domingo, 5 de março de 2017

LOUVORES RECUSADOS


 Conta-se no plano espiritual que Vicente de Paulo oficiava num templo aristocrático da França, em cerimônia de grande gala, à frente de ricos senhores coloniais, capitães do mar, guerreiros condecorados, políticos ociosos e avarentos sórdidos, quando, a certa altura da solenidade, se verificou à frente do altar inesperado louvor público.

Velho corsário abeirou-se da sagrada mesa eucarística e bradou, contrito:

- Senhor, agradeço-te os navios preciosos que colocaste em meu roteiro. Meus negócios estão prósperos, graças a ti, que me designaste boa presa. Não permitas, ó Senhor, que teu servo fiel se perca de miséria. Dar-te-ei valiosos dízimos. Erguerei uma nova igreja em tua honra e tomo os presentes por testemunhas de meu voto espontâneo.

Outro devoto adiantou-se e falou em voz alta:

- Senhor, minh'alma freme de júbilo pela herança que enviaste à minha casa pela morte de meu avô que, em outro tempo, te serviu gloriosamente no campo de batalha. Agora podemos, enfim, descansar sob a tua proteção, olvidando o trabalho e a fadiga.

Seja louvado o teu nome para sempre.

Um cavalheiro maduro, exibindo o rosto caprichosamente enrugado, agradeceu:

- Mestre Divino, trago-te a minha gratidão ardente pela vitória na demanda provincial. Eu sabia que a tua bondade não me desprezaria. Graças ao teu poder, minhas terras foram dilatadas. Construirei por isso um santuário em tua memória bendita, para comemorar o triunfo que me conferiste por justiça.

Adornada senhora tomou posição e exclamou:

- Divino Salvador, meus campos da colônia distante, com o teu auxílio, estão agora produzindo satisfatoriamente. Agradeço os negros sadios e submissos que me mandaste e, em sinal de minha sincera contrição, cederei à tua igreja boa parte dos meus rendimentos.

Um homem antigo, de uniforme agaloado, acercou-se do altar e clamou estentórico:

- A ti, Mestre da Infinita Bondade, o meu regozijo pelas gratificações com que fui aquinhoado. Os meus latifúndios procedem de tua bênção. É verdade que para preservá-los sustentei a luta e alguns miseráveis foram mortos, mas quem senão tu mesmo colocaria a força em minhas mãos para a defesa indispensável? Doravante, não precisarei cogitar do futuro... De minha poltrona calma, farei orações fervorosas, fugindo ao imundo intercâmbio com os pecadores. Para retribuir-te, ó Eterno Redentor, farei edificar, no burgo onde a minha fortuna domina, um templo digno de tua invocação, recordando-te os sacrifícios na cruz! Os agradecimentos continuavam, quando Vicente de Paulo, assombrado, reparou que a imagem do Nazareno adquiria vida e movimento...

Extático, viu-se à frente do próprio Senhor, que desceu do altar florido, em pranto.

O abnegado sacerdote observou que Jesus se afastava a passo rápido; contudo, em se sentindo junto dele, em se, sentindo e perguntou-lhe, igualmente em lágrimas:

- Senhor, por que te afastas de nós?

O Celeste Amigo ergueu para o clérigo a face melancólica e explicou:

- Vicente de Paulo, sinto-me envergonhado de receber o louvor dos poderosos que desprezam os fracos, dos homens válidos que não trabalham, dos felizes que abandonam os infortunados...

O interlocutor sensível nada mais ouviu.

Cérebro turbilhão desmaiou, ali mesmo, diante da assembleia intrigada, sendo imediatamente substituído, e, febril, delirou alguns dias, prisioneiro de visões que ninguém entendeu.

Quando se levantou da incompreendida enfermidade vestiu-se com a túnica da pobreza, trabalhando incessantemente na caridade, até ao fim de seus dias.

