sábado, 12 de setembro de 2020

Dependência



Não dependamos emocionalmente de ninguém.

Todos somos interdependentes, no entanto cada qual tem o direito de efetuar as suas próprias escolhas.

Quem depende psiquicamente de uma outra pessoa para viver está doente, reclamando, por isto mesmo, inadiável tratamento.

Não escravizemos ninguém às nossas ideias e ao nosso modo de ser, tanto quanto não nos permitamos nos escravizar, a ponto de nos anularmos em nossa própria vontade.

Todo excesso no campo afetivo, a pretexto de amor, é simples posse, paixão disfarçada gerando desequilíbrio.

O pensamento fixo que nos ocupa a cabeça é sinal evidente de que algo não está bem conosco e carecemos de reconhecer isto, se não quisermos nos precipitar em abismos de maiores sofrimentos.

Ninguém deve entregar-se totalmente a alguém, a não ser a Deus!

Todos somos afetivamente carentes, mas não nos prevaleçamos disto para inspirar piedade a nosso respeito ou realizar chantagens emocionais.

Quem se doa aos outros, sem pensar em si, receberá de volta o que necessita na medida exata do que houver cedido.

Embora as nossas ligações cármicas, saibamos que não somos de todo insubstituíveis no carinho de quem quer que seja.

Sempre ser-nos-á possível encontrar alguém na estrada do destino que, não sendo necessariamente quem imaginamos, poderá nos surpreender como o agente da felicidade que esperamos.

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Irmão José
Carlos Baccelli





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MENSAGEM DO ESE:

Bem-aventurados os aflitos. Justiça das aflições

Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. — Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. — Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, vv. 5, 6 e 10.)

Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. — Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. — Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 20 e 21.)

Mas, ai de vós, ricos que tendes no mundo a vossa consolação. — Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 24 e 25.)

Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a conveniência de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter maior mérito. Mas, então, pergunta-se: por que sofrem uns mais do que outros? Por que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito que justifique essas posições? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Todavia, o que ainda menos se compreende é que os bens e os males sejam tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude; e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e infundir paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus. Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. Por meio dos ensinos de Jesus, Deus pôs os homens na direção dessa causa, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, lhes revela completamente a aludida causa, por meio do Espiritismo, isto é, pela palavra dos Espíritos.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens 1 a 3.)


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OPINIÕES DIVERGENTES



Cada qual, sendo uma criação originalíssima de Deus, não é de estranhar a divergência de opiniões entre as pessoas.


O importante para a paz é que se concorde no essencial.


Não inibas a independência psicológica daqueles com os quais foste chamado a viver, impondo-lhes as tuas idéias.


Exulta com o crescimento intelectual dos que te rodeiam e não lhes cerceies a liberdade de expressão.
A sabedoria está mais em saber ouvir do que em falar.


A razão nunca está ao lado de quem agride verbalmente o seu interlocutor.


Somente da interpretação que cada um te oferece da Verdade é que te será possível compreendê-la integralmente.


Assim, por mais simplória te pareça, jamais desconsideres a opinião de quem quer que seja.


No Evangelho, o Senhor rende graças ao Pai por ter ocultado certas coisas aos doutos e aos sábios e as revelado aos pequeninos.


Às vezes, pela voz de quem habitualmente desconsideras a opinião, o Céu te faz chegar aos ouvidos as mais preciosas advertências."
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Teu Lar - Irmão José

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Serenidade e paciência


 No sentido de preservar a própria paz, é indispensável nos disponhamos a manter criteriosa atenção sobre nós mesmos.

 O conflito de resultados inavaliáveis pode surgir da explosão de sentimentos descontrolados; entretanto, não se obtém a paz sem esforço.

 Quem acredite no imaginário valor da desinibição despropositada, no intuito de garantir o equilíbrio próprio, observe a força elétrica desorientada ou o trânsito sem disciplina.

 Ninguém possui uma serenidade que não construiu. Daí, o impositivo da vigilância em nós próprios. Não se trata de prevenção contra ninguém e sim de autogoverno.

