sábado, 17 de abril de 2021

Começos de Tarefas



 
Diz você que deseja iniciar-se nos serviços do Bem.
Não perca tempo na indecisão.

Eis aqui alguns modelos para começar:

Experimente suportar sempre com paciência e carinho algum familiar de trato áspero.

Nos recintos onde surjam atividades de natureza coletiva, ampare espontaneamente a algum enfermo ou a essa ou àquela criança incomodada que requisitem atenção.

Procure, no campo do próprio dever, ofertar ao seu próprio trabalho alguns momentos de cooperação extra, sem a preocupação de obter gratificações ou elogios.

Busque tornar menos pesado o dia de algum companheiro que você saiba em provação.

Não reclame.

Não grite.

Não condene.

Não tema servir.

Não se queixe.

Aqui ficam algumas indicações para os companheiros que aspirem a matricular-se na Seara do Bem.

Depois de iniciado semelhante trabalho, do ponto de vista externo, então passaremos às tarefas da renovação íntima, que são muito mais complexas e mais difíceis, é claro.
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André Luiz
Chico Xavier
Obra: Aulas da Vida
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MENSAGEM DO ESE:

A caridade material e a caridade moral

“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem eles.”

 Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo faltava.


Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um mundo mais ditoso.
Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem, na minha última existência, me fora dado servir!...


Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos!
Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se.


A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados.


Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real, estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade, mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de ou trem é caridade moral.


Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado, principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual, a meu turno, tenho agora de implorar auxilio.


Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai.

– Irmã Rosália. (Paris, 1860.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIII, item 9.)

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Seja sereno!



Necessitas de serenidade a cada passo.


Serenidade para discernir, atuar e viver.


A vida é galopante e muda os seus cenários
a cada minuto, exigindo permanente serenidade a fim de não esmagar as pessoas.


Quem se aflija, e tente seguir a velocidade ciclópica destes dias, arrebenta-se, porque sai de uma para outra situação com muita rapidez, sem mesmo tempo para a adaptação na fase anterior.


As notícias chegam e os acontecimentos passam, produzindo imenso desgaste emocional, mental, físico.


Resguarda-te na serenidade, preservando
os equipamentos da tua existência, que estão programados para uso adequado e não para o abuso.
🌺🌷🌺
Joanna de Ângelis
Divaldo Franco
Obra: Vida Feliz

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Os visitantes



 Das pessoas mais simples que sempre nos visitaram, seja em Pedro Leopoldo ou em Uberaba, sempre recebemos espontâneas manifestações de apreço que nos incentivaram a prosseguir… 

Os companheiros mais cultos, não raro, nos procuram com muitos questionamentos; estão sempre querendo saber mais… 

Dos amigos mais aficionados do Evangelho é que tenho recebido forças para continuar, enfrentando as dificuldades naturais do caminho. 

 Existem almas que apenas nos sugam, enquanto outras permutam conosco as energias que nos servem de complemento para que possamos nos manter de pé…
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Chico Xavier
Obra:
O Evangelho de Chico Xavier 
— O próprio (Encarnado)
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MENSAGEM DO ESE:
Emprego da riqueza (II)

Quando considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante preocupação de que é para vós objeto o bem-estar material, ao passo que tão pouca importância dais ao vosso aperfeiçoamento moral, a que pouco ou nenhum tempo consagrais e que, no entanto, é o que importa para a eternidade.

Diante da atividade que desenvolveis, tratar-se de uma questão do mais alto interesse para a humanidade, quando não se trata, na maioria dos casos, senão de vos pordes em condições de satisfazer a necessidades exageradas, à vaidade, ou de vos entregardes a excessos.

Que de penas, de amofinações, de tormentos cada um se impõe; que de noites de insônia, para aumentar haveres muitas vezes mais que suficientes! Por cúmulo de cegueira, freqüentemente se encontram pessoas, escravizadas a penosos trabalhos pelo amor imoderado da riqueza e dos gozos que ela proporciona, a se vangloriarem de viver uma existência dita de sacrifício e de mérito — como se trabalhassem para os outros e não para si mesmas! Insensatos! Credes, então, realmente, que vos serão levados em conta os cuidados e os esforços que despendeis movidos pelo egoísmo, pela cupidez ou pelo orgulho, enquanto negligenciais do vosso futuro, bem como dos deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos os que gozam das vantagens da vida social?