Os adoradores do templo, entretanto, continuaram agradecendo os troféus de sangue, ouro e mentira, diante do mesmo altar e afirmaram que Vicente de Paulo havia enlouquecido. 
******************************************
Pelo Espírito Irmão X  
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.



 **********************************************
Carta psicografada por Chico Xavier pelo espírito Ricardo Leão, desencarnado aos 18 anos em acidente de carro.

Nome: RICARDO LEÃO DE OLIVEIRA
Idade: 18 anos
Nome do Pai: Antônio Oliveira
Nome da Mãe: Myssia Leão de Oliveira
Data e local de nascimento: 27/11/59, em São Paulo - SP
Data e local do falecimento: 12/11/78, em São Bernardo do Campo - SP
Causa da morte: acidente automobilístico  

_____________________________
Ricardo Leão de Oliveira nasceu em São Paulo, em 27/11 /59, e faleceu em
12/11/78, na cidade de São Bernardo do Campo, vítima de acidente automobilístico.
Fazia o Tiro de Guerra e trabalhava na Volkswagen do Brasil, como auxiliar de
exportação. Gostava de praticar esportes, ler, escrever, compor músicas. Em novembro
de 1976 ganhou o Festival de Música de Santo André, com música de sua autoria:
“Girassol”. No colégio Santo André, onde estudou, ganhou o concurso de melhor
redação com o tema “A Força dos Gestos”. Era muito comunicativo, fazia amigos com
facilidade, e participava com êxito de tudo o que se propunha fazer. Dizia que só se
realizaria quando tivesse uma filha e escrevesse um livro. No dia anterior ao seu
falecimento, escreveu algumas poesias muito significativas, dizia não conseguir
entender o porquê de estar vivendo, perguntando se seria aquilo mundo dos mortos ou
dos vivos. Parecia saber o que iria acontecer. Deixou desenhadas várias capelas, e uma
carta despedindo-se de um amigo. 

Teve sucesso em tudo o que fez: deixou material para editar um livro de poesias e
oito meses depois do seu desenlace, os pais ficaram sabendo que sua noiva esperava um
filho dele. Nem mesmo Ricardo, quando em vida corpórea, sabia, pois a noiva estava
grávida de dias.
Dona Nyssia prossegue: “com a partida do meu filho fiquei desesperada, sem saber
o que fazer de minha vida, foi quando meu irmão Dorival Castanheira, condoído de meu
estado, aconselhou-me a procurar Chico Xavier, em Uberaba - apesar de ele ser
Católico praticante - afirmando que só o Chico poderia me confortar e esclarecer o
porquê da separação física. No dia 3/2/79, eu, meu marido e minha nora fomos em
busca de algo que pudesse ao menos nos consolar e orientar. No dia 9/2/79, em reunião
pública, recebemos a comunicação do meu filho, deixando-nos emocionados. Quando voltei novamente a Uberaba, eu já estava bem melhor e com a
certeza que meu filho continuava mais vivo do que nunca, pois na mensagem ele diz
coisas que o Chico não poderia saber como o caso do vovô Joaquim, desconhecido de
nós mesmos e confirmado depois de averiguações: havia falecido aos 25 anos de
idade,há 50 anos atrás.Meu filho menciona também a doença do pai. Realmente, meu
marido ficou com problema no coração e só pensavam em morrer. Outro detalhe
importante: veja a Claudinha em meu lugar. Depois fui entender que ele usou o nome da
irmã, para avisar do nascimento da filhinha dele que ninguém sabia. A filha dele está
com 18 meses e chama-se Marina, nome de sua preferência”.
Como poderia sair tudo isso da mente de Chico Xavier? A resposta lhe pertence,
caro leitor, mas podemos adiantar que há Centenas de cartas como esta do jovem
Ricardo Leão de Oliveira, consolando, confortando e mesmo esclarecendo seus
familiares. A lei da reencarnação, quando aceita pelos povos, transformará o mundo e
aí, sim, construiremos a civilização do futuro. 
A mensagem:

