sábado, 18 de junho de 2016

Petição do servidor


Senhor Jesus,

Quando me chames a doar algo do que tenha ou do que eu seja, se não puder oferecer o muito que devo, auxilia-me a entregar o pouco do que disponha.

Se eu não tiver essa ou aquela migalha de recursos materiais em favor dos companheiros em penúria, concede-me forças para dedicar-lhes algum momento de trabalho, sem qualquer ideia de recompensa.

Entretanto, Senhor, se o tempo vier a faltar-me para isso, ajuda-me a falar, no apoio aos irmãos que sofrem, a boa palavra que indique a senda do Bem.

Se isso, ainda, não me for possível, guarda-me o silêncio na prece endereçada ao teu Infinito Amor, a rogar-te intercessão e socorro, porque, através da prece, enviar-nos-ás alguém que me substitua e que fará pelos outros muito mais e melhor. 
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André Luiz
Chico Xavier



sexta-feira, 17 de junho de 2016

O QUE FAZES




A vida passa e passam as oportunidades de trabalho, fora e dentro de nós.

Se nos faltar a observação do que fazemos e deixamos de fazer, praticamos irregularidades constantemente, sem percepção das falhas. Isso é falta grave porque, se não vigiamos a nós mesmos, que contas poderemos dar ao Senhor das nossas obrigações?

Regularizemos os nossos passos; que eles sejam conscientes, porque é na consciência que disciplinamos os nossos atos e consertamos a nossa conduta.

Se os outros nos perguntam o que fazemos, como responder, se não participamos conscientemente dos nossos atos? Sempre, nessa resposta, entramos com um pouco

de mentira. Quando nos referimos aos outros, temos o prazer de dizer a verdade ? Isso, quando não exaltamos os erros dos companheiros. Isso não é auto-defesa, é querer iludirnos a nós mesmos, sem medir as consequências advindas desse jogo de irresponsabilidades.

É dever da criatura participar positivamente de todas as manifestações dos seus desejos, de tudo que faz, pois se responde pelo que faz, é de lei que deve saber o que fazer.

Nós, por natureza, somos frios no tocante à nossa própria conduta. Não há interesse em reparar com urgência as nossas faltas. No entanto, a língua coça ante os desequilíbrios alheios. Propagamos os erros de nossos companheiros com ênfase que chega a impressionar até a nós mesmos. Onde arranjamos tanta energia, tanta disposição para tal evento negativo? Mas, diante dos nossos feitos, não necessitamos ter cursos em nenhuma escola para arranjarmos os mais requintados argumentos que falseiam a verdade e nos colocam como vítimas, culpando os outros.

A tomada de luz, da nossa parte, está sempre ligada, mas a dos nossos irmãos, cortamo-la até os fios. É por isso que a Doutrina Espírita, interpretando Jesus, trouxe a missão de revelar aos homens, que tudo o que fizermos aos outros , estaremos fazendo a nós mesmos. O que damos, recebemos. O que negamos, ser-nos-á negado. Haveremos de

bater nesta tecla até que saia a nota, ou, melhor ainda, a música. A criatura que começa a analisar a si mesma, fazendo-se juiz dos próprios feitos, começa a despertar para a luz de Deus. O homem, sabendo que, dentro de si, existe um celeiro de talentos a serem usados, mudará o roteiro que antes percorria inconscientemente.

Não tenhas medo de pesquisar a tua própria vida. É nesta análise profunda que terás a intuição das mudanças necessárias para que se estabeleça a paz no teu coração.

Nunca deves temer, quando te perguntarem o que fazes no caminho. A tua boca será instrumento da tua consciência e a tua consciência liberará o que o espírito verdadeiramente é, com o prazer de dizer a verdade.

Nos primeiros dias da tua reforma de ideias, senão de palavras, por vezes atentados inúmeros aparecerão pela rejeição dos órgãos, quanto mais da mente viciada a hábitos que não condizem com a moral evangélica.

