Muito dificilmente, hás de encontrar alguém que te comungue os mesmos ideais de vida e te partilhe idênticas aspirações de ordem espiritual.
Quase sempre, este ou aquele no qual venhas a vislumbrar alguma possibilidade de mais ampla adesão aos teus propósitos de servir acaba por demonstrar interesses que não coincidem exatamente com os teus.
Outro no qual depositavas a tua esperança de companheirismo na jornada, após acenar-te de maneira promissora, termina se afastando, por não suportar-te o intenso ritmo de trabalho.
Mais outro, em determinado lance decisivo da tarefa empreendida em comum, sentir-se-á atraído para diferente situação, incapaz de a ela renunciar para continuar ombreando contigo.
Não te esqueças de que o Cristo, embora contando com a presença de doze companheiros no Apostolado do Evangelho nascente, de nenhum deles, esperou contar com apoio incondicional, visto que, nas horas mais difíceis do testemunho, Ele sempre esteve sozinho.
Irmão José (psic. Carlos Baccelli - do livro "Amai-vos uns aos outros")
MENSAGEM DO ESE:
Benefícios pagos com a ingratidão
Que se deve pensar dos que, recebendo a ingratidão em paga de benefícios que fizeram, deixam de praticar o bem para não topar com os ingratos?
Nesses, há mais egoísmo do que caridade, visto que fazer o bem, apenas para receber demonstrações de reconhecimento, é não o fazer com desinteresse, e o bem, feito desinteressadamente, é o único agradável a Deus. Há também orgulho, porquanto os que assim procedem se comprazem na humildade com que o beneficiado lhes vem depor aos pés o testemunho do seu reconhecimento. Aquele que procura, na Terra, recompensa ao bem que pratica não a receberá no céu. Deus, entretanto, terá em apreço aquele que não a busca no mundo.
Deveis sempre ajudar os fracos, embora sabendo de antemão que os a quem fizerdes o bem não vo-lo agradecerão. Ficai certos de que, se aquele a quem prestais um serviço o esquece, Deus o levará mais em conta do que se com a sua gratidão o beneficiado vo-lo houvesse pago. Se Deus permite por vezes sejais pagos com a ingratidão, é para experimentar a vossa perseverança em praticar o bem.
E sabeis, porventura, se o benefício momentaneamente esquecido não produzirá mais tarde bons frutos? Tende a certeza de que, ao contrário, é uma semente que com o tempo germinará. Infelizmente, nunca vedes senão o presente; trabalhais para vós e não pelos outros. Os benefícios acabam por abrandar os mais empedernidos corações; podem ser olvidados neste mundo, mas, quando se desembaraçar do seu envoltório carnal, o Espírito que os recebeu se lembrará deles e essa lembrança será o seu castigo. Deplorará a sua ingratidão; desejará reparar a falta, pagar a dívida noutra existência, não raro buscando uma vida de dedicação ao seu benfeitor. Assim, sem o suspeitardes, tereis contribuído para o seu adiantamento moral e vireis a reconhecer a exatidão desta máxima: um benefício jamais se perde. Além disso, também por vós mesmos tereis trabalhado, porquanto granjeareis o mérito de haver feito o bem desinteressadamente e sem que as decepções vos desanimassem.
Ah! meus amigos, se conhecêsseis todos os laços que prendem a vossa vida atual às vossas existências anteriores; se pudésseis apanhar num golpe de vista a imensidade das relações que ligam uns aos outros os seres, para o efeito de um progresso mútuo, admiraríeis muito mais a sabedoria e a bondade do Criador, que vos concede reviver para chegardes a ele.
— Guia protetor. (Sens, 1862.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 19.)
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