“Mãezinha Ny (1), meu pai Antônio (2), abençoem-me.
Querida Cida (3), peço a Deus por sua felicidade.
Ainda estou muito difícil de escrever, mas a minha avó Idalina (4) me trouxe para
dizer alguma coisa que os tranquilize. Estou ainda muito embaraçado com as lágrimas.
Ouço a mamãe com tantos chamados e escuto tantas palavras tristes de meu pai e
de Cláudia (5) que não sei se fiquei doente, depois de perder o corpo.
Que já mudei, não tenho dúvida, mas desejo solicitar-lhes auxílio. Não se morre.
A pessoa larga uma roupa usada e se enfia em outra vestimenta melhor. Isso é o que
me aconteceu, mas à medida que falam o meu nome em pranto, isso é como se a dor me
reatacasse por dentro...
Torno a me sentir batendo contra muros e rolando no ar para cair não sei onde.
Ajudem-me (6).
Vou melhorar rapidamente se me sentir apoiado pela família. Querida Aparecida,
perdoe-me. Tudo aconteceu de relance.
As máquinas estão em nossa cabeça e não nas ruas ou nas estradas 
7). Basta um
pequeno cochilo e a engrenagem desgovernada toma outros rumos.
Pensemos todos em Deus. Quem possui uma fé, vence tudo isso que está nos
acontecendo mais depressa.
Orem por mim, como se estivessem a conversar comigo em casa. A oração assim é
melhor (8), porque nos sentimos de novo num diálogo que realmente auxilia.
De parte de mãezinha, tenho um amigo que me ensinou a chamá-lo por vovô
Joaquim (9) e estou muito agradecido.
Papai, não pense mais em morte (10), compreenda que estou vivo e que vou
cooperar com o senhor de outro modo.
Mamãe, peço-lhe calma e confiança na vida.
Veja a Claudinha em meu lugar (11).
Cida, sempre querida, Deus abençoará a nós dois para que você seja sempre mais
feliz.
Rogo a todos para que se fortaleçam, para que me veja melhor.
Boa noite. Voltarei mais tarde. A morte é a vida em outra moldura. Tenhamos
paciência e confiemos em Deus.
Papai e mamãe, abençoem-me.
Aparecida, lembre-me com seus pensamentos alegres e com minha irmã recebam o
abraço muito de coração do filho agradecido,
Ricardo.” 

Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública do
dia 9/02/79, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG. 

Esclarecimentos 

1 - Modo carinhoso com que o esposo a chama.
2 - Antônio Leão de Oliveira
3 - Maria Aparecida Gomes da Silva, sua noiva
4 - Idalina Pereira de Souza - avó paterna
5 - Cláudia Leão de Oliveira - sua irmã
6 - O espírito pede para não ser lembrado com desespero, pois o afeta no mundo espiritual.
7 - Frase dita à noiva horas antes do desastre.
8 - Recomenda a maneira correta de nos comunicarmos com nosso entes queridos.
9 - Joaquim Trambusti - irmão da bisavó materna.
10 - Devido doença no coração, o Sr. Antônio andava pensando em morrer.
11 - A mãe não entendeu de início, só compreendendo quando soube da gravidez de sua futura nora.

sábado, 4 de março de 2017

Melhor assim


O amigo que estimavas partiu buscando outros caminhos...
O companheiro de tuas horas foi-se à procura de novas emoções...
O irmão que amavas como a ti mesmo deixou-te por tentadoras experiências...
Creia que, embora sofras, foi melhor assim.
Quem poderá prever o que lhes aguardava no amanhã.
Embora de coração sangrando, não deixes de viver e de continuar desincumbindo-te das responsabilidades que a vida te confiou.
O senhor também passou no mundo sem ninguém; os discípulos mais amados nem mesmo puderam orar com Ele nos instantes que antecederam o Calvário.
Deus se encarregará de, no momento certo, colocar alguém nos teus passos.
Alguém que virá para ficar...
***************
Irmão José 
Carlos Baccelli
Obra: Fé 

quinta-feira, 2 de março de 2017

DIVINO RECURSO



Trata-se de remédio real do espírito.