Unicamente no vosso corpo haveis pensado; seu bem-estar, seus prazeres foram o objeto exclusivo da vossa solicitude egoística. Por ele, que morre, desprezastes o vosso Espírito, que viverá sempre. Por isso mesmo, esse senhor tão animado e acariciado se tornou o vosso tirano; ele manda sobre o vosso Espírito, que se lhe constituiu escravo. Seria essa a finalidade da existência que Deus vos outorgou?

— Um Espírito Protetor. (Cracóvia, 1861.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 12.

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Não grites


Nenhuma situação exige a gritaria, que confunde e mais perturba.

Se falares em tom adequado, os barulhentos silenciarão para ouvir-te.

Se desejares competir com eles em altura de voz, ficarás rouco e não serás escutado.

A voz caracteriza o comportamento e a emoção das pessoas.

Não nos referimos às técnicas de prosódia, que têm a sua finalidade, porém à tonalidade natural, audível, sem agressividade.

Já te escutaste num gravador, especialmente quando em desequilíbrio? 
Faze a experiência.
🌷🌺🌷
FRANCO, Divaldo Pereira
Obra: Vida Feliz
Pelo Espírito Joanna de Ângelis

quinta-feira, 15 de abril de 2021

A incógnita do Além


Meus amigos, Deus vos conceda muita paz espiritual no caminho diário.

Conheço a ansiedade com que muitos de vós outros batem às portas da revelação; sei de vossas aspirações e já experimentei vosso desejo infinito.

 O homem defrontará sempre a incógnita do Além-túmulo, tomado de indizíveis angústias, quando se distancia do alimento espiritual, matéria prima da vida externa. 

 É o que ocorre no cenário de vosso século, repleto de acontecimentos de profunda significação científica e filosófica, cercados de realizações, da máquina e empolgados de ideologias políticas; permaneceis à beira de abismos que solapam os séculos laboriosos de realizações.

 O homem moderno cresceu em suas realizações puramente intelectualísticas avançando no domínio das organizações materiais entretanto, por traz de muralhas de livros, ao longo de códigos pacientemente elaborados, à sombra de laboratórios, a inteligência da criatura se esconde para preferir a morte. A ciência que devassou desde o subsolo à estratosfera, manifesta a sua impossibilidade de dominar o vulcão mortífero. 

 Vinte séculos de pensamento cristão não bastaram. Milhares de mensagens da Providência Divina, convertidas em utilidades para a civilização de nossos tempos sopitaram os novos surtos de devastações e misérias. 

Não lamentamos porém. Apenas nos referimos à semelhante derrocada para exaltar a grandeza da experiência espiritual.

O homem econômico de nossas filosofias atuais não pode subsistir no quadro da evolução divina. 

 O homem é Espírito antes de tudo. A Terra é a nossa escola milenária, aguardando resignadamente a nossa madureza de sentimentos.

É por isto que acorrestes à presente reunião, em vossa maioria tangidos pelo desejo de auscultar o desconhecido. É por isto que esperáveis expressões fenomênicas que vos modificassem inteiramente. 

No fundo, meus amigos, desejais a fé, quereis tocar a certeza. Entretanto, a curiosidade não pode substituir o trabalho perseverante e metódico. Nenhuma técnica profissional por mais singela pode-se eximir de cultores da experiência sentida e vivida.

 Alguns dentre vós formulais indagações mentais enquanto outros aguardam manifestações que firam as percepções externas. Todavia, apesar do desejo de vos atender particularmente, não seria possível quebrar a lei universal da iniciativa de cada um no campo do livre arbítrio que nos rege os destinos. 

Vossa ansiedade palpita em todo mundo. A humanidade suplica expressões novas que lhe definam as diretrizes para o Mais Alto e vossos corações permanecem cansados do atrito despensivo. 

Sois, de modo geral, os viajores que extenuados do caminho árido começam a indagar as profundezas do céu, tendo sempre uma resposta para quantos o contemplam, convictos de que a vida é testemunho de trabalho, de realizações e de confiança. Nenhuma elevação se verificará sem o esforço próprio.

 É por este motivo que as ideias religiosas antigas, embora respeitáveis pelas mais sublimes tradições, não mais satisfazem. Os templos de pedra deixam exalar ainda o incenso da poesia, mas as novas esperanças pedem esclarecimentos concretos e roteiros precisos.

