sábado, 22 de agosto de 2015

Confidência




Porque me deste tanto amor, nunca pude saber.

Acordei em teus braços, à feição da ave doente, e disseste que eu era um anjo.

No berço, as mãos pequenas não me alcançavam à face, mas enxugavas as minhas lágrimas com os teus beijos.

Se algum detrito me atingisse, afirmavas que eu era uma flor e me banhavas o corpo em suave perfume.

Se eu chorasse, transformavas a voz em melodia, para que as tuas canções me embalassem o repouso.

Quando despontei na infância, destruindo-te os vasos ou rasgando-te as relíquias, ao invés de corrigir-me, proclamavas a minha independência.

Nos dias da juventude, ao ferir-te com o meu desmazelo e ingratidão, escondias a chaga e me apontavas como sendo a criatura melhor da Terra.

Nas horas de crise, se me convidavas à oração, atirava-te um gesto desdenhoso que recebias sorrindo.

Deste-me a vida e coloquei-te no centro da aflição.

Amaste-me muito mais que a ti mesma e te fitei com indiferença, quando te troquei pelo mundo vasto.

Mãe querida, volto hoje a ver-te.

Cura minhas chagas com a tua bênção.

Compadece-te de mim que não encontrei com as ciências dos homens nenhuma riqueza que possa ser comparada aos tesouros de teu amor.

Abraça-me.

Deixa que o teu coração pulse junto do meu para que me sinta novamente criança.

E se te posso pedir algo mais, ensina-me outra vez a pronunciar o nome de Deus. 
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Meimei   
Chico Xavier


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A virtude da disciplina



Certas palavras e expressões às vezes têm seu sentido deturpado ou reduzido.

Assim ocorre com a disciplina, frequentemente entendida como submissão a um agente externo.

O termo remeteria à ação que sujeita a vontade de outrem.

Por exemplo, o pai que disciplina seu filho ou o comandante que conduz suas tropas sob um regime disciplinar severo.

Embora a disciplina sob o aspecto exterior seja necessária, ela a tal não se circunscreve.

Na realidade, é sob o prisma interno que a disciplina revela seu mais rico potencial.

Trata-se de uma virtude que viabiliza a aquisição de todas as outras.

Sem disciplina, não há avanço e transformação moral e intelectual.

A criatura indisciplinada permanece como sempre foi.

Seus vícios e debilidades não encontram firme oposição e os mesmos erros são incessantemente repetidos.
 
A disciplina atua no plano da vontade.

Ela estabelece regras e define como deve ser o comportamento futuro.

O homem disciplinado diz a si mesmo que deve fazer e se mantém firme no propósito.

Mesmo contra seus interesses e tendências naturais, segue o programa de melhoramento que se impôs como meta.

A disciplina consiste em uma força interior que permite a alteração de velhos hábitos.

Não se trata apenas de decidir ser melhor, mas de colocar em prática o que se decidiu.

Certamente há vacilos, mas logo o homem disciplinado retoma seu projeto inicial.

Ele não se permite desistir, quando percebe a viabilidade da meta que elegeu para si.

Todos os Espíritos, atualmente vinculados à Terra, já passaram por incontáveis encarnações.

No longo processo de aprendizado, cometeram muitos equívocos e desenvolveram maus hábitos.

Certas tendências do pretérito remoto ainda hoje se fazem presentes nos homens.

Nos primórdios da evolução, o Espírito era despido de cogitações intelectuais e morais mais complexas.

As preocupações do ser resumiam-se à preservação da vida e à perpetuação da espécie.

O tempo não gasto com a satisfação dessas necessidades era dedicado ao ócio.

Assim, o gosto excessivo pelo descanso lembra as fases primitivas da existência imortal.

O mesmo ocorre com a preocupação desmedida com alimentação e sexo.

Nada há de errado com a satisfação das necessidades elementares da vida, em um contexto de dignidade.

O vício reside no excesso e na fixação do pensamento em atividades que são meramente instrumentais.

A destinação do Espírito humano é excelsa.

Compete-lhe vencer a si mesmo, libertar-se de hábitos primários e preparar-se para experiências transcendentais do intelecto e do sentimento.

