE:

Mundos de expiações e provas

Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em que habitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição moral. Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.

Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contacto com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos os Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.

Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degredados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem os infortúnios da vida. É que há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.

A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos tem aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito.

– Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, itens 13 a 15.)

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Respostas do Alto


Reconhecida a verdade de que Nosso Pai Celestial responde aos bons corações, através dos corações que se fazem melhores, não olvidemos a nossa possibilidade de servir na condição de valiosos instrumentos da Divina Bondade.
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Nós que sempre somos tão apressados e tão pródigos no "pedir", lembremo-nos de que podemos também dar.
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Auxiliemos a Divina Providência no abençoado serviço do intercâmbio.
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Ninguém pode contar com uma fortuna, em valores amoedados, para encontrar a felicidade perfeita, mas toda vez que derramarmos o coração, em favor dos nossos semelhantes, semearemos a verdadeira alegria.
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Todos podemos, em nome do Senhor, responder às rogativas dos que lutam e sofrem mais que nós mesmos.
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Uma visita ao doente é sagrado recurso da fraternidade ao que suplica a assistência do Céu, em desespero.
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A desculpa sincera é uma benção de alívio para quem sofre sob o peso da culpa.
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Um gesto de carinho é uma plantação de simpatia na terra escura da alma que se arrojou aos precipícios da revolta ou da incompreensão.
***
Um sorriso amigo é uma resposta do bom ânimo e da amizade, refundindo as forças
daquele que está prestes a cair.
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Recorda que o Senhor espera por tua boa vontade e por teus braços, para responder com a paz e com a esperança aos que te cercam.
***
Ainda que tudo seja secura e aspereza em torno de teus pés, ama sempre.
***
Através da corrente viva do amor em teu coração, interpretarás a cooperação do Céu aos aíque te acompanham e receberás, constantemente, as respostas do Alto às tuas aflições e aos teus problemas.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Mãos marcadas
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Sinônimos Espíritas


Amor – presença divina.

Caridade – apoio a si mesmo.

Estudo – discernimento.

Trabalho – defesa.

Progresso – renovação.

Ignorância – treva.

Serviço – merecimento.

Perdão – liberdade.

Ofensa – prisão.

Culpa – desarmonia.

Sofrimento – reajuste.

Equilíbrio – saúde.

Ressentimento – enfermidade.

Ódio – veneno.

Êxito – esforço constante.

Dever – rumo certo.

Felicidade – paz de consciência.

Constância – garantia.

Conhecimento – responsabilidade.

Prosápia – tolice.

Orgulho – queda.

Humildade – ascensão.
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Albino Teixeira
Psicografia em reunião pública
19 de setembro de 1970
Comunhão Espírita Cristã, na cidade de Uberaba (MG)
Livro: Através do Tempo
Francisco Cândido Xavier, por Espíritos Diversos
LAKE – Livraria Allan Kardec Editora
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domingo, 5 de dezembro de 2021

Pontos perigosos para os pais


1 Desconsiderar a importância do exemplo na escola do lar.

2 Ignorar que os filhos chegam à reencarnação através deles, sem serem deles.

3 Transformar as crianças em bibelôs da família, fugindo de ajudá-las na formação do caráter desde cedo.

4 Ajudar os filhos inconsideradamente tanto quanto sobrecarregá-los de obrigações incompatíveis com a saúde ou a disposição que apresentem.

5 Distanciar-se da assistência necessária aos pequeninos sob pretexto de poderem remunerar empregados dignos, mas incapazes de substituí-los nas responsabilidades que receberam.

6 Desconhecer que os filhos são Espíritos diferentes, portadores da herança moral que guardam em si mesmos, por remanescentes felizes ou infelizes de existências anteriores.

7 Desejar que os filhos lhes sejam satélites, olvidando que eles caminham na trajetória que lhes é peculiar, com pensamentos e atitudes pessoais.

8 Desinteressar-se dos estudos que lhes dizem respeito.

9 Relegar-lhes as mentes às superstições e fantasias, sem prestar-lhes explicações honestas em torno do mundo e da vida.

10 Não lhes pedir trabalho e cooperação na medida das possibilidades.

11 Conceder-lhes mesadas e facilidades, sem espírito de justiça.

12 Incentivá-los à superestimação do próprio valor, sob a desculpa de serem inteligentes.

13 Cultivar preferências.

14 Acolher intrigas.

15 Repreender por simples capricho ou deixar de corrigir quando necessário.

16 Forçá-los a receber preconceitos e tradições.

17 Impor-lhes determinada carreira profissional, sem observar-lhes as tendências.

18 Obrigá-los a casar ou deixar de casar, como também frustrar-lhes a liberdade de escolha da companheira ou do companheiro.