Mas, se te dispuseres a lutar, a subir o próprio calvário para a glória da vida rumo à libertação, não deves esmorecer, e seguirás até o fim, que o Sol sairá em teu coração com todo o esplendor, depois que fizeres a tua parte, dentro da grande parte feita por Deus.
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Lancellin 



quinta-feira, 16 de junho de 2016

Benfeitores desencarnados


Perceberás, sem dificuldade, a presença deles.

  Onde as vozes habituadas a escarnecer se mostram a ponto de condenar, eles falam a palavra da compaixão e do entendimento.

  Onde as cruzes se destacam, massacrando ombros doridos, eles surgem, de inesperado, por cireneus silenciosos, amparando os que caíram em desagrado e abandono.

 Onde os problemas repontam, graves, prenunciando falência, eles semeiam a fé, cunhando valores novos de trabalho e esperança. 

 Onde as chagas se aprofundam, dilacerando corpo e alma, eles se convertem no remédio que sustenta a força e restaura a vida.

  Onde o enxurro da ignorância cria a erosão do sofrimento, no solo do espírito, eles plantam a semente renovadora da elevação, regenerando o destino.

  Onde os homens desistem de auxiliar, eles encontram vias diferentes de ação para a vitória do Amor Infinito.

  Anseias pela convivência dos benfeitores desencarnados, com residência nos Planos Superiores, e tê-los-ás contigo, se quiseres.

9 Guarda, porém, a convicção de que todos eles são agentes do Bem para todos e com todos, buscando agir através de todos em favor de todos.

  Disse Jesus: “Quem me segue não anda em trevas.” (Jo) Se acompanhas os Bons Espíritos que, em tudo e por tudo, se revelam companheiros fiéis do Cristo, deixarás para sempre as sombras da retaguarda e avançarás para Deus, sob a glória da luz.
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 Emmanuel
Chico Xavier 



quarta-feira, 15 de junho de 2016

DIFICULDADES



É possível hajas despertado para a nova fé, sob enormes dificuldades.

Guardas, talvez, a impressão de quem se vê defrontado por asfixia num cipoal...

A primeira atitude, em favor da própria libertação – não te fixares nas crises e nos entraves e sim sair deles honrosamente pela aplicação ao trabalho nobilitante.

A Divina sabedoria nos confere o benefício da prova, para que venhamos a superá-la e assimilá-la, em forma de experiência, nunca no objetivo de confundir-nos ou arrojar-nos ao desalento.

Se te encontras doente, reflete na lição que te é concedida, valendo-te dela para edificar espiritualmente nos irmãos que te assistem e, sob a desculpa de que sofres mais que os outros ou de que tens pouco tempo de vida, não te demandes em excessos ou irritações.

Se te observas em pauperismo, não incrimines a ninguém pelo estado de carência que atravessas, nem te revoltes contra as vantagens que favorecem os outros, mas sim, ergue-te, em espírito, e, quanto possível, esforça-te para que a diligência no desempenho das próprias obrigações te faculte novas perspectivas de reabilitação e progresso.

Aceita o concurso alheio, que todos nós precisamos do entendimento e do amparo uns dos outros, no entanto, desenvolve os teus próprios recursos.

Não creias que possas desfrutar, em caráter permanente, de benefícios que não plantaste.

A luz de um amigo clarear-te-á o caminho, por algum tempo, entretanto, se queres sobrepor-te definitivamente ao domínio da sombra, é forçoso possuas a tua própria lâmpada.

Obstáculos são desafios renovadores.

Ouvi-los e aproveitá-los é obrigação que a vida nos atribui.
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Emmanuel 
Chico Xavier 



terça-feira, 14 de junho de 2016

A grave problemática da corrupção



 Conforme o dicionário, corrupção é adulterar, corromper, estragar, viciar-se.

Nos dias em que vivemos, muito se tem falado a respeito da corrupção. E, quase sempre, direcionando as setas para os poderes públicos.

Pensamos que corrupção esteja intimamente ligada aos que exercem o poder público.

Ledo engano. Está de tal forma disseminada entre nós, que, com certeza, muito poucos nela não estejamos enquadrados.

Vejamos alguns exemplos.

