sábado, 12 de dezembro de 2015

SEMPRE MAIS

 

Observai a natureza e compreendereis a lição evangélica do “sempre mais”

Quanto mais se humilha a fonte nas profundezas do solo, mais recebe os fios d’água, transformando-se em grande rio.

Quanto mais se ajusta o combustível, mais se alastra o fogo devastador.

Quanto mais se demora o lodo no chão, mais se estende ao derredor.

Assim também, no campo de nossa vida moral, teremos sempre daquilo que produzimos.

Comfiemo-nos à leve sombra de tristeza e, a breve tempo, padeceremos infinito desânimo.

Fujamos à fraternidade e a solidão viverá conosco.

Rendamo-nos às tentações de rebeldia e a cólera explodirá, por dinamite invisível da morte, em nosso veículo de manifestação.

Neguemos entrada ao amor em nossa alma e o ódio cristalizar-se-á, violento, em nosso mundo íntimo.

Adiemos o nosso aprendizado para o futuro e, amanhã, nossa ignorância se fará mais pesada.

Fixemos os defeitos do próximo e acordaremos no espinheiro da maledicência.

Um gesto de simpatia convocará a solidariedade em nosso favor.

Estendamos a luz da boa vontade a alguém e o auxílio de minutos virá em nosso encontro.

Tudo é sintonia no Universo.

Tudo se encadeia na vida, segundo as origens dos nossos sentimentos, ideias, palavras e ações.

Não te esqueças de que a Lei te conferirá, em dobro e “sempre mais”, de acordo com aquilo que desejas e produzes.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Mãos marcadas





 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Os três votos de Francisco


POBREZA - CASTIDADE – OBEDIÊNCIA

Eis os três votos de Francisco.

Será mesmo possível alguém viver em absoluta fidelidade a esses princípios? Não será isso utopia?

Em nome da própria verdade, poder-se-ia argumentar da seguinte maneira:

Pobreza é o oposto de riqueza, e se riqueza é progresso, logo pobreza pode ser decadência; pobreza é o contrário de conforto, e se conforto é bem-estar e bonança, logo, pobreza pode ser sofrimento e miséria.

Castidade é oposto de prazer, e se prazer é alegria, logo castidade pode ser tristeza; castidade é o contrário de fertilidade, e se fertilidade é crescimento e renovação, logo castidade pode ser atrofiamento e distorção.

Obediência é o oposto de comando, e se comando é determinação, logo obediência pode ser debilidade; obediência é o contrário de liderança e se liderança é coordenação e autoridade, logo obediência pode ser descontrole e fraqueza.

Este argumento é respeitável, porém, tendencioso e falho.

A razão mais alta, bafejada pelo amor, interpreta os três votos de outra forma:

Pobreza é riqueza, porque a alma vazia de preocupações materiais é invadida de valores espirituais; pobreza é evolução, porquanto o ser, livre do complexo de posse, passa a viver a sua realidade intrínseca, consciente da sua natural função no Universo.

A pobreza consciente não representa dor nem miséria. A riqueza dos homens que não sabem ser pobres é que produz fome e revolta. Quando os ricos do mundo decidirem ser pobres, isto é, desapegados, os bens da vida serão melhor distribuídos e haverá mais alegria em todos os corações.

Castidade é alegria, porque o espírito comedido e educado nas suas expansões, harmoniza-se com a Lei Natural e passa a desfrutar de prazeres em outra dimensão; castidade é fecundidade, porquanto a pessoa devidamente amadurecida, pode transferir seu potencial de energias para grandes realizações no campo da espiritualidade.

A castidade consciente não representa atrofiamento, nem degradação. O homem casto por maturação espiritual, de livre vontade, integrado com amor em tarefas de benemerência, é alguém capaz de contribuir largamente para a evolução do mundo.

Obediência é comando, porque não se trata de subordinação cega, servilismo. Obediência consciente é auto determinarão diante da Vontade de Deus.

Obediência, segundo o Evangelho, não significa desajuste ou fragilidade; é a virtude harmonia que favorece o perfeito funcionamento do Todo Universal. Quem obedece revitaliza suas forças internas, conquistando a simpatia dos semelhantes e a proteção do Pai.

Numa sociedade em que todos saibam obedecer, as frentes de liderança aos mais obedientes.

Estes inspiram mais confiança e estão mais afinados com a ordem da vida.

