O problema do julgamento das aparências, das atitudes do próximo e da pessoa em si mesma é sempre um cometimento ingrato, para quem se coloca na condição de juiz.
Exceção feita aos nobres togados pelas leis de cada país, encarregados da delicada quão difícil tarefa de exercerem a Justiça entre os homens, a fim de preservarem a ordem, a moral e a dignidade humana, pois a ninguém mais compete à insensata posição de julgador.
As ocorrências observadas são sempre resultado de acontecimentos desconhecidos.
Julgar um sucesso, quando este eclode, tomando uma posição apriorística, não deixa de ser precipitação em área perigosa.
Quem julga naturalmente se crê em condição de absolver, quanto de condenar.
Para tal cometimento ser-lhe-iam necessárias estrutura moral e autoridade, decorrentes de uma vivência exemplar.
Os dados de que se dispõem nos julgamentos das atitudes alheias são sempre deficientes, e a alta carga emocional da simpatia ou antipatia pessoal responde pela apreciação do que se examina com benignidade ou rudeza.
O erro é sempre desvio de rota.
Dependendo da pessoa que nele incide, há que se considerar fatores que escapam, de natureza sócio psicológica, econômica, moral, espiritual.
Quando explode uma situação ou alguém delinque, justo que se tenham em mente as raízes do problema que estruge, lamentável.
Atitude ideal será sempre a do amor.
A mulher adúltera, apresentada a Jesus pelo farisaísmo hipócrita, antes que uma pecadora era vítima em si mesma, que derrapara na insensatez por vários motivos que a infelicitavam…
A traição de Judas resultou de ser ele um Espírito débil e obsesso que, inobstante o carinho do Mestre, não conseguiu vencer a própria pusilanimidade.
A dúvida contumaz de Tomé decorria da fragilidade dos seus valores espirituais em torno da reflexão e da fé.
Não foram julgados pelo Senhor, antes amados e ajudados com carinho, a fim de que não voltassem a reincidir, sendo outras vezes infelizes infelicitadores.
Os julgamentos sobre o comportamento do próximo, antes de pretenderem ajudar, degeneram na maledicência que pretendem denegrir.
Não há lugar para essa situação perniciosa no coração do discípulo do Cristo.
O que vês suceder nem sempre é conforme se te ocorre.
Não precipites, portanto, apontamentos.
Melhor será que concedas um crédito de confiança e tenhas em bom conceito quem não os merece, pois que, se te defraudar a si mesmo se engana, do que negando oportunidade e ajuda a quem te parece sem valor, no entanto, é credor de confiança e respeito.
Quanto possas, evita que o julgamento dos pérfidos te apresente uma imagem negativa do teu irmão, desconhecido, armando-te contra ele.
Acautela-te daqueles cuja boca vã somente te envenena o coração e te perturba a mente, técnicos em acusações, pessimismos e acrimônias, muitas vezes disfarçados, habilmente sutis, mas, de qualquer forma, cruéis, perniciosos.
Não julgues e sê generosos com todos, embora a recíproca não te seja outorgada.
Área perigosa, a do julgamento.
Unge-te de amor pelos ingratos, os fracos, os caídos, os delinquentes, os desditosos, os perversos, nossos irmãos necessitados de fraternidade, pois que com a medida com que os julgares, assim também serás julgado e como os receberes também Nosso Pai de misericórdia te receberá.
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Divaldo Pereira Franco
Joanna de Ângelis
Obra: Oferenda
MENSAGEM DO ESE:
Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará (II)
Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito.
Em virtude desse princípio é que os Espíritos não acorrem a poupar o homem ao trabalho das pesquisas, trazendo-lhe, já feitas e prontas a ser utilizadas, descobertas e invenções, de modo a não ter ele mais do que tomar o que lhe ponham nas mãos, sem o incômodo, sequer, de abaixar-se para apanhar, nem mesmo o de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se e o mais ignorante tornar-se sábio à custa de nada e ambos se atribuírem o mérito do que não fizeram. Não, os Espíritos não vêm isentar o homem da lei do trabalho: vêm unicamente mostrar-lhe a meta que lhe cumpre atingir e o caminho que a ela conduz, dizendo-lhe: Anda e chegarás. Toparás com pedras; olha e afasta-as tu mesmo. Nós te daremos a força necessária, se a quiseres empregar. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVI, nº 291 e seguintes.)
Do ponto de vista moral, essas palavras de Jesus significam: Pedi a luz que vos clareie o caminho e ela vos será dada; pedi forças para resistirdes ao mal e as tereis; pedi a assistência dos bons Espíritos e eles virão acompanhar-vos e, como o anjo de Tobias, vos guiarão; pedi bons conselhos e eles não vos serão jamais recusados; batei à nossa porta e ela se vos abrirá; mas, pedi sinceramente, com fé, confiança e fervor; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças e as quedas que derdes serão o castigo do vosso orgulho. Tal o sentido das palavras: buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
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(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, itens 3 a 5.)
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