sábado, 25 de março de 2017

TRABALHO, SOBRIEDADE, CONTINÊNCIA



O trabalho é uma lei para as humanidades planetárias, assim como para as sociedades do espaço. Desde o ser mais rudimentar até os Espíritos angélicos que velam pelos destinos dos mundos, cada um executa sua obra, sua parte, no grande concerto universal.

Penoso e grosseiro para os seres inferiores, o trabalho suaviza-se à medida que o Espírito se purifica. Torna-se uma fonte de gozos para o Espírito adiantado, insensível às atrações materiais, exclusivamente ocupado com estudos elevados.

É pelo trabalho que o homem doma as forças cegas da Natureza e preserva-se da miséria; é por ele que as civilizações se formam, que o bem-estar e a Ciência se difundem.

O trabalho é a honra, é a dignidade do ser humano. O ocioso que se aproveita, sem nada produzir, do trabalho dos outros não passa de um parasita. Quando o homem está ocupado com sua tarefa, as paixões aquietam-se. A ociosidade, pelo contrário, instiga-as, abrindo-lhes um vasto campo de ação. O trabalho é também um grande consolador, é um preservativo salutar contra as nossas aflições, contra as nossas tristezas. Acalma as angústias do nosso espírito e fecunda a nossa inteligência. Não há dor moral, decepções ou reveses que não encontrem nele um alívio; não há vicissitudes que resistam à sua ação prolongada. O trabalho é sempre um refúgio seguro na prova, um verdadeiro amigo na tribulação. Não produz o desgosto da vida. Mas quão digna de piedade é a situação daquele a quem as enfermidades condenam à imobilidade, à inação! E quando esse ser experimenta a grandeza, a santidade do trabalho, quando, acima do seu interesse próprio, vê o interesse geral, o bem de todos e nisso também quer cooperar, eis então uma das mais cruéis provas que podem estar reservadas ao ser ,vivente.

Tal é, no espaço, a situação do Espírito que faltou aos seus deveres e desperdiçou a sua vida. Compreendendo muito tarde a nobreza do trabalho e a vileza da ociosidade, sofre por não poder então realizar o que sua alma concebe e deseja.

O trabalho é a comunhão dos seres. Por ele nos aproximamos uns dos outros, aprendemos a auxiliarmo-nos, a unirmo-nos; daí à fraternidade só há um passo. A antiguidade romana havia desonrado o trabalho, fazendo dele uma condição de escravatura. Disso resultou sua esterilidade moral, sua corrupção, suas insípidas doutrinas.

A época atual tem uma concepção da vida muito diferente. Encontra-se já satisfação no trabalho fecundo e regenerador. A filosofia dos Espíritos reforça ainda mais essa concepção, indicando-nos na lei do trabalho o germe de todos os progressos, de todos os aperfeiçoamentos, mostrando-nos que a ação dessa lei estende-se à universalidade dos seres e dos mundos. Eis por que estávamos autorizados a dizer: Despertai, ó vós todos que deixais dormitar as vossas faculdades e as vossas forças latentes! Levantai-vos e mãos à obra! Trabalhai, fecundai a terra, fazei ecoar nas oficinas o ruído cadenciado dos martelos e os silvos do vapor. Agitai-vos na colmeia imensa. Vossa tarefa é grande e santa. Vosso trabalho é a vida, é a glória, é a paz da Humanidade. Obreiros do pensamento, perscrutai os grandes problemas, estudai a Natureza, propagai a Ciência, espalhai por toda parte tudo o que consola, anima e fortifica. Que de uma extremidade a outra do mundo, unidos na obra gigantesca, cada um de nós se esforce a fim de contribuir para enriquecer o domínio material, intelectual e moral da Humanidade!

A primeira condição para se conservar a alma livre, a inteligência sã, a razão lúcida é a de ser sóbrio e casto. Os excessos de alimentação perturbam-nos o organismo e as faculdades; a embriaguez faz-nos perder toda a dignidade e toda a moderação. O seu uso continuo produz uma série de moléstias, de enfermidades, que acarretam uma velhice miserável.

Dar ao corpo o que lhe é necessário, a fim de torná-lo servidor útil e não tirano, tal é a regra do homem criterioso. Reduzir a soma das necessidades materiais, comprimir os sentidos, domar os apetites vis é libertar-se do jugo das forças inferiores, é preparar a emancipação do Espírito. Ter poucas necessidades é também uma das formas da riqueza.

A sobriedade e a continência caminham juntas. Os prazeres da carne enfraquecem-nos, enervam-nos, desviam-nos da sabedoria. A volúpia é como um abismo onde o homem vê soçobrar todas as suas qualidades morais. Longe de nos satisfazer, atiça os nossos desejos. Desde que a deixamos penetrar em nosso seio, ela invade-nos, absorve-nos e, como uma vaga, extingue tudo quanto há de bom e generoso em nós. Modesta visitante ao princípio, acaba por dominar-nos, por se apossar de nós completamente.