Alguém já disse que a razão é bule de duas asas: pode ser usado com a mão esquerda ou com a direita.

A civilização do futuro terá esta tônica: os cargos e as funções serão ocupados de acordo com as qualidades internas do homem.

O movimento franciscano, portanto, significou um clarão de valores incontestáveis.

Os três votos de Francisco de Assis foram os instrumentos de sua auto-realização.

"Ocultei em terreno infértil a semente de meu desejo para que nunca viesse a germinar. Ao lado construí minha cabana. Aguardei alguns dias, e vi que minha semente havia morrido, porque a terra não apresentou qualquer sinal. Mais tarde, porém, quando eu me achava distante, entregue às divagações de uma vida inoperante, a semente brotou, transformando-se em árvore, cujas raízes demoliram minha morada. Aprendi, desse modo, que as energias da alma não morrem, nem devem ser estioladas, e sim desenvolvidas na atmosfera do Bem."
 Francisco de Assis
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O MUNDO DE FRANCISCO DE ASSIS
Ariston S. Teles
Tagore








quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

DONATIVOS MENOSPREZADOS


Cumprir os próprios deveres sem esperar que os amigos teçam láureas de gratidão.

Calar toda queixa.

Abster-se do gracejo nas conversas de fundo edificante para não desencorajar a
responsabilidade nascente.

Grafar páginas consoladoras e construtivas sem a pretensão de sermos compreendidos
ou elogiados.

Prestar favores oportunos ao próximo sem a ideia de que o próximo venha, por isso, a

dever-nos qualquer coisa, ainda mesmo o agradecimento mais simples.

Reconhecer que as faltas dos outros podiam ser nossas a fim de que saibamos
desculpa-los sem condições.

Não supor que o ouvinte ou os ouvintes seja obrigado a pensar pela nossa cabeça.

Executar os erros de quem se exprime numa assembleia, sem sorrisos de mofa, para
que o iniciante no cultivo do verbo superior não se sinta frustrado em seus intentos de
bem fazer.

Não atribuir a outrem essa ou aquela falha havida em serviço.

Auxiliar aos irmãos menos felizes sem exprobrar-lhes a conduta passada.
 
Não acusar e nem criticar pessoas sob o pretexto de estarem ausentes.

Silenciar diante dos grandes ou pequenos escândalos, sem considerações deprimentes,
orando em favor daqueles que os provocaram.

Não reclamar homenagens afetivas nessa ou naquela circunstância.

Ouvir com respeito à palavra ou a dissertação supostamente fastidiosa, sem ofender a
quem fala.

Evitar a maledicência em derredor de gestos, atitudes e frases sob nossa observação.

Substituir espontaneamente e sem qualquer apontamento desfavorável, nas boas
obras, o seareiro em falta nas atividades previstas. 

Executar com sinceridade as obrigações que a vida nos preceitua sem a preocupação
de invadir as tarefas alheias.

Não opor contraditas às opiniões do interlocutor e sim ajuda-lo, sem presunção, a
entender a verdade em torno disso ou daquilo, no momento adequado.

Amar sem pedir que os entes amados se convertam em bibelôs dos nossos caprichos.

Não exigir das criaturas humanas a perfeição moral que todos estamos muito longe de
possuir.

Deixar os companheiros tão livres para encontrarem a própria felicidade quanto
aspiramos a ser livres por nossa vez.
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Militão Pacheco
Chico Xavier
 




quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Solicitação Fraterna



Ajude com a sua oração a todos os irmãos:

- que jamais encontram tempo ou recursos para serem úteis a alguém;
- que se declaram afrontados pela ingratidão, em toda a parte;

- que trajam os olhos de luto para enxergarem o mal, em todas as situações;

- que contemplam mil castelos nas nuvens, mas que não acendem nem uma vela no chão;

- que somente cooperam na torre de marfim do personalismo, sem lhe descerem os degraus para colaborar com os outros;

- que se acreditam emissários especiais e credores dos benefícios de exceção;
- que devoram precioso tempo dos ouvintes, falando exclusivamente de si;
- que desistem de continuar aprendendo na luta humana;
- que exibem o realejo da desculpa para todas as faltas;
- que sustentam a vocação de orquídeas no salão do mundo;

- que se julgam centros compulsórios das atenções gerais;

- que fazem o culto sistemático à enfermidade e ao obstáculo.