Sem ele:

- A paz carece de base;

- O amor não existiria;

- O trabalho cairia em frustração;

- A fé não desabrocha;

- A paciência não surge;

- A união se faria impraticável;

- A solidariedade não funciona;

- A esperança não encontraria razão de ser;

- O lar não subsistiria;

- A civilização se ergueria em bases de crueldade.

Desse recurso todos necessitamos; e de tão alta significação se nos faz no cotidiano que a Sabedoria da Vida não permite se efetue aquisição dele em mercados do mundo, a fim de que esteja ao alcance de todos, já que deve nascer em nós mesmos, no laboratório do coração.

Esse remédio é o perdão recíproco.

E semelhante medicamento se mostra de tal modo importante, nos assuntos de vivência e convivência, que Jesus - o Divino Médico da Alma - prescreve para cada infestação de ofensa que se lhe aplique a virtude não sete vezes, mas, setenta vezes sete vezes.
***************************************
  Albino Teixeira 
 Chico Xavier 


quarta-feira, 1 de março de 2017

Posturas Coerentes



“Por que pensais mal nos vossos corações?” - Jesus – Mateus, 9: 4

Uma das maiores dificuldades do homem, em todos os tempos, é a coerência entre o que pensa com o que realiza. Muitas são as criaturas que, observando apenas seus atos exteriores, acreditam-se boas e merecedoras dos apreços e cuidados divinos.

Paulo já falava sobre a angústia provocada por essa dualidade, em uma de suas epístolas, enfatizando a dor que o envolvia, diante dessa situação, quando afirmava: “o que quero, não faço e o que não quero, isso mesmo é o que eu faço”.

Santo Agostinho, em sua “Confissões”, reforçava sobre essas angústias, mostrando o homem que, conhecendo o certo, acaba agindo de maneira voluntariosa, de acordo com os seus instintos e não com a sua razão.

Grande parte da humanidade encontra-se ainda num patamar evolutivo no qual nem existe essa preocupação. Postulam para si o direito à felicidade, mas sem uma preocupação verdadeira com o que seja essa felicidade e com os meios para alcançá-la. Agem próximos aos instintos animalescos, onde os prazeres da mesa e do sexo sobrepõem-se a quaisquer outros, utilizando-se, muitas vezes, da violência, em suas mais diversas formas de expressão, para consegui-los.

Essa parcela dos homens, na realidade, ainda não vive essa dualidade. O grande incômodo com que vivem é o de se depararem com criaturas mais astutas, fortes e violentas, as quais levam os mais fracos a sofrerem o impacto da força e, nestes casos, da dor e da opressão.

Aqueles que já conhecem as verdades evangélicas e as assimilam no campo da razão, encontram-se em outro degrau evolutivo. Nesse grupo encontra-se a grande maioria dos religiosos, os quais convivem com a dualidade do bem e do mal, falando muito do primeiro, mas ainda quedando-se à ação do segundo.

Nesse estágio evolutivo, os qual enfrentamos as reais dores morais, o homem geralmente age em dois importantes pólos: num primeiro, pregam e acreditam na necessidade do bem, mas fragilizados em suas conquistas, caminham na realização de seus pendores inferiores, causando-lhes grande sofrimento, quando mergulham no remorso, vendo-se afogados em suas culpas. Do outro lado, os que inibem as expressões visíveis vinculadas aos seus sentimentos infelizes, mas quando têm a oportunidade de agirem às escondidas, fazem-no; ou vibram numa faixa mental inferior constante, que os mantém em padrões energéticos complicadores, apesar da aparência de superioridade. Estes carreiam também o sofrimento, mas buscam negá-lo, optando por viverem na ilusão. Negam as suas culpas e tomam, muitas vezes, para si, o direito de se julgarem e aos outros, presas de uma aparente grandeza moral. 