 Sim, nossa sede é justa. A fonte, porém, ainda é aquela que o Mestre nos trouxe há dois mil anos.

Procurai esta água da vida eterna. Não vos deixeis dominar tão somente pela ânsia que às vezes é doentia.

Procurai de fato conhecer. Não vos restrinjais ao campo limitado da curiosidade. Toda curiosidade é boa quando conduz ao trabalho.

Recebei, portanto, os serviços de Deus, em vós mesmos. Vosso coração e vossa inteligência constituem a grande oficina. Aí dentro operareis maravilhas desde que não condeneis vossas melhores ferramentas de observação e possibilidades de serviço à ferrugem do esquecimento.

Que a vossa curiosidade seja um marco útil na estrada da sabedoria. Continuai no vosso esforço lembrando que se viestes hoje bater à porta do Mais Além, o Mais Além respondendo vem bater igualmente às vossas portas.

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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Escrínio de luz
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MENSAGEM DO ESE:

Não vos afadigueis pela posse do ouro

Não vos afadigueis por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos. — Não prepareis saco para a viagem, nem dois fatos, nem calçados, nem cajados, porquanto aquele que trabalha merece sustentado.

Ao entrardes em qualquer cidade ou aldeia, procurai saber quem é digno de vos hospedar e ficai na sua casa até que partais de novo. — Entrando na casa, saudai-a assim: Que a paz seja nesta casa. Se a casa for digna disso, a vossa paz virá sobre ela; se não o for, a vossa paz voltará para vós.
Quando alguém não vos queira receber, nem escutar, sacudi, ao sairdes dessa casa ou cidade, a poeira dos vossos pés. — Digo-vos, em verdade: no dia do juízo, Sodoma e Gomorra serão tratadas menos rigorosamente do que essa cidade. (S. MATEUS, cap. X, vv. 9 a 15.)

Naquela época, nada tinham de estranhável essas palavras que Jesus dirigiu a seus apóstolos, quando os mandou, pela primeira vez, anunciar a boa-nova. Estavam de acordo com os costumes patriarcais do Oriente, onde o viajor encontrava sempre acolhida na tenda. Mas, então, os viajantes eram raros. Entre os povos modernos, o desenvolvimento da circulação houve de criar costumes novos. Os dos tempos antigos somente se conservam em países longínquos, onde ainda não penetrou o grande movimento. Se Jesus voltasse hoje, já não poderia dizer a seus aposto-los: “Ponde-vos a caminho sem provisões.”

A par do sentido próprio, essas palavras guardam um sentido moral muito profundo. Proferindo-as, ensinava Jesus a seus discípulos que confiassem na Providência. Ao demais, eles, nada tendo, não despertariam a cobiça nos que os recebessem. Era um meio de distinguirem dos egoístas os caridosos. Por isso foi que lhes disse: “Procurai saber quem é digno de vos hospedar” ou: quem é bastante humano para agasalhar o viajante que não tem com que pagar, porquanto esses são dignos de escutar as vossas palavras; pela caridade deles é que os reconhecereis.

Quanto aos que não os quisessem receber, nem ouvir, recomendou ele porventura aos apóstolos que os amaldiçoassem, que se lhes impusessem, que usassem de violência e de constrangimento para os converterem? Não; mandou, pura e simplesmente, que se fossem embora, à procura de pessoas de boa vontade.

O mesmo diz hoje o Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis os que não pensem como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranqüilos os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo. Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela brandura.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, itens 9 a 11.)

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O Bem, sempre!


Quando assumas resoluções superiores e te poupes a loucura do desequilíbrio, serás visitado por pessoas que te buscarão convencer de que estás equivocado.

Insiste nos teus propósitos sadios e não lhes dês ouvidos.

Ao tombares, são poucas as mãos que tentarão erguer-te.

Nunca falta quem empurre, mais, o caído no fosso do desespero.

Infelizmente, são ainda escassos os indivíduos que estão dispostos a ajudar desinteressadamente, enquanto se multiplica o número daqueles que se comprazem infelicitando.

Segue adiante no Bem e o Bem te fará um grande bem.
🌷🌺🌷
FRANCO, Divaldo Pereira. 
Obra: Vida Feliz.
 Pelo Espírito Joanna de Ângelis

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Paciência e esperança


 Quem fala de paciência se refere à esperança.

