sábado, 18 de julho de 2020

Morte Silenciosa


Todos os dias, enquanto nos hospitais e clínicas particulares, inúmeros médicos e enfermeiros lutam pela vida dos seus pacientes, muitas outras vidas são destroçadas.

E suas mortes não constam das manchetes retumbantes, nem nos noticiários da televisão. Passam anônimas.

Na verdade, poucos são os que se dão conta de que elas ocorrem. Falamos dos seres que não chegaram a nascer. Suas vidas são ceifadas como se arranca dos canteiros a erva daninha.

Bocas são silenciadas antes de se abrirem para o primeiro gemido. Mãos que poderiam acariciar, braços que se preparavam para as trocas dos carinhos foram simplesmente destruídos.

Pernas e pés que ainda não se firmaram para andar, correr, saltar, não o farão jamais.

São embriões e fetos, seres vivos, todos os dias jogados à vala da indiferença.

Sim. São muitos os motivos que levam alguém a abortar o fruto das suas entranhas. Desespero, aflição, ignorância, comodismo, problemas financeiros e familiares, entre outros.

Nada que o justifique, prosseguindo a ser crime perante a Lei Divina que, desde os dias do Decálogo, prescreve não matar.

Percebemos que, enquanto crescem os movimentos ecológicos, de alerta ao respeito pela natureza, à Terra em que vivemos; enquanto os grupos de apoio à fauna e à flora se multiplicam, poucos são os que se erguem para falar em nome desses pequenos seres que têm seus corpos destruídos, antes de virem à luz.

E são seres humanos, com a única diferença de não possuírem ainda um documento de cidadania.

Quando deixaremos de ser tão insensíveis aos problemas alheios e nos envolveremos, batalhando pela vida?

Quantos de nós sabemos das intenções de abortamento de uma amiga, uma colega de trabalho, parente ou familiar e nada fazemos, com a desculpa de que cada qual é dono de sua própria vida?

Para quem sabe e não esclarece, nada faz por evitar o crime, há também culpa por omissão.

Quanta vez a criatura que se decide pelo abortamento, o faz porque não encontrou em seu caminho uma mão que lhe detivesse a tentativa, uma voz que lhe falasse acerca da vida em geração em seu ventre, como um filho de Deus!

Sempre se constituirá em infanticídio o aborto delituoso.

Um covarde processo de que se utilizam uns tantos para fugir à responsabilidade, incorrendo em grave falta.

Se puderes, luta pela vida desses pequeninos! Se, eventualmente, já cometeste o abortamento alguma vez, volta-te para esses outros pequenos que vivem na terra, ao abandono e ampara a um deles.

Doa do teu amor, porque bem poderá acontecer que Deus, em Sua infinita misericórdia, dessa forma te permitirá reencontrar o Espírito que te estava destinado para filho do coração.

*

Mesmo quando aceito e tornado legal nos estatutos humanos, o abortamento fere violentamente as Leis Divinas, continuando a ser crime para quem o pratica ou para quem a ele se submete.

O único tipo de abortamento permitido pela Lei Divina é o terapêutico. Isto quer dizer, sacrificar-se o bebê para salvar a vida da mãe.
🌿🌹🌿

Redação do Momento Espírita.. Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. FEP. Em 19.05.2008.







MENSAGEM DO ESE:

Preces pelos doentes

As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germens malsãos, às vezes hereditários. Nos mundos mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões. (Cap. III, n° 9.) Temos, assim, de nos resignar às conseqüências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, mau grado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males.

Se Deus não houvesse querido que os sofrimentos corporais se dissipassem ou abrandassem em certos casos, não houvera posto ao nosso alcance meios de cura. A esse respeito, a sua solicitude, em conformidade com o instinto de conservação, indica que é dever nosso procurar esses meios e aplicá-los.
A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece. (Ver, no Cap. XXVI, a notícia sobre a mediunidade curadora.)

Prece. (Para ser dita pelo doente.) — Senhor, pois que és todo justiça, a enfermidade que te aprouve mandar-me necessariamente eu a merecia, visto que nunca impões sofrimento algum sem causa. Confio-me, para minha cura, à tua infinita misericórdia. Se for do teu agrado restituir-me a saúde, bendito seja o teu santo nome. Se, ao contrário, me cumpre sofrer mais, bendito seja ele do mesmo modo. Submeto-me, sem queixas, aos teus sábios desígnios, porquanto o que fazes só pode ter por fim o bem das tuas criaturas.
Dá, ó meu Deus, que esta enfermidade seja para mim um aviso salutar e me leve a refletir sobre a minha conduta. Aceito-a como uma expiação do passado e como uma prova para a minha fé e a minha submissão à tua santa vontade.