19 Não auxiliá-los na independência de que carecem para seguir a trilha justa.

20 Esquecer que os filhos são associados de experiência e destino, credores ou devedores, amigos ou adversários de encarnações do pretérito próximo ou distante, com os quais nos reencontraremos na Vida Maior, na condição de irmãos uns dos outros, ante a Paternidade de Deus.
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André Luiz
(Psicografia de Waldo Vieira)
Obra: Estude e viva
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MENSAGEM DO ESE:

Transmissão de riqueza

O princípio, segundo o qual ele é apenas depositário da fortuna de que Deus lhe permite gozar durante a vida, tira ao homem o direito de transmiti-la aos seus descendentes?

O homem pode perfeitamente transmitir, por sua morte, aquilo de que gozou durante a vida, porque o efeito desse direito está subordinado sempre à vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir que aqueles descendentes gozem do que lhes foi transmitido. Não é outra a razão por que desmoronam fortunas que parecem solidamente constituídas. É, pois, impotente a vontade do homem para conservar nas mãos da sua descendência a fortuna que possua. Isso, entretanto, não o priva do direito de transmitir o empréstimo que recebeu de Deus, uma vez que Deus pode retirá-lo, quando o julgue oportuno.

— São Luís. (Paris, 1860.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 15.)

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Os talentos que possuímos


Nosso Pai Celestial na Sua bondade infinita nos confiou dons ricos de propriedades especiais para favorecer nossa evolução.
São talentos que podemos multiplicar com o bom uso, ou deixarmos de lado, sem usufruirmos suas qualidades e embelezarmos nossas vidas.

Quando temos boas intenções e disposição para fazê-los florir, nos tornamos mais felizes.

Se temos saúde mental, e nenhuma indisposição perturba essa fonte de bênçãos; se podemos pensar, agir, quer dizer que possuímos o talento da inteligência.

Esse talento nos permite que o apliquemos em prol da vida, do bem, das pessoas.

Se nascemos em uma família com facilidades financeiras e econômicas, temos a possibilidade de usar desses recursos para construir escolas, fábricas, hospitais.

Podemos possibilitar estudo, oferecer trabalho, proporcionar saúde.

Se não forem muito expressivas essas posses, ainda assim podemos colaborar na aquisição de materiais escolares para tantos que os necessitam.

Podemos matar a fome de famílias desamparadas, dar abrigo a quem necessite.
Se conseguimos conquistar cultura, teremos conosco uma usina de saber que poderá enriquecer outras mentes e corações com os quais podemos dividir esse manancial.

E que dizer da ampla possibilidade que Deus nos concede de nos tornarmos pais e mães, sermos cocriadores com Ele.

Se somos administradores, podemos direcionar muitos benefícios e enriquecer os que nos rodeiam.

Tanto os talentos que nos são dados, como os talentos que conquistamos, são tesouros raros que devem ser muito bem utilizados.
Jamais os devemos desperdiçar.
* * *
Talentos são tesouros materiais ou morais que podemos transformar em meios de propagação de progresso e de conhecimento espiritual.

Podemos multiplicar o saber e espalhar oportunidades.

Podemos nos servir dos talentos dos conhecimentos que conquistamos e dividir com quem tenha sede de saber.

Ou simplesmente acioná-los e melhorar o padrão de vida de outras pessoas, esclarecendo-as, tirando-as da ignorância em que se encontram.

Podemos tomar dos talentos dos sentimentos e promover o renascimento da esperança nos corações; fazer a alegria de crianças e de idosos com nossas presenças, com nossos afagos; podemos aquecer a alma que se deixou gelar de desesperança.

Podemos utilizar os talentos da nossa boa vontade para espalhar o sorriso amigo, o cumprimento afável, o abraço caloroso.
E nos servir da alegria para injetá-la na alma depressiva, no coração amargo, no parceiro triste.

Todos possuímos talentos. Visíveis ou ocultos, estão à espera de que os utilizemos. A decisão nos cabe. A escolha nos pertence.
Saibamos multiplicá-los, fazendo bom uso de todos eles, acionando-os a benefício de terceiros, multiplicando-os, exatamente como fez o administrador previdente, na parábola dos talentos, narrada por Jesus.
Finalmente, tenhamos em mente que a felicidade que espalharmos se fará a nossa felicidade!
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Redação do Momento Espírita, com base no cap. 20, do livro Vida e valores, v. 1, de Raul Teixeira, ed. FEP.
FORMATAÇÃO E PESQUISA: MILTER -30-08-2020
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