 À vista disso, paciência quer dizer “saber esperar”.

 Nesse sentido, é justo recorrermos à inesquecível lição evangélica: “primeiro, a semente lançada à terra; depois, a flor na ramaria; em seguida, a formação da espiga e, logo após, o grão surgindo na espiga assegurando a colheita”. 

 Não te retires da calma construtiva na tarefa que o mundo te deu a realizar.

 Todas as forças da natureza aguardam com paciência as realizações às quais se destinam.

 O fio d’água de uma nascente incorpora-se a outro formando a fonte e a fonte desce para o rio que a depõe na grandeza do mar.

 O tronco suscetível de auxiliar ao homem na construção da própria moradia não se fez de um momento para outro.

 O carvão é transformado em diamante no curso dos milênios, sob a ação constante dos agentes químicos do solo.

 Se acalentas algum plano de felicidade; se aspiras a conquistar o conhecimento superior; se anseias obter a compreensão de um ente amado ou se desejas a recuperação de um ente querido, trabalha e serve sempre na direção do alvo por atingir, sem desânimo e sem precipitação, contando com Deus, porque as Leis Divinas para te garantirem a concretização desse ou daquele propósito, em matéria de execução do bem, apenas te solicitam saber esperar.
🌷🌺🌷
Emmanuel
 Chico Xavier
Obra: Pronto Socorro
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MENSAGEM DO ESE:

Odiar os pais

Como nas suas pegadas caminhasse grande massa de povo, Jesus, voltando-se, disse-lhes: — Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher e a seus filhos, a seus irmãos e irmãs, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. — E quem quer que não carregue a sua cruz e me siga, não pode ser meu discípulo. — Assim, aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo. (S. LUCAS, cap. XIV, vv. 25 a 27 e 33.)


Aquele que ama a seu pai ou a sua mãe, mais do que a mim, de mim não é digno; aquele que ama a seu filho ou a sua filha, mais do que a mim, de mim não é digno. (S. MATEUS, cap. X, v. 37.)


Certas palavras, aliás muito raras, atribuídas ao Cristo, fazem tão singular contraste com o seu modo habitual de falar que, instintivamente, se lhes repele o sentido literal, sem que a sublimidade da sua doutrina sofra qualquer dano. Escritas depois de sua morte, pois que nenhum dos Evangelhos foi redigido enquanto ele vivia, lícito é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem expresso, ou, o que não é menos provável, o sentido primitivo, passando de uma língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração. Basta que um erro se haja cometido uma vez, para que os copiadores o tenham repetido, como se dá freqüentemente com relação aos fatos históricos.


O termo odiar, nesta frase de S. Lucas: Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, está compreendido nessa hipótese. A ninguém acudirá atribuí-la a Jesus. Será então supérfluo discuti-la e, ainda menos, tentar justificá-la. Importaria, primeiro, saber se ele a pronunciou e, em caso afirmativo, se, na língua em que se exprimia, a palavra em questão tinha o mesmo valor que na nossa. Nesta passagem de S. João: “Aquele que odeia sua vida, neste mundo, a conserva para a vida eterna”, é indubitável que ela não exprime a idéia que lhe atribuímos.


A língua hebraica não era rica e continha muitas palavras com várias significações. Tal, por exemplo, a que no Gênese, designa as fases da criação: servia, simultaneamente, para exprimir um período qualquer de tempo e a revolução diurna. Daí, mais tarde, a sua tradução pelo termo dia e a crença de que o mundo foi obra de seis vezes vinte e quatro horas. Tal, também, a palavra com que se designava um camelo e um cabo, uma vez que os cabos eram feitos de pêlos de camelo. Daí o haverem-na traduzido pelo termo camelo, na alegoria do buraco de uma agulha.
Cumpre, ao demais, se atenda aos costumes e ao caráter dos povos, pelo muito que influem sobre o gênio particular de seus idiomas. Sem esse conhecimento, escapa amiúde o sentido verdadeiro de certas palavras. De uma língua para outra, o mesmo termo se reveste de maior ou menor energia.


