sábado, 24 de setembro de 2016

PONDERAÇÃO


Diante do mal quantas vezes!...

Censuramos o próximo...

Desertamos do testemunho da paciência...

Criticamos sem pensar...

Abandonamos companheiros infelizes à própria sorte...

Esquecemos a solidariedade...

Fugimos ao dever de servir...

Abraçamos o azedume...

Queixamo-nos uns dos outros...

Perdemos tempo em lamentações...

Deixamos o campo das próprias obrigações...

Avinagramos o coração...

Desmandamo-nos na conduta...

Agravamos problemas...

Aumentamos os próprios débitos...

Complicamos situações...

Esquecemos a prece...

Desacreditamos a fraternidade...

E, às vezes, olvidamos até mesmo a fé viva em Deus...

Entretanto a fórmula da vitória sobre o mal ainda e sempre é aquela senha de Jesus: 
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”...
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Pelo Espírito Bezerra de Menezes
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 


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ATÉ QUANDO MANTER UM RELACIONAMENTO?

Gostaria de saber até quando devemos manter um relacionamento conjugal, quando não há união de pensamentos e o espírito de fraternidade.

Resposta: O Livro dos Espíritos já responde: “Até o limite das forças”.

Contamos oportunamente um fato de que participamos ao lado de Chico Xavier. Tratava-se de uma senhora que foi falar com ele e disse-lhe:

“Sou casada. Meu marido, há mais de vinte anos, é um alcoólatra inveterado. Ele chega bêbado e eu já não suporto mais. O Evangelho diz que a gente deve perdoar setenta vezes sete vezes, portanto, quatrocentas e noventa vezes; em vinte anos, eu fiz um cálculo: já perdoei mais de sete mil vezes! Então, queria libertar-me. Que lhe parece?”

O Chico sorriu e respondeu:

“Minha filha” - e parou. Então percebi que ele estava sob indução do seu guia Emmanuel. Sorriu, e completou: “Emmanuel está me dizendo que devemos perdoar setenta vezes sete vezes a cada erro que a pessoa cometa.”

Ela perguntou:

“Quer dizer que não vou me ver livre dele nunca?”

Chico respondeu:

“Sim, persevere até o fim, para se ver livre nas outras reencarnações, porque se desistir agora, voltará para continuar”.

Passaram-se os meses e, certo dia, lá eu voltei. E o Chico indagou-me:

“Recorda-se daquela senhora do marido alcoólatra?”

”Claro, recordo-me” - respondi.

Ele acrescentou:

 “Meu filho, dois meses depois da nossa entrevista o marido morreu e ela veio aqui de luto, pedindo: ‘Chico, dê-me uma mensagem. Que marido bom Deus levou!!!’” (risos)

Quando não temos um relacionamento saudável e as injunções caminham para as situações de agressividade verbal, prenúncio da agressividade física, é melhor desatar os laços legais do que perseverar numa situação embaraçosa. Entra, então, a resposta dos Espíritos:

 “Até o limite das forças”. Cada um deverá decidir.
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Livro: Aprendendo Com Divaldo – Entrevistas
Divaldo Pereira Franco
SEJA – Sociedade Espírita Joanna de Ângelis

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

NO COMPORTAMENTO



Faça dos seus pensamentos uma Farmácia moral, que lhe permita formular remédios para males de qualquer natureza.

Pense sem falar, mas nunca fale sem pensar.

Seja mais sábio na ação do que na palavra.

Não se esqueça de que a humildade expressa a mais elevada qualidade de sabedoria.

As dores que o afligem nascem, na maioria das vezes, nos prazeres que você desfruta.

A mais eficiente corrigenda que se pode aplicar é a que decorre da moderação com que se repreende aquele que erra.

Fique à distância de qualquer distúrbio originado no verbo apaixonado ou na atitude lamentável, porquanto a aflição destrói e a ansiedade conduz à delinquência.

Produza algo superior, para que, em não fazendo nada, não aprenda a fazer o mal.

Conserve a simpatia para ser sempre jovem, mantendo palavra calma, gestos moderados e silêncios oportunos. Recorde que todos gostam de ser ouvidos.
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Marco Prisco  






quarta-feira, 21 de setembro de 2016

PRIMEIROS INSTANTES DE UM MORTO



No horário reservado à instrução, na noite de 14 de julho de 1955, nosso conjunto recolheu expressiva mensagem do irmão G., inserta neste capítulo, em que nos informa quanto aos seus primeiros instantes na Vida Espiritual.