Prece. (Pelo doente.) — Meu Deus, são impenetráveis os teus desígnios e na tua sabedoria entendeste de afligir a N... pela enfermidade. Lança, eu te suplico, um olhar de compaixão sobre os seus sofrimentos e digna-te de pôr-lhes termo.
Bons Espíritos, ministros do Onipotente, secundai, eu vos peço, o meu desejo de aliviá-lo; encaminhai o meu pensamento, a fim de que vá derramar um bálsamo salutar em seu corpo e a consolação em sua alma.
Inspirai-lhe a paciência e a submissão à vontade de Deus; dai-lhe a força de suportar suas dores com resignação cristã, a fim de que não perca o fruto desta prova.
Prece. (Para ser dita pelo médium curador.) — Meu Deus, se te dignas servir-te de mim, indigno como sou, poderei curar esta enfermidade, se assim o quiseres, porque em ti deposito fé. Mas, sem ti, nada posso. Permite que os bons Espíritos me cumulem de seus fluidos benéficos, a fim de que eu os transmita a esse doente, e livra-me de toda idéia de orgulho e de egoísmo que lhes pudesse alterar a pureza.
🌿🌹🌿
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, itens 77 a 80.)


sexta-feira, 17 de julho de 2020

A Receita da Felicidade



Tadeu, que era dos comentaristas mais inflamados, no culto da Boa Nova, em casa de Pedro, entusiasmara-se na reunião, relacionando os imperativos da felicidade humana e clamando contra os dominadores de Roma e contra os rabinos do Sinédrio.


Tocado de indisfarçável revolta, dissertou largamente sobre a discórdia e o sofrimento reinantes no povo, situando-lhes a causa nas deficiências políticas da época, e, depois que expendeu várias considerações preciosas, em torno do assunto, Jesus perguntou-lhe: 

- Tadeu, como interpreta você a felicidade?

- Senhor, a felicidade é a paz de todos.

O Cristo estampou significativa expressão fisionômica e ponderou: 

- Sim, Tadeu, isto não desconheço; entretanto, estimaria saber como se sentiria você realmente feliz.

O discípulo, com algum acanhamento, enunciou: 

- Mestre, suponho que atingiria a suprema tranqüilidade se pudesse alcançar a compreensão dos outros.

Desejo, para esse fim, que o próximo me não despreze as intenções nobres e puras.

Sei que erro, muitas vezes, porque sou humano; entretanto, ficaria contente se aqueles que convivem comigo me reconhecessem o sincero propósito de acertar.

Respiraria abençoado júbilo se pudesse confiar em meus semelhantes, deles recebendo a justa consideração de que me sinta credor, em face da elevação de meu ideal.

Suspiro pelo respeito de todos, para que eu possa trabalhar sem impedimentos.

Regozijar-me-ia se a maledicência me esquecesse.

Vivo na expectativa da cordialidade alheia e julgo que o mundo seria um paraíso se as pessoas da estrada comum se tratassem de acordo com o meu anseio honesto de ser acatado pelos demais.

A indiferença e a calúnia doem-me no coração.

Creio que o sarcasmo e a suspeita foram organizados pelos Espíritos das trevas, para tormento das criaturas.

A impiedade é um fel quando dirigida contra mim, a maldade é um fantasma de dor quando se põe ao meu encontro.

Em razão de tudo isso, sentir-me-ia venturoso se os meus parentes, afeiçoados e conterrâneos me buscassem, não pelo que aparento ser nas imperfeições do corpo, mas pelo conteúdo de boa-vontade que presumo conservar em minhalma.

Acima de tudo, Senhor, estaria sumamente satisfeito se quantos peregrinam comigo me concedessem direito de experimentar livremente o meu gênero de felicidade pessoal, desde que me sinta aprovado pelo código do bem, no campo de minha consciência, sem ironias e críticas descabidas.

Resumindo, Mestre, eu queria ser compreendido, respeitado e estimado por todos, embora não seja, ainda, o modelo de perfeição que o Céu espera de mim, com o abençoado concurso da dor e do tempo.