Pode, numa, envolver injúria ou blasfêmia, e carecer de importância noutra, conforme a idéia que suscite. Na mesma língua, algumas palavras perdem seu valor com o correr dos séculos. Por isso é que uma tradução rigorosamente literal nem sempre exprime perfeitamente o pensamento e que, para manter a exatidão, se tem às vezes de empregar, não termos correspondentes, mas outros equivalentes, ou perífrases.


Estas notas encontram aplicação especial na interpretação das Santas Escrituras e, em particular, dos Evangelhos. Se se não tiver em conta o meio em que Jesus vivia, fica-se exposto a equívocos sobre o valor de certas expressões e de certos fatos, em conseqüência do hábito em que se está de assimilar os outros a si próprio. Em todo caso, cumpre despojar o termo odiar da sua acepção moderna, como contrária ao espírito do ensino de Jesus.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIII, itens 1 a 3.)

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Curas Espirituais 



(...)


— Irmã Carolina, por que a cura espiritual muitas vezes não alcança todos aqueles que a buscam?


— Cada caso tem sua peculiaridade. Um médium com Jesus jamais afastará o doente de um tratamento com a Medicina tradicional. A cura espiritual só se torna possível quando o paciente tem merecimento. Os espíritos, muitas vezes, não podem atuar na matéria, e não nos esqueçamos de que o corpo carnal pertence ao mundo físico.
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Livro: Dois Mundos Tão Meus
Irene Pacheco Machado, pelo Espírito Luiz Sérgio


terça-feira, 13 de abril de 2021

Agradece


Sofre, sem revoltar-te
Contra a vida difícil.

Pensa na retaguarda
Em provações enormes.

 Esse exibe nas ruas
Duras deformidades.

Outro apenas tateia
Nas sombras da cegueira.

 Muitos morrem aos poucos
Em plena solidão.

 Se tens o corpo útil,
Rende Graças a Deus.
🍃🌹🍃
Emmanuel
Chico Xavier 
Obra: Doutrina-Escola
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MENSAGEM DO ESE:

Causas anteriores das aflições (III)

Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta. Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus.


Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso.
Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como os passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas.


Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à idéia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens 9 e 10.)

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O poder da oração


Dentre as muitas boas histórias relatadas em Seleções Reader´s Digest, uma nos chamou a atenção pelos ensinamentos que contém.

Seu autor, já homem feito, refletindo sobre o poder da oração, lembra-se de quando ainda era apenas um garotinho.

Conta ele que, certa manhã de primavera, sua mãe o vestiu na sua fatiota domingueira e lhe recomendou para que não saísse além dos degraus da porta da frente pois, em poucos minutos, iriam visitar sua tia.

O menino esperou pacientemente até que o filho do vizinho da esquina se aproximou e lhe disse um palavrão.

Então, ele pulou os degraus e se atracou com o outro até caírem ambos numa poça de lama.

Sua blusa branca ficou enlameada e a meia com um rasgão sangrento na altura do joelho.

Lembrou-se da advertência da mãe e começou a berrar desesperadamente.

Sua dor, porém, acabou quando ouviu o barulho do sorveteiro que anunciava em altos brados o seu produto.

Esqueceu a desobediência e correu a fim de pedir dinheiro à mãe para comprar um sorvete.

Diz ele que nunca pôde esquecer a resposta que recebeu da mãe:

Olhe para você mesmo! Você não está em condições de pedir nada.

Foi mergulhado nessas lembranças que o autor fez um paralelo com a nossa posição diante de Deus, quando oramos pedindo alguma coisa.

Antes de invocarmos o auxílio de Deus, necessitamos voltar o olhar para nós próprios e verificar se estamos ou não em condições de pedir algo.

Para que Ele nos ajude, é preciso que façamos a nossa parte conforme prescreve o Evangelho: Ajuda-te que o Céu te ajudará.

O mal da maioria dos que rogam bênçãos é que não são honestos para com Deus.

É comum implorarmos graças celestes, estando de relações cortadas com familiares, amigos, vizinhos...

Quando buscamos a Ajuda Divina é preciso que preparemos o coração adequadamente.

É inútil pedir amparo com o coração cheio de inveja, de ciúme, de malquerença, de ódio e de outros detritos morais.

Nesse caso, se realmente desejamos pedir algo, que peçamos forças para vencer essas misérias da alma.

É comum rogarmos a Deus que nos dê saúde e, por outro lado, acabarmos com ela com o vício enfermiço do cigarro, da gula, do trago infeliz, das noitadas de orgias entre outros abusos.