Cabe-nos esclarecer que o comunicante, político e administrador de méritos indiscutíveis, recentemente desencarnado, esteve antes em nossa casa de preces, sob a custódia dos amigos espirituais que lhe amparavam a recuperação necessária e justa.

Mostrava-se, então, enfermiço e indisposto, mas a breve tempo, retemperado e fortalecido, retomou ao nosso templo, onde nos forneceu as valiosas impressões que passamos a transcrever.



Meus amigos:

Recordando aquele rico da parábola evangélica que não obteve permissão para tornar ao círculo doméstico, depois da morte, compreendo hoje perfeitamente a justeza da proibição que lhe frustrou o propósito, porque, sem sombra de dúvida, ninguém no mundo lhe daria crédito à palavra.

A experiência social na Terra vive tão distraída nos jogos de máscara, que a visita da verdade sem mescla, a qualquer agrupamento humano, por muito tempo ainda será francamente inoportuna.

Falando assim ao vosso mundo afetivo, não nutro o menor interesse em quebrar a cadeia de enganos a que se aprisionam meus antigos laços do coração.

Profundamente transformado, depois da grande travessia, em que o túmulo é o marco de nosso retorno à realidade, dirijo-me particularmente a vos outros, navegantes da fé no oceano da vida, para destacar a necessidade de valorização do tempo nos curtos dias de nossa permanência no corpo.

Para exemplo, recorro ao meu caso, já que, pelo concurso fraterno, ligastes-vos ao processo de minha renovação.

Como sabeis, qual ocorre à árvore doente, que tomba aos primeiros toques do lenhador, caí também, de imprevisto, ao primeiro golpe da Morte.

Industrial, administrador e homem público, em atividade intensa e incessante, não admitia que o sepulcro me requisitasse tão apressadamente à meditação.

A angina, porém, espreitava-me, vigilante, e fulminou-me sem que eu pudesse lutar.

Recordo-me de haver sido arremessado a uma espécie de sono que me não furtava a consciência e a lucidez, embora me aniquilasse os movimentos.

Incapaz de falar, ouvi os gritos dos meus e senti que mãos amigas me tateavam o peito, tentando debalde restituir-me a respiração.

Não posso precisar quantos minutos gastei na vertigem que me tomara de assalto, até que, em minha aflição por despertar, notei que a forma inerte me retomava a si, que minhalma entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra parecia interpor-se agora, entre os meus afeiçoados e a minha palavra ressoante, que ninguém atendia...

Inexplicavelmente assombrado, em vão pedia socorro, mas acabei por resignar-me à ideia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo, prestes a terminar.

Ainda assim, amedrontava-me a ausência de vitalidade e calor a que me via sentenciado.

Após alguns minutos de pavoroso conflito, que a palavra terrestre não consegue determinar, tive a impressão de que me aplicavam sacos de gelo aos pés.

Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio alcançava-me todo o corpo, até que não pude mais...

Aquilo valia por expulsão em regra.

Procurei libertar-me e vi-me fora do leito, leve e ágil, pensando, ouvindo e vendo...

Contudo, buscando afastar-me, reparei que um fio tênue de névoa branquicenta ligava minha cabeça móvel à minha cabeça inerte.

Indiscutivelmente delirava — dizia de mim para comigo —, no entanto aquele sonho me dividia em duas personalidades distintas, não obstante guardar a noção perfeita de minha identidade.

Apavorado, não conseguia maior afastamento da câmara íntima, reconhecendo, inquieto, que me vestiam caprichosamente a estátua de carne, a enregelar-se.

Dominava-me indizível receio.

Sensações de terror neutralizavam-me o raciocínio.

Mesmo assim, concentrei minhas forças na resistência.

Retomaria o corpo.

Lutaria por reaver-me.

O delíquio inesperado teria fim.

Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado, vi-me exposto à visitação pública.

Mas oh! irrisão de meu novo caminho!...

