domingo, 28 de março de 2021

Irmãos necessitados



É preciso compreender — mas compreender substancialmente — que nem todo mendigo é aquele que te requisita socorro material. Muito mais que os irmãos em penúria do corpo, solicitam-te amparo aqueles outros companheiros em aflição ou desvalimento, na vida íntima, a te pedirem apoio e consolação.

 Muita vez, alcançam-te a esfera pessoal expectantes ou irritadiços, ansiosos ou, qual se de coisa alguma necessitassem.

Entretanto, é preciso estender-lhes o verbo amigo para que se habilitem à paz e ao refazimento.

Acolhe-os, pois, no clima da própria alma e dá-lhes do que puderes em fraternidade e ternura para que se restaurem.

 Justo entender que, de maneira geral, quantos nos rogam orientação e conselho, no imo de si mesmos já sabem, à saciedade, o que lhes compete fazer.

 Se cansados, não desconhecem que a fadiga não se lhes extinguirá num toque de mágica; se enfermos, estão cientes de que precisarão de remédio; se desiludidos, conhecem as farpas de angústia que lhes atormentam o coração, farpas essas que é imperioso retirar e esquecer; se carregam remorso, não ignoram que a dor da culpa não se lhes desaparecerá da consciência lesada, assim como por encanto.

O que semelhantes irmãos necessitados esperam de nós, quase sempre, é um tanto mais de força, a fim de que possam seguir adiante.

 Compadece-te de quantos te procuram, mergulhados em dúvida ou desespero.

Eles não aguardam de nós um milagre, cuja existência não admitem. Procuram simplesmente a caridade de uma palavra compreensiva ou um gesto de paz que lhes propiciem renovação e bom ânimo.

Em suma, aspiram tão somente a saber que não se encontram sozinhos e de que Deus, por intermédio de alguém, não lhes terá esquecido as necessidades do coração.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Rumo Certo
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MENSAGEM DO ESE:

Perdoai, para que Deus vos perdoe

Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS, cap. V, v. 7.)
Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; — mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S. MATEUS, cap. VI, vv. 14 e 15.)


Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. — Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: “Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?” — Respondeu-lhe Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” (S. MATEUS, cap. XVIII, vv. 15, 21 e 22).


A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.


Ai daquele que diz: nunca perdoarei. Esse, se não for condenado pelos homens, sê-lo-á por Deus. Com que direito reclamaria ele o perdão de suas próprias faltas, se não perdoa as dos outros? Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.


Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. Em toda contenda, aquele que se mostra mais conciliador, que demonstra mais desinteresse, caridade e verdadeira grandeza dalma granjeará sempre a simpatia das pessoas imparciais.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, itens 1 a 4.)

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Diferentes formas de amar



O maior mandamento que Jesus nos deixou foi Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a Lei que resume todas as outras.


Demonstramos o nosso amor a Deus em especial através da gratidão que carregamos em nossos corações, pela oportunidade que temos hoje de estar vivos.


Reconhecemos a misericórdia divina que nos permite uma nova experiência no corpo físico, na qual lapidamos o nosso Espírito.


Trabalhamos a cada dia para atingir o nobre objetivo de nos tornarmos melhores hoje do que fomos ontem.


O amor aos pais demonstramos através do reconhecimento da disposição deles em gerarem um novo ser.


Um ser pelo qual irão zelar, educar e transformar em pessoa de bem, às custas de renúncia e amor incondicional. Percebemos o apoio irrestrito de nossos pais nas diversas etapas da vida. Guardamos a certeza de que sempre estarão nos esperando, mesmo quando nos veem transpondo montanhas e indo em busca dos próprios caminhos.


O amor aos filhos aparece quando nos vemos tomados por um sentimento de tamanha grandeza, que não encontramos palavras para descrever. É o amor sem limites.


Observá-los dormindo, enquanto crianças, é ter a certeza que estamos à frente de anjos do Senhor.


O amor entre casais acontece sem pedir licença, toca a alma de tal forma que somos capazes de desejar que o mundo pare para preservar aquele instante mágico.


De forma diferente, também é o amor que cresce devagar entre os casais. Aparece de forma sutil, começa com grande admiração e aos poucos vai se transformando. De uma grande amizade nasce um amor sólido, verdadeiro e eterno.


Alegria imensa nos invade quando ouvimos da pessoa amada que ela seria capaz de fazer qualquer coisa só para ver brilhar o sorriso em nosso rosto.


É uma dádiva ter alguém que nos compreenda apenas com o olhar e que perceba, mesmo no silêncio, as nossas angústias.


Amor de amigo é ser companheiro em todos os momentos.


Amor à natureza nos estimula a adotar atitudes que ajudem na preservação do planeta em que vivemos.


O amor aos animais nos faz respeitá-los. Traz-nos o entendimento de que Deus os colocou ao nosso lado para nos auxiliar na caminhada evolutiva.


O amor aos enfermos e aos menos favorecidos é aquele que desperta em nós a caridade e coloca o amor em ação.


Podemos doar bens materiais. Por vezes, a necessidade é urgente, mas doemos também tempo, ternura, atenção, afeto e a palavra de esperança e de conforto.


A expressão mais completa da caridade é fazer aos outros o que queiramos que os outros nos façam. Esta atitude resume todos os deveres do homem para com o próximo.


O amor a quem nos ofende pode ser demonstrado através do silêncio, diante das ofensas, não revidando. Perdoando, estaremos dando um grande passo para exercitar esse amor.


* * *


O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado.


O gérmen vivaz que Deus depositou em nossos corações, se desenvolve e cresce, torna-se fonte das doces virtudes que geram as afeições sinceras e duráveis e ajudam a criatura a transpor o caminho árido da existência humana.
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Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do item 9,
cap. XI, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de
Allan Kardec, ed. FEB.
Em 24.3.2020.

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