Evitai os prazeres corruptores em que a juventude se estiola em que a vida se desseca e altera. Escolhei em momento oportuno uma companheira e sede-lhe fiel. Constituí uma família. A família é o estado natural de uma existência honesta e regular. O amor da esposa, a afeição dos filhos, a sã atmosfera do lar são preservativos soberanos contra as paixões. No meio dessas criaturas que nos são caras e veem em nós seu principal arrimo, o sentimento de nossas responsabilidades se engrandece; nossa dignidade e nossa circunspeção acentuam-se; compreendemos melhor os nossos deveres e, nas alegrias que essa vida concede-nos, colhemos as forças que nos tornam suave o seu cumprimento. Como ousar cometer atos que fariam envergonhar-nos sob o olhar da esposa e dos filhos? Aprender a dirigir os outros é aprender a dirigir-se a si próprio, a tornar-se prudente e criterioso, a afastar tudo o que pode manchar-nos a existência.

É condenável o viver insulado. Dar, porém, nossa vida aos outros, sentirmo-nos reviver em criaturas de que soubemos fazer pessoas úteis, servidores zelosos para a causa do bem e da verdade, morrermos depois de deixar cimentado um sentimento profundo do dever, um conhecimento amplo dos destinos é uma nobre tarefa.

Se há uma exceção a essa regra, esta será em favor daqueles que, acima da família, colocam a Humanidade e que, para melhor servi-la, para executar em seu proveito alguma missão maior ainda, quiseram afrontar sozinhos os perigos da vida, galgar solitários a vereda árdua, consagrar todos os seus instantes, todas as suas faculdades, toda a sua alma a uma causa que muitos ignoram, mas que eles jamais perderam de vista.

A sobriedade, a continência, a luta contra as seduções dos sentidos não são, como pretendem os mundanos, uma infração às leis morais, um amesquinhamento da vida; ao contrário, elas despertam em quem as observa e executa uma percepção profunda das leis superiores, uma intuição precisa do futuro. O voluptuoso, separado pela morte de tudo o que amava, consome-se em vãos desejos. Frequenta as casas de deboche, busca os lugares que lhe recordam o modo de vida na Terra e, assim, prende-se cada vez mais a cadeias materiais, afasta-se da fonte dos puros gozos e vota-se à bestialidade, às trevas.

Atirar-se às volúpias carnais é privar-se por muito tempo da paz que usufruem os Espíritos elevados. Essa paz somente pode ser adquirida pela pureza. Não se observa isso desde a vida presente? As nossas paixões e os nossos desejos produzem imagens, fantasmas que nos perseguem até no sono e perturbam as nossas reflexões. Mas, longe dos prazeres enganosos, o Espírito bom concentra-se, retempera-se e abre-se às sensações delicadas. Os seus pensamentos elevam-se ao infinito. Desligado com antecedência das concupiscências ínfimas, abandona sem pesar o seu corpo exausto.

Meditemos muitas vezes e ponhamos em prática o provérbio oriental: Sê puro para seres feliz e para seres forte!
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Léon Denis - Depois da Morte

sexta-feira, 24 de março de 2017

HORA DA DIVULGAÇÃO



Quem possui um tesouro e é sábio investe-o, gerando bênçãos.
Quem conduz claridade esparze luz onde se encontra.
Quem frui felicidade distribui alegria, promovendo esperança.
Quem ama irradia júbilo.
Quem tem conhecimento elucida problemas e auxilia nas dificuldades.
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O Espiritismo é um tesouro de alto valor que tem a missão de produzir lucros de amor e juros de paz.
Ocultá-lo, sem o promover entre as criaturas, é o mesmo que enterrar uma fortuna, que assim perde a finalidade para a qual existe.

Retê-lo, constitui crime de avareza, considerando-se a fome de luz de que padecem as criaturas.
Adiar a sua divulgação, onde se encontre o espírita, representa perda de oportunidade valiosa, que não se repetirá.

Condicioná-lo às circunstâncias e interesses seria desfigurá-lo na legitimidade dos seus conceitos e objetivos edificantes.

Pessoas existem que sofrem hipertrofia dos sentimentos e não se dão conta.
Criaturas movimentam-se, no mundo, fátuas e risonhas, ignorando, porém, porque vivem e para que vivem.

Homens agem sob os automatismos de que se tornaram vítimas.
Indivíduos desajustam-se por desconhecerem os valores do espírito.
Coletividades desarticulam-se, porque vencidas pelo egoísmo e pelas paixões dissolventes.
O Espiritismo é o antídoto eficiente e rápido para os males que grassam, na Terra, derruindo o materialismo e promovendo a vida.

Difundí-lo, a rigor, é tarefa de quantos se identificam com as suas lições e nele encontraram satisfação de viver.

Não é lícito impô-lo, nem justo deixar de apresentá-lo.