Eu, que me sentia singularmente repartido, observei que todas as pessoas com acesso ao recinto, diante de mim, revelavam-se divididas em identidade de circunstâncias, porque, sem poder explicar o fenômeno, lhes escutava as palavras faladas e as palavras imaginadas.

Muitas diziam aos meus familiares em pranto:

— Meus pêsames! perdemos um grande amigo...

E o pensamento se lhes esguichava da cabeça, atingindo-me como inexprimível jato de força elétrica, acentuando: “Não tenho pesar algum, este homem deveria realmente morrer...”

Outras se enlaçavam aos amigos, e diziam com a boca:

— Meus sentimentos! O doutor G. morreu moço, muito moço.

E acrescentavam, refletindo: “Morreu tarde... Velhaco! deixou uma fortuna considerável... Deve ter roubado excessivamente...”

Outras, ainda, comentavam junto à carcaça morta:

— Homem probo, homem justo!...

E falavam de si para consigo: “Político ladrão e sem palavra! Que a terra lhe seja leve e que o inferno o proteja!...”

Via-me salteado por interminável projeção de espinhos invisíveis a me espicaçarem o coração.

Torturado de vergonha, não sabia onde esconder-me.

Ainda assim, quisera protestar quanto às reprovações que me pareceram descabidas.

Realmente não fora o homem que devia ter sido, no entanto, até ali, vivera como o trabalhador interessado em quitar-se com os seus compromissos.

Não seria falta de caridade atacarem-me, assim, quando plenamente inabilitado a qualquer defensiva?

Por muito tempo, perdurava a conturbação, até que encontrei algum alívio...

Muitas crianças das escolas, que eu tanto desejaria ter ajudado, oravam agora junto de mim.

Velhos empregados das empresas em que eu transitara, e de cuja existência não cogitara com maior interesse, vinham trazer-me respeitosamente, com lágrimas nos olhos, a prece e o carinho de sincera emoção.

Antigos funcionários, fatigados e humildes, aos quais estimara de longe, ofertavam-me pensamentos de amor.

Alguns poucos amigos envolveram-me em pensamentos de paz.

Aquietei-me, resignado.

Doce bálsamo de reconhecimento acalmou-me a aflição e pude chorar, enfim...

Com o pranto, consegui encomendar-me à Bondade Infinita de Deus, respirando consolo e apaziguamento.

Humilhado, aguardei paciente as surpresas da nova situação.

Estava inegavelmente morto e vivo.

O catafalco não favorecia qualquer dúvida.

Curtia dolorosas indagações, quando, em dado instante, arrebataram-me o corpo.

Achava-me livre para pensar, mas preso aos despojos hirtos pelo estranho cordão que eu não podia compreender e, em razão disso, acompanhei o cortejo triste, cauteloso e desapontado.

Não valiam agora o carinho sincero e a devoção afetiva com que muitos braços amigos me acalentavam o ataúde...

A vizinhança do cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo.

O largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me seguia, compacta, faziam-me estarrecer.

Tentei apoiar-me em velhos companheiros de ideal e de luta, mas o ambiente repleto de palavras vazias e orações pagas como que me acentuava a aflição e o desespero.

Senti-me fraquejar.

Clamei debalde por socorro, até que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre o esquife, caí na sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo.

Apagara-se o conflito.

Tudo era agora letargo, abatimento, exaustão...

Por vários dias repousei, até que, ao clarão da verdade, reconheci que as tarefas do industrial e político haviam chegado a termo.

Apesar disso, porém, a certeza da vida que não morre levantara-me a esperança.

Antigas afeições surgiram, amparando-me a luta nova e, desse modo, voltou a condição do servidor anônimo o homem que talvez indebitamente se elevara no mundo aos postos de diretiva.

E assim que, em vos visitando, devo estimular-vos ao culto dos valores claros e certos.

Instalar a felicidade no próprio espírito, através da felicidade que pudermos edificar para os outros, é a única forma de encontrarmos a verdadeira felicidade.

Tenho hoje a convicção de que os patrimônios financeiros apenas agravam as responsabilidades da alma encarnada, e a política, presentemente, para mim se assemelha à tina d’água que agitamos em esforço constante para vê-la sempre a mesma, em troca apenas do cansaço que nos impõe.

Todos os aparatos da experiência humana são sombras a se movimentarem nas telas passageiras da vida.

Só o bem permanece.