O primeiro grupo espelha o publicano que, reconhecendo o pecado e a necessidade do perdão, permanece no lugar da “minha culpa”, agindo da mesma forma anterior. O segundo foi definido por Jesus como “túmulos caiados de branco”, representados pelos sacerdotes e os fariseus, caracterizados pela falsidade dos seus valores e pela hipocrisia de seus atos.

No campo religioso, em todos os tempos, continua a presença desses elementos, constituindo a grande maioria dos profitentes. Certamente, é para essas criaturas que Jesus dirige mais diretamente a pergunta: “Por que pensais mal em vossos corações?”.

A proposta do Evangelho é de reforma e transformação, mas como diz a expressão é de “reforma íntima”. O convite é para que haja uma mudança interior. A questão fundamental é de “essência” e não de “aparência”, mesmo porque as mudanças externas são maquilagens e não resistem às intempéries do tempo. As verdadeiras transformações são de base, de paradigmas, seguidas pela renovação de atitudes.

Se a grande maioria da humanidade, movida apenas pelos seus instintos, provoca enormes calamidades, assustando os demais e causando dores imensas a todos, essa parcela importante dos religiosos, que apregoa o que não faz ou finge atitudes, para as quais descrê dos seus valores, não atua diferentemente. Perturba os que querem modificar-se, que, ao verem as suas atitudes, fazem-se descrentes dos valores morais superiores; paralisa o crescimento da humanidade, como um todo, pela incoerência de suas posturas, além de dar forças ao grupo dos brutos, que se vêem referendados em suas atitudes, e de utilizar-se deles para realizarem aquilo que carrega na profundidade de seu ser, seus verdadeiros interesses e princípios. Sobre esse grupo, Jesus se referiu como os que se postam nas portas dos templos, não entram e nem deixam os demais entrarem.

O chamamento de Jesus é de completa transformação. No entanto, isso não significa uma mudança abrupta e total, mas de um encadeamento de ações coerentes, onde o homem poste-se de acordo com aquilo que já sedimentou em sua alma. Uma luta árdua, pelas tendências do passado milenar, quando nos prendemos aos prazeres imediatistas da vida, mas que, se vivida com a sinceridade necessária, será oportunidade inigualável para um crescimento, com a consequente conquista da Felicidade.
*****************************
Roberto Lúcio Vieira de Souza - Revista Delfos 







terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Flexibilidade


Existe em nós uma tendência a fazer as coisas ou fazer escolhas que nos parecem mais fáceis e/ou familiares. Mas, se fizermos sempre as coisas da mesma maneira ou fizermos as mesmas escolhas, limitaremos a nossa capacidade de crescimento e de percepção do mundo, e isso se chama inflexibilidade ou rigidez. Isso faz parte da tentativa equivocada do ego de tentar tornar a vida previsível.

O que não pensamos muitas vezes é: será que a vida precisa ser previsível? Até que ponto realmente controlamos os acontecimentos da vida? Temos esse controle?

Sempre que um imprevisto acontece somos testados na nossa capacidade de flexibilizar, ou seja, ter maleabilidade, saber contornar a situação em vez de endurecer diante do obstáculo. Sem flexibilidade não encontramos alternativas para solucionar as questões da vida, afinal de contas, a vida é feita de escolhas. Sem uma autoanálise sincera não confrontaremos com a sombra e nos tornaremos cada vez mais rígidos. Para aprendermos a ser flexíveis, podemos refletir nos seguintes aspectos:

1. Abra mão do controle: Nós não podemos controlar o fluxo natural da vida, pois toda vez que fazemos isso estamos nos tornando rígidos, abrindo mão da espontaneidade, da leveza e do prazer de viver.

