“Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” – Paulo. (I Coríntios, 14:8.)
Ninguém julgue sejam necessários grandes cataclismos para que se efetue a modificação de planos da criatura.
O homem pode mudar-se de esfera, sem alarido cósmico, e as zonas superiores e inferiores representam graus de vida, na escala do Infinito.
Elevação e queda, diante da própria consciência, constituem impulso para cima ou para baixo, no campo ilimitado de manifestações do espírito imperecível.
Toda modificação para melhor reclama luta, tanto quanto qualquer ascensão exige esforço.
É imprescindível a preparação de cada um para a subida espiritual.
É natural, portanto, que os vanguardeiros sejam porta-vozes a todos aqueles que acompanham o trabalho de melhoria, aglomerados em multidão.
Eis por que, personificando no discípulo do Evangelho a trombeta viva do Cristo, dele devemos esperar avisos seguros.
Em quase todos os lugares observamos os instrumentos de sons incertos que dão notícia do serviço a fazer, mas não revelam caminhos justos.
Na maioria dos núcleos do Cristianismo renascente, deparam-se-nos trabalhadores altamente dotados de luz espiritual, que duvidam de si mesmos, companheiros valiosos cuja fé somente vibra em descontínuas fulgurações.
É necessário compreender, porém, que o som incerto não atende ao roteiro exato. Serve para despertar, mas não fornece orientação.
Os aprendizes da Boa Nova constituem a instrumentalidade do Senhor. Sabemos que, coletivamente, permanecem todos empenhados em servi-lo, entretanto, ninguém olvide a necessidade de afinar a trombeta dos sentimentos e pensamentos pelo diapasão do Divino Mestre, para que a interferência individual não se faça nota dissonante no sublime concerto do serviço redentor.
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EMMANUEL
(do livro “Vinha de Luz” – psic. Chico Xavier)
MENSAGEM DO ESE:
Bem e mal sofrer
Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta.
Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: “Fui o mais forte.”
Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso.
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— Lacordaire. (Havre, 1863.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 18.)
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