 Para semelhante realização, ser-nos-á justo enfileirar certas obrigações primordiais que se nos mostram por alicerces da consciência tranquila.

 Compreendamos que somos colocados, uns à frente dos outros, a fim de aperfeiçoar-nos.

 Abracemos as iniciativas de concórdia sem esperar que determinadas pessoas venham a promovê-las.

 Pelos erros alheios que claramente nos preocupem, examinemos os nossos com a sincera resolução de corrigi-los.

 Não nos aborreçamos com o trabalho que a vida nos confia, de vez que, através dele, é que atingiremos a promoção justa na escala de valores da vida.

 Nunca nos esqueçamos de que a eficiência não se harmoniza com a pressa, mas não se fará vista sem apoio na diligência.


 Convém lembrar que os nossos ouvidos podem ser transformados em extintores do mal, todas as vezes em que o mal nos procure.

 Aceitemos a realidade de que o próximo não tem a nossa formação e saibamos respeitar cada criatura na posição em que se encontre.

Em suma, a serenidade não é uma aquisição espiritual que se faça em toque de mágica e sim, através do trabalho, muitas vezes, duro e áspero da paciência em ação.
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Emmanuel
Chico Xavier




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MENSAGEM DO ESE:

Esquecimento do passado

Em vão se objeta que o esquecimento constitui obstáculo a que se possa aproveitar da experiência de vidas anteriores. Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.

Freqüentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas as a quem odiara, quiçá o ódio se lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele se sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.

Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial.

Ao nascer, traz o homem consigo o que adquiriu, nasce qual se fez; em cada existência, tem um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi antes: se se vê punido, é que praticou o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta a corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, porquanto, daquilo de que se haja corrigido completamente, nenhum traço mais conservará. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, advertindo-o do que é bem e do que é mal e dando-lhe forças para resistir às tentações.
Aliás, o esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.

E não é somente após a morte que o Espírito recobra a lembrança dó passado. Pode dizer-se que jamais a perde, pois que, como a experiência o demonstra, mesmo encarnado, adormecido o corpo, ocasião em que goza de certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; sabe por que sofre e que sofre com justiça. A lembrança unicamente se apaga no curso da vida exterior, da vida de relação. Mas, na falta de uma recordação exata, que lhe poderia ser penosa e prejudicá-lo nas suas relações sociais, forças novas haure ele nesses instantes de emancipação da alma, se os sabe aproveitar.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 11.)

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Tu e Tua Casa


“E eles disseram: Crê no Senhor Jesus-Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa.” – (Atos, 16:31.)


Geralmente, encontramos discípulos novos do Evangelho que se sentem profundamente isolados no centro doméstico, no capítulo da crença religiosa.


Afirmam-se absolutamente sós, sob o ponto de vista da fé. E alguns, despercebidos de exame sério, tocam a salientar o endurecimento ou a indiferença dos corações que os cercam. Esse reporta-se à zombaria de que é vítima, aquele outro acusa familiares ausentes.


Tal incompreensão, todavia, demonstra que os princípios evangélicos lhes enfeitam a zona intelectual, sem lhes penetrarem o âmago do coração.


Por que salientar os defeitos alheios, olvidando, por nossa vez, o bom trabalho de retificação que nos cabe, no plano da bondade oculta?


O conselho apostólico é profundamente expressivo.


No lar onde exista uma só pessoa que creia sinceramente em Jesus e se lhe adapte aos ensinamentos redentores, pavimentando o caminho pelos padrões do Mestre, aí permanecerá a suprema claridade para a elevação.


Não importa que os progenitores sejam descrentes, que os irmãos se demorem endurecidos, nem interessam a ironia, a discussão áspera ou a observação ingrata.


O cristão, onde estiver, encontra-se no domicílio de suas convicções regenerativas, para servir a Jesus, aperfeiçoando e iluminando a si mesmo.


Basta uma estaca para sustentar muitos ramos. Uma pedra angular equilibra um edifício inteiro.