Importante que meditemos um pouco mais a respeito da nossa real vontade de receber Ajuda Divina, uma vez que Deus sabe das nossas intenções mais secretas.
* * *
Antes de buscar ajuda através da prece, olhe para você mesmo e veja se está em condições de pedir alguma coisa.
Verifique se está fazendo a parte que lhe cabe.

Se o templo do seu coração está devidamente limpo e arejado para receber as bênçãos do Criador.

Lembre-se sempre da recomendação: A
que o Céu te ajudará.

A condição é que nos ajudemos primeiro, fazendo a nossa parte, para depois merecer a ajuda do Alto.

Importante que entendamos bem os mecanismos da oração: pedir, saber pedir e, acima de tudo, merecer. 
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Redação do Momento Espírita com base em artigo da revista Seleções Reader’s Digest, de abril de 1951
FORMATAÇÃO E PESQUISA: MILTER-12-04-2020

segunda-feira, 12 de abril de 2021

PERDAS E DEPRESSÃO


— (...) Por força da Lei, sempre justa e adequada às necessidades de cada um de nós, não se pode jamais imputar uma carência como a causadora de nossos sofrimentos. Toda privação foi precedida de excesso de mesma natureza e os constrangimentos que trazem são corretivos. 

A personalidade que não encontra em si mesma os meios para se firmar com o necessário na vida, perdeu-os por abusar deles. Os tímidos e inseguros de hoje são os arrojados do passado. E a menosvalia identificada em nós é sempre a exata medida da desvalorização imposta ao outro. Não guardemos a menor dúvida, todos os valores roubados da felicidade alheia e frutos da arrogância nos são forçosamente tirados, a fim de suscitar em nós a correta maneira de se praticar o viver.


Recordemos a lição do pêndulo. O desequilíbrio que se instala na alma, depois que a hiperpsiquia a remove de sua estabilidade, exalta-lhe a suscetibilidade, deixando-a passível de sofrimentos desmedidos diante das perdas e danos da vida. Assim é que a intolerância às frustrações e aos fracassos aumenta de forma indevida no espírito hiperegótico, permitindo-lhe ferir-se por situações que de outra forma lhe seriam inócuas ou facilmente suportadas. De modo que não há outra causa para a depressão senão a arrogância. Posição, inclusive, que é a própria motivação para que o indivíduo se exponha aos fatores que a suscitam. Eis porque os mais suscetíveis às frustrações de toda natureza são exatamente os mais orgulhosos. Os mais egoístas, mais apegados aos bens de toda sorte são os que menos toleram suas perdas. Os mais altaneiros são os mais sensíveis ao menosprezo e às ofensas. As grandes almas não se deixam ofender e nem se abater por essas aparentes injúrias e quiméricas privações, por se acharem em posição de superior compreensão e equilíbrio. Portanto, se alguém sofre um transtorno depressivo, induzido aparentemente por uma grande decepção, ofensa ou perda, deve-se ao fato dele já trazer na personalidade a predisposição exaltada pela sua posição hiperegótica, amealhada anteriormente. A dor é sempre consequência das intenções e ações errôneas e nunca causa dos males humanos, estejamos absolutamente convencidos disso.
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Livro: Ícaro Redimido – A Vida de Santos Dumont no Plano Espiritual
Gilson Teixeira Freire, pelo Espírito Adamastor
Editora INEDE – Instituto Espírita de Estudo e Divulgação do Evangelho
=Hiperogótico= 
Valor dado a si mesmo de modo exagerado, pessoa arrogante, gosta de se sobressair das demais, sente satisfação em se sentir melhor que o outro.

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Mensagem do ESE:
O argueiro e a trave no olho

Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? — Ou, como é que dizeis ao vosso irmão: Deixa-me tirar um argueiro ao teu olho, vós que tendes no vosso uma trave? — Hipócritas, tirai primeiro a trave ao vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (S. MATEUS, cap. VII, vv. 3 a 5.)

Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar: Que pensaria eu, se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais, quanto físicos. Semelhante insensatez é essencialmente contrária à caridade, porquanto a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. Caridade orgulhosa é um contra-senso, visto que esses dois sentimentos se neutralizam um ao outro. Com efeito, como poderá um homem, bastante presunçoso para acreditar na importância da sua personalidade e na supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegação bastante para fazer ressaltar em outrem o bem que o eclipsaria, em vez do mal que o exalçaria? Por isso mesmo, porque é o pai de muitos vícios, o orgulho é também a negação de muitas virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de quase todas as ações humanas. Essa a razão por que Jesus se empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao progresso.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, itens 9 e 10

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Em Casa 


ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral.

HOJE, guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.

ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício.

HOJE, têmo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.

ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes.

HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redeção.

ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.

HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.

ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinqüência.

HOJE, achâmo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.

ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão.

HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.

Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...

A humildade é a chave de nossa libertação.

E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.
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Emmanuel
Chico Xavier
 Livro Ideal Espírita

domingo, 11 de abril de 2021

Receita espiritual para a cura da depressão



“A depressão pede o remédio do trabalho; a pessoa triste necessita ser motivada para as pequeninas tarefas, tarefas que consiga executar.
Na depressão, o médico pode ajudar muito, mas se o deprimido não estiver disposto a se ajudar...
Quem sofre de depressão deve fugir da cama, do sofá...”
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Chico Xavier nos traz uma receita espiritual para a cura da depressão, enfermidade que a cada dia vem se alastrando em todo mundo.
Sem desprezar o concurso da medicina, Chico fala da importância do trabalho para o deprimido.
Comenta a respeito do perigo da ociosidade, da inércia, da inatividade, do excesso de cama e sofá.
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Muitas depressões estão ligadas à nossa rebeldia frente às portas que a vida fechou para nós.
Esquecemos de que as portas fechadas nos conduziriam aos mesmos desequilíbrios do passado.
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A rebeldia pode nos levar ao desencanto pela vida, como a criança que não quer mais brincar porque foi contrariada em algum interesse.
O deprimido não está mais vendo graça na vida e por isso não tem mais gosto pelas coisas, porque foi contrariado em algum ponto de seus interesses.
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Por essa razão, entendemos as advertências do médium a respeito do perigo em manter o deprimido na ociosidade, pois isso alimentará ainda mais seu desgosto pela vida.
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O trabalho interrompe o circuito depressivo, pois interfere na cadeia dos pensamentos doentios que geram e alimentam a própria depressão.
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Quando fala em trabalho, Chico se refere à necessidade de movimento.
A cura é um movimento.
E o movimento que geralmente se pede ao depressivo é o movimento de sair das valas de sua grande inconformação interior.
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O depressivo precisa sair da faixa da tristeza e encontrar algo, por mais insignificante que lhe pareça, mas que lhe dê alguma motivação, que lhe ensine, trabalhando, a reinterpretar o mal sucedido e a reagir de maneira saudável, frente aos reveses que a vida lhe trouxe.
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Nunca se viu alguém morrer por trabalhar.
Mas, não há dúvida de que a falta de trabalho ou de alguma ocupação útil nos leva mais depressa para a desencarnação.
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É no espírito do trabalho que o homem encontrará forças para se curar, pois o serviço pode cansar o corpo, mas descansa a alma do tédio e da rebeldia.
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É nesse sentido que Chico Xavier recebeu do mundo espiritual a seguinte trova do poeta Cristóvão Barreto:

"Para as tristezas da vida,
Trabalho é o grande remédio."

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“Minutos com Chico Xavier”
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MENSAGEM DO ESE:

Cuidar do corpo e do espírito

Consistirá na maceração do corpo a perfeição moral? Para resolver essa questão, apoiar-me-ei em princípios elementares e começarei por demonstrar a necessidade de cuidar-se do corpo que, segundo as alternativas de saúde e de enfermidade, influi de maneira muito importante sobre a alma, que cumpre se considere cativa da carne. Para que essa prisioneira viva, se expanda e chegue mesmo a conceber as ilusões da liberdade, tem o corpo de estar são, disposto, forte. Façamos uma comparação: Eis se acham ambos em perfeito estado; que devem fazer para manter o equilíbrio entre as suas aptidões e as suas necessidades tão diferentes? Inevitável parece a luta entre os dois e difícil achar-se o segredo de como chegarem a equilíbrio.