Ocorre que isso somente é possível com muita disciplina.

Sem uma vontade firme aplicada na correção do próprio comportamento, ninguém avança.

Maus hábitos, como maledicência, gula, preguiça e leviandade sexual, não somem por si sós.

Eles devem ser corajosamente enfrentados e subjugados.

O abandono de vícios é lento e doloroso.

No princípio, o esforço necessário é hercúleo.

Mas gradualmente se percebe o peso que representam as más tendências.

Surge uma sensação de liberdade e de leveza, com a adoção de um padrão digno de comportamento.

Então, o que era difícil se torna fácil e prazeroso, pois a disciplina gera a espontaneidade.

Pense nisso.
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 Momento Espírita
 



 
 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

ELOGIOS E CRÍTICAS




"Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do Alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança". (Tiago, 1:17)

Se o Sol dependesse da aprovação humana para alimentar a vida que se lhe gravita em derredor, certo que, desde muito, estaria reduzido a montão de cinzas.

Se a Terra sofresse com as censuras que lhe são constantemente desfechadas por todos aqueles que a categorizam por vale de lágrimas, já teria descido à condição de um cemitério no Espaço.

Se a semente rejeitasse a solidão e a morte a que se vê relegada no solo, a fim de colaborar no sustento do mundo, as criaturas estariam, há muito tempo, sem a bênção do pão.

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Se a fonte recusasse o regime de mudança incessante e permanente em que é chamada a servir, a vida organizada na Terra se mostraria confinada a primitivismo e estagnação.

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Se a árvore só produzisse sob aplausos, o fruto não abençoaria a mesa dos homens.

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Obreiros da Verdade e do Bem, reflitamos nas lições simples da Natureza e trabalhemos.

Agradecei o louvor que vos fortalece para o desempenho das obrigações naturais do mundo e aproveitai com resignação a advertência que a crítica vos dê. 
Entretanto, se precisamos de elogio para trabalhar e se a admoestação nos paralisa as faculdades de servir, estamos ainda longe de compreender o tesouro das oportunidades de aprimoramento e elevação que nos enriquece os caminhos, de vez que, acima de tudo, a bênção que nos reconforta, a luz que clareia a estrada, a força que nos sustenta e o apoio que nos escora chegam sempre de Mais Alto e procedem, originária e tão-somente, de Deus.
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Emmanuel
Chico Xavier




quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Seja sempre verdadeiro

JAMAIS engane os outros, para não ser enganado.

Seja sempre verdadeiro!

Não minta para que sua consciência permaneça tranquila e seu sono seja calmo.

Fuja do remorso e não prepare para si mesmo um futuro doloroso, pois nada torna uma pessoa tão infeliz quanto o sentir que ninguém mais confia nela.

Seja sempre verdadeiro e há de angariar muitos amigos leais e sinceros.
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Carlos Torres Pastorino
 


 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

SE FOSSES


Quem de nós não terá errado algum dia?

Quantas vezes teremos pedido desculpas aqueles a quem ofendemos, rogando ao mesmo tempo, o amparo da Misericórdia Divina?

Talvez estejas sofrendo com a deserção de um companheiro, com os desequilíbrios de um filho ou de uma filha profundamente amados;
 com os golpes de um amigo repentinamente transformado em agressor; 
ou com o delito perpetrado por alguém contra as criaturas que amas...

Entretanto, não sabemos ainda medir o poder das forças negativas enxertadas na mente dos nossos
irmãos que se marginalizam nas sombras.

Imagina-te no lugar dos companheiros errados;
pensa em ti como se fosses a pessoa contra a qual se te volta o ressentimento e aprenderás
quanto valem a tolerância e o perdão.
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Emmanuel
Chico Xavier 




segunda-feira, 17 de agosto de 2015

LIBERDADE



O discípulo procurou o instrutor cristão e pediu-lhe um parecer sobre a liberdade.

O nobre amigo, de coração marcado pelas experiências do mundo, 
pensou por longos momentos, e respondeu:

- Se ainda não conheces os ensinamentos do Cristo, estás livre para fazer o que gostas,
mas se já aceitaste as lições de Jesus, estás livre para fazer o que deves.
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Emmanuel
Chico Xavier