Calou-se o apóstolo e esboçou-se, na sala singela, incontido movimento de curiosidade ante a opinião que o Cristo adotaria.

Alguns dos companheiros esperavam que o Amigo Celeste usasse o verbo em comprida dissertação, mas o Mestre fixou os olhos muito límpidos no discípulo e falou com franqueza e doçura:

- Tadeu, se você procura, então, a alegria e a felicidade do mundo inteiro, proceda para com os outros, como deseja que os outros procedam para com você. E caminhando cada homem nessa mesma norma, muito breve estenderemos na Terra as glórias do Paraíso.
🌿🌼🌿
Néio Lúcio, Do livro: Jesus no Lar
 Médium: Francisco Cândido Xavier





MENSAGEM DO ESE:

Sacrifício da própria vida (II)

– Se um homem se expõe a um perigo iminente para salvar a vida a um de seus semelhantes, sabendo de antemão que sucumbirá, pode o seu ato ser considerado suicídio?

Desde que no ato não entre a intenção de buscar a morte, não há suicídio e, sim, apenas, devotamento e abnegação, embora também haja a certeza de que morrera. Mas, quem pode ter essa certeza? Quem poderá dizer que a Providência não reserva um inesperado meio de salvação para o momento mais crítico? Não poderia ela salvar mesmo aquele que se achasse diante da boca de um canhão? Pode muitas vezes dar-se que ela queira levar ao extremo limite a prova da resignação e, nesse caso, uma circunstância inopinada desvia o golpe fatal. 
🌿🌼🌿
— São Luís. (Paris, 1860.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 30.)

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Problemas, Facilidades e Fé


(...)
Diante das dificuldades de qualquer denominação, face aos infortúnios de variada classificação, perante as graves e dolorosas conjunturas, da existência planetária, sob a constrição de qualquer enfermidade ou sofrendo transes afetivos sem nome e sem esperança, não te arrojes ao desespero nem rogues soluções apressadas à Vida.

Tem paciência e sofre confiante.
Tudo passa!

Qualquer situação, como toda a circunstância boa ou má são transitórias pelo caminho da evolução.

Espera e persevera no exercício do bem sem limite, recuperando o passado de sombras e acendendo luzes de esperanças para o futuro – Quando menos esperes, descobrirás que as dores se foram, as lutas cessaram, mas em paz de consciência estarás livre das conjunturas carnais adejando além das situações dolorosas no rumo da plenitude da paz interior.
*
“Tudo o que com fé pedirdes em vossas orações, haveis de receber”. Mateus: capítulo 21º, versículo 22.
🙏🦋🙏
Joanna de Ângelis
Divaldo Franco









MENSAGEM DO ESE:

Missão do homem inteligente na Terra

Não vos ensoberbeçais do que sabeis, porquanto esse saber tem limites muito estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejais sumidades em inteligência neste planeta: nenhum direito tendes de envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizeis para o bem de todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele. A natureza do instrumento não está a indicar a que utilização deve prestar-se? A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele merece expulso.

Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir a idéia de Deus e da Providência entre seus irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para arrotear o terreno? Tem ele direito ao salário prometido? Não merece, ao contrário, ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não duvideis, e atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que se curve diante dAquele a quem tudo deve.
A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tornam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu. 
🙏🦋🙏
— Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, item 13.)
🙏🦋🙏

LEI DA FÍSICA


Toda ação é semelhante a um elástico que alguém se põe a esticar com as próprias mãos.

O elástico, após distender-se quanto pode, encolhendo-se, volta ao seu ponto de origem.

Porém, ao voltar, traz consigo a consequência da força tensional em que se alongou.

Tanto o bem quanto o mal, por mais se distanciem de seus autores, sempre retornam a eles com o resultado de seus benefícios ou prejuízos.

Portanto, em essência, o bem ou o mal que fazes pertencem a ti e não aos outros.

O chamado “choque de retorno”, regendo o mundo moral das criaturas, é uma lei da Física.

Foi por isto que Jesus, em sua sabedoria, nos recomendou que aos outros fizéssemos o que gostaríamos nos fosse feito.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Ajuda-te e o Céu te Ajudará”)


quarta-feira, 15 de julho de 2020

O Lar



O lar não é somente o santuário de alvenaria, onde reconfortas o corpo. É também o reino das almas, onde o teu coração reclama a bênção da paz e a alegria de viver.

É o templo em cujo altar vivo o Senhor nos situa o espírito para o aprendizado na escola humana.