2. Questione-se: Nessa situação estou sendo flexível ou inflexível? Se estivermos vivendo uma situação que “endurecemos”, é muito provável que algum complexo tenha sido ativado e imediatamente sentimos raiva ou medo. Como essas emoções são difíceis para o ego, a tendência natural é tentar tomar o controle da situação, e muitas vezes a rigidez é o recurso utilizado. Ser flexível não significa ter que dizer sempre sim. Questionar-se ajuda a olhar para as coisas por uma nova perspectiva, e perceber que temos escolhas.

3. Reconheça : uma vez que você se questiona o próximo passo é reconhecer. Qual parte em mim está sendo inflexível? A forma de pensar, de fazer as coisas ou essa pessoa em particular? Reconhecer é parte importante na nossa mudança. Se quisermos resultados diferentes precisamos agir diferente, então esse é o momento de perceber a nossa resistência e reconhecer que existem outras possibilidades.
4. Mude a lente : quando os nossos complexos constelam ficamos inflexíveis, e não conseguimos perceber novas possibilidades; nossas emoções e pensamentos muitas vezes prendem-se em uma monoideia, e com isso nossa visão fica afetada, nublada e precisamos mudar a lente dos nossos “óculos” mentais. A flexibilidade consiste em perceber que as coisas podem e provavelmente são diferentes do que acreditávamos ser o certo, ou da necessidade do ego de controlar. Se não nos dispusermos a olhar a situação como ela é de fato, nossa resposta será ineficaz, e será muito difícil nos adaptarmos às questões da vida.

5. Aprenda a ouvir : se não pararmos e entrarmos em contato com nossa voz interna, ficaremos a mercê dos nossos pensamentos viciosos e das crenças antigas, que tumultuam e fazem barulho mental. É preciso ouvir o que o Self tem a nos dizer, pois ele sempre nos oferece uma nova oportunidade e maneiras de aprender e crescer. Ser flexível exige de nós um ouvir atento, além das nossas corriqueiras queixas, o ouvir com o coração.

6. Use a criatividade : a criatividade está diretamente relacionada ao poder de criar uma vida nova, com novas perspectivas e possibilidades. Uma forma muito eficiente é a meditação, pois é no silenciar que podemos ouvir o Self e nesse processo conseguimos adquirir nova visão para antigos problemas. Criar uma vida nova não significa uma vida sem crises, mas uma vida com possibilidades e abertura constante para mudar, isso é ter flexibilidade.

E como afirma Joanna de Ângelis, “A flexibilidade é dileta filha do amor que se expande e enriquece a vida com esperança e paz”, abramos os braços para recebê-la em nossas vidas [1] .
*****************************

[1] Franco, Divaldo. Rejubila-te em Deus. Joanna de Ângelis, cap. 6. Ed. Leal. 2013.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Rebeldia

 Rebeldia? Rebeldia por quê?
Ousamos perguntar com respeito.

Nos processos da Natureza que se serve, em nome do Criador, não encontras a revolta em agente algum.

Podas a árvore, no intuito de colher benefícios e a árvore podada te responde com mais frutos.

Cortas a pedra para que ela te auxilie na construção e não lhe ouves queixa alguma.

Tosquias a ovelha para que se te acrescente o agasalho e a ovelha te obedece sem reclamações.

Aprendamos.

Se isso acontece nos domínios da Natureza, aos quais a razão ainda não enriqueceu, que se aguardará de nós outros, criaturas de Deus, com os melhores padrões de discernimento?

Se algo te aborrece, reflete no assunto e, possivelmente, reconhecerás que sofres algum desgosto contigo mesmo.

Se te sentes mal-remunerado em serviço, anota quanto gastas, equilibrando receita e despesa, à custa do próprio esforço, sem exigir, em teu favor, a posição daqueles amigos que te chefiam, para a qual não te preparaste.

Se algum companheiro te incita à discórdia, silencia e concluirás que semelhante desafio não se te fará um caminho de paz.

Em qualquer dificuldade, acalma-te, cultiva a paciência que trabalha sempre e espera sem aflição.

Rebeldia é uma das piores formas de violência e a violência não auxilia a ninguém.
***********
Emmanuel
 Chico Xavier