Só o bem que idealizamos e plasmamos é a luz que fica.

Assim, pois, buscando o bem, roguemos a Deus nos esclareça e nos abençoe.

G.

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Livro: Vozes do Grande Além – Mensagens Psicofônicas de Vários Espíritos, Recebidas no Grupo Meimei
Francisco Cândido Xavier, por Espíritos Diversos, organizado por Arnaldo Rocha   FEB – Federação Espírita Brasileira 
 


 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Aprender a Amar




Escutamos frequentemente frases que constituem atestados de incompatibilidade ou admiração instantânea em relacionamentos, emitidas rotineiramente nas diversas rodas de convivência, definindo alguns sentimentos que temos pelo outro como se fossem predestinados e definitivos.

Convivemos, comumente, “ao sabor” daquilo que sentimos espontaneamente por alguém.

Consideremos nesse tema que o Amor não é um automatismo do sentir no aprendizado das relações humanas, como se houvessem fatores predisponentes e inderrogáveis para gostar ou não gostar dessa ou daquela criatura.

Amar é uma aprendizagem. Conviver é uma construção.

Não existe Amor ou desamor à primeira vista, e sim simpatia ou antipatia.

Amor não pode ser confundido com um sentimento ocasional e especialmente dirigido a alguém. 
Devemos entendê-lo como O Sentimento Divino que alcançamos a partir da conscientização de nossa condição de operários na obra universal, um “estado afetivo de plenitude”, incondicional, imparcial e crescente.

Ninguém ama só de sentir. Amor verdadeiro é vivido. O atestado de Amor verdadeiro é lavrado nas atitudes de cada dia. Sentir é o passo primeiro, mas se a seguir não vêm as ações transformadoras, então nosso Amor pode estar sendo confundido com fugazes momentos de felicidade interior, ou com os tenros embriões dos novos desejos no bem que começamos a acalentar recentemente.

O Amor é crescente no tempo e uniforme no íntimo, não tem hiatos.

Mesmo entre aqueles que a simpatia brota instantaneamente, Amor e convivência sadia serão obras do tempo no esforço diário do entendimento e do compartilhamento mútuo do desejo de manter essa simpatia do primeiro contato,  amadurecendo-a com o progresso dos elos entre ambos.

Sabendo disso, evitemos frases definitivas que declarem desânimo ou precipitação em razão do que sentimos por alguém. Relações exigem cuidados para serem edificadas no Amor, e esse aprendizado exige os testes de aferição no transcorrer dos tempos.

Se nos guardamos na retaguarda moral e afetiva, esperando que os outros melhorem e se adaptem às nossas expectativas para com eles, a fim de permitirmo-nos amá-los, então, certamente, a noção de gostar que acalentamos é aquela na qual ainda acreditamos que Deus faculta isso como Dom Divino e natural em nossos corações conforme a sua Vontade.

Encontrando-nos nesse patamar de evolução, nada mais fazemos que transferir para o Pai a responsabilidade pessoal do testemunho sacrificial, na criação de elos de libertação junto a quantos esposam nossos caminhos nas refregas da vida.

Amor não é empréstimo Divino para o homem e sim aquisição de cada dia na aprendizagem intensiva de construir relacionamentos propiciadores de felicidade e paz.

Espíritas que somos temos bons motivos para crer na força do Amor, enquanto a falta de razões convincentes tem induzido multidões de distraídos aos precipícios da dor, porque palmilham em decidida queda para as furnas do desrespeito, da lascividade, da infidelidade, da vingança e da injustiça, em decrépitas formas de desamor.

A terapêutica do Amor é, sem dúvida, a melhor e mais profilática medicação do Pai para seus filhos na criação. Competenos, aos que nos encontramos à míngua de paz, experimentá-la em nossos dias, gerando fatos abundantes de Amor, vibrando em uníssono com as sábias determinações cósmicas estatuídas para a felicidade do ser na aquisição do glorioso e definitivo título de Filhos de Deus.

E se esse sentimento sublime carece aprendizagem, somente um recurso poderá promover semelhante conquista: a educação.
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Ermance Dufaux





segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Afetos



O problema de afetividade, na Terra, tem raízes profundas no passado espiritual de cada homem, como consequência natural de antigos comportamentos, em relação aos inapreciáveis valores da vida.