São doentes graves que necessitam do Amparo Silencioso.
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André Luiz
Chico Xavier 





terça-feira, 8 de dezembro de 2015

HIGIENE ESPIRITUAL




Ante os detritos da maledicência, usemos a vassoura das boas palavras.

Ante o lixo do sarcasmo, cavemos a fossa do silêncio.

Ante os vermes da crueldade, mobilizemos os antisséticos do socorro cristão.

Ante o vírus da cólera ou da irritação que nos defrontar nas frases ou nas atitudes alheias,

Ante os tóxicos do pessimismo negrejante, acendamos claridade do bom ânimo.

Ante o veneno da ociosidade, mobilizemos os nossos recursos de serviço.

Ante as serpes da incompreensão, realizemos  mais vasto plantio de caridade.

Ante os micróbios da desconfiança, incentivemos a nossa sementeira de boa vontade e fé.

Ante a erva sufocante dos conflitos de opinião, refugiemo-nos na boa vontade para com todos, que procura garantir o bem, acima de tudo.

Ante as perigosas moléstias do amor próprio ferido, expressar-se no corpo e na alma, através de mil modos, pratiquemos o perdão incondicional e incessante.

Jesus não é somente o nosso Divino Orientador.

É também o Divino Médico de nossa vida.

Procuremos, pois, no Evangelho, as justas instruções para nossa higiene espiritual e alcançaremos a  harmonia para sempre.
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André Luiz 
Chico Xavier 
Obra: Relicário de luz





segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Motivos para Desculpar

“Eu vos digo, porém, amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, faze bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem.” Jesus – Mateus, 5:44

Em muitas ocasiões, quem imaginas te haja ferido, não tem disso a mínima ideia, de vez que terá agido sob a ação compulsiva de obsessão ou enfermidade.

Se recebeste comprovadamente uma ofensa de alguém, esse alguém terá dilapidado a tranquilidade própria, passando a carregar arrependimento e remorso, em posição de sofrimento que desconheces.

Perante os ofensores, dispõe da oportunidade de revelar compreensão e proveito, em matéria de aperfeiçoamento espiritual.

Aquele, a quem desculpas hoje uma falta cometida contra ti, será talvez, amanhã, o teu melhor defensor, se caíres em falta contra os outros.

Diante da desilusão recolhida do comportamento de alguém, coloca-te no lugar desse alguém, observando se conseguirias agir de outra forma, nas mesmas circunstâncias.

Capacitemo-nos de que condenar o companheiro que erra é agravar a infelicidade de quem já se vê suficientemente infeliz.

Revide de qualquer procedência, mesmo quando se enquiste unicamente na mágoa, não resolve problema algum.

Quem fere o próximo efetivamente não sabe o que faz, porquanto ignora as responsabilidades que assume na lei de causa e efeito.

Ressentimento não adianta de vez que todos somos espíritos eternos destinados a confraternizar-nos todos, algum dia, à frente da Bondade de Deus.

Desculpar ofensas e esquecê-las é livrar-se de perturbação e doença, permanecendo acima de qualquer sombra que se nos enderece na vida, razão por que, em nosso próprio benefício, advertiu-nos Jesus de que se deve perdoar qualquer falta não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
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 Emmanuel
Chico Xavier 
Obra: Mais perto 






domingo, 6 de dezembro de 2015

MANEIRA DE DIZER AS COISAS

 
 
Uma sábia e conhecida anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes.

Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.

- Que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho.

- Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.

- Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!

Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites.

Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho.

Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:

- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.

E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinho – que tudo depende da maneira de dizer.

Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.

Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.

Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida. Mas a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.

A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.

Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com facilidade.

A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.

Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.

E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.

Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará diferença é a maneira de dizer as coisas...
* * *
A sublime arte da comunicação foi sabiamente ensinada por Jesus.

Ele falava com sabedoria tanto aos doutores da lei quanto às pessoas simples e iletradas.

Há pessoas que se dizem bons comunicadores mas que não conseguem fazer com que suas palavras cheguem aos corações e às mentes.

Jesus, o comunicador por excelência, falava e suas palavras calavam fundo nas almas, porque aliava às palavras, os seus atos, ou seja, falava e exemplificava com a própria vivência.

O grande segredo para uma boa comunicação, portanto, é o exemplo de quem fala.
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Redação do Momento Espírita