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Aprende a servir dentro dele, a fim de que possas representar dignamente o papel que te cabe no mundo.

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Semeia, aí dentro, no recinto abençoado que te viu crescer, a bondade e o entendimento.

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Quando não fores compreendido por aqueles que te cercam nos laços da consanguinidade, cultiva o auxílio silencioso, em benefício dos que te rodeiam.

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Em casa, quase sempre, aliam-se a nós os amores mais santos, construindo-nos o paraíso mais doce, e prendem-se ao nosso temporário destino na Terra as aversões mais profundas em tempestades do sentimento.

*

Sob o véu misericordioso da reencarnação, amigos e adversários aí se congregam, disputando o prêmio do aprimoramento espiritual.

*

Em razão disso, é possível sofras, no campo familiar, os tormentos mais rudes, entretanto, não te desesperes, nem te desanimes...

*

Ilhado pelas incompreensões, perdoa e serve sem descansar.

Fustigado pela discórdia, não te confies à tristeza destrutiva.

*

Regozija-te com a possibilidade de recapitular pequeninas experiências, lutando pela própria regeneração.

*

Se compulsoriamente afastado daqueles que amas em razão da rebeldia deles mesmos, ampara com as vibrações do pensamento amigo àqueles que te expulsam.

*

Um dia, a luz brilhará sobre a mente crepuscular dos nossos companheiros infelizes, assim como o dia volta a raiar, ao fim de cada noite.

*

Jamais te esqueças de que o lar é uma bênção de Deus na Terra.

*

Não grites, nem te revoltes, dentro dele.

Não te entregues à crueldade ou ao desalento, entre as suas fronteiras de amor.

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Lembra-te de que a tua casa é bendito refúgio do teu pão, dos teus sonhos e do teu estímulo ao trabalho renovador.

*

No lar, temos o nosso mais valioso curso de abnegação e fraternidade e, quando praticarmos o ensinamento do amor puro, com quem nos partilha a mesa e se entrelaça conosco, através do calor do mesmo sangue, então estaremos inteiramente habilitados para seguir com Jesus, no apostolado do bem à Humanidade inteira.
🌿🌼🌿
Néio Lúcio
por Francisco Cândido Xavier
Livro: Esperança e Vida
Francisco Cândido Xavier, Carlos A. Baccelli, por Espíritos Diversos
IDEAL – Instituto de Divulgação Editora André Luiz






MENSAGEM DO ESE:

O orgulho e a humildade (III)

Pobre criatura! és mãe, teus filhos sofrem; sentem frio; tem fome, e tu vais, curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te, para lhes conseguires um pedaço de pão! Oh! inclino-me diante de ti. Quão nobremente santa és e quão grande aos meus olhos! Espera e ora; a felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que nele confiam, concede Deus o reino dos céus.

E tu, donzela, pobre criança lançada ao trabalho, às privações, por que esses tristes pensamentos? Por que choras? Dirige a Deus, piedoso e sereno, o teu olhar: ele dá alimento aos passarinhos; tem-lhe confiança: ele não te abandonará. O ruído das festas, dos prazeres do mundo, faz bater-te o coração; também desejaras adornar de flores os teus cabelos e misturar-te com os venturosos da Terra. Dizes de ti para contigo que, como essas mulheres que vês passar, despreocupadas e risonhas, também poderias ser rica. Oh! cala-te, criança! Se soubesses quantas lágrimas e dores inomináveis se ocultam sob esses vestidos recamados, quantos soluços são abafados pelos sons dessa orquestra rumorosa, preferirias o teu humilde retiro e a tua pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus, se não queres que o teu anjo guardião para o seu seio volte, cobrindo o semblante com as suas brancas asas e deixando-te com os teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficarias perdida, a aguardar a punição no outro.

Todos vós que dos homens sofreis injustiças, sede indulgentes para as faltas dos vossos irmãos, ponderando que também vós não vos achais isentos de culpas; é isso caridade, mas é igualmente humildade. Se sofreis pelas calúnias, abaixai a cabeça sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se é puro o vosso proceder, não pode Deus vo-las compensar? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.

Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte segunda vez à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles olvidam? Terá que de novo expulsar do templo os vendedores que conspurcam a tua casa, casa que é unicamente de oração? E, quem sabe? ó homens! se o não renegaríeis como outrora, caso Deus vos concedesse essa graça! Chamar-lhe-íeis blasfemador, porque abateria o orgulho dos modernos fariseus. É bem possível que o fizésseis perlustrar novamente o caminho do Gólgota.
🌿🌼🌿
 – Lacordaire. (Constantina, 1863.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII, item 11.)

terça-feira, 14 de julho de 2020

A Fé e o Dever


A fé em Deus é imensamente comum.

Embora sob distintas denominações e formas, a imensa maioria dos homens afirma crer na Divindade.

Contudo, seu agir e seu sentir nem sempre espelham essa crença.

Deus é a suprema e soberana inteligência, ilimitado em Seus poderes e virtudes.

Ele é infinitamente poderoso, sábio, justo e bondoso.

Saber que a Divindade está no controle de tudo possui o condão de modificar a percepção de prioridades das criaturas.

Como a justiça Divina é perfeita e impera no Universo, cada qual vive o que necessita e merece.

Assim, não é necessário passar a existência na intransigente defesa do próprio espaço.

Sem dúvida, não é viável ser ingênuo ou preguiçoso e deixar de cuidar de si.

Apenas não é necessário angustiar-se pelas contingências da vida.

Quem crê em Deus tem condições de desenvolver tranquilidade interior.

Afinal, é convicto de que o Soberano poder impõe ordem no Universo.

Deposita fé na bondade e na justiça Divinas e sabe que sem a permissão celeste nada ocorre.

Justamente por isso, a atenção do crente deixa de estar em seus direitos para residir em seus deveres.

Por saber que o mérito preside os destinos das criaturas, cuida de ser o melhor possível.

Tem fé no futuro, razão pela qual coloca os bens espirituais acima dos materiais.

Sabe que as vicissitudes da vida são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do ideal da fraternidade, faz o bem sem esperar recompensas.

Encontra satisfação em ser útil e bondoso, em fazer ditosos os outros.

É benevolente para com todos, independentemente de credo, cor ou raça, pois sabe que todos os homens são filhos de Deus e Seus irmãos.

Respeita as convicções sinceras dos semelhantes e não condena quem pensa diferente.

Quando ofendido, procura perdoar por compreender as dificuldades dos irmãos de jornada.

Jamais se vinga, ciente de que toda justiça repousa nas mãos do Criador.

É indulgente para as fraquezas alheias, por saber que também necessita de indulgência.

Não se ocupa dos defeitos alheios, mas dos seus.

Estuda as próprias imperfeições, a fim de se melhorar.

Consciente do olhar de Deus sobre si, cuida de ser digno em todos os momentos de sua vida, mesmo os mais íntimos.

Usa, mas não abusa, de seus bens, por ser consciente de que são apenas empréstimo da Divindade.

Utiliza seu tempo livre em atividades úteis, fazendo-se um agente do progresso no mundo.

Talvez esses deveres pareçam excessivos, mas não representam um peso para quem realmente acredita em Deus.

Constituem consequência natural da certeza da existência de um ente superior, pleno de bondade, justiça e poder.

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Redação do Momento Espírita, com base no item 3,
do cap. XVII, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, ed. FEB.
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FORMATAÇÃO E PESQUISA: MILTER – 12-07-2020





MENSAGEM DO ESE:

Observai os pássaros do céu

Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os comem e onde os ladrões os desenterram e roubam; — acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; — porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração.

Eis por que vos digo: Não vos inquieteis por saber onde achareis o que comer para sustento da vossa vida, nem de onde tirareis vestes para cobrir o vosso corpo. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes?

Observai os pássaros do céu: não semeiam, não ceifam, nada guardam em celeiros; mas, vosso Pai celestial os alimenta. Não sois muito mais do que eles? — e qual, dentre vós, o que pode, com todos os seus esforços, aumentar de um côvado a sua estatura?

Por que, também, vos inquietais pelo vestuário? Observai como crescem os lírios dos campos: não trabalham, nem fiam; — entretanto, eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. — Ora, se Deus tem o cuidado de vestir dessa maneira a erva dos campos, que existe hoje e amanhã será lançada na fornalha, quanto maior cuidado não terá em vos vestir, ó homens de pouca fé!

Não vos inquieteis, pois, dizendo: Que comeremos? ou: que beberemos? ou: de que nos vestiremos? — como fazem os pagãos, que andam à procura de todas essas coisas; porque vosso Pai sabe que tendes necessidades delas.

Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. — Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 19 a 21 e 25 a 34.)

