domingo, 21 de julho de 2019

AS PROVAS RUDES




“As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus.” – (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XIV – Honrai a vosso pai e a vossa mãe.)

A noite mais escura é o berço da alvorada.

Sob o calor do fogo, o barro se aprimora.

Na cova em que perece é que a semente germina.

Depois de forte canícula, desaba a tempestade.

O extremo de uma estrada é o começo de outra.

O abismo mais profundo termina em terra firme.

Atingindo o seu ápice, toda dor começa a decrescer.

Para o espírito, as provas mais rudes são as que lhe prenunciam o fim do sofrimento.

Está escrito: “Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? diz o Senhor Deus; não desejo eu antes que ele se converta dos seus caminhos, e viva?”

Assim, se consideras que muito estejas sofrendo, não te desalentes.

Resigna-te e espera um pouco mais, que a extinção do mal que há muito te atormenta está prestes a se dar.

Forças invisíveis permanecem trabalhando o pensamento do teu algoz, e, logo, o ânimo com que ele te persegue haverá de arrefecer.

Os maiores obstáculos que te impedem seguir caminhada também estão sujeitos à lei do desgaste, e não resistirão à ação avassaladora do tempo.

Justo quando mais se agrava é que todo problema pede imediata solução.

É o quadro clínico do paciente que determina a conveniência, ou não, de uma intervenção cirúrgica.

Por sobre a Terra, onde até mesmo a alegria é transitória, não há ninguém que se esgote derramando lágrimas.

Carrega, pois, a tua cruz um pouco mais adiante.

Na véspera de vencer, não desistas de lutar.

Por mais intrincado seja, todo labirinto tem uma porta de saída.

Não há êxito algum que não tenha sido antecedido por alguma espécie de fracasso.

Confia que, entre um minuto e outro, Deus pode converter o universo de tua desdita em felicidade.
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Irmão José (psic. Carlos Baccelli – do livro “Vinde a Mim”) 



MENSAGEM DO ESE:

Não são os que gozam saúde que precisam de médico

Estando Jesus à mesa em casa desse homem (Mateus), vieram aí ter muitos publicanos e gente de má vida, que se puseram à mesa com Jesus e seus discípulos; — o que fez que os fariseus, notando-o, disseram aos discípulos: Como é que o vosso Mestre come com publicanos e pessoas de má vida? — Tendo-os ouvido, disse-lhes Jesus: Não são os que gozam saúde que precisam de médico.
 (S. MATEUS, cap. IX, vv. 10 a 12.)


Jesus se acercava, principalmente, dos pobres e dos deserdados, porque são os que mais necessitam de consolações; dos cegos dóceis e de boa fé, porque pedem se lhes dê a vista, e não dos orgulhosos que julgam possuir toda a luz e de nada precisar. (Veja-se: “Introdução”, artigo: Publicanos, Portageiros.) 


Essas palavras, como tantas outras, encontram no Espiritismo a aplicação que lhes cabe. Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que tão preciosa faculdade devera ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.


Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o número dos mudos do que o dos que falam. Deus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deixa de punir o que delas abusa.


Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais vivo, do que se os recebesse indiretamente. Deus, em sua bondade, para lhe poupar o trabalho de ir buscá-la longe, nas mãos lhe coloca a luz. Não será ele bem mais culpado, se não a quiser ver? Poderá desculpar-se com a sua ignorância, quando ele mesmo haja escrito com suas mãos, visto com seus próprios olhos, ouvido com seus próprios ouvidos, e pronunciado com a própria boca a sua condenação? Se não aproveitar, será então punido pela perda ou pela perversão da faculdade que lhe fora outorgada e da qual, nesse caso, se aproveitam os maus Espíritos para o obsidiarem e enganarem, sem prejuízo das aflições reais com que Deus castiga os servidores indignos e os corações que o orgulho e o egoísmo endureceram.


A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. É apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral. O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade.



(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, itens 11 e 12.)

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