Não te esqueças, pois, de que se verdadeiramente aceitas o Cristo e a Ele te afeiçoas, serás conduzido para Deus, tu e tua casa.
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EMMANUEL
(do livro “Vinha de Luz” – psic. Chico Xavier)


quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Sugestões úteis



Tantas vezes você reclama de pessoas ou situações e não se dá conta de que nem sempre agiu como deveria.

Diz que ninguém entende os seus sonhos, ninguém leva em conta os seus problemas, e que raramente consegue o que deseja.
Todavia, vale a pena observar algumas sugestões úteis.

Para ser ouvido, fale.

Para ser compreendido, exponha claramente as suas ideias, sem jamais abrir mão daquelas que julga fundamentais apenas para que os outros o aceitem.

Acima de tudo, busque o prazer antes do sucesso, a autorrealização antes do dinheiro, fazer bem feito antes de pensar em obter qualquer recompensa.

Nada tem graça se não for leve para o seu Espírito, bom para o seu corpo, e agradável para o seu coração.

Para conseguir, tente, sem esperar que o êxito venha logo na primeira vez.

Cuide para ter saúde, energia, paciência e determinação para continuar tentando tantas vezes quantas forem necessárias.

Mas, ao perceber que já fez tudo o que podia ou até mesmo um pouco além, mude a tática para não se tornar, em vez de um vitorioso, apenas mais um teimoso.

Para poder recomeçar sempre, perdoe-se pelos fracassos e erros que cometer, aprenda com eles e, a partir deles, programe suas próximas ações.

Nunca se deixe iludir que será possível fazer tudo num dia só ou quando tiver todos os recursos. Esse dia nunca virá.

Para manter-se motivado, sonhe.

Para realizar, planeje, pensando grande e fazendo pequeno, um pouco a cada dia mas todos os dias um pouco, porque são as pequenas gotas d'água que fazem o grande oceano.

Haverá dias em que lhe ocorrerá a ideia de que não vale a pena insistir. Que as pessoas realmente não o entendem.

No entanto, considere o seguinte: muitas vezes, as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas. Perdoe-as mesmo assim.

Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro. Seja gentil, mesmo assim.

Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros. Vença, mesmo assim.

Se você é honesto e franco as pessoas podem enganá-lo. Seja honesto, mesmo assim.

O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra. Construa, mesmo assim.

Se você tem paz, é feliz, as pessoas podem sentir inveja. Seja feliz, mesmo assim.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante. Dê o melhor de você, mesmo assim.

Lembre-se de que no final, a prestação de contas é entre você e Deus. E não entre você e as outras pessoas.
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Quem se afervora à batalha da sublimação, perdoa e esquece ofensas, males, dores e sombras, para pensar somente na felicidade suprema e, como por encanto, guardando a paz consigo, constata que tudo o mais já se encontra no próprio coração.
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Redação do Momento Espírita com base em mensagens de autoria ignorada.-
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FORMATAÇÃO E PESQUISA: MILTER – 06-09-020
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MENSAGEM DO ESE:

A caridade material e a caridade moral (II)

Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho?
 
Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia. Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos, dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome do Altíssimo: “Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo e, vede, agora, sou feliz.” Aos velhos que vos disserem: “É inútil; estou no fim da minha jornada; morrerei como vivi”, dizei: “Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-vos dos obreiros da última hora.” Às crianças já viciadas pelas companhias de que se cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: “Deus vos vê, meus caros pequenos”, e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens. Também isso é caridade.
Dizem, outros dentre vós: “Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos pode ver a todos.” Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência. 
Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. Às vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a e com freqüência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido.

Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por divisa esta máxima do Cristo: “Amai-vos uns aos outros.” Observai esse preceito, reuni-vos todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação. 

– Um Espírito protetor. (Lião, 1860.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 10.)

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Destino Espiritual


A vida de cada pessoa é como um rio correndo para Deus.

No mundo encontrarás quem te fira com os calhaus da ingratidão.

Outros tentarão turvar as águas dos teus pensamentos, lançando idéias poluentes.

Por vezes, as dificuldades te apertarão o leito da existência, fazendo surgir as ondas da insegurança.

De outras vezes, depararás com as pedras do desânimo, tentando barrar-te o curso.