Interpretadas à letra, essas palavras seriam a negação de toda previdência, de todo trabalho e, conseguintemente, de todo progresso. Com semelhante princípio, o homem limitar-se-ia a esperar passivamente. Suas forças físicas e intelectuais conservar-se-iam inativas. Se tal fora a sua condição normal na Terra, jamais houvera ele saído do estado primitivo e, se dessa condição fizesse ele a sua lei para a atualidade, só lhe caberia viver sem fazer coisa alguma. Não pode ter sido esse o pensamento de Jesus, pois estaria em contradição com o que disse de outras vezes, com as próprias leis da Natureza. Deus criou o homem sem vestes e sem abrigo, mas deu-lhe a inteligência para fabricá-los.

Não se deve, portanto, ver, nessas palavras, mais do que uma poética alegoria da Providência, que nunca deixa ao abandono os que nela confiam, querendo, todavia, que esses, por seu lado, trabalhem. Se ela nem sempre acode com um auxílio material, inspira as idéias com que se encontram os meios de sair da dificuldade.

Deus conhece as nossas necessidades e a elas provê, como for necessário. O homem, porém, insaciável nos seus desejos, nem sempre sabe contentar-se com o que tem: o necessário não lhe basta; reclama o supérfluo. A Providência, então, o deixa entregue a si mesmo. Freqüentemente, ele se torna infeliz por culpa sua e por haver desatendido à voz que por intermédio da consciência o advertia. Nesses casos, Deus fá-lo sofrer as conseqüências, a fim de que lhe sirvam de lição para o futuro.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, itens 6 e 7.)

segunda-feira, 13 de julho de 2020

AGRESSIVIDADE


(...)

A agressividade é doença da alma que deve merecer cuidados muito especiais desde a infância, educando-se o iniciante na experiência terrestre, de forma que possa dispor de recursos para vencer a inferioridade moral que traz de existências transatas ou que adquire na convivência doentia da família...

*

A agressividade é herança cruel do medo ancestral, que remanesce no Espírito desde priscas eras.

Não diluído pela segurança psicológica adquirida mediante a fé religiosa, a reflexão, a psicoterapia acadêmica, a oração, domina os recônditos do sentimento e exterioriza-se de forma infeliz na agressividade.

A ausência dos diálogos domésticos saudáveis entre pais, filhos e cônjuges ou parceiros, que se agridem mutuamente, sempre ressentidos, extrapolam do lar em direção à via pública, transformada em campo de batalha, segue no rumo do local de trabalho, e até aos clubes de recreação, em contínuo destrambelho das emoções.

Nesse contubérnio afligente, Espíritos irresponsáveis e frívolos aproveitam-se das vibrações deletérias e misturam-se com esses combatentes perturbados, aumentando-lhes a ferocidade e estimulando-lhes os instintos inferiores.

O resultado são os crimes hediondos, asselvajados, estarrecedores, que aumentam o índice de maldade em razão da ingestão de bebidas alcoólicas, de drogas alucinantes e fatais...

A civilização contemporânea periclita nos seus alicerces materialistas, ameaçada pela agressividade e pelo desrespeito moral que assolam sem freio.

Sem dúvida, estudiosos do comportamento, educadores sinceros e devotados, religiosos abnegados, pensadores sensatos e sociólogos lúcidos vêm investindo os seus melhores recursos na construção da nova mentalidade saudável, em tentativas ainda não vitoriosas para a reversão do quadro aparvalhante, confiantes, no entanto, nos resultados futuros.

O progresso moral é lento e exige sacrifícios de todos os cidadãos que aspiram pela felicidade e pela harmonia na Terra.

As respeitáveis contribuições da Ciência e da Tecnologia, valiosas, sob qualquer aspecto consideradas, respondem por muitas modificações das estruturas ultramontanas, suprimindo a ignorância e o primitivismo. Nada obstante, também são usadas para o crime de várias denominações, especialmente através dos veículos da mídia: os periódicos, a Internet, a televisão, assim como o teatro e o cinema, com a sua complexa penetração nas massas, às vezes, usados vergonhosamente e sem qualquer controle, oferecendo campo de vulgaridades e informações que preparam delinquentes e viciosos...

A rigor, com as nobres exceções existentes, a sociedade moderna encontra-se enferma gravemente, necessitando de urgentes cuidados, que o sofrimento, igualmente generalizando-se, conseguirá, no momento próprio, oferecer a recuperação, o reencontro com a saúde após a exaustão pelas dores...