Quando produzimos algo com qualificação inferior, para auferir maiores lucros, e vendemos como de qualidade superior, estamos sendo corruptos.

Quando adquirimos uma propriedade e, ao procedermos a escrituração, adulteramos o valor, a fim de pagar menos impostos, estamos disseminando corrupção.

Ao burlarmos o fisco, não pedindo ou não emitindo nota fiscal, estamos nos permitindo a corrupção.

Isso tem sido comum, não é mesmo? É como se houvesse, entre todos, um contrato secretamente assinado no sentido de eu faço, todos fazem e ninguém conta para ninguém.

Com a desculpa de protegermos pessoas que poderão vir a perder seus empregos, não denunciamos atos lesivos a organizações que desejam ser sérias.

Atos como o do funcionário que se oferece para fazer, em seus dias de folga, o mesmo serviço, a preço menor, do que aquele que a empresa a que está vinculado estabelece.

Ou daquele que orienta o cliente, no próprio balcão, entregando cartões de visita, a buscar produto de melhor qualidade e melhor preço, segundo ele, em loja de seu parente ou conhecido.

Esquece que tem seu salário pago pelos donos da empresa para quem deveria estar trabalhando, de verdade.

Desviando clientes, está desviando a finalidade da sua atividade, configurando corrupção.

Corrupção é sermos pagos para trabalhar oito horas e chegarmos atrasados, ou sairmos antes, pedindo que colegas passem o nosso cartão pelo relógio eletrônico.

É conseguir atestados falsos, de profissionais igualmente corruptos, para justificar nossa ausência do local de trabalho, em dias que antecedem feriados.

Desvio de finalidade: deveríamos estar trabalhando, mas vamos viajar ou passear.

É promovermos a quebra ou avaria de algum equipamento na empresa, a fim de termos algumas horas de folga.

É mentirmos perante as autoridades, desejando favorecer a uns e outros em processos litigiosos. Naturalmente, para ser agradáveis a ditos amigos que, dizem, quando precisarmos, farão o mesmo por nós.

Corrupção é aplaudir nosso filho que nos apresenta notas altas nas matérias, mesmo sabendo que ele as adquiriu à custa de desavergonhada cola.

E que dizer dos que nos oferecemos para fazer prova no lugar do outro? Ou realizar toda a pesquisa que a ele caberia fazer?

Sério, não?

Assim, a partir de agora, passemos a examinar com mais vagar tudo que fazemos.

Mesmo porque, nossos filhos têm os olhos postos sobre nós e nossos exemplos sempre falarão mais alto do que nossas palavras.

Desejamos, acaso, que a situação que vivemos em nosso país tenha prosseguimento?

Ou almejamos uma nação forte, unida pelo bem, disposta a trabalhar para progredir, crescer em intelecto e moralidade?

Em nossas mãos, repousa a decisão.

Se desejarmos, podemos iniciar a poda da corrupção hoje mesmo, agora.

E se acreditamos que somente um de nós fazendo, tudo continuará igual, não é verdade. Os exemplos arrastam.

Se começarmos a campanha da honestidade, da integridade, logo mais os corruptos sentirão vergonha.

Receberão admoestações e punições, em vez de aplausos.

E, convenhamos, se não houver quem aceite a corrupção, ela morrerá por si mesma.

Pensemos nisso. E não percamos tempo.
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Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita.





segunda-feira, 13 de junho de 2016

A PROTEÇÃO DE SANTO ANTÔNIO


Conta-nos venerando amigo que Antônio de Pádua, no luminoso domicílio
do plano superior, onde trabalha na extensão da glória Divina,   
continuamente recebia preces de pequena família dos montes italianos.
Todos os dias, era instado a prestar socorros e enlevava-se com as
incessantes manifestações de tamanha fé.

O admirável taumaturgo, por vezes, nas poucas horas de lazer,
recreava-se anotando o registro dos petitórios, procedentes daquele
reduzido núcleo familiar. Sorria, encantado, relacionando-lhes as
solicitações. O grupinho devoto suplicava-lhe a concessão das melhores
coisas. Lembrava-lhe o nome, a propósito de tudo. Nas enxaquecas dos
donos da casa. Nos sonhosdas filhas casadouras. Nos desatinos do rapaz.
Nos sapatos das crianças.