Constitui regra fundamental, na Legislação Divina, que cada ser possuirá, no trânsito carnal, quanto lhe signifique oportunidade de ascensão espiritual, devendo responder pela aplicação dos bens que flua, seja nas largas faixas da saúde, da felicidade e da fortuna ou da dificuldade econômica, do sofrimento e da soledade.

Todo desperdício, em qualquer circunstância, faz-se geratriz de escassez. Da mesma forma, todo uso desordenado torna-se fator de abuso e desequilíbrio, em complicado processo de saturação...

As amplas expressões da efetividade que antes desfrutavas, transformaste, por negligência ou insânia, em rota estreita de padecimento, por onde agora carpes amargos estados dalma.

O que ora te falta, arrojaste fora.

Quem hoje te significa muito e é disputado por competidores vigorosos em relação as tuas fracas possibilidades, já não te pertence. Mesmo que te doam as fibras do coração aceitar esta situação, resigna-te às circunstâncias punitivas e prossegue sem desfalecimento.

Não te atires em lôbrega disputa.

O que agora não consigas, ser-te-á ofertado depois, se te credenciares através de merecimento superior.

O amor entre as criaturas, não raro, se faz cadeia ou algema, quando o desatino não converte em escravidão ou loucura.

Olha em derredor: há necessidades de muito porte, pranteando aflições mais rudes que as tuas. Aqui é a fome, ali é a enfermidade, além é a obsessão avassalando antigos comparsas do desregramento... Carpem, é verdade, necessitando, no entanto, de socorro.

Transforma, assim as conchas das tuas mãos vazias de carícias recebidas e envolve esses outros caminhantes da amargura e da solidão com a ternura que podes ofertar.

Certamente, o teu é o drama da falta de alguém que te possa refertar o espírito, dando-te tranquilidade, segurança.

Estará, porém, alguém, na roupagem carnal, em regime de harmonia? Ignoras os infortúnios dos que sorriem, aparentando felicidade e não sabes das inquietações do que são objeto os que te parecem roubar a quem amas, cavando abismos de distâncias entre o ser amado e tu, mas que, afinal, será despenhadeiro para a precipitação, na queda, em cuja borda se encontram...

Não te desgastes pela sofreguidão da posse dos afetos que pensam ou desejam ir adiante, ou sofrem pela constrição da tua presença.

Um dia, separar-te-ás deles pela desencarnação.

Os amores verdadeiros se refarão, os demais serão experiências para o futuro eterno.

Prepara-te a pouco e pouco, para esse momento.

Nem apego exagerado, nem indiferença mórbida.

Aumenta as províncias da tua afetividade, libertando-te das amarras que te atam a pessoas e coisas, irrigando mentes e corações que defrontes, com as alegrias que gostarias de gozar, mas que, por enquanto, ainda não podes desfrutar.

Não tomes, assim, dos outros o que te chega tardiamente, nem compliques o amanhã, considerando as dificuldades que hoje te maceram.

E se parecer-te difícil chegar ao fim do compromisso, na atual reencarnação, porque te sintas a sós, reflete na misericórdia de Nosso Pai e nos amores que te esperam, vencida a distância que te separa das praias felizes que atingirás, logo mais, onde estarão os que te precederam e te amam em caráter de totalidade.
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Joanna de Ângelis



domingo, 18 de setembro de 2016

A Canoa


Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro.

Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora. Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:

- Companheiro, você entende de leis?

-Não, respondeu o barqueiro.

E o advogado, compadecido: – É uma pena, você perdeu metade da vida.

-A professora, muito social, entra na conversa:

-Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?

-Também não, respondeu o barqueiro.

-Que pena! Condói-se a mesma – Você perdeu metade de sua vida!

Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.

O barqueiro, preocupado, pergunta :

-Vocês sabem nadar?

-Não !!!! Responderam o advogado e a professora, rapidamente.

-Então…disse o barqueiro…é uma pena – VOCÊS PERDERAM TODA A VIDA !


MORAL DA HISTÓRIA:
” Não há saber maior ou menor, há saberes diferentes."

Pense nisso e valorize todas as pessoas com as quais tenha contato.
 Cada uma delas tem algo de diferente a nos ensinar.
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Autor: Paulo Freire