Instala-se, desse modo, lentamente, o período da paz, da brandura, da fraternidade.

Sofrido, o ser humano ver-se-á compelido a fazer a viagem de volta às questões simples e afáveis, à amizade e à ternura, qual filho pródigo de retorno ao lar paterno após as extravagantes experiências que se permitiu.

Que se não demorem esses dias, que dependerão do livre-arbítrio dos indivíduos em particular e da sociedade em geral, embora o progresso seja inevitável, apressando-se ou retardando-se em razão das opções humanas.

*

A agressividade ingeliz é doença passageira, embora os grandes danos que produz, cedendo lugar à pacificação.

Torna dócil a tua voz, nestes turbulentos dias de algazarra, e gentis os teus gestos ante os tumultos e choques pessoais...

Com sua sabedoria ímpar, Jesus assinalou: Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra.(*)

Suavemente permite que a mansidão domine os territórios das tuas emoções, substituindo esses infelizes mecanismos da inferioridade moral pelos abençoados valores da verdade.
🌼🌹🌼
(*) Mateus 5-5 - Nota da autora espiritual.

Franco, Divaldo Pereira. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 15 de março de 2010, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Fonte http://www.divaldofranco.com.




MENSAGEM DO ESE:

Caracteres da perfeição

Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam. — Porque, se somente amardes os que vos amam que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? — Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? — Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial. (S. MATEUS, cap. V, vv. 44, 46 a 48.)
Pois que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta proposição: “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial”, tomada ao pé da letra, pressuporia a possibilidade de atingir-se a perfeição absoluta. Se à criatura fosse dado ser tão perfeita quanto o Criador, tornar-se-ia ela igual a este, o que é inadmissível. Mas, os homens a quem Jesus falava não compreenderiam essa nuança, pelo que ele se limitou a lhes apresentar um modelo e a dizer-lhes que se esforçassem pelo alcançar.

Aquelas palavras, portanto, devem entender-se no sentido da perfeição relativa, a de que a Humanidade é suscetível e que mais a aproxima da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: “Em amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos perseguem.” Mostra ele desse modo que a essência da perfeição é a caridade na sua mais ampla acepção, porque implica a prática de todas as outras virtudes.

Com efeito, se se observam os resultados de todos os vícios e, mesmo, dos simples defeitos, reconhecer-se-á nenhum haver que não altere mais ou menos o sentimento da caridade, porque todos têm seu princípio no egoísmo e no orgulho, que lhes são a negação; e isso porque tudo o que sobreexcita o sentimento da personalidade destrói, ou, pelo menos, enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, a abnegação e o devotamento. Não podendo o amor do próximo, levado até ao amor dos inimigos, aliar-se a nenhum defeito contrário à caridade, aquele amor é sempre, portanto, indício de maior ou menor superioridade moral, donde decorre que o grau da perfeição está na razão direta da sua extensão. Foi por isso que Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que tem de mais sublime, lhes disse: “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai celestial.”

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, itens 1 e 2.)


domingo, 12 de julho de 2020

MODOS DESAGRADÁVEIS


Manejar portas a pancadas ou pontapés.
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Arrastar móveis com estrondo sem necessidade.
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Censurar os pratos servidos à mesa.
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Sentar-se desgovernadamente.
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Assoar-se e examinar os resíduos recolhidos no lenço, junto dos outros, esquecendo que isso é mais fácil no banheiro mais próximo.
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Bocejar ruidosamente enquanto alguém está com a palavra.
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Efusões afetivas exageradas, em público.
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Interromper a conversação alheia.
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Não nos esqueçamos de que a gentileza e o respeito, no trato pessoal, também significam caridade.
🙏🌼🙏
Livro: Sinal Verde
Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz
CEC – Comunhão Espírita Cristã 





MENSAGEM DO ESE:

Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria

Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão. Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. E o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. Produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.

Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: “Desfaze-te de todos os teus bens e segue-me”, não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à idéia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com sacrifício.

O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe. Mas, não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até à abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio: “Fora da caridade não há salvação”.

A conseqüência dessas palavras, em sua acepção rigorosa, seria a abolição da riqueza por prejudicial à felicidade futura e como causa de uma imensidade de males na Terra; seria, ao demais, a condenação do trabalho que a pode granjear; conseqüência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.

Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. É a conseqüência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.

Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 7.)