O santo achava curiosa a repetição das rogativas. Variavam de
trimestre a trimestre, repetindo-se, porém, cronologicamente. Assim é
que determinava aos colaboradores o fornecimento de recursos sempre
iguais, de conformidade com as estações. Dinheiro e utilidades, socorro
e medicação, alegria e reconforto.

Reproduziam-se os votos, na atividade rotineira, quando Santo Antônio
reparando, mais detidamente, as notas de que dispunha, verificou,
surpreso, que aquele punhado de crentes confiantes não apresentara,
ainda , nem um só pedido de trabalho. O protetor generoso meditou,
apreensivo, e como a devoção continuasse, fresca e ingênua, por parte
dos beneficiários, deliberou visitá-los pessoalmente.

Expediu aviso prévio e desceu, no dia marcado, para verificações
diretas. Desejava inteirar-se de quanto ocorria.
De posse da notificação, celestino, inteligente cooperador espiritual
dele, veio esperá-lo, não longe da residência humilde dos camponeses.
O iluminado solicitou notícias e o companheiro de boas obras
respondeu, respeitoso:

— Em breve, sabereis tudo.

Com efeito, daí a momentos penetravam em pequeno recinto rural, uma
casa antiga, um jardim abandonado, um quintal escarpado entregue ao
mato inútil e um telheiro a ruir, fingindo estábulo, onde uma vaca
remoía a última refeição.

Entraram.

Na sala, em trajes domingueiros de regresso da missa, um casal de
velhos ouvia a conversação dos filhos, um jovem robusto, duas moças
casadeiras e duas crianças.

Santo Antônio abençoou o quadro doméstico, observando que a sua
efígie era guardada carinhosamente por todos. As impressões verbais
eram intercaladas de louvores ao seu nome. De instante a instante,
assinalava-se o estribilho:

— Graças a Santo Antônio!

Voltando-se para o cooperador atento, o pretigioso amigo celeste
pediu esclarecimentos quanto aos serviços do grupo. Foi informado,
então, de que nenhum dos membros daquela comunidade possuia trabalho
certo, convenientemente remunerado. Celestino, aliás, terminou sem
circunlóquios:

— O pessoal gira em torno de uma vaca, que torno participante de
vossas bênçãos.

— Como? — indagou o santo, admirado.

— O pai, que se diz doente, angaria capim, de modo a alimentá-la. As
jovens ordenham-na duas vezes por dia. O rapaz conduz o leite à vila
para vender. Bolinha, a vaca protetora, sai do quintal somente cinco
dias por ano, quando passeia junto a rebanho próximo. é obrigada a
fornecer seis a oito litros de leite, em média diária, e um bezerro
anualmente. A dona da casa envolve-a em atmosfera de doce agasalho e os
meninos escovam-na cuidadosamente. Apesar disso, porém, vive abatida,
entre as cercas do escarpado curral. Sabendo nós quanto amor consagrais
a esta granja, repartimos com a humildade vaquinha as dádivas
incessantes que vossa generosidade nos envia. Desse modo,
garantimos-lhe a saúde e o bem-estar, porquanto, se a produçao dela
cair, que sucederá aos vossos despreocupados devotos? Bolinha é tudo o
que lhes garante o pão e a vestimenta de hoje e de amanhã.

Antônio dirigiu-se ao estábulo, pensativo...
Acariciou o animal heróico e voltou ao interior.
Na palestra íntima, animada, ouvia-se, de momento a momento:

—Louvado seja Santo Antônio!

—Viva Santo Antônio!

—Santo Antônio rogará por nós!

De permeio, sobravam queixas do mundo.

O advogado celestial, algo triste, convidou o companheiro a
retirar-se e acrescentou:

— Auxiliemos positivamente esta família tão infeliz.