Em todas as situações, porém, continua seguindo, animado pela correnteza da confiança.

Tudo passará e nenhum obstáculo conseguirá impedir que deságües no oceano do amor total, onde encontrarás a razão do teu destino espiritual.
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Scheilla







MENSAGEM DO ESE:

Muito se pedirá àquele que muito recebeu

O servo que souber da vontade do seu amo e que, entretanto, não estiver pronto e não fizer o que dele queira o amo, será rudemente castigado. — Mas, aquele que não tenha sabido da sua vontade e fizer coisas dignas de castigo menos punido será. Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado. (S. LUCAS, cap. XII, vv. 47 e 48.)


Vim a este mundo para exercer um juízo, a fim de que os que não vêem vejam e os que vêem se tornem cegos. — Alguns fariseus que estavam, com ele, ouvindo essas palavras, lhe perguntaram: Também nós, então, somos cegos? — Respondeu-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecados; mas, agora, dizeis que vedes e é por isso que em vós permanece o vosso pecado. (S. JOÃO, cap. IX, vv. 39 a 41.)


Principalmente ao ensino dos Espíritos é que estas máximas se aplicam. Quem quer que conheça os preceitos do Cristo e não os pratique, é certamente culpado; contudo, além de o Evangelho, que os contém, achar-se espalhado somente no seio das seitas cristãs, mesmo dentro destas quantos há que não o lêem, e, entre os que o lêem, quantos os que o não compreendem! Resulta daí que as próprias palavras de Jesus são perdidas para a maioria dos homens.


O ensino dos Espíritos, reproduzindo essas máximas sob diferentes formas, desenvolvendo-as e comentando-as, para pô-las ao alcance de todos, tem isto de particular: não é circunscrito; todos, letrados ou iletrados, crentes ou incrédulos, cristãos ou não, o podem receber, pois que os Espíritos se comunicam por toda parte. Nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância; não se pode desculpar nem com a falta de instrução, nem com a obscuridade do sentido alegórico. 

Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios tem de conhecer a verdade.


Os médiuns que obtêm boas comunicações ainda mais censuráveis são, se persistem no mal, porque muitas vezes escrevem sua própria condenação e porque, se não os cegasse o orgulho, reconheceriam que a eles é que se dirigem os Espíritos. Mas, em vez de tomarem para si as lições que escrevem, ou que lêem escritas por outros, têm por única preocupação aplicá-las aos demais, confirmando assim estas palavras de Jesus: “Vedes um argueiro no olho do vosso próximo e não vedes a trave que está no vosso.”


Por esta sentença: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecados”, quis Jesus significar que a culpabilidade está na razão das luzes que a criatura possua. Ora, os fariseus, que tinham a pretensão de ser, e eram, com efeito, os mais esclarecidos da sua nação, mais culposos se mostravam aos olhos de Deus, do que o povo ignorante. O mesmo se dá hoje.


Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas, também, aos que houverem aproveitado, muito será dado.


O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito.


O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, itens 10 a 12.)

domingo, 6 de setembro de 2020

O argumento


 Ante os amados que te não compreendem, estimarias que todos cressem conforme crês.

 Alguns jazem desesperados nas trevas do pessimismo.

 Outros caem, pouco a pouco, no abismo da negação.

 Há muitos que te lançam insulto em rosto, como se a tua convicção fosse passo à loucura.

 E surpreendes, em cada canto, aqueles que te falam pelo diapasão da ironia.

 Mergulhas-te, muitas vezes, no oceano revolto das palavras veementes que os opositores, de imediato, não podem admitir; em outras ocasiões, desejas acontecimentos inusitados, que lhes alterem o modo de pensar e de ser.

 Entretanto, recordemos o Cristo.

 Ninguém, quanto ele, deixou na retaguarda tantas demonstrações de poder celeste.

 Deu nova estrutura à forma dos elementos.

 Apaziguou as energias desvairadas da Natureza.

 Reaqueceu corpos que a morte imobilizava.

 Restituiu a visão aos cegos.

 Restaurou paralíticos.

 Limpou feridentos.