A convicção de que ele se faz objeto, favorecendo a pessoa com bênçãos, deve emular o seu beneficiário a levá-lo a quantos o ignoram.

E porque este é o momento da renovação espiritual da Humanidade, que se encontra exaurida por dores superlativas, também é a hora da divulgação, consciente e nobre, da Doutrina que "mata a morte" e alonga a vida, elucidando os enigmas complexos da existência carnal com acenos seguros de felicidade à vista.
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Marcelo Ribeiro
 Livro: Terapêutica de Emergência
Divaldo Pereira Franco, por Espíritos Diversos
LEAL – Livraria Espírita Alvorada Editora




quinta-feira, 23 de março de 2017

Não Desanime


Quando você se observar, à beira do desânimo, acelere o passo para frente, proibindo-se parar.

Ore, pedindo a Deus mais luz para vencer as sombras.

Faça algo de bom, além do cansaço em que se veja.

Leia uma página edificante, que lhe auxilie o raciocínio na mudança construtiva de ideias.

Tente contato de pessoas, cuja conversação lhe melhore o clima espiritual.

Procure um ambiente, no qual lhe seja possível ouvir palavras e instruções que lhe enobreçam os pensamentos.

Preste um favor, especialmente aquele favor que você esteja adiando.

Visite um enfermo, buscando reconforto naqueles que atravessam dificuldades maiores que as suas.

Atenda às tarefas imediatas que esperam por você e que lhe impeçam qualquer demora nas nuvens do desalento.

Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum.
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André Luiz
Chico Xavier 
Obra: Busca e acharás 






quarta-feira, 22 de março de 2017

Apascenta


Pedro, apascenta as minhas ovelhas.- Jesus. (JOÃO, 21:17).

Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.

Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.

Nem gritos, nem xingamentos.
Nem cadeia, nem forca.
Nem chicote, nem vara.
Nem castigo, nem imposição.
Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.
Nem lamentação, nem desespero.

"Pedro, apascenta as minhas ovelhas!"
Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.
Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.
Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.
Educa sempre.
Revela-te por trabalhador fiel.

Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.
Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.
Não analises, destruindo.
O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.
Alimenta a "boa parte" do teu irmão e segue para diante.
A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.
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Emmanuel
Chico Xavier 
Obra: Fonte Viva





terça-feira, 21 de março de 2017

De imediato

 

Se alguém te ofendeu, perdoa sem delonga.
Se feriste a outrem, reconsidera o gesto impensado e solicita desculpas, de imediato.
Ressentimento e remorso são atitudes negativas, gerando azedume e abatimento, suscetíveis de arrasar-nos o máximo de forças.

Deixa que a luz da compreensão te guie as palavras e não admitas que o desequilíbrio se te instale no mundo intimo.

De alma contundida pela manifestação infeliz de alguém, esquece para logo o choque sofrido e se houveres, porventura, farpeado os sentimentos dessa ou daquela pessoa, pede-lhe perdão, com o reconhecimento da própria falta.

A desarmonia espiritual, quando não extinta no nascedouro, cria perturbações de resultados imprevisíveis, semelhante ao processo infeccioso que, não debelado com a urgência devida, acaba intoxicando todas as forças corpóreas, muitas vezes, carreando a morte prematura.

É por este motivo, certamente, que Jesus, o Divino Mestre, não apenas nos recomendou:
“reconcilia-te com o teu adversário”, mas nos esclareceu, de modo convincente, afirmando:

“reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele.”
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Pronto socorro 
 
 



segunda-feira, 20 de março de 2017

Não somente




Nem só de pão vive o homem.- Jesus. (MATEUS. 4:4).

Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma.

Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos.

Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aperfeiçoa as maneiras.

Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito íntimo.

Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável.

Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna.

Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina para o entendimento imperecível.

Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva.

Não apenas flores, mas também frutos.

Não somente ensino continuado, mas igualmente demonstração ativa..

Não só teoria excelente, mas também prática santificante.

Não apenas nós, mas igualmente os outros.

Disse o Mestre: - "Nem só de pão vive o homem".

Apliquemos o sublime conceito ao imenso campo do mundo.

Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.
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Emmanuel
Chico Xavier
Obra: Fonte viva 





domingo, 19 de março de 2017

Com Alegria


Executa com alegria todas as tarefas.

As abelhas fazem mel, colhendo o pólen das flores; os pássaros cantam, entretecendo os ninhos que os acolhem.

Não te queixes da vida.

Tens agora aquilo de que mais necessitas para o teu aprendizado.

Não ambiciones trilhar o caminho alheio.

Em qualquer posição que ocupe, o homem não é poupado da luta.

Os que aparentam tranquilidade talvez estejam chorando por dentro.

Valoriza o teu corpo, os teus familiares, o teu trabalho, a tua experiência evolutiva.

Caso recebesses mais, talvez não soubesses o que fazer com tanto.

Um sorriso sincero opera prodígios.

Não agraves a tua prova com a melancolia.
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Do livro Vigiai e Orai 
psicografia de Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Irmão José