Dois sistemas se defrontam: o dos ascetas, que tem por base o aniquilamento do corpo, e o dos materialistas, que se baseia no rebaixamento da alma. Duas violências quase tão insensatas uma quanto a outra. Ao lado desses dois grandes partidos, formiga a numerosa tribo dos indiferentes que, sem convicção e sem paixão, são mornos no amar e econômicos no gozar.

 Onde, então, a sabedoria? Onde, então, a ciência de viver? Em parte alguma; e o grande problema ficaria sem solução, se o Espiritismo não viesse em auxílio dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relações que existem entre o corpo e a alma e dizendo-lhes que, por se acharem em dependência mútua, importa cuidar de ambos. Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o induziu a cometer e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que causa. Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com o vosso próximo? Não, a perfeição não está nisso: está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição.

Jorge, Espírito Protetor. (Paris, 1863.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 11)

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A maior dor



Qual é a maior dor?


Você já pensou nisso?


Um jovem deixou um bilhete aos familiares, pouco antes de cometer suicídio, e expressou no papel o que estava sentindo.


Disse ele que a maior dor na vida não é morrer, mas ser ignorado.


É perder alguém que nos amava e que deixou de se importar conosco. É ser deixado de lado por quem tanto nos apoiava e constatar que esse é o resultado da nossa negligência.


A maior dor na vida não é morrer, mas ser esquecido. É ficar sem um cumprimento após uma grande conquista.


É não ter um amigo telefonando só para dizer Olá. É ver a indiferença num rosto quando abrimos nosso coração.


O que muito dói na vida é ver aqueles que foram nossos amigos, sempre muito ocupados quando precisamos de alguém para nos consolar e nos ajudar a reerguer o nosso ânimo.


É quando parece que nas aflições estamos sozinhos com as nossas tristezas. Muitas dores nos afetam, mas isso pode parecer mais leve quando alguém nos dá atenção.


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É bem possível que esse jovem tenha tido seus motivos para escrever o que escreveu. Todavia, em nenhum momento deve ter pensado naqueles que o rodeavam.


Se pudesse sentir a dor de um coração de mãe dilacerado ante o corpo sem vida do filho amado...


Se pudesse experimentar o sofrimento de um pai que tenta, em vão, saber do filho morto o que o levou a tamanho desatino...


Se sentisse o desespero de um irmão que busca resposta nos lábios imóveis do ser que lhe compartilhou a infância...


Se pudesse suportar, ainda que por instantes, a dor de um amigo sincero a contemplar seus lábios emudecidos no caixão, certamente mudaria seu conceito sobre a maior dor.


* * *


Se você pensa que está passando pela maior dor que alguém pode experimentar, considere o seguinte:


Uma mãe que chora sobre o corpo do filho querido que foi alvo das bombas assassinas, em nome das guerras frias e cruéis.


Uma criança debruçada sobre o corpo inerte da mãe atingida por granadas mortíferas.


Um órfão de guerra que é obrigado a empunhar as mesmas armas que aniquilaram seus pais...


Um pai de família que assiste o assassinato dos seus, de mãos amarradas.


Enfim, pense um pouco nessas outras dores...


Pense um pouco nos tantos corações que sofrem dores mais amargas que as suas.


E se ainda assim você estiver certo de que a sua dor é maior, lembre-se daquela mãe que um dia assistiu a crucificação do Filho inocente, sem poder fazer nada.


Lembre-se também Daquele que suportou a cruz do martírio mas não perdeu a confiança no Pai, que tudo sabe.


E se ainda assim você achar que é o maior dos sofredores, considere que talvez o egoísmo esteja prejudicando a sua visão.


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Pense nisso!


Descobrir qual é a maior dor, é muito difícil.


Mas a maior decepção é fácil de deduzir.


É a daqueles que se suicidam pensando que extinguirão a vida e com ela todos os problemas.


Esses saem do corpo, mas, indubitavelmente, não saem da vida e, muito menos, acabam com os problemas.


Portando, por mais difícil que esteja a situação, nunca vale a pena buscar essa porta falsa, chamada suicídio.


É importante lembrar sempre: por mais escura e longa que seja a noite, o sol sempre volta a brilhar.


E por mais que pensemos estar na solidão, temos sempre conosco um amigo fiel e dedicado que jamais nos abandona: o meigo Rabi da Galiléia.


Pense nisso!

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Redação do Momento Espírita, com base em
mensagem volante sem menção ao autor.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 6, ed. Fep.
Em 29.09.2009