Antônio acercou-se da vaca, levantou-a, e sem que Bolinha percebesse
guiou-a para alto, de onde se contemplava enorme precipício. Do cimo, o
santo ajudou-a a projetar-se rampa abaixo. Em breves segundos a vaca
não mais pertencia ao rol dos animais vivos na Terra.
Ante o colaborador assombrado, explicou-se o taumaturgo:

— Muitas vezes, para bem amparar, é imprescindível retirar as escoras.

E voltou para o Céu.

Do dia seguinte em diante, as orações estavam modificadas. Os
camponeses fizeram solicitação geral de serviço e, com o trabalho digno
e construtivo de cada um, a prosperidade legítima lhes renovou o lar,
carreando-lhes paz, confiança e júbilos sem-fim...

Quantos Benfeitores Espirituais são diariamente compelidos a imitar,
no mundo dos homens encarnados, a proteção de Santo Antônio?
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IRMÃO X
  Psicografia de
Francisco Cândido Xavier  




domingo, 12 de junho de 2016

O Teu Cônjuge / Almas Gêmeas / Responsabilidade no Matrimônio /Amor que não se acaba/ Casal Perfeito Amor Verdadeiro /10 Mandamentos do Casal / 5 Tipos de casamentos


O teu cônjuge, quase sempre, é a parte mais visível de tua personalidade.
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A mulher e o homem assemelham-se à terra e à semente:
 deficiência de uma deve ser compensada pela qualidade da outra.
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Não consintas que o encanto inicial do teu afeto se transforme em desilusão.
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A chave de tua alegria conjugal permanece em tuas mãos.
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Empenha-te em fazer feliz a quem elegeste por pai ou mãe de teus filhos.
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Não manipules o sentimento alheio, com o fito de obteres o que desejas.
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Onde não existe verdadeiro amor não existe fidelidade.
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Se não te relacionas bem com os familiares do teu cônjuge, dificilmente terás com ele um bom relacionamento.
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Não sejas possessivo.
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Quando um casamento chega ao fim, o fracasso é dos dois.
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  Irmão José

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Almas Gêmeas

Almas Gêmeas: Revista Espírita, maio 1958

Metades Eternas

Extraímos a seguinte passagem da carta de um de nossos assinantes. “(…) Há alguns anos perdi uma esposa boa e virtuosa e, malgrado me houvesse deixado seis filhos, sentia-me em completo isolamento, quando ouvi falar das manifestações espíritas. Logo me encontrava no seio de um pequeno grupo de bons amigos, que todas as noites se ocupavam desse assunto. Nas comunicações obtidas, cedo aprendi que a verdadeira vida não está na Terra, mas no mundo dos Espíritos; que minha Clémence lá era feliz e que, como os outros, trabalhava pela felicidade dos que aqui havia conhecido. Ora, eis um ponto sobre o qual desejo ardentemente ser por vós esclarecido.

“Uma noite, dizia eu à minha Clémence: querida amiga, por que, apesar de todo o nosso amor, acontecia que nem sempre nos púnhamos de acordo nas diferentes circunstâncias de nossa vida comum, e por que muitas vezes éramos forçados a nos fazer mútuas concessões para vivermos em boa harmonia?

“Ela me respondeu isto: meu amigo, éramos pessoas honradas e honestas; vivemos juntos, e poderíamos dizer, do melhor modo possível nesta Terra de provas; mas não éramos nossas metades eternas. Tais uniões são raras na Terra; podem ser encontradas, entretanto representam um grande favor de Deus. Os que desfrutam dessa felicidade experimentam alegrias que te são desconhecidas.

“Podes dizer-me – repliquei – se vês tua metade eterna?

 – Sim, diz ela, é um pobre coitado que vive na Ásia; só poderá reunir-se a mim dentro de 175 anos, segundo a vossa maneira de contar.

– Reunir-vos-eis na Terra ou num outro mundo?

– Na Terra. Mas escuta: não te posso descrever bem a felicidade dos seres assim reunidos; rogarei a Heloísa e Abelardo que te venham informar.

