sábado, 30 de dezembro de 2017

O caminho da paz




Dos grandes flagelos do mundo antigo, salientavam-se dez que rebaixavam a vida humana:   A barbárie, que perpetuava os desregramentos do instinto.
    A fome, que atormentava o grupo tribal.
   A peste, que dizimava populações.
  O primitivismo, que irmanava o engenho do homem e a habilidade do castor.
  A ignorância, que alentava as trevas do espírito.
 O insulamento, que favorecia as ilusões do feudalismo.
   A ociosidade, que categorizava o trabalho, à conta de humilhação e penitência.
 O cativeiro, que vendia homens livres nos mercados da escravidão.
  A imundície, que relegava a residência terrestre ao nível dos brutos.
  A guerra, que suprime a paz e justifica a crueldade e o crime entre as criaturas.

  Veio a política e, instituindo vários sistemas de governo, anulou a barbárie.
  Apareceu o comércio e, multiplicando as vias de transporte, dissipou a fome.
Surgiu a ciência, e exterminou a peste.
  Eclodiu a indústria, e desfez o primitivismo.
  Brilhou a imprensa, e proscreveu-se a ignorância.
Criaram-se o telégrafo sem fio e a navegação aérea, e acabou-se o insulamento.
  Progrediram os princípios morais, e o trabalho fulgiu como estrela na dignidade humana, desacreditando a ociosidade.
  Cresceu a educação espiritual, e aboliu-se o cativeiro.
  Agigantou-se a higiene, e removeu-se a imundície.
  Mas nem a política, nem o comércio, nem a ciência, nem a indústria, nem a imprensa, nem a aproximação entre os povos, nem a exaltação do trabalho, nem a evolução do direito individual e nem a higiene conseguem resolver o problema da paz, porquanto a guerra — monstro de mil faces que começa no egoísmo de cada um, que se corporifica na discórdia do lar, e se prolonga na intolerância da fé, na vaidade da inteligência e no orgulho das raças, alimentando-se de sangue e lágrimas, violência e desespero, ódio e rapina, tão cruel entre as nações supercivilizadas do século XX, quanto já o era na corte obscurantista de Ramsés II — somente desaparecerá quando o Evangelho de Jesus iluminar o coração humano, fazendo que os habitantes da Terra se amem como irmãos.

  É por isso que a Doutrina Espírita no-lo revela, atualmente, sob a luz da verdade, fiel ao próprio Cristo que nos advertiu, convincente: — “Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres.” (Jo)
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 Emmanuel 
Chico Xavier



MENSAGEM DO ESE:
O consolador prometido


Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: — O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. — Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito. (S. JOÃO, cap. XIV, vv. 15 a 17 e 26.)

Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.

O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” 
O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.” Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, itens 3 e 4.)



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