 Curou alienados mentais.

 Operou maravilhas, somente atribuíveis à ciência divina.

 Contudo, não foi pelos deslumbramentos produzidos que se converteu em mentor excelso da Humanidade.


 Jesus agiganta-se, na esteira dos séculos, pela força ao exemplo.

 Anjo — caminhou entre os homens.

 Senhor do mundo — não reteve uma pedra para repousar a cabeça.

 Sábio — foi simples.

 Grande — alinhou-se entre os pequenos.

 Juiz dos juízes — espalhou a misericórdia.

 Caluniado — lançou bênçãos.

 Traído — não reclamou.

 Acusado — humilhou a si mesmo.

 Ferido — esqueceu toda ofensa.

 Injuriado — silenciou.

 Crucificado — pediu perdão para os próprios verdugos.

 Abandonado — voltou para auxiliar.


 Ação é voz que fala à razão.

 Se aspiras, assim, a convencer os que te rodeiam, quanto à verdade, não olvides que, acima de todos os fenômenos passageiros e discutíveis, o único argumento edificante de que dispões é o de tua própria conduta, no livro da própria vida.
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Emmanuel
Chico Xavier
Reunião pública de 22 de Janeiro de 1960
Item n.° 29 de “O Livro dos Médiuns”







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MENSAGEM DO ESE:

Preces pagas

Disse em seguida a seus discípulos, diante de todo o povo que o escutava: — Precatai-vos dos escribas que se exibem a passear com longas túnicas, que gostam de ser saudados nas praças públicas e de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos festins — que, a pretexto de extensas preces, devoram as casas das viúvas. Essas pessoas receberão condenação mais rigorosa. (S. LUCAS, cap. XX, vv. 45 a 47; S. MARCOS, cap. XII, vv. 38 a 40; S. MATEUS, cap. XXIII, v. 14.)

Disse também Jesus: não façais que vos paguem as vossas preces; não façais como os escribas que, “a pretexto de longas preces, devoram as casas das viuvas”, isto é, abocanham as fortunas. A prece é ato de caridade, é um arroubo do coração. Cobrar alguém que se dirija a Deus por outrem é transformar-se em intermediário assalariado. A prece, então, fica sendo uma fórmula, cujo comprimento se proporciona à soma que custe. Ora, uma de duas: Deus ou mede ou não mede as suas graças pelo número das palavras. Se estas forem necessárias em grande número, por que dizê-las poucas, ou quase nenhumas, por aquele que não pode pagar? É falta de caridade. Se uma só basta, é inútil dizê-las em excesso. Por que então cobrá-las? É prevaricação.

Deus não vende os benefícios que concede. Como, pois, um que não é, sequer, o distribuidor deles, que não pode garantir a sua obtenção, cobraria um pedido que talvez nenhum resultado produza? Não é possível que Deus subordine um ato de demência, de bondade ou de justiça, que da sua misericórdia se solicite, a uma soma em dinheiro. Do contrário, se a soma não fosse paga, ou fosse insuficiente, a justiça, a bondade e a demência de Deus ficariam em suspenso. A razão, o bom senso e a lógica dizem ser impossível que Deus, a perfeição absoluta, delegue a criaturas imperfeitas o direito de estabelecer preço para a sua justiça. A justiça de Deus é como o Sol: existe para todos, para o pobre como para o rico. Pois que se considera imoral traficar com as graças de um soberano da Terra, poder-se-á ter por lícito o comércio com as do soberano do Universo?

Ainda outro inconveniente apresentam as preces pagas: é que aquele que as compra se julga, as mais das vezes, dispensado de orar ele próprio, porquanto se considera quite, desde que deu o seu dinheiro. Sabe-se que os Espíritos se sentem tocados pelo fervor de quem por eles se interessa. Qual pode ser o fervor daquele que comete a terceiro o encargo de por ele orar, mediante paga? Qual o fervor desse terceiro, quando delega o seu mandato a outro, este a outro e assim por diante? Não será isso reduzir a eficácia da prece ao valor de uma moeda em curso?

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVI, itens 3 e 4.)