 – Então, senhor, esses dois seres felizes vieram nos falar dessa indizível felicidade. “À nossa vontade”, disseram eles, “dois não fazem mais que um; viajamos nos espaços; desfrutamos de tudo; amamo-nos com um amor sem-fim, acima do qual só pode existir o amor de Deus e dos seres perfeitos. Vossas maiores alegrias não valem um só de nossos olhares, um só de nossos apertos de mão.”

“A idéia das metades eternas me alegra. Ao criar a Humanidade, parece que Deus a fez dupla e, ao separar suas duas metades, teria dito: Ide por esse mundo e procurai encarnações. Se fizerdes o bem, a viagem será curta e permitirei a vossa união; do contrário, muitos séculos se passarão antes que possais desfrutar dessa felicidade. Tal é, parece-me, a causa primeira do movimento instintivo que leva a Humanidade a buscar a felicidade; felicidade que não compreendemos e que não nos damos ao trabalho de compreender.

“Desejo ardentemente, senhor, ser esclarecido sobre essa teoria das metades eternas e ficaria feliz se encontrasse uma explicação sobre o assunto em um dos vossos próximos números (…)”

Abelardo e Heloísa, interrogados sobre esse ponto, nos deram as seguintes respostas:

P. As almas foram criadas duplas?
Resp. – Se tivessem sido criadas duplas as simples seriam imperfeitas.

P. É possível reunirem-se duas almas na eternidade e formarem um todo?
Resp. – Não.

P. Tu e Heloísa formastes, desde a origem, dois seres bem distintos?
Resp. – Sim.

P. Formai-vos ainda, neste momento, duas almas distintas?
Resp. – Sim; mas sempre unidas.

P. Todos os homens se encontram na mesma condição?
Resp. – Conforme sejam mais ou menos perfeitos.

P. Todas as almas são destinadas a um dia se unirem a uma outra alma?
Resp. – Cada Espírito tem a tendência de procurar um outro Espírito que lhe seja afim; a isso chamas simpatia.

P. Nessa união há uma condição de sexo?
Resp. – As almas não têm sexo.

Tanto para satisfazer o desejo de nosso assinante quanto para nossa própria instrução, dirigimos ao Espírito São Luís as seguintes perguntas:

1. As almas que devem unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?

Resp. – Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.

2. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?

Resp. – A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.

3. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar- se e se unirem a outros Espíritos?

Resp. – Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.

4. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita?

Resp. – A simpatia que atrai um Espírito a outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.

5. A identidade necessária à existência da simpatia perfeita apenas consiste na analogia dos pensamentos e sentimentos, ou também na uniformidade dos conhecimentos adquiridos?

Resp. – Na igualdade dos graus de elevação.

6. Podem tornar-se simpáticos futuramente Espíritos que no momento não o são?

Resp. – Todos o serão. Um Espírito, que hoje está numa esfera inferior, ascenderá, aperfeiçoando-se, à em que se acha tal outro Espírito. E ainda mais depressa se dará o encontro dos dois, se o mais elevado, suportando mal as provas a que se submeteu, demorou-se no mesmo estado.

7. Podem deixar de ser simpáticos um ao outro, dois Espíritos que já o sejam?
Resp. – Certamente, se um deles for preguiçoso.


Essas respostas resolvem perfeitamente a questão. A teoria das metades eternas encerra uma simples figura, representativa da união de dois Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada até na linguagem vulgar e que se não deve tomar ao pé da letra. Não pertencem, decerto, a uma ordem elevada os Espíritos que a empregaram. Sendo necessariamente limitado o campo de suas ideias, exprimiram seus pensamentos com os termos de que se teriam utilizado na vida corporal. Não se deve, pois, aceitar a ideia de que, criado um para o outro, dois Espíritos tenham fatalmente de reunir-se um dia na eternidade, depois de estarem separados por tempo mais ou menos longo.

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Almas Gêmeas: O Livro dos Espíritos, questões 298, 299

298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá?

“Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”

299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?

“A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”
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 5 Tipos de casamentos

10 Mandamentos do Casal

Amor Verdadeiro

Casal Perfeito

Amor que não se acaba

